Dias melhores virão escrita por Rose


Capítulo 27
Cap. 26


Notas iniciais do capítulo

Enfim paz...mas toda paz pode ter um preço...
Espero que gostem.



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– Eu não sei onde eu estava com a cabeça!?

– Eu sei, mas enquanto subimos as escadas você pode se concentrar em ficar quieto? – Um misto de voz baixa e risonha ecoava pelo escada da mansão de D. Pilar, era seu filho Félix. – Niko, eu já te disse que tudo bem, que coisa? Parece que vamos fazer algo criminoso....

Niko se segurou, seu pensamento foi rápido e certeiro – “Mas bem que minha mãe acha que ele tem experiência nessa parte...Onde que eu estava com a cabeça?” – E ele se vira rápido já no topo da escada:

– Félix, você sabe muito bem minha opinião sobre isso, custava esperar meus pais irem embora, seria só mais uma noite, que impaciência você!

Ainda com a voz mais rouca e baixa Félix retrucou:

– Sua mãe sabe que você ia sair comigo, ela deve ter contado pro seu pai eu suponho. Seus filhos estão bem com eles. Que mais você precisa pra relaxar? Bom, ok, quer ir embora, pode ir lá na rua chamar um táxi? Ou quer ir acordar minha mãe pra perguntar o que ela acha? – Aquele olhar irônico de Félix deixava o loiro ainda mais sem graça.

E antes de qualquer resposta, Félix se pôs a frente de Niko e o puxou pelo braço em direção a seu quarto, assim que entraram Félix encostou a porta e largou tudo que carregava para abraçar Niko:

– Eu quero muito que você fique aqui, não por mim, por nós. Mas não posso te forçar... Como o Jonathan diria: eu tentei forçar tanta coisa na vida e olha no que deu, fui parar mericidamente na sarjeta... – ele o abraça mais forte agora pra olha-lo e continuar – Errar com você é algo que eu não posso me permitir.

– Félix, ninguém é perfeito...Quando é que você vai parar de olhar pro passado pensando no seu futuro. Do ponto que estamos não tem mais volta; nunca mais será como antes e pra falar a verdade eu não quero que seja... Você realmente acha que conseguimos sair sem ser percebidos? Eu ficaria muito sem graça na frente da sua família,não somos mais adolescentes.

– Não, criatura. Mas pensando bem, eu posso te levar embora e esperar até amanhã. – Era mentira, era mentira,a grande parte dele queria agarrá-lo e acabar com aquela ansiedade o mais rápido possível...mas havia uma vozinha, alguns a chamavam de consciência; independente do nome era algo muito novo para Félix especialmente porque ela dizia que eles podiam esperar. Entre todos os desejos de Félix era tudo que ele não queria ouvir... Mesmo assim, ele soltou Niko e o segurou apenas pela mão:

– Eu não dei seus presentes, antes de irmos, deixa eu te mostrar o que eu comprei?

Niko sorriu, aquele era o Félix que ele havia se apaixonado, que não tinha tanta pressa, pressa de tudo.

Félix queria entregar sacola por sacola pra Niko, queria que ele olhasse tudo e principalmente o deixasse explicar porque ele havia escolhido cada presente:

– Esse pijama, bom esse pijama, é porque eu achei que você poderia abandonar aqueles do passado. Sabe que eu sempre penso qual daqueles a lacraia conhecia? Pra parar com essa sensação estranha, porque nâo começar a trocá-los? A gente pode doar os antigos pra alguma instituição, que acha? - Os olhos do moreno tentavam ser os mais naturais possíveis.

– Eu acho que isso se chama ciúmes...mas eu posso começar a trocar os mais velhinhos se você vai se sentir melhor – e Niko abriu a caixa do pijama, não só era bonito como também Félix havia acertado o tamanho – com um sorriso iria dizer obrigado, mas foi interrompido por Félix novamente:

– Não se empolgue, ainda tem mais, esse aqui é pra você lembrar de mim no restaurante e principalmente não errar na conta de ninguém, não quero ninguém vindo reclamar na gerência depois.

