Dias melhores virão escrita por Rose


Capítulo 36
Cap. 36


Notas iniciais do capítulo

A viagem que é uma viagem.
Espero que gostem!



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Já no café da manhã, após Jayminho sair pra escola e Adriana ir dar o banho em Fabrício:

– Sua mãe fez o quê? – Niko tinha um ar de curiosidade para as explicações de Félix – Mas Félix, não seria melhor a gente convesar com seu pai, quem sabe eu preparo algo aqui em casa e explicamos?

– Niko, Carneirinho, eu devo ter salgado o mar morto pra você ainda acreditar em papai noel, coelhinho da páscoa e príncipe encantando! Olha pra mim, deixa eu te explicar uma coisa...

E Niko, como em tantas outras vezes, estava com Félix sentado a mesa, e nem bastou ele termnar a frase para que ele estivesse mirando seu amado com os olhos mais profundos que ele poderia conseguir:

Uma risada nem se quer passou perto de quebrar a concentração de Niko:

– Carneirinho, não me olha assim, eu estou falando sério! – a cada dia se tornava mais difícil dele fugir daqueles olhos...

– Esses são os olhos que tenho. – Niko não mudava a expressão:

– Sim, realmente você tem esses olhos e essa boca desse jeito somente quando quer tirar minha concentração...vamos tentar de novo...

Niko sabia que cada palavra de Félix era verdade, toda aquela explicação não era novidade, mas que ele poderia fazer? Félix não permitiria qualquer aproximação dos dois se não tivesse certeza que o encontro seria civilizado:

– Carneirinho, eu preciso te pedir uma coisa, eu preciso da sua palavra?

– Claro.

– Obrigado, eu preciso que você me dê sua palavra que até eu resolver isso com meu pai você não vai falar nada com ele. Você consegue fazer isso por mim?

– Por quê isso agora Félix? Eu nem vou muito na casa da sua mãe e quando apareço lá você fica feito um cão de guarda sem me deixar chegar perto das áreas que ele circula... – Niko beirava o desapontamento, afinal ele não tinha a mínima idéia de quanto tempo ainda viveriam daquela maneira; bem verdade ele na verdade não via a hora de convidar Félix para morarem juntos. Na última noite aquela idéia não lhe saia da cabeça, era tão bom tê-lo a noite toda, sem aquela correria de sempre...Se todo o problema era cuidar do pai, na inocência extrema de Niko, seu futuro sogro poderia morar com eles...

– Niko, ele pode aparecer de uma hora pra outra em qualquer lugar daquela casa e pode não ser fácil do jeito que você imagina. Veja agora para Angra, minha mami poderosa está se multiplicando para me ajudar a organizar tudo e convencer meu pai que temos um problema na casa e somente alguém da família pra resolver, por isso eu vou ficar uma semana fora...Não tem sido fácil, você sabe, se antes ele não ligava pra mim, agora se eu saio de casa ele fica implicando.... já tentou até me deserdar...eu já te disso isso? E dinheiro é o que menos importa, não é? – As mãos dos dois entroelharam-se...

– Félix eu não vou interferir, mas lembre-se que eu estou com você pro que der e vier.

– Eu sei e eu não poderia ter ninguém melhor ao meu lado...

César não estava muito satisfeito com a visita de Félix a Angra, como poderia se imaginar, até tentou ir, somente com a indicação de Luthero (a pedido de Pilar) que o AVC era recente e seria arriscado uma viagem de carro até o Rio, ele desistiu. Nos últimos dias ele estava ansioso pelas respostas dos advogados que estavam retomando todos seus bens...infelizmente a justiça no Brasil era lenta e ele sabia que ainda teria alguns meses na casa de Pilar...no seu íntimo ele queria recuperar sua fortuna e se livras de todos, especialmente de Félix que lhe irritava diariamente com aquela atenção excessiva rodeada daqueles trejeitos que ele sempre detestou. Esse era um dos motivos que implicava com qualquer saída de Félix, era a maneira dele retribuir o incômodo que o filho lhe trazia...

Por fim, quinta-feira; Félix fôra se despedir do pai que nem se dignou a lhe desejar uma boa viagem. As desconfianças em relação a viagem não eram infundadas; se ele pudesse contaria a verdade, diria que precisava daquela viagem como em nenhum outro momento da sua vida. Nem sempre Félix admitia, mas toda a viagem, seu Carneirinho livre daquele restaurante para descansar um pouco, as crianças, o isolamento que Angra lhe proporcionava, tudo aquilo era o mais próximo que ele poderia imaginar de uma viagem com a família. A família que ele ainda não sabia ao certo que sempre desejara ter.

Qualquer explicação não seria suficiente para que seu pai aceitasse suas escolhas, o destino que ele acabara de escolher.

