Madness escrita por Valentina


Capítulo 5
Mudança de Ângulo


Notas iniciais do capítulo

Creio eu que este seja um capítulo meio fofinho. Bem. Obrigada por estarem acompanhando, e também me refiro à vocês, fantasminhas!! s2



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Dois meses atrás – Finnick Odair

Estou especialmente sonolento hoje. Desde que cheguei à Capital, estou sendo assolado por câmeras e garotas, perseguido por flashes e perguntas absurdas. Minhas pálpebras estão pesadas e meus olhos estão se fechando sem minha permissão. Mags me dá um cutucão no antebraço; eu devo ter cochilado de pé em algum ponto entre o elevador e a sala de treinamento.

Abro os olhos afoito, tentando parecer que estou bem e descansado. Tento lembrar que preciso ajudar dois adolescentes a manter suas vidas. Leo é o primeiro a chegar na sala, juntamente com um garoto do Dois, que lembro-me de se chamar Brion. Ele é alto, loiro e de olhos azuis. Ambos podem ser a dupla de galãs dessa edição, o que pode render uma aliança e um pouco mais de patrocinadores. Alguns minutos depois, uma garota morena de olhar sério e expressão fria entra acompanhada de uma jovem alta de cabelos negros. Não sei a que distritos pertencem.

Então, eu a vejo. Annie entra na sala acompanhada de uma menina baixa e loira, aparentemente frágil. Lembro-me dela no desfile; estava usando uma espécie de traje verde e marrom... Distrito Sete. Lenha, lenhadores, machados. Rezo para que ela seja boa com a arma, pois não quero que Annie faça alianças com pessoas desnecessárias.

Infelizmente, para que ela sobreviva, todos os demais presentes morrerão. No meio do caminho, Annie terá que escolher alguém que será a pedra pela qual ela vai pisar por cima para não cair. A pedra tem que ser resistente o suficiente para agüentar o peso.

Ela ergue a mão ao me ver, sorrindo de orelha à orelha. A loira revira os olhos, e acho que não gosta de mim – ou de minha “reputação”. Annie cochicha em seu ouvido e ambas seguem direções diferentes. Ela está caminhando até mim e parece tranqüila e alegre.

“Bom dia, Finnick” – ela diz, quando está próxima o suficiente. Não posso resistir e deixo escapar um sorriso, e ela me devolve um tão bonito quanto o anterior.

“Quanta animação” – eu digo, arqueando as sobrancelhas.

Os carreiristas geralmente estão sempre entusiasmados para um banho de sangue, mas não imaginei que ela estaria tão bem humorada.

“Aprender coisas novas é sempre animador” – ela responde, saltitante. Dou uma gargalhada e suspiro.

“Bom, considerando que Leo está infernizando a vida de Mags, você só tem a mim. O que não é tão ruim, pois sou uma companhia muito atraente” – eu digo, arrancando mais uma risada dela. – “Então, no que é boa? Quer dizer, por onde poderíamos começar?” – ela leva a mão até o queixo, tornando-se pensativa.

Sua testa está enrugada e ela morde os lábios.

“Eu sei nadar” – ela não parece satisfeita com a própria resposta e soa decepcionada. – “Nossa. A menos que a Arena seja uma cidade aquática, morrerei antes mesmo de chegar à Cornucópia” – ela ri fracamente para si mesma.

“Eu diria para começar com as técnicas de sobrevivência, mas a Mags é melhor explicando essas coisas. Eu só sirvo para te ensinar a se defender... E a fazer nós” – ela sorri novamente e meus pensamentos estão perdidos. Não me sinto cansado, pelo contrário; estou bem alerta agora.

“Podemos começar com os nós... É vergonhoso pertencer ao distrito da pesca sem saber fazer nós” – sua voz é doce e gentil. Lembra-me de Mags na há cinco anos, quando era eu quem estava prestes a ter que lidar com meu destino fatal. Ela era calma e sempre me reconfortava dizendo como eu era bonito e que isso seria o suficiente. Eu ria e as câmeras gostavam disso. Ninguém sabia que eu espetaria a todos com meu tridente. Ninguém sabia que eu poderia ser frio, ou cruel. Pego a mim mesmo pensando se Annie é capaz dessas coisas.