Era uma calculadora financeira, Niko não se aguentou, colocou a mão sobre a boca para segurar a gargalhada... ele não fazia idéia de como usar aquilo, mas com certeza seu gerente deve ter sentido falta de uma porque não havia nada além de uma calculadora ‘feita na China’....

E a última sacola era pequena e continha uma caixa tão pequena que era difícil adivinhar o que teria. Dentro, apenas um envelope branco que Niko olhou com uma certa curiosidade e esperou que Félix consentisse com os olhos para que ele o abrisse.

– Angra dos Reis, Félix? Já sei, você foi em Angra comprar esse postal porque você estava com insônia a noite?

– Não, eu comprei esse postal porque queria te convidar pra ir lá...eu...você...as crianças e acho que vamos precisar da Adriana – pausa para risos - pra nos ajudar com eles. Que acha? Eu tinha pensado no Carnaval porque é um feriado longo e achei que você conseguiria ficar tranquilo em deixar o restaurante tantos dias sem você no comando.

– Carnaval? Hummmm.....- Niko franziu as sombracelhas como se procurasse por algum compromisso inadiável...

– Criatura, não me diga que você sai de destaque em alguma escola?

– Acredita que eu sempre tive vontade?

Os olhos de Félix reviraram, não era esse o comentário que ele esperava ouvir. Pensou que seria melhor insistir com essa viagem em outra hora talvez, melhor organizar tudo pra levar Niko embora ...

– Eu aceito ir pra Angra desde que você me explique uma coisa, afinal o que você foi fazer lá?

– Você vai saber, Carneirinho, mas posso tomar isso como um sim? Vamos no Carnaval e eu posso começar a organizar tudo? Papi deve sair do hospital essa semana, já que o Carnaval é em março, acho que consigo organizar tudo pra ele ficar aqui bem sem mim.

– Sim, pode. – E Niko finalmente concordou – Nesse momento ambos estavam sentado aos pé da cama, meio que de lado, meio que de frente. Niko tentava buscar o olhar de Félix pra agradecer todos os presentes, era difícil ficar bravo com ele, mas a curiosidade era uma formiga que lhe picava a todo momento:

– Vamos pra um hotel em Angra? – Niko queria ao menos algum detalhe.

– Não, minha família tem uma casa de praia lá, foi pra lá que eu fui e é pra lá que que quero te levar.

– Você levava quem lá? O Anjinho ou algum carioca além da Edith? – Niko não avançava em esquecer o Anjinho...

– Eu não deveria responder isso, mas acho que até você entender que o Anjinho está enterrado no meu passado...não, eu não o levava lá...Há anos não ia naquela casa, sempre fujia de Angra pois era lá que a Edith levava o Jonathan durante as férias da escola...eu usava esse tempo pra outras coisas se é que você me entende... Bom, lá é um lugar pra pessoas da família...se vamos ter uma família precisamos fazer algo família, não? – Félix nem sabia como havia dito aquilo, mas sabia que estava ruborizado, não queria ir tão longe nas explicações...

Niko fez um carinho no rosto de Félix com a mão direita, não chegava a ser engraçado e não chegava a ser tocante...mas quando Félix falava algo que realmente mostrava que existia algum sentimento dentro dele era reconfortante pra Niko, a mão esquerda seguiu sua companheira e Niko segurou as faces de Félix pra reafirmar que iria para Angra.

– Eu gosto de você, Félix.

Um beijo, o toque, a lingua, o desejo incontrolável:

– Niko, eu preciso te tirar daqui, podemos esperar até seus pais irem embora como você queria... – a voz era baixa e ofegante, ele já não sabia se teria forças para sair tão rapidamente daquele quarto como precisava.

– E se eu quiser ficar? Acho que eu não quero mais uma noite pensando que não estamos juntos. – Tão ofegante quanto Félix ele questionava sem se separar do seu amado.

