"Será que ele não tem saudades? Eu tenho tentando mudar tantas coisas por ele, será que meu esforço é tão pequeno assim? Ah meu Deus, como explicar pra ele as barreiras que estou vencendo pra tê-lo ao meu lado? Imagina o papi soberano quando souber...acho que será o fim do que nunca tivemos...mas não sei se é justo abrir mão de tudo que tenho a frente por um pai que me rejeita tanto assim. Eu sempre tentei de tudo, casei com uma mulher que não amava, imaginava que minha irmã era meu maior inimigo - até a filha dela eu imaginava como uma inimiga - e não, não era nada disso, talvez tivesse um pouco; Não! Não tinha – tudo estava na minha cabeça, era minha vontade de ser aceito como realmente sou , mas meu pai sempre vai achar que eu fui o culpado pelo meu irmão..Cristinao..eu nunca nem soube que tive um irmão...ele também nunca soube que as minhas preferências nunca me fariam outra pessoa, sempre fui um filho órfão de pai, hoje é mais fácil ver o mal que isso me causou e como eu causei mal por isso, mas nenhum mal causado pode ser perdoado porque meu pai não me aceita "

"E sei que o Carneirinho nunca vai entender porque a Edith mexeu comigo, na verdade o que mexeu comigo é o Jonathan, ah o Jonathan! Por quanto tempo eu não soube o filho maravilhoso que ele é, que ele sempre foi. Até isso meu pai poderia ter tirado de mim, pagar para uma prostituta se casar comigo, sempre pensando o que os outros poderiam pensar...O que será que eu preciso fazer pro Carneirinho entender que eu estou tentando, que eu vou conseguir, que eu quero conseguir...será que ele não tem saudades da gente? Eu tenho tanta, é tanta saudade de estar perto... de ser dele, dele ser meu..ele é tão genioso..."

Niko olhava pela janela do carro, a cidade passava rápido assim como seus pensamentos...

“Eu poderia dizer que está tudo bem, mas não está...por que não está? Porque ele nunca vai entender o medo de ser trocado por outra pessoa...eu tenho medo do Anjinho, da Edith, tenho medo de qualquer pessoa que possa nos afastar...ah, insegurança...eu quero acreditar que não é uma carência, que não é ausência de outros que faz com que ele esteja comigo, aqui, nesse carro. Como eu gosto dele! Já não sei o que digo, tantas vezes que disse que gosto dele; que gosto de quem me trata mal, que me apaixonei. Qualquer coisa que eu diga ele vai responder que estou viajando, que está tudo bem...Devo ser muito inseguro mesmo ou ele que não me passa segurança nenhuma...eu estava tão seguro com o Eron e fui traído na minha própria casa, até meu Fabricio queriam que não fosse meu...”

Félix tenta uma aproximação mais uma vez, as mãos de Niko estavam escondidas em seus braços cruzados, o ar condicionado do carro não estava tão frio assim; o moreno aproveita o trânsito livre e solta uma das mãos do volante e a leva ao encontro do pescoço de Niko, fazendo um carinho, um gesto de apego:

– Ei? Não tem saudades...? Eu tenho Carneirinho...

– Félix, hoje não tenho clima pra isso...não sou assim, rápido que nem você...

– Ei, eu não estou falando disso, você deveria saber....ainda estamos um pouco lentos nessa parte, se é que você me entende?

Os olhos de Niko viram rapidamente para mirar seu amado, e se viram mais rápido ainda para a janela do carro. Félix precisava prestar atenção no trânsito, mas mesmo assim insistia em afagar Niko , seu pescoço, seus cachos...

– Desculpe, eu perco o amigo, mas não a piada...- risada nervosa - Você deveria saber que não estou falando disso...eu não entendo porque você insiste que tenho pressa...olha nosso progresso...somos rááápidos...

Chegaram ao condôminio em que Niko morava, Félix desliga o carro, seu carneirinho se arruma para descer:

– Félix se você não está falando do que eu penso que está... então por favor, volte pra casa da sua mãe...eu perdi o clima hoje... – O loiro olha para Félix em tom de boa noite, obrigado por vir aqui...

– Niko! Meu Carneirinho, por favor, deixa de drama – eu não sou perfeito, eu não sou um príncipe num cavalo branco, olha meu carro, nem branco ele é, talvez eu esteja mais para o cavaleiro do apocalipse... eu vim aqui por que é com você que eu quero estar, amanhã não vamos juntos na festa da Linda, já esqueceu? Vai ser nosso primeiro evento juntos...

– Então Félix pra que continue sendo nosso primeiro evento, eu preciso que você entenda: quero ficar sozinho hoje. – Niko segura as mãos de Félix e pela primeira vez depois qeu sairam da casa de Pilar...seus olhos marejavam... – A gente é aquilo que queremos ser, eu não posso moldar você e nem você a mim...cada um precisa se aceitar como é... ninguém muda pra ser amado, a gente se aceita...e eu sou assim...

– Entender...? eu entendo, mas não aceito esse drama todo. Pra você perceber que estou me esforçando, eu vou te deixar tranquilo hoje. Posso vir te pegar amanhã pra irmos juntos? Os meninos vão?

– Amanhã o Jayminho tem uma festinha de aniversário da escola, pedi pra Adriana leva-lo com o Fabricio pois ele não achou interessante ir num casamento...ah, essas crianças...Mas preciso ir no meu carro, depois da festa preciso ir pro restaurante correndo, não posso deixar o Edgar sozinho...sábado é um dia muito movimentado – de repente, uma cara de pato se forma – e eu nem faço idéia se vou conseguir fechar o mês no azul... Posso ir pra casa da sua mãe e de lá estaremos juntos, tudo bem?

– Sim, que bom e não se preocupe, segunda-feira mesmo eu começo a olhar toda a papelada que peguei com você, vou ser seu melhor funcionário!

– Eu sei que vai, Félix...Eu confio em você, você também deveria saber – e ele esboçava um sorriso tímido.

– Vem cá, um abraço eu posso pedir?

Eles se abraçam forte, Niko sussura um agradecimento pra Félix por deixá-lo ir pra casa como havia pedido, amanhã seria um dia melhor segundo ele. O moreno dá um selinho em Niko e pede pra ele descer então...era melhor que ele descesse logo ou ele não responderia por si.

Félix parte devagar vendo Niko entrar em sua casa, estava em segurança, ele podia partir.