Dias melhores virão escrita por Rose


Capítulo 34
Cap. 34


Notas iniciais do capítulo

Um pequeno salto de tempo pra Félix saber que seu pai nunca vai deixar de ser soberano...



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“Félix…”

“Como ele já pode fazer tanta falta? Deixa eu levantar...como é bom ouvir ele reclamando que não quer levantar ou que eu acordo muito cedo...já fazem dois meses, ...hoje...nem acredito... ele não vai lembrar e se eu o fizer, vou ouvir tantos pecados que ele pode ter cometido que é melhor ficar quieto...”

“Ele não lembrou quando fizemos um mês...também tantos problemas com o pai dele...”

“Será que estou sendo precipitado? Será que ele vai dizer que somos velhos demais pra contar o tempo, de que adianta contar quanto tempo já passou?...Até os meninos já gostam dele...outro dia achei que o Fabricio deu um sorriso quando ele chegou feito um pavão...lindo...o Jayminho então: Tio Félix pra cá, tio Félix pra lá...tem horas que acho que ele até preferiria o Félix como pai...vira essa boca pra lá Niko! Cada coisa que você pensa?!...”

“Pensando bem, até que seria bom ele ser pai do Jayminho, assim ele não iria embora daqui...Ah, Niko, mas e o pai dele, ele nunca vai nos aceitar...será que o Félix vai ele esperar ele partir pra assumir a gente? Ai, deus que me perdõe, vira essa boca pra lá Niko... Mas dois meses...estou sendo precipitado? Sim estou, mas quer saber? Viva aos precipitados! Quem não pensa em um final feliz?”

“Só me falta coragem de dizer tudo isso pra ele...bom ele nunca viria morar aqui...”.

A água do chuveiro começa a cair. Eram 5:30h da manhã.

“Dois meses, e se eu fizer um jantar e não contar o que é? Bom eu posso só não contar o que é e fazer o jantar de qualquer jeito...queria vê-lo hoje...desde que o pai dele saiu do hospital ele está mais tranquilo pois o Dr. César só depende dele mesmo e da fisioterapia pra melhorar, mas por outro lado ele não consegue vir aqui tanto...díficil...e eu ir lá, nem pensar!”

“Nem pensar! Jantar especial hoje a noite...pelo menos eu sei que estamos fazendo dois meses...de repente eu crio coragem e digo pra ele...”

Niko vivia em outro mundo às vezes...mas porque não imaginar que tudo daria certo?...Ele sabia que tudo podia acabar a qualquer momento...então viver o presente era a melhor opção. Dois meses...não tinha sido o início mais fácil de um relacionamento...Ele não havia tido muitas pessoas na vida antes de Félix, com Eron foram 10 anos...mas com Félix ele enxergava a eternidade e não haveria ninguém que lhe dissesse o contrário.

Na rica mansão de Pilar, Félix aguardava o pai se arrumar para levá-lo para alguns exames, desde ele retornara do hospital a rotina era intensa, médicos, exames, fisioterapia e as constantes desavenças com Félix...até parecia que seu pai sabia que o filho não estava sozinho...sempre que Félix tentava sair o pai em contrapartida pedia que ele ficasse...tanto que a maioria dos assuntos relacionados ao restaurante ele resolvia por email ou telefone...nos últimos dias eles se encontraram pouco e por poucas horas...A vida dupla estava começando a preocupar Félix, não era aquilo que ele imaginava para o Carneirinho, faltava uma semana e meia para a ida a Angra e ele não havia organizado nada, precisava urgentemente sair daquela rotina e dar a atenção que Niko precisava.

– Félix, por que você ainda está aqui me olhando? Você poderia me deixar em paz...um pouco...deveria voltar ao hospital...a Paloma já me disse que você recusou o convite dela...não era tudo que você queria?

– Papi, eu não te entendo, quando eu saio o senhor fica pedindo pras meninas ficarem me ligando pra eu voltar...agora que estou aqui...pede pra eu sair... – Félix andava um pouco irritado com aquilo, tentava deixar o celular desligado quando estava com Niko, quando o ligava via o sinal de várias ligações perdidas e nas manhãs seu pai reclamando que ele não atendia o telefone.

– Eu ligo pra te atrapalhar Félix, ou você acha que eu não sei que você deve ter arrumado algum caso por aí? Você deveria era ter um emprego que não minha babá e uma mulher...Diz quanto esse custa? Não deve ser muito, afinal você não tem trabalho pra sustentar os luxos – e antes que ele terminasse:

– Realmente papi, eu não tenho dinheiro para sustentar luxos como o senhor sustentou os da Aline...

– Viu? Viu como eu estava certo, não há como negar que você não está feliz com a minha situação...seu...seu...deixa pra lá – todas as conversas eram tensas...por mais que Félix tentasse ele também era humano e perdia a paciência...como agora...sabia que o pior dos caminhos era tocar no nome da Aline.

– Meu pai, por favor, eu não quis dizer nada disso e nem quero lhe deixar nervoso...se está tudo bem eu vou para o meu quarto e venho aqui depois somente para sairmos...não vamos brigar. – Nesse momento ele sentiu o telefone no bolso vibrando...devia ser o Niko e ele não queria ver a mensagem perto do pai.

– Félix...eu vou conseguir meu dinheiro de volta...e no dia que eu conseguir eu não vou te deixar nada se você estiver com outro homem...você entendeu? Não haverá como você sustentar alguém para as suas luxúrias...e nem venha me dizer da Pilar, de alguma maneira eu hei de convencê-la a te deixar na miséria...

