Dias melhores virão escrita por Rose


Capítulo 33
Cap. 33


Notas iniciais do capítulo

A tempestade virá, não haverá como fugir!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/486349/chapter/33

Papai, você não vem conosco?

Hoje não posso filho, tenho um compromisso no hospital…marcamos outra dia, hoje você vai com a sua mãe. Vamos lá, será divertido, criaturinha.

Por mais que Jonathan insistisse Félix sempre recusava qualquer passeio com o filho e sua esposa, sempre haviam outros planos para aquelas horas que ele se via livre de tudo, de todos...

Aquelas conversas, seu filho criança, insistindo e insistindo...era tão estranho, ele chegava a se sentir culpado; tantas vezes recusou para se encontrar com alguém que lhe completasse aquele vazio que sua família nunca fora capaz de preencher e agora estava diante do guarda-roupa pensando em qual seria a melhor roupa para levar os filhos do Carneirinho ao zoo. Jonathan era sempre tão compreensivo mas será que seria capaz de aceitar ver seu próprio pai fazendo algo com outras pessoas que sempre lhe negara.

“Que eu faço? Ele vai saber alguma hora...não seria justo...eu sempre lembro daquele rosto saindo triste e eu feliz, pois teria algumas horas de liberdade...Só não digo que ser pai foi um erro, pois sem o Jonathan me apoiando nos últimos meses...ah...tudo seria muito mais difícil do que já é...”

“E nem adianta eu perguntar pra mami poderosa que eu já sei a resposta de cor...vai filho, diz a verdade...”...”Mas que verdade eu vou dizer pro Jonathan? Que eu quero passear com os filhos do Niko, coisa que nunca fui capaz de fazer com ele e quando fazia, não parava de reclamar...eu devo ter salgado o mar morto pra ter que passar por isso agora...peso na consciência”

– Filho? Você já acordou? Bom acho que você nem dormiu em casa de novo...

– Pai, que mania, bem que você podia bater na porta, não? – Jonathan estava em pé na porta do banheiro com aquela cara típica de pós balada.

– Desculpe, a Ana está aí? Eu volto depois então... – Félix lembrou-se do que havia acontecido dias antes e se viu no mesmo lugar da mãe.

– A Ana não está aqui, pai, que pergunta!? Eu lá tenho cara que traria a Ana escondido pra passar a noite aqui.

– Desculpe filho, você está certo...Ainda bem que você não parece tanto assim comigo, você deve ter puxado a mami poderosa... – e ele sorri – Podemos conversar?

Para surpresa de Jonathan, Félix queria explicar sua culpa e lhe pedir desculpas, sabia que não havia como consertar aquela infância perdida, havia jurado que não perderia a oportunidade de se tornar cada vez mais amigo do filho.

– Poxa pai, eu fico feliz que o senhor vai com o Niko no zoo, até queria ser uma mosquinha pra ver vocês lá – e ele cai na risada, a irônia ele havia puxado ao pai, não havia como disfarçar.

– Jonathan!? Deixa de ser indiscreto, eu vou no zoo com o Niko e os filhos dele, que há de mal nisso?

– Nada, eu só acho que vai ser engraçado, por acaso o senhor sabe onde fica o zoo?

– GPS?! Ah, com certeza o Carneirinho sabe, ele tem cara que adora essas coisas. Opa, será que ele ia lá com a lacraia?

– Pai...crise de ciúmes na minha frente não, por favor. – E mais uma vez Jonathan sorria, ele não sentia raiva do pai pelo que não tiveram, na verdade ele se importava muito mais com as mudanças dele agora, tinha um pai próximo e feliz.

– Olha o respeito que eu sou seu pai...Bom era isso que eu queria dizer...espero que um dia você entenda...pelo menos você vai saber antes de ser pai tudo que um pai não deve fazer com um filho, especialmente se ele for como você.

– Obrigado, pai. Não se preocupe, está tudo bem. Agora que eu queria ser uma mosquinha, bem que eu queria – e o sorriso entreaberto de Jonathan indicava que ele não acreditava ainda que Félix Khoury iria ao zoo.

– Você quer ir Jonathan? Você já não passou da idade de ir ao zoo? – De repente, Félix percebeu que talvez o filho estivesse esperando um convite e, por que não?

– Só encontro com a Ana para jantarmos hoje, bom, já que eu não tenho nada para fazer hoje a tarde...eu vou! E nunca há idade para passear com o pai, ou há?

Chegando na casa de Niko, Jayminho estava eufórico com o passeio. Só havia um problema, todos não cabiam no carro de Niko e eles precisariam ir em dois carros. Para surpresa de Niko, Jayminho queria ir com o tio Félix levando Fabrício junto. Após várias tentativas de convencer o menino a ir com Niko, Jonathan se ofereceu para ir dirigindo Niko ao zoo e Félix foi levando os dois meninos no carro do Carneirinho.