– Mami, estou me sentindo culpado de deixar a senhora e meu padrasto maravilha no carnaval cuidando do papi...quando eu sai do quarto dele eu tive certeza que ele sabe que toda essa história que a senhora inventou é mentira e que eu estou indo com um homem pra lá. Só que esse homem é o que me dá forças pra seguir enfrente. Pelo santo rosário, olha como eu estou falando agora? – Tentou arrumar as sombrancelhas para disfarçar os olhos marejados...

– Filho, no começo desse ano eu te fiz prometer dizer a verdade, lembra? E pela primeira vez eu vejo que você está realmente sentindo muito em não contar para o seu pai dessa viagem. Meu coração de mãe está me dizendo que é realmente importante você ter esse tempo com o Niko pra se conhecerem melhor, você entender a rotina de duas crianças com idades tão diferentes e principalmente entender a responsalidade que suas decisões terão agora. Enfrentar seu pai não vai ser fácil, ele não deixou em nenhum momento de ser o Dr. César Khoury que sempre conhecemos. Então, só dessa vez, eu te permito não contar a verdade, vai filho, vai aproveitar a viagem. Não se preocupe com nada aqui, eu dou conta. O Maciel me ajudará. Depois eu faço uma viagem com ele e você fica com seu pai, que acha?

– Combinado, mami, combinado!

Enfim se sair da casa de Pilar já não tinha sido fácil, Félix não fazia idéia de que encontraria na casa de Niko:

– Jayminhooooooo...filho, não podemos levar tudo isso de brinquedos, não vai caber no carro...não, também não. Lá é praia, você não vai precisar disso...olha confia no papai, só o balde com as pazinhas que eu te dei serão suficientes... – Niko estava ficando apavorado pois não havia nem terminado de carregar metade do carro e ele sabia que Félix estava por chegar.

Alheio ao sofrimento do pai, Jayminho permanecia ali parado com um saco de carrinhos esperando convencer o pai que não deixaria todo aquele tesouro uma semana abandonado.

– Seu Niko, seu Niko, desculpe mas preciso ir trocar o Fabrício, ele fez cocô... – Adriana bem que se esforçava, mas nem Fabrício estava ajudando.

Quando Félix chegou, ficou em crise. Ele nem imaginava que iriam no carro de Niko, muito menos a quantidade de coisas que ele tinha colocado no carro e ainda faltava a mala dele.

– Não Carneirinho, não. Não precisa tanta coisa. Olha eu, estou levando uma mala pequena e só. A D. Maria que cuida da casa pode cuidar também das nossas roupas, lembra que eu te falei. Pelas contas do rosário, precisamos sair logo.

– Félix, alguma vez você viajou com duas crianças? – Niko estava ficando impaciente, pois ao invés de ajudar Félix só reclamava. E reclamar nessas horas não ajuda em nada.

– Félix, preciso te explicar duas coisas: meu carro já tem as cadeirinhas e metade das coisas que preciso levar por causa deles, vamos no meu carro ou passamos o carnaval aqui em casa, que acha? Pronto, falei!

– Eu quero ir pra praia! Eu quero ir pra praia! – era Fabrício. – Eu deixo os carrinhos, papai!

Finalmente alguém estava ajudando.

Duas horas depois conseguiram sair, mas antes de entrar na Dutra:

– Papai, eu quero ir no banheiro.

– Filho, você consegue aguentar até passarmos por algum posto? Acho que depois daquela ponte tem um... - mas antes que ele continuasse a explicação...

– Carneirinho, a gente acabou de sair?! Como assim parar? – Félix estava dirigindo o carro de Niko, foi a condição para que eles deixassem o de Félix na casa, mas sendo o motorista ele precisava concordar com aquelas combinações

– Mas seu Félix, o menino quer ir no banheiro, criança é assim – era Adriana tentando ajudar (como se houvesse o que ajudar)...

– Eu quero ir no banheiro! Por favor papai. – A voz de Jayminho era até uma súplica de tão apertado que ele estava.

Na segunda parada (Adriana também quis ir ao banheiro), Félix fez todos irem ao banheiro, independente de estarem com vontade ou não... Niko começava a pensar se tinha sido uma boa idéia aceitar aquele convite já que Félix realmente não havia compreendido que era complicado viajar com crianças. Niko só faltou infartar quando ele disse para a Adriana não beber água no carro pois água viraria xixi de qualquer jeito, então pra quê beber água?

Sede, xixi, fome, esticar as pernas e Niko dizendo para ele lhe entregar a direção do carro...era o calvário pensava, mas ele seguia irredútível.

– Vamos parar 5 minutos pessoal, sem demora. – Félix dessa vez não esperou ninguém choramingar algo.

– Mas Félix se as crianças estão cochilando com a Adriana, por quê não seguimos mais um pouco?

– Porque eu quero ir no banheiro criatura!


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Notas finais do capítulo

Até breve!



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