Após seguir as orientações de Pilar, Félix resolveu ligar pra Niko:

– Carneirinho, sou eu...acho que mudei de idéia...posso dormir aí essa noite?

– Félix! Que pergunta?! Sim, pode, você sempre pode. Com exceção desse final de semana,como já falamos, meus pais chegam na quinta e pra eles seriam muita modernidade...

– Ah Carneirinho... Estou saindo...Te encontro na sua casa, tudo bem?

– Sim, se você chegar e as crianças estiverem acordadas, por favor dê uma ajuda pra Adriana...Assim que eu encaminhar tudo no restaurante e o movimento acalmar, eu saio daqui também.

“O Carneirinho nunca vai desistir de me ver um homem de família com filhos” Felix saia sorrindo, satisfeito, no fundo gostava daquela idéia.

Ele acabou chegando primeiro que Niko, as crianças já estavam dormindo e Adriana abriu a porta:

– Oi Seu Félix, o seu Niko não está...

– Eu espero, criatura, o Niko sabe que eu vinha pra cá, tudo bem? - Félix às vezes era tenso em suas respostas.

– Tudo bem seu Félix, eu só queria ajudar...

– Ai Adriana, desculpe, é que hoje eu tive um dia cheio, meu pai no hospital está acabando comigo...

– Eu entendo seu Félix, não se preocupe...desculpe...

– Criatura, não precisa ficar com medo de mim...

– Nâo é isso seu Félix, desculpe, não vai reclamar pro Seu Niko, hein? - Adriana tentava concertar o mal entendido... que nem ela entendia qual era...

– Adriana?! Eu não vou reclamar, reclamar do quê criatura?

– Nada, seu Félix, nada, é só que o seu Niko quer que o senhor se sinta bem aqui, só isso.

– Ele é um doce, não é criatura?

– Ah, é sim, tadinho, ele sofreu tanto com essa história do seu Eron, tomara que ele agora fique feliz!

– Como assim feliz, criatura?

– Feliz, ele não está com um humor melhor agora?, ah, seu Félix deixa eu ir buscar um café pro senhor antes que eu fale de mais...

– Adriana???? Félix começou a rir, sabia que a babá queria falar algo mais estava sem jeito...

– Nada, nada - Adriana fica vermelha de repente.

– Pronto, agora que eu vou falar com o Niko de você!

– Ahhhhhhh...isso não vale...

– Então diz, mulher, por que só agora você está torcendo pra ele ser feliz? Que houve?

– O senhor, né seu Félix! - E ela saiu correndo...

Felix sorria sozinho, era muito boa aquela sensação de ser querido.

– Ei criatura, não fica assim, eu também torço pra fazer o Niko feliz... - ele sorria com um olhar de esperança - Não se preocupe, estou me esforçando.

Adriana agradece e sai, era muita modernidade pra ela torcer pelos dois, mas não tinha jeito, ela adorava seu patrão, vê-lo feliz era muito importante assim como o bem-estar das crianças pra ela.

Félix estava exausto...achou que não faria mal se deitar no quarto enquanto Niko chegava, o café havia lhe dado mais sono... e seu carneirinho, nada de chegar.

Ele definitivamente não gostava do quarto de Niko, sempre havia a lembrança que seu carneirinho dormia ali com a lacraia...não gostava daquilo, Niko já havia explicado várias vezes que o que importa é o futuro, mas Félix não sabia explicar direito aquela sensação...não podia ser ciúme, ciúme era algo tão sem explicação, afinal eles estavam juntos e Niko sempre demostrava como gostava dele, até mais do que ele podia imaginar às vezes...quem sabe pelo menos o papel de parede Niko aceitasse

trocar? Era uma possibilidade, pensou, mas como pedir algo pra Niko?

"E quando o papi sair do hospital? O que eu vou fazer? Por quanto tempo será que o carneirinho aceitaria essa vida dupla? Eu sei, no fundo eu sei, que ele quer uma família completa, mas será que eu consigo? Quando eu vejo os meninos, ah...será que serei um bom exemplo?

Eu errei tanto e mesmo assim ele me aceita...E quando meu pai sair do hospital? Não posso deixar que meu pai trate mal o Niko ou os meninos, eu não posso colocá-los em risco...mas bem que ele podia trocar a decoração desse quarto...e nem posso ficar no quarto de hóspedes pois sogro e sogra carneiros estão chegando...

