Dias melhores virão escrita por Rose


Capítulo 26
Cap. 26


Notas iniciais do capítulo

Não, ele não resistiu e foi descobrir qual era o compromisso do seu carneirinho.
Espero que gostem!



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“Como assim não vê-lo mais hoje? Que ele vai fazer de mais interessante que não podemos nos ver? Quem seria mais interessante que eu? Ah, será que é a lacraia? Não, ele não seria tão inocente...Eu preciso confiar mais nele, mas que é que ele tem de tão interessante pra fazer que não quer me ver? Será que ele ainda está bravo comigo? Ah, mas ele fez o risoto pra mim, então era porque queria que eu aparecesse...Se ele estivesse bravo não ficaria cozinhando pra mim...Assim que eu chegar em casa tomo um banho e resolvo o que fazer...Compromisso...Desde quando o Carneirinho tem compromisso que não pode me contar?”

Sacolas. Sacolas. Sacolas.

– Seu Niko?

– Sim Edgar, eu já volto pro salão, só preciso tomar um café aqui na cozinha pra organizar as idéias.

– É que tem uma pessoa que quer ser atendida pelo senhor somente.

– Ah meu Deus, mais essa agora? Nem tomar um café eu posso mais. Diga que eu já vou. – “Estou tão cansado, não vejo a hora de acabar o expediente hoje, mas são quase nove horas, quem ainda chega esse horário pra comer sushi num shopping?”. Niko realmente estava cansado nos últimos dias, as crianças, seus pais em casa; e a tormenta de Félix o deixava mais estressado ainda.

Quando ele retornou ao balcão, não sabia se ria ou expulsava Félix do restaurante, como ele era teimoso pensava. Mas nem podia reclamar, ainda haviam muitos clientes comendo.

– Boa noite. Uma duplinha de salmão?

– Féééélix! – Niko falou baixinho para não chamar a atenção...

– É que de repente deu uma vontadeeee Niko, e eu não poderia ir em outro restaurante, poderia? – Félix inclinou a cabeça com um sorrisinho de canto que ele sabia que Niko não iria resistir.

– Está bem, lembre-se que o restaurante fecha só aceita pedidos até às 9:45, é bom você ir pensando o que quer comer mais.

– Ah, Carneirinho...vamos tomar um café depois em outro lugar? Que você acha? – Félix não ia desistir tão fácil, Niko pensava que deveria ter apenas recusado o pedido. Mas agora era tarde.

– Não Félix,hoje não. Quero aproveitar que meus pais estão em casa para descansar um pouco e já dei uma folga pra Adriana. Ou você não percebeu que ela não estava hoje? Ah, mas pra quem chegou atrasado, nem dava para reparar muita coisa...Angra dos Reis, sei... – Niko olhou cerrando os olhos para seu amado, ele ainda não havia engolido essa história de Angra.

– Um combinado de atum e salmão? Aceito missoshiro.

– Sim, senhor, como preferir.

– Carneirinho?! – Félix também falava baixinho, sabia que se elevasse o tom de voz seria o fim daquela noite.

Silêncio.

– Carneirinho, você marcou algo com a lacraia??

– Ah, o Eron? Não, mas ele não esqueceu do meu aniversário; ele passou aqui mais cedo e deixou aquelas flores pra mim. Depois foi embora.

– Aquelas orquídeas ali?

– Sim, não são lindas? – Niko inclinou a cabeça para o lado e sorriu, mal sabia que era a gota d’agua.

– Um minuto Niko. – E Félix se levantou calmamente, pegou as orquídeas e saiu do restaurante. Três minutos depois voltava de mãos vazias.

– Você jogou as orquídeas no lixo?! – Niko não sabia ser cortava o peixe ou a cabeça de Félix.

– Não, as flores não tem culpa do comprador. Dei de presente pra um dos seguranças do shopping que disse que tinha mãe, a mãe dele vai ficar feliz, não vai? – Félix não disfarçava sua impaciência. – Meu combinando já está pronto?

Niko fechou os olhos e começou a contar pra não expulsar Félix.

– Félix, deixa de ser, ele só quis ser gentil. E eu gosto de flores, você mesmo sabe. Além do que a gente teve um relacionamento, não se apaga assim de uma hora pra outra. – “Bom, se ele pensou que eu ia chilicar, vamos ver agora o que ele diz”, Niko começou a pensar que poderia se divertir um pouco com a situação pra ver se Félix se irritava e ia embora.