Eu a conduzo até uma mesa metálica que está repleta de cordas. Minha mente começa a tecer os nós de uma rede de pesca automaticamente, antes mesmo que eu possa de fato reproduzi-las. Pego algumas cordas e meus dedos começam a se mexer freneticamente, formando um nó simples. Devo estar entediado, pois em menos de um minuto já fiz oito nós simples.

“Você está indo rápido demais. Está querendo se exibir?” – ela provoca, erguendo apenas uma de suas sobrancelhas. Habilidade admirável. Podia usá-la diante das câmeras.

“Talvez. Tome aqui” – eu deixo um deles em sua palma, pequena se comparada a minha. – “Desfaça primeiro. Um nó é como um criar uma pergunta. Primeiro saiba a resposta antes de formular a dúvida” – eu tento explicar a ela, que parece séria repentinamente.

Ela assente e tenta desatar o nó. Ela fracassa lamentavelmente.

Seguro suas mãos com a minhas, encarando-a no fundo dos olhos. Ela desvia o olhar para o nó, parecendo desconfortável. De certo modo, estou acostumado que as garotas façam isso na minha presença, e já tomei esse sinal como algo positivo. Porém, gostaria que ela mantivesse o contato visual comigo. Meus dedos estão colados aos dela, e então, começo lentamente a desatar o nó. Ela acompanha com uma expressão confusa, depois esclarecida. Parece ter compreendido.

A corda está retilínea. Eu a deixo na mesa e pego o próximo nó.

“Agora vamos tentar novamente, juntos. Mas você não irá olhar para a corda” – ela assente timidamente e eu reprimo um sorriso. Isso está virando um jogo.

Ela tenta encontrar algum ponto em meu rosto que não sejam meus olhos. Eu não agüento e rio graças a isso. Ela parece não notar, e se concentra no meu nariz, acho. Eu encaro sua íris; a cor parece ser turquesa, e me lembra das ondas que arrebentam na areia da praia. Desato o nó enquanto mergulho nos olhos de Annie. Este é desfeito rapidamente e ela sorri – não para mim, infelizmente, mas para o resultado que obtivemos.

Deixo a corda livre de nós na mesa. Há vários outros esperando por ela.

“Agora você faz sozinha” – eu me afasto alguns centímetros, deixando que ela tateie a aspereza da corda.

Demora alguns segundos além do que eu consideraria regular, mas ela consegue desfazê-lo e isso já é um ótimo avanço. Antes que eu possa entregar o próximo a ela, Annie já está com o nó em mãos e tenta desatá-lo. Dessa vez, ela é mais rápida e precisa. Com o quarto nó que faz sozinha, ela já está tão boa quanto eu. Provavelmente não como eu, mas tão boa quanto qualquer outro tributo possa estar nesta arte.

“Assim você me deixa orgulhoso. Vamos tentar fazer um nó agora?” – ela faz uma careta e fecha os olhos, como se dissesse está muito cedo, não estou preparada.

Annie é animada. Ela também tem um jeito encantador de fingir que é tímida, e um modo charmoso de desviar o olhar e encarar as mechas de cabelo que caem em seu busto. De repente, fico chateado. Ela é diferente e eu gostaria muito de ser amigo dela. Mas basta olhar ao meu redor para me lembrar do que estamos fazendo e onde estamos, e para onde Annie irá. Uma Arena repleta de pessoas mais frias e calculistas do que sei que ela jamais será. Ela parece ser gentil e inocente demais para matar alguém; as aparências enganam, mas ela é assim tanto por dentro como por fora. Sua personalidade transparente simplesmente estampa isso em sua testa. Não sei como farei com que ela sobreviva. Tento me consolar com o fato de que ela é carreirista e se voluntariou, é bonita e simpática e isso atrairá patrocinadores. Isso será o suficiente, querido, Mags diz em meus pensamentos.


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Notas finais do capítulo

Finn e seu jeito galanteador de ser.
Estão curtindo?
Beijos, Valentina.