– Poxa Niko, eu não imaginava como o Jayminho gosta do meu pai. Estou até surpreso. Meu pai nunca me pareceu alguém...vamos dizer...próximo de crianças...

– Ah, Jonathan, para com isso, graças a seu pai eu tenho meus filhos, já contei e recontei essa história pra você. Vai me dizer que ele nunca te levou ao zoo?

Para Niko, escutar histórias de um Félix que ele nem imaginava que existia era algo tão difícil, a frente via seu amado dirigindo seu carro para fazer um de seus filhos felizes com o passeio.

– Niko, independente do passado do meu pai, eu queria te dizer obrigado. Eu nunca imaginei meu pai fazendo esse tipo de coisa, mesmo que não fosse comigo eu fico feliz pois ele está mudando...bom...só de vocês estarem juntos já é uma grande mudança...Só queria te pedir uma coisa, pode ser?

– Claro Jonathan, eu fico até sem graça, parece que eu que mudei o Félix, eu acho que essa pessoa sempre estava aí, só faltava incentivo para se mostrar pra todo mundo...

– Bom, se vocês casarem, eu continuo te chamando de Niko... – Jonathan falou entre um tom de brincadeira e timidez, afinal ele realmente estava levando aqueles dois a sério, mais até do que eles mesmo imaginavam.

– Casar?! Eu?! Ai Jonathan, nem fala isso perto do seu pai que ele vai te dizer que eu espero um príncipe num cavalo branco e que ele não é essa pessoa... - Niko ficou tão sem graça que até um pimentão seria menos vermelho que ele, mas no fundo, lá no fundo ficou imaginando seu querido Félix lhe pedindo em casamento...mas era melhor deixar isso para lá por enquanto...

– Brincadeira, Niko; só que eu sempre vou te chamar assim! Se o Jayminho e o Fabrício quiserem chamar meu pai de pai, não tem problemas. Eu sempre quis ter irmãos mesmo... Obrigado pelo que você o está ajudando, veja só: meu pai gostando de crianças...

As palavras de Jonathan tocaram Niko lá no fundo, ele sempre quis ter uma família, família mesmo; por um lado já havia se acostumado que seria difícil ter alguém pela vida toda,

com Eron foram dez anos e de uma hora para outra tudo havia acabado... com Félix ele evitava ao máximo pensar no futuro, fazer planos a longo prazo seria doloroso se ele desistisse de tudo de um hora para outra, ele ainda não estava preparado pra outra decepção. Sempre haveria César que provavelmente seria contra os dois até o fim dos dias

Ele sempre soube que casar era só um papel, mas todo o compromisso envolvido lhe deixava tão encantado...Melhor era não pensar nisso, agora ele era um pai e acima de qualquer coisa as crianças deveriam ficar bem e felizes como agora.

O zoo foi aquela diversão: para Félix e os meninos! Ele fazia questão de empurrar o carrinho de Fabrício e puxar Jayminho pela mão. A hora do sorvete foi a maior festa! Niko e Jonathan foram apenas coadjuvantes durante aquela tarde.

Eles se despediram no zoo, Félix e Niko com a tentativa de se encontrarem no final do dia. Jonathan pediu uma carona até a casa de Ana.

Exausto mas feliz, era esse o sentimento de Félix, não havia como negar. Ele queria descansar até a noite para encontrar seu Carneirinho de novo, mas o dever de dar um oi ao pai falou mais alto:

– Papi, oi, tudo bem? Precisa de algo? - Félix entrou devagar na dúvida se o pai estava acordado...

– Se eu precisasse de algo Félix, pediria as empregadas, afinal você desapareceu a tarde toda...

– Eu fui passear um pouco papi, espairecer, o dia está tão bonito hoje, deveria tentar olhar o final do dia comigo lá da piscina. Vai te fazer bem sair do quarto um pouco.

– Passear, eu sei muito bem a pouca vergonha que o senhor foi atrás...Félix, você não me engana. Nunca me enganou.

– Papi...eu estou tentando ser gentil, o dia está bonito... eu tive uma tarde agradável e gostaria que o senhor me acompanhasse no entardecer lá fora. - Félix respirava fundo e media cada palavra para não estragar o seu dia com o mal-humor do pai.

– Sai daqui Félix, se eu precisasse de companhia, com certeza não seria a sua. Tarde agradável...já foi atrás daquele rapaz? Como era o nome mesmo? Anjinho...

– Papi, o Anjinho e eu não temos mais nada, ficou no passado.

– Então o senhor deveria parar de procurar outros anjinhos e ir atrás de uma mulher ao invés de ficar aqui me perturbando! - Apesar das palavras sairem devagar, Félix sabia exatamente que seu pai o queria fora daquele quarto, melhor não insistir.

Ao fechar a porta, já trazia uma das mãos à camisa sob o peito com um único pensamento: "Carneirinho".


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que quem continua lendo esteja se divertindo como eu ao escrever.
Quem tiver alguma sugestão ou comentário, por favor :)
Até breve.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dias melhores virão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.