Sobreviventes do Apocalipse escrita por SuzugamoriRen


Capítulo 33
Novos Planos


Notas iniciais do capítulo

Compensando a demora. Espero que curtam!



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Naquele exato momento Vinicius estava sonhando com um mundo livre de todas as mazelas sociais que impactavam a sociedade a qual ele vivia. Sem zumbis, sem ter que viver sua vida no mar justamente por medo da morte. Sem ter que planejar absolutamente nada. E também acabou por sonhar com uma linda loira de lábios rosados, natural de uma cidade interiorana do Rio Grande do Norte. Talvez a aparição dela em seus sonhos condissesse com o sentimento de culpa de não tê-la procurado mais, esforçado mais. Confiara na capacidade dela de se virar e, numa simples rebelião de um destacamento da resistência carioca, a garota sucumbiu as forças malignas desse mundo. O Obreiro, o homem que fazia milagres, deixara uma de suas pessoas mais importantes que ele conheceu no mundo das redes sociais morrer sobre sua supervisão, afinal ele prometeu que iria buscá-la. Deu sua palavra que a deixaria segura com sua estratégia de fornecimento dos diversos povoamentos.

Ela apareceu em seus sonhos portando um vestido rosado até as coxas sobre um biquíni simples e um chapéu de praia. Eles estavam sozinhos em Genipabu, na famosa praia da costa da capital potiguar. O vento forte fazia seus loiros cabelos esvoaçarem e ela teve que segurar seu chapéu a fim de que este não voasse. O sorriso lindo o fazia estar em paz. Dava tranquilidade. Poderia ficar ali, apreciando a bela vista até o fim dos tempos com aquela companhia que ele chamava de “esposa”. Jaqueline Saraiva era uma mulher e tanto para um magro devido a problemas depressivos na infância. E ele não a deixaria escapar assim tão fácil...

Ou assim ele pensou.

– Jaque – disse, vislumbrando o nascer digno do sol – Como está o céu agora?

– Lindo. – ela respondeu sem nem pensar duas vezes.

O silêncio que se formou fora descomunal e difícil para ele. Logo, ele deitou-se na areia e olhou para cima antes de continuar.

– Eu te decepcionei minha querida?

– O que é me decepcionar? Ajudar as pessoas que precisam de ajuda de você ao invés de me ajudar?

–Sim. Eu acreditei que você poderia cuidar de se mesma já que fizera alguma arte marcial e adorava treinar no tatame. Isso me fez pensar que você era invencível e que poderia me esperar a hora que fosse – lágrimas começaram a cair de seus olhos à medida que ele virara para aquele rosto sereno e alegre – Logo, quando soube que você estava envolvida na batalha do Rio, fui direto para lá. Mas cheguei tarde demais...

Enxugando as lágrimas de seu companheiro ela deitou-se a seu lado e continuou.

– Você não me decepcionou Vini – ela sorriu. De uma forma de que quando o sol nascera atrás dela, tornou-a mais bela, como se fosse um anjo caído dos céus para lhe resgatar – Você me trás orgulho. Nunca iria me perdoar se você deixasse de ajudar milhares de pessoas somente para me salvar... E como você disse antes. Eu sei me cuidar.

O sol irradiou seus olhos e ele só conseguia ouvir vozes incompreendidas. Não escutara o último recado de Jaqueline, ou ele não queria ouvir. Sobre o raiar de um novo dia, em seu sonho, ela sumiu como surgira. Esvaeceu de seu alcance, se tornou intangível. Porém, a imagem que marcaria a mente de Vinicius para todo o sempre estava lá.

Seu sorriso...

–--

– Vini! Vini!

Os gritos assustados e preocupados de Bianca irromperam o silêncio do iate que servia de base de operações para o obreiro. Ela chutava as portas fechadas e procurava por todos os quartos possíveis por onde ele poderia estar, portanto não demorou muito para achar. Assim que entrou no quarto principal, ela viu um Vinicius ofegante tanto por causa do sonho que teve como por causa do tiro que teve que dar sem suporte. Um rifle, com uma pessoa sem treinamento, o refluxo da arma deixaria sequelas para toda a vida naquele rapaz de apenas vinte e um anos e com uma responsabilidade imensa. Lembrou-se dos jogadores que gostava e via jogar, todos jovens e líderes de suas seleções. Bianca, nem pensou nisso, quando viu ele deitado e notavelmente ferido correu para abraçá-lo bem forte.

