Dias melhores virão escrita por Rose


Capítulo 19
Cap. 19


Notas iniciais do capítulo

César finalmente acorda e com ele tudo acorda outra vez.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/486349/chapter/19

– Félix, acorda...

– Hã?!

– Ei, são 4:30...

– Hã?! Quê?!

– São 4:30 e eu preciso sair pra ir comprar peixe no mercado municipal...Você disse que queria sair comigo pra não perder a hora... – Niko o abraçava e brincava de soprar seu pescoço, mas no fundo não sabia se conseguiria acordá-lo ou não...

– Ei, você está me deixando arrepiado! Quer parar com isso? – a voz estava ficando um pouco irritada

– A bela adormecida não sabe o que quer, primeiro quer acordar cedo, depois nem sabe se quer acordar. – Niko virou-se e levantou rápido, não podia perder a hora com seus fornecedores, correu pro banho e largou Félix meio perdido na cama.

– Eu devo ter salgado a santa ceia pra ter que levantar essa hora.."bom, melhor eu despertar e sair também ou vou ficar aqui até os pais do Niko chegarem, mas não sei se isso causaria uma boa impressão." – Por fim ele se levanta, e segue pro banho também, mas pra sua decepção Niko já havia terminado:

– Onde você vai?

– Mercado Municipal, ali pertinho da 25 de março? Lembra? – Niko não podia perder a piada...

– Niko?! Eu não acredito! Você não fazia esse tipo de piada....

– Eu também posso aprender coisas novas, não?

– No momento, o que me interessa mesmo é aquele travesseiro e o que você já sabe fazer, meu deus, sonhei a noite toda com aquela massagem...mas melhor você ir pro mercado municipal, se você resolver abrir uma casa de massagens estou perdido...

– Deixa de ser, você poderia parar de pensar que eu vou trocar você a qualquer minuto...

Debaixo do chuveiro, Félix abriu o box rapidinho:

– Se você parar de se comparar com o anjinho eu prometo tentar não me achar a pior pessoa que você poderia ter escolhido, combinado?

– Combinado! – ambos riram.

Félix chegou antes das sete horas na sua casa, ou talvez na casa de sua mãe, no caminho de volta ficou imaginando como seria bom largar tudo e ficar com Niko de vez, às vezes ele não via tanta necessidade de se conhecerem mais, eles já se conheciam tanto. Nessas horas alguma coisa dentro dele também não queria ser tão precipitado, haviam as crianças, o coração de Niko que era sempre tão sensível; e principalmente papi soberano...a expectativa era que ele acordasse hoje a qualquer momento e se tudo corresse bem, no final de semana iria para o quarto. Como seria quando ele chegasse em casa? Uma pontinha de triteza invadiu Félix, não sabia ainda como ele conciliaria o tempo com o pai e Niko, haveria algum momento que o pai perceberia ou saberia que ele não estava mais sozinho.

– Bom dia Félix.

– Bom dia Maciel, você acorda cedo, hein?

– Pelo menos eu durmi aqui. – Maciel ainda não sabia direito como brincar com Félix, mas depois de tanto tempo ouvindo suas brincadeiras, sentia-se a vontade para tentar algo também.

– Ah meu Deus, até você criatura! Só falta eu ter que te pedir autorização pra passear agora?

– Até que não era uma má idéia! – Maciel sorria timidamente.

– Papi magia, onde está a mami poderosa?

Pilar ainda dormia, os últimos dias foram muito cansativos pra ela, além de cuidar do filho de César, as visitas a UTI e o apoio a Félix estavam lhe consumindo a alma. Quando eles conseguiram se falar, Félix havia pedido para ir ao hospital pela manhã com ela e Paloma durante a tarde; ele queria o período da tarde livre para continuar a contabilidade do restaurante (mesmo não sendo sua especialidade) e se preparar para o jantar com os pais de Niko.

Antes de saírem, Pilar recebeu um telefonema do hospital, César havia acordado, ainda não sabiam informar quais sequelas, mas era importante a presença dos familiares para ajudá-lo a entender o que estava acontecendo.

Visitas a UTI são restritas, mesmo que a família de Félix fosse um dos donos do hospital não haviam regalias, eles tiveram que esperar o horário das visitas. Ao entrar na UTI, César estava cercado por aparelhos e tinha um olhar perdido, vazio. O médico responsável também entrara com Pilar e Félix

– Senhor César, bom dia, já nos falamos mais cedo, o senhor lembra?

