Sobreviventes do Apocalipse escrita por SuzugamoriRen


Capítulo 34
Recomeço




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Elaine seguia pressionando a mineira nascida em Mariana com todas suas forças. Ela conseguia manter o controle do duelo em suas mãos, pondo em xeque a vitória de Isadora a qual fazia poucos movimentos visando esquivar-se, principalmente quando a pressão e a intenção da catarinense seria simplesmente atacar a ferida Jaqueline.

– Laine!

Exclamou Isa à medida que segurou a perna de sua antiga amiga após um golpe, mas ignorando o chamado, a jovem mulher girou no ar e atingiu o rosto da garota de um metro e setenta e dois de altura. Além de ser forte, a oponente do grupo de Júlia era bem treinada e, por causa disso, Isa perguntou se poderia vencer dela...

Sentindo a garota vacilar, Elaine Neckel partira em direção a sua oponente visando finalizar de uma vez por todas aquele pequeno percalço em seu trajeto, porém imediatamente parou quando um tiro se fez escutar. Era Elileudo que apontara a arma para cima e atirara com o intuito de fazer as duas jovens garotas brigarem entre si. Para a levemente ruiva, o jogo tinha virado e por causa do singelo instrumento na mão do cearense – parceiro de Isa – ela agora estaria em desvantagem.

– Isa! Você está bem? – Elileudo mantinha os olhos fixos em Elaine à medida que se aproximava de sua acompanhante desde que aquele apocalipse começou.

– Estou! – Isa alisava seu rosto, no lugar onde havia recebido o golpe de Elaine – Graças a deus você chegou.

O cearense jogou a bolsa de primeiros socorros no chão, em frente ao banco de onde estava Jaqueline ainda que não desgrudasse seu olhar da infante pessoa que atacou sua preciosa parceira.

– Laine! Explique-se.

– Não há nada o que explicar – ela ajeitou seu cabelo, colocou uma tiara para não fazer com que o vento a atrapalhasse mais – Eu agora sirvo outro mestre.

– Você não era assim quando a gente conversava no grupo! Era mais doce, mais simples.

– A gente muda de acordo com as necessidades. Precisei sobreviver e hoje estou aqui graças a duas pessoas, Anderson Morais e o governador.

Isa retirava os materiais para fazer a transfusão de sangue. Elileudo continuava a conversar com Elaine.

– Governador?

– Um homem que uniu as pessoas em prol de uma sociedade mais justa e igualitária. Mas como pode existir algo desse tipo, se existem as pessoas consideradas divergentes? Pessoas que podem sobreviver às mordidas dos zumbis, sem se preocupar com o risco de ser infectado. Sem se preocupar com o risco da morte. E ainda por cima um homem, Vinicius reúne sobre seu comando quase todos os divergentes do nosso país? Isso para mim é desigualdade.

– Mas os divergentes existem por causa do fluxo da natureza. É como uma evolução natural da espécie humana.

– Sabemos disso – Elaine mantinha seus braços levantados para não fazer nenhum movimento brusco – Por isso queremos o sangue dos divergentes para que possamos estudar as propriedades.

– E precisa matar as pessoas para fazer com que isso seja possível?

A catarinense mordeu o lábio.

– Ordens são absolutas na organização do governador.

– Ordens que mandam matar as outras pessoas sempre devem ser questionadas. Por quê? O que ela fez? Será que não se pode voltar atrás?

A garota então se lembrou de como entrou na organização considerada uma das três maiores forças do mundo sul americano. Quando sequestrada, passara dias e mais dias sendo torturada por uma tática de guerra chinesa. Segundo relatos, as pessoas perdiam a sanidade quando submetidas à prática a qual ela fora cobaia. Não queria isso. Disse que fazia de tudo para se livrar das amarras que era o labirinto da mente. Vendeu seus colegas durante um mês, no outro mês fora novamente cobaia de estudos de uma pessoa chamada “Êvanes”.

Olhou seu braço e viu marcas de injeções. Ele disse que injetaria nela algo que a faria orgulhar. Já havia perdido as esperanças de seus amigos lhe resgatarem por causa da possibilidade deles pensarem que ela já estaria morta. Perdera as esperanças na vida, por causa da tortura. Ela era uma vítima da sobrevivência. Uma que se não se agarrasse a qualquer coisa, nem que fosse o ultimo fio verde do sentimento mais nobre e que sempre era considerado o último a morrer, ela sucumbiria aos anais da história. Morreria como uma desconhecida. Como uma ninguém. Foi por isso que aceitou as injeções e os testes feitos por aquele homem. Não negava que a deixara mais rápida e forte. Aprendera coisas que nunca conseguira pegar rapidamente. Êvanes dizia que era memória muscular e que seu componente fazia com que os músculos ficassem mais inteligentes. Em contra partida, se ela lutasse muito ou forçasse muito, estes ficariam sobrecarregados e numa fuga, ela poderia paralisar. Sendo uma das presas mais fáceis para os mortos-vivos.

Foi por isso que poderia manter a vantagem sobre uma garota mais experiente em sobrevivência. Se bem que quem possuísse experiência naquilo era uma pessoa triste... Não queria ser uma, mas também não queria morrer. Não sem ao menos fazer alguma coisa de bom. Mas o que aquele cearense disse fora algo verídico. Matar pessoas é o jeito certo de ajudar o mundo? Ou salvando-as e criando um plano era a melhor coisa a se fazer? À época que se unira ao governador, não queria saber de mais nada a não ser livrar-se da morte, mas agora que já conseguiu qual seu, real, objetivo de vida? No passado, era amiga e até passara um mico ao tentar iniciar uma conversa com uma japonesa. Gostava de fazer novas amizades, de ser companheira... E isso se perdeu por causa da tortura e dos testes.

Só que ela recuperava naquele momento. Elileudo disse algo que nunca mais sairia da cabeça.

“O que ela fez? Será que não se pode voltar atrás?”

Ajoelhando-se, ela começara a derramar lágrimas. De tristeza, por saber que estava fazendo algo errado. De alegria, por ter sido dada uma nova chance de fazer a coisa certa e, por fim, de satisfação por saber que pessoas iriam até os confins do universo para salvar uma alma. A uma cidade de interior somente para salvar dois amigos. Anderson já abandonara a própria sorte. Carol idem... Mas não aquelas pessoas.

Não se arrependeria do que fez e tinha certo ressentimento com sua antiga equipe. Mas eles estavam fazendo o certo. E ela, assim que refletiu, desejou. Ansiou por somente uma coisa.

Queria encontrar o homem conhecido como Obreiro. O cara que reuniu quase todos os divergentes sobre seu comando. Também desejava conhecer o outro homem por trás da resistência sul-americana. Será que eles eram como o Governador? Ou eram diferentes? Quem ela depositaria suas fichas a fim de salvar seu país, o continente e talvez, quem sabe, o mundo da ameaça que era um ‘simples’ apocalipse zumbi. Feito e criado por um cientista maluco que se achava a morte.

Feita suas escolhas, ela somente fitou Elileudo que já havia abaixado a sua arma e estendido sua mão.

– Eu sei que você é a Laine que eu conheci. Vamos mudar, unidos, essa história. Essa confluência que é nossa vida atual. Vamos salvar o que chamamos de Brasil!

E ela, ao pegar na mão daquela pessoa, simplesmente disse:

– Eu quero é salvar as pessoas desse mundo.


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