– Nunca mais faça isso! – dizia ela, aos prantos – Nunca mais!

– Nem posso mais - disse ele num misto de dor e sono – E você está apertando o lugar errado.

O abraço evidenciou o local de onde o rifle havia deixado a sua marca. Um imenso hematoma formou no ombro do jovem Obreiro. Apoiara a arma erradamente, e ainda por cima deixou o peso da arma cair sobre seu corpo. Isso era errado. Muito errado.

– Quem lhe deixou atirar? – indagava em lágrimas, a linda garota nascida em Piracicaba – Quem foi esse? Por que fez isso? Irei matar... Diga!

– Calma Bibi – Vinicius utilizou um dos diversos apelidos dados a Bianca – Tive que salvar o Cássio e não tive escolha...

– Sempre há uma escolha! E por que o Cássio se deixou ser capturado? Hein?

– Ele lutou bravamente – minimizou o baiano, apesar de que ele não vira absolutamente nada da luta ainda que houvesse uma.

– Sei... – a cara da garota evidenciava que ela não acreditava – Eu morri de preocupação. Já tinha deixado você e...

– Eu sei, eu sei coração.

– Nunca mais te abandonarei. Não correrei mais nenhum risco – disse, agora limpando as lágrimas – e isso aqui é lágrima de alívio, tá bem?

– Tá certo, minha linda.

Ele só conseguia dizer isso. Ela, a pessoa a qual nunca chegara a ter o gene da divergência era uma das mais fortes. Em dois meses conseguiu aprender tudo rapidamente, segundo informações dadas por Bruno. Isso era coisa de força de vontade, ao menos na visão daquele baiano. Bianca sentou-se na cama e começou a olhar o inchaço em seu ombro direito, agora que estava mais calma.

– Dói muito? – disse, retirando suas luvas e tocando delicadamente.

– Não consigo mexer. Eu acho que já estava com algum problema antes nessa região, porque isso não é muito normal. Mas se eu mexer... Vou morrer de dor – disse olhando para o ombro.

Nesse momento, passos apressados se aproximavam. A jovem, agora guarda-costas de Vinicius, retirou sua arma do coldre e apontou para a porta que estava totalmente aberta. Nem quando ambos ouviram as vozes de Cássio, Bruno e Marcela, ela abaixou a arma. Parecia irritada.

Parecia era um termo suave de se dizer.

Quando Cássio apareceu, o primeiro do trio, um direto de esquerda atingiu em cheio o rosto do paraense de uma forma que ele até estranhou. O impacto fora tão forte que ele cambaleou para trás. Marcela ficou impassível, muito por conta do olhar de desaprovação do homem que a treinara. Ela, que sempre falava ou perguntava algo, ficara calada. Era a imposição e força de Bruno Portinari. Líder da maior resistência brasileira. Deixar que seus subordinados – ainda que Bianca e Cássio escutassem mais a Vinicius do que a ele – resolvessem seus problemas sozinhos, na medida do possível.

– Olhe para aquela cama e me diga se acha isso certo. Só porque ele é mais fraco que você ele precisa se sacrificar.

Cássio poderia ser um pouco menor que Vinicius, porém era amplamente mais forte que o Obreiro.

– Eu serei muito grato ao Vini. Mas precisava isso Bia? – o paraense massageou o lugar do murro.

– Precisava. Agora ele não terá os movimentos do braço. Olha o inchaço.

Dessa vez, Bruno interrompeu a discussão. Contrariando sua própria política.

– Nada de brigas. Se o Vinicius ta machucado nos desdobraremos por ele. Depois vocês tiram a satisfação no tatame.

– Vou mesmo – fechou a cara a paulista.

Ainda massageando o rosto, Cássio somente murmurou.

– Eu queria é saber como estão os outros...

E mal ele pronunciou essas palavras e Marcela sentiu um arrepio estranho. Algo como se fosse um pressentimento...

Mal eles sabiam...

Que uma ajuda seria amplamente bem vinda.


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