– A gente está junto, Carneirinho ...mas eu entendo que posso não te fazer bem se ficarmos aqui agora...eu posso esperar – Félix realmente falava com um tom de sinceridade que até ele desconhecia, ele havia entendido que talvez tanta pressa pudesse estragar as coisas, além do quê, na cabeça dele ambos ainda estavam se conhecendo e era um conhecer totalmente diferente do Anjinho...Com o Anjinho ele nunca havia se preocupado tanto como naquele dia em deixar Niko feliz, especialmente depois de tantas confusões criadas por ele, afinal queria sempre resolver tudo sozinho, mesmo quando era algo relativo aos dois e o resultado? Bem, o resultado ainda era ele tentando se afastar de Niko pra se arrepender depois.

– Félix, eu não quero esperar até meus pais irem embora. – Niko encosta seu nariz junto ao de Félix como procurando um retorno, ambas respirações estavam tão próximas, entre súplica e ordem, era difícil saber a diferença. – Mas se você não me quiser, tudo bem, podemos ir embora agora. – e ele se vira rapidamente fugindo daquela tensão.

– É claro que eu te quero Carneirinho.... – e ele o abraça procurando sua nuca com um carinho. Não havia mais como fugirem um do outro novamente.

A partir daquela frase, a conversa ficou de lado, os pensamentos foram se esvaziando, o mundo estava mais distante como se tudo estivesse congelado lá fora e só houvesse o calor daquele quarto.

– Carneirinho, eu preciso que você me explique...

– Félix, eu quero que você me descubra, não precisa ter pressa, não é? Eu também estou te descobrindo. - Entre um beijo e um sorriso, Niko pedia silêncio, ele estava certo que haveria todo o tempo do mundo pra que seu amado o entendesse.

– Acontece que você já me entende...

– Vem cá...

Algum tempo depois , pela primeira vez, era Félix que aconchegava Niko em seus braços.

– Você quer ir agora? Ainda é cedo, olha aqui, são três e cinquenta da manhã...eu consigo acordar e te tirar daqui cedo, podemos estar oito horas no shopping, que tal, criatura cansada?

Niko apenas concordou, estava exausto, felicidade também cansava.

Félix mais uma vez queria que o mundo parasse, queria aproveitar aquele momento de tranquilidade, tinha medo do que iria acontecer quando seu papi soberano saísse do hospital...um problema de cada vez pensava e ainda assim, dormir com Niko na casa dele era o tipo de problema que ele gostaria de ter todos os dias.

Ele olhou o relógio...devia ter salgado mesmo a santa ceia...seis e cinquenta...ele não se lembrava das horas terem passado tão rápido...ainda estava abraçado a Niko...abraçado e descabelado.

“Não posso deixar que ele me veja descabelado assim logo cedo...bom ele já viu...mas não preciso relaxar também, né? Deixa eu ir no banheiro me dar um trato daí eu o acordo e saímos”.

Pelo espelho do banheiro Félix via Niko colocando o travesseiro por cima da cabeça, ambos estavam bem cansados. Do espelho com a porta entre-aberta podia ver a imagem de Niko e sua própria feição com um sorriso discreto; na sua cabeça parecia que aquele quarto havia ganhado um novo significado, pela primeira vez Félix acordava com alguém que realmente fazia a diferença na vida dele. Mas havia algum tempo, resolveu tomar um banho rápido, queria que Niko o visse arrumado como ele mesmo gostava.

A porta do quarto se abriu:

– Félix, bom dia? – A voz era baixa e sonolenta também.

Nenhuma resposta. Pilar insistiu:

– Félix deixa de ser preguiçoso. Acorda! É sua mami aqui! – E ela puxa parte do lençol.

– Niko?! Fééélix????

– AAAAAHHHHHHHH! – Ele puxa os lençois de volta!

– Mami, ah, nãoooooo! – Félix só havia conseguido chegar na porta do banheiro enrolado em uma toalha.

Tarde demais.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, desculpem a demora em postar, esses dias tive um problema de saúde que me deixou um pouco de molho...vou me esforçar pra não ficar tantos dias desaparecida.
Obrigada por todos os comentários...espero que todos continuem interessados nas aventuras e desventuras dos dois.



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