– Papi, não é o seu dinheiro que eu quero. Pode ficar tranquilo...só não envolva o Jonathan nisso por favor. Ele não tem culpa da família que tem.

Félix virou-se e saiu em silêncio...os olhos já estavam cheios d’água...mas o que ele poderia fazer? Nenhum dinheiro do mundo compraria o que ele mais buscava. A única preocupação era evitar que Niko se aproximasse daquelas palavras, daquele ódio...

“Sim carneirinho, eu vou jantar com você hoje. Obrigado” O convite era um alívio, um dia de chuva na secura de um deserto...mas ele era incapaz de dizer a Niko que estava com saudades, que era sofrido não estar com ele todo o tempo...que lhe assustava a idéia de não vê-lo adormecer em seus braços...e que quase todas as noites eram vazias do calor da alma daquela criatura.

“Eu poderia dizer tudo isso, só que do jeito que o Niko é ele ficaria é deprimido com toda essa situação...eu nem consigo confirmar pro meu papi que ele existe, meu papi continua sendo soberano: mesmo sem sair dessa casa já percebeu que há alguém.”

“Só que esse alguém é o Niko e nada vai me fazer mudar o que sinto em relação a ele!”

Niko se deu a noite de folga no restaurante...brincou com os filhos...pediu que Adriana cuidasse deles e foi cozinhar para seu amado. Para ele cozinhar era uma maneira de expressar o quanto gostava de alguém e quanto mais ele cozinha lembrava dos elogios de Félix a sua comida...não era vaidoso...mas os elogios do amado lhe davam mais e mais vontade de cozinhar, só mais um pretexto para estarem juntos. Adora suas conversas durante as refeições.

No horário combinado Félix chegou, não trouxe flores nem geléias, não veio de preto ou cores sombrias, era apenas o Félix bom que o Niko aprendera a amar. Abraçaram-se ainda na porta.

“Ele não lembrou, se fosse uma aposta eu teria ganhado”. Seguro a mão de Félix e lhe puxou pra dentro.

Assim que entrou o telefone vibrou e para surpresa de Niko o telefone foi desligado.

– Não era nada importante, Carneirinho...o que você cozinhou pra mim hoje? O cheiro está maravilhoso.

– Não era sua mãe Félix? E se for seu pai precisando de algo?”

“A verdade Félix, a verdade”. Talvez fosse melhor que ele explicasse o que realmente está acontecendo...não haveria solução...mas se amar era compartilhar os problemas Félix não sabia disso ainda, só tinha certeza que precisava desabafar:

– Carneirinho, era meu pai...eu não sei como papi soberano sabe que eu tenho você...mas agora quando saio de casa a noite ele fica me perturbando para que eu volte...está tudo bem com ele, mas pra não estragarmos a noite de hoje criatura, melhor deixar esse telefone desligado.

– E você não confirmou que há alguém? – Niko não conseguiu esconder o desapontamento, não haveria como os dois ficarem juntos de verdade se o pai de Félix não soubesse ao menos.

– Eu acho que ainda não é o momento Carneirinho, desculpa...não, não por favor não me olhe assim...

Niko não conseguiu esconder a decepção...Félix até pensou em ir embora, mas lhe faltou coragem...ainda ficava assustado com essa falta de coragem em relação a Niko, ele era sempre tão decidido e frente a Niko era como se fosse um garoto preocupado em não fazer nada errado...

Ao fim do jantar também faltou coragem a Niko pra explicar todos aqueles pratos e o real motivo do jantar, Félix havia comido e elogiado cada detalhe mas não perguntou se estavam comemorando algo também....Após recolherem os pratos, já na cozinha Félix segurou Niko pelas costas, quase como num sussurro:

– Melhor eu ir Carneirinho...eu não quero te ver bravo comigo...eu nem consigo te olhar se você está com esses olhos – e carinhosamente ele deu um beijo em Niko.

– Ah Félix, eu não estou bravo, só um pouco chateado...você sabe porquê...eu não quero te pressionar...mas não vamos conseguir viver desse jeito com seu pai...

– Eu sei, eu sei...Posso te pedir pra confiar em mim? – e eles seguiam conversando sem se olharem apenas abraçados...Niko adorava sentia aqueles braços daquele jeito...e parecia que seu amado sabia que aquela era a melhor maneira de conversar quando ele estava chateado:

– Félix eu nunca desconfiei de você...Não seja injusto...eu sempre confiei em você...até agora...mas com você me abraçando assim...onde você quer chegar...? - Niko cederia, Félix estava certo.

– Primeiro: que eu vou resolver esse assunto com meu pai e de alguma forma ele vai pelo menos tolerar nós dois sem te magoar. Eu só não sei como ainda. Segundo: que eu sei que você sempre confiou em mim...mas eu gosto de ouvir isso, você não faz idéia do bem que me faz...e terceiro...

Félix o abraçou mais forte, ele sabia que estava deixando Niko enlouquecido, seria justo aquilo?

– Terceiro, Félix? Terceiro o quê? – Niko começou a se esforçar pra criar coragem e sair daquela posição.

– Que há um mês eu não esqueci... – um suspiro para tomar fôlego - assim como hoje eu também não esqueci que fazem dois meses que eu entendi... é com você que eu quero estar hoje e sempre...meu Carneirinho...

Niko fechou os olhos e sorriu por dentro. Não precisava de mais nada. Não precisavam de mais nada.


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Notas finais do capítulo

Gente, espero que tenham gostado...vou tentar postar de novo até o final da semana.
Bjs e boa semana!



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