– Sim – a voz dele era rouca e baixa, quase irreconhecível.

– A D. Pilar, sua ex-esposa, e seu filho Félix estão aqui comigo, o senhor lembra deles?

– Sim.

Félix sabia que chorar não ajudaria em nada, mas o que dizer? O que falar? O médico continuava a explicar a situação para os três...

– O senhor ficará mais alguns dias nessa UTI, o procedimento é o padrão, assim que o senhor puder ir para o quarto, a sua família poderá permanecer todo o tempo com o senhor, mas agora serão poucos períodos. Vou deixá-los a sós, a enfermeira virá buscá-los em breve.

– César, não se preocupe, estamos cuidando de tudo, assim que você puder o levamos pra casa... seu filho está bem, a Paloma, o Félix e eu estavamos vindo aqui todos os dias nas visitas te ver.

– Pa-lo-ma? – Paloma ou algo próximo a isso era o que Félix tentava dizer

– Ela virá a tarde comigo, hoje o Félix veio pela manhã pois achamos melhor – Pilar jamais iria explicar o real motivo que Félix estava com ela pela manhã no hospital...

– Papi, eu estava tão preocupado... – a voz de Félix expressava toda a angústia dos últimos dias.

Mas César parecia não escutá-lo, na verdade não queria escutá-lo, ainda pensava que parte do que acontecera com ele era culpa de Félix, seriam alguns minutos a mais para tentar matar a Aline e resolver tudo, mas agora ele estava ali, sentia-se incapaz.

– Papi, é o Félix, seu filho, o senhor acabou de dizer que se lembrava de mim...da mami poderosa...

César mirava o vazio. Ele era o vazio

– Papi, é o Félix. – ele estendeu a mão ao encontro da mão do pai.

– Seu bi...cha. – César acabara de esvaziar o filho. Sua voz era baixa e rouca, sofrida.

Pilar puxou Félix e pediu que ele saisse, disse que seu pai estava nervoso; ela não sabia se o filho havia entendido o pai, na verdade preferia que ele não tivesse o escutado. Mas ele havia. Obedeceu sua mãe, disse tchau ao pai e sentou-se do lado de fora da UTI, devastado, nunca imaginara aquele contato com pai após tantas preocupações

– César, nosso filho está tão preocupado com você. Eu sei que você me entende...- ela respirava fundo e falava pausadamente. - Lembre-se que seus filhos são a única coisa que você tem de verdade. Por favor não perca o Félix, ele gosta muito de você, talvez você nem imagine o quanto.

– Pa-lo-ma.

– A Paloma virá aqui comigo a tarde. Eu sei que seu estado é delicado, eu também sou médica, por favor tenha paciência com essa situação, você sabe que é uma questão de tempo. Não afaste seu filho de você, ele teria todos os motivos pra não te procurar, mas ainda assim foi ele quem te salvou daquelazinha. Não o perca.

Pilar segurou firme as mãos de César como se fizesse um pedido, organizou o cabelo do ex-marido e saiu quase no mesmo momento que a enfermeira chegava para finalizar a visita. Ela prometeu que voltaria com Paloma a tarde.

– Filho?

– Mami, vamos pra casa?

– Filho, vamos conversar? Você não ia almoçar com o Niko? Já passam das doze.

– Mami, vamos pra casa? Depois eu ligo pro Niko e converso, acho que agora eu só quero ir pra casa.

Félix dirigiu calado até a sua casa. Pilar entendia o silêncio. Quando chegaram ele subiu rápido, largando o celular dentro terno na sala, de qualquer jeito, quase ao chão.

Pilar chegou logo atrás, viu o terno quase caído no braço da poltrona e sentou-se com ele nos braços. Precisava de alguns minutos sozinha para preparar-se para conversar com o filho e sabia que ele também precisava de um tempo.

Félix chegara no seu quarto, não houve tempo de chegar na sua cama, sentou-se aos pés da porta trancada. Chorou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pessoal, dessa vez vou demorar uns dias pra postar de novo, mas peço que tenham paciência, vai melhorar!
Obrigada,



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dias melhores virão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.