– Se tem alguém que pode te dar flores hoje em dia, esse alguém sou eu. Relacionamento? Desde quando lacraia se relaciona, só se for com escorpião fura-olho... Eu devo ter jogado pedra na santa cruz mesmo pra ouvir uma coisa dessas num sábado a noite. – E ele se calou pra comer.

O restaurante fechou. Todos os clientes foram embora, incluindo Félix que fez questão de pagar a conta e sair. Haveria desistido? Nao. Ele ficou sentado do lado de fora esperando Niko sair, não deveria demorar muito.

– Mas você ainda está aqui? – Niko não se aguentou e começou a rir.

– Claro que sim, onde mais eu estaria? Você acha que Félix Khoury ia desistir assim tão fácil. Se você tem um compromisso, eu espero terminar, não tem problema. Bem que você poderia me contar, não?

Niko se sentou ao lado dele e estendeu um dos dedos pra encontrar a mão de Félix apoiada sob o banco.

– Você por acaso já me explicou o que foi fazer em Angra?

– Ai Carneirinho, não muda de assunto!

– Como assim não muda de assunto? Só você mesmo.

– Pôxa, hoje é seu aniversário e você não quer compartilhar as últimas horas dele comigo. Depois eu te explico de Angra, não é nada demais. Minha família tem uma casa lá. Só isso.

“Aposto que ele levava ou tem algum caso antigo lá, mas deixa pra lá. Hoje eu prometi que não ia brigar” Niko pensou, mas dessa vez não retrucou.

– Diz Carneirinho, que é que você vai fazer? Posso ir junto?

– Félix, hoje mesmo eu ouvi você reclamando disso pra sua mãe. Só que eu gosto, então eu vou sozinho, tá tudo bem? Não vou fazer nada demais. Já estou atrasado pra comprar o ingresso.

– Você vai pro cinema? – Félix riu, ele havia dito horas mais cedo pra mãe dele não gastar dinheiro com isso.

Niko ficou levemente vermelho, mas confirmou. Disse que agora com as crianças era difícil conseguir ir. Ele largou a mão de Félix e saiu. Ficou envergonhado pois achava que Félix estava iria fazer uma tempestade agora que sabia qual era o compromisso.

– Eu vou com você, não importa o que eu disse mais cedo. Não posso deixar você ir sozinho ao cinema, não consigo. O Eron sabia que você ia ao cinema e tentou te acompanhar, não é?

– Não Félix, ele até sabia do cinema porque eu sempre ia mesmo antes das crianças, mas ele não gostava e eu sempre fui sozinho depois do expediente do restaurante uma vez por semana.

Félix engoliu seco. Eron não era o problema. Não mais.

– Oi Eduarda, tudo bom? Pipoca por favor.

– Boa noite seu Niko, o de sempre?

– Err. Acho que a pipoca pode ser grande hoje. – E ele sorriu pra moça, que pra surpresa de Félix que não entendia aquela intimidade, ela sorriu de volta.

– Ahhh...hoje a pipoca é por minha conta então. Promessa é dívida. Só confirmando, doce?

– Salgada! – Era Félix, com cara de conteúdo sem entender muito bem aquela história de pipoca.

– Eu resolvo isso seu Niko, não se preocupe. Fico feliz.

– Obrigada Eduarda. Eu também estou feliz.

– O senhor merece. Aqui está. Meia doce, meia salgada, esse papelzinho divide tudo. E como promessa é dívida hoje é por minha conta.

– Não precisa disso Eduarda. – Niko ainda tentava pagar.

– Seu Niko, o senhor me ajudou no passado e eu sempre achei que o senhor merecia uma companhia pra vir no cinema. Promessa é dívida. – e ela sorriu novamente – eu preciso continuar atendendo. Bom filme pra vocês.

– A gente vai ver uma comédia romântica e você fica se derretendo com a atendente que te dá pipoca de graça? Que favor você fez pra ela?

– Nossa, você não para de resmungar..mas até gosto dos seus ciúmes.

– Eu não tenho ciúmes, eu sou precavido.