Os pensamentos dele iam ficando cada vez mais distantes, o cansaço era tanto e os próximos dias prometiam...já era esperado que seu pai acordasse, como será que seria tudo após isso ele pensava apreensivo...mas o sono sempre vencia, era mais forte...

– Mas o que é isso? - Félix elevou a voz assustando...

Niko sorria:

– Eu sempre achei que você gostasse de massagem, que houve? Ei, não tire a proteção dos olhos, pode ficar tranquilo...ou quer que eu pare?

– NÃO!!! - o moreno passava a mão no rosto, não sabia como e nem quando Niko havia chegado e o deixado nu, lembrava somente de deitar-se mas não sabia muito bem onde poderia pegar algum pijama e deixar o terno na poltrona...

– Ei, não grite, se gritar eu paro - Niko falava pausadamente

– Não, não pare, mas desde quando você sabe fazer massagem assim? Além de bom cozinheiro, você...

– Ah, você quer que eu pare pra explicar ou continue o que estou fazendo...eu gosto de me concentrar no que faço! Depois te explico- Niko segurava o riso.

Na verdade, suas mãos deslizavam pelo corpo de seu amado, cada parte mais tensa ganhava uma atenção especial, e como elas precisavam de atenção...sabia que os últimos dias não haviam sido fáceis, quando entrou no quarto e o viu, foi fácil remover a pouca roupa, e colocar em prática tudo aquilo que ele sabia, só pensava que pena que o único óleo disponível era o do Fabrício, já havia tanto tempo que não massageava ninguém daquele jeito.

Em outra perspectiva, Félix estava deliciado, o toque era tão macio, tão carinhoso, era tão intenso que se alguém o explicasse aquilo pensaria que era apenas imaginação de algém mais romântico, coisa que ele definitivamente não era, não até o momento, enquanto as mãos iam a vinham, a vontade de ver Niko aumentava, mas não queria estragar o momento, Niko queria que ele ficasse preso as sensações, não as imagens; havia dado certo, ele estava quase fora de controle e sabia que seu carneirinho não estava nem um pouco preocupado em controlá-lo.

– Carneirinho, você tem idéia do que está fazendo comigo?

– Eu tenho cara de quem não sabe o que está fazendo? – Niko parecia se divertir com aquilo tudo de várias maneiras.

– Eu não sei que cara você tem agora, você não me deixa te ver... – as mãos de Félix finalmente alcançava a cabeça de Niko para um carinho, um afago – posso ao menos tirar esse pano, nem amarrado ele está...?

– Não, não pode. O que você pode é ficar quieto...

– Eu já não tenho forças pra ficar quieto, eu já não tenho forças nem pra me segurar...Niko, por favor...eu vou acordar a casa toda...

– Não, não vai, sabe esse pano, acho melhor você colocar na boca pra abafar o som, sugestão de seu massagista...seu tempo está acabando

A primeira coisa que Félix viu foi seu amado, a massagem fora algo fora do comum pra ele, pela surpresa, pelo massagista, pelo carinho, por tudo.

– Cansado? – Niko estava curioso pelos comentários

– Daqui a pouco eu não vou conseguir mais sair daqui – ofegante, ele tentava se organizar – ainda estava flutuante.

– Você só não vem pra cá de vez por que não quer ...- Niko de repente fica ruborizado ao fitar seu amado...

– Ah Carneirinho, você sabe que é tudo tão mais complicado, mas bem que eu queria, ainda mais agora que eu começo a entender porque a lacraia ainda insiste em ficar com você...mas agora não tem mais volta...o carneirinho tem novo...

– Para Félix, eu não sou um troféu! Tanta coisa melhor pra você me dizer, você vai me lembrar do Eron!?

– Niko, eu estava te elogiando?!

– Não, você estava se vangloriando na sua extrema modéstia, eu não sou um troféu pra você ficar exibindo por aí até se cansar! Sabia? Quem quer elogiar, agradar, fala pra pessoa, não fica se apoiando em algo, principalmente quando esse algo é meu ex. Pronto, falei!

– Ei, volta aqui! Você está entendo tudo errado! – Félix tentava se organizar pra não deixar Niko se trancar no banheiro, como era genioso ele pensava. “Será que eu realmente falei uma besteira?”