– Sei...Félix, sei... Ela só é filha de uma das senhoras da limpeza do restaurante, tem mais de um ano que eu consegui esse emprego pra ela poder ajudar em casa e continuar estudando durante o dia pra ter uma vida melhor. Bom, eu sempre venho no cinema sozinho... e um dia ela me perguntou se eu não tinha nunca ninguém pra me acompanhar e eu expliquei que o meu companheiro não gostava de ir ao cinema. Dai ela desejou em agradecimento que eu tivesse um companheiro que viesse comigo. Nesse dia ela me daria uma pipoca pra comemorar, pois aí sim seria um companheiro de verdade. Desde então eu compro uma pipoca doce pequena. Quando eu pedi a grande hoje ela entendeu...obrigado por vir mesmo sem gostar. Já foi um grande presente. O Eron nunca veio, vê? Vocês são diferentes – E Niko abaixou a cabeça.

– Você não existe! Dá próxima vez só diz que quer ir comigo em algum lugar, que eu vou. Promessa.

Por fim se sentaram, Félix já não lembrava a quanto tempo tinha ido ao cinema, mas adorou essa modernidade de cadeiras reclináveis pra duas pessoas. Ele suspendeu o braço da poltrana, pegou a pipoca e removeu a divisão que havia sido colocada.

– Acho que não precisamos dessa divisão, eu posso comer um pouco de pipoca doce, não? E você, salgada?

– Sim, quantas você quiser. Eu comerei salgadas também. Vamos ver o filme agora.

Félix não assistia o filme na verdade, acabou achando delicioso ficar ali com Niko sem ninguém pra incomodar, os dois juntos e abraçados. O escuro do cinema acabou lhe dando coragem pra ficar ali sem receios do que os outros poderiam pensar. Ninguém estava preocupado com algo além do filme. Não era nada demais os dois abraçados ali afinal. O filme era tão bobinho pensava, só seu Carneirinho pra gostar daquilo mesmo... Era bom estar com ele ali, era tudo que ele conseguia pensar.

– Gostou do filme, Félix? Eu sempre assisto aqueles que eu sei que tudo termina bem no final. – Eles já estavam na garagem pra ir embora. Niko parecia feliz, estava mais ameno.

– Carneirinho, não me deixa sozinho hoje? – Félix puxou Niko pelo braço e o abraçou forte.

– Félix, meus pais estão em casa. Não consigo com eles lá em casa, por favor...

– Carneirinho, não me deixa sozinho hoje? – Ele falava baixinho, com uma voz morna, quase uma súplica.

– Félix, desculpa, eu não gostaria de deixar uma má impressão pros meus pais, pra eles a gente ainda está se conhecendo. Com eles, você aparecer no café da manhã vai ser meio esquisito. Demorei anos pra relaxar com o Eron na frente deles. - E Niko tenta se desprender, mas era em vão. Ele não queria se soltar, mas não tinham pra onde ir.

– Carneirinho...vamos pra... – ele é interrompido por uma voz repressora

– Félix, eu não sou uma pessoa de ir pra motel. Eu sou um pai de família!

– Eu sei disso, Carneirinho, eu jamais te levaria num motel. Vamos pra minha casa, eu te trago depois aqui pra pegar esse carro. A casa é grande, conseguimos entrar e sair sem ser vistos se você prefere assim. Vem? – E Félix usou o mesmo olhar que Niko fazia quando queria alguma coisa.

– Ai Félix, eu não sei. A casa é dsa sua mãe...

– Carneirinho, não me deixa sozinho. A gente não está brigado, está? Eu não quero te deixar ir embora sozinho essa noite...

– Minha mãe vai estar me esperando.

– Não ela não vai! A gente conversou. Eu disse pra ela que queria comemorar seu aniversário só com você. Afinal, ainda sou seu namorado, não? Pedi pra ela convencer seu pai a ir embora na segunda, se ela me deu uma chance com você, não posso desperdiça-la. Vem comigo. Vamos pra casa? Vamos sair daqui...

E Félix esqueceu o estacionamento, esqueceu o shopping, esqueceu a própria vida pra beijar Niko, estava decido a não deixá-lo sozinho naquela noite.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, obrigada pelos últimos comentários, é sempre muito legal saber que algumas pessoas acompanham desde o início e ver novos nomes também que começaram a ler o que escrevo.
Talvez eu precise fazer uma pausa de uma semana pra voltar a escrever, até lá espero que quem esteja lendo continue gostando da história.
Até breve!



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