Duas semanas depois...

A manhã na Mansão Marra começou tranquila, algo incomum para aquela família, mas que estava estranhamente corriqueiro nos últimos dias.

Os empregados serviam Pamela e Jonas, enquanto ambos liam as revistas e jornais do dia. O empresário revirava as páginas de tecnologia, enquanto a esposa folheava as revistas rapidamente, em busca de algo que a interessasse.

_ Bom dia meu queridos. – ergueram os olhos, encontrando Dorothy e Brian se aproximando.

_ Ah, finalmente. Muito bem, o que a Megan aprontou dessa vez? – perguntou o patriarca.

_ Jonas. – Pamela o repreendeu com os olhos.

_ Ora querida, eu estou apenas brincando. – o homem pegou a mão da esposa.

_ Relaxe Jonas querido, desde que esse anjinho do Alex apareceu, só recebemos ligações sobre quem ele é. – sorriu Dorothy, enquanto eram servidos – Obrigada.

_ Eu não vou com a cara desse rapaz. – suspirou Jonas, surpreendendo a todos.

_ Porque não? Ele é um doce, educado, gentil... – Pamela sorriu para o marido – E está fazendo a Megan tão feliz... Você mesmo dizia que ela precisava se aquietar, parar com as badalações...

_ E eu ainda acho isso. Só que esse rapaz... Dorothy, alguém já pediu que você confirmasse alguma informação sobre ele? – questionou o homem, e a senhora negou – Então, é esse o ponto. Não existe nenhuma informação sobre esse rapaz, em lugar algum.

_ Relaxe Jonas. É melhor nenhuma informação, do que informação ruim. – Brian fez sinal de descaso com a mão – Ele é de cidade pequena, é normal essa falta de informações. O que está de pegando é preocupação de pai.

Mas Jonas não teve tempo de responder. Ouviram risos no corredor, e viraram-se na direção, vendo Megan e Alex entrando abraçados.

_ Bom dia. – saudou a menina, com um sorriso largo. Caminhou até a mãe, lhe dando um beijo no rosto. Repetiu o ato com o pai e os convidados, antes de voltar para o lugar ao lado de Alex.

_ Bom dia... – saudou Pamela, meio insegura – Algo errado querida? Acordou cedo.

_ Minha culpa, sra. Parker. – explicou Alex – Eu preciso entrar cedo no trabalho, e como a Megan me pediu que dormisse aqui, acabei a tirando da cama. Pedi que ela continuasse a dormir, mas ela não quis.

_ Não há mal algum em acordar cedo. – sorriu a moça, bebericando seu café – Eu marquei de encontrar com a Maria hoje, apenas ligarei para ela e adiantarei nosso encontro... – a loira virou-se para Brian – Quer que eu mande algum recado?

_ Diga a ela que estou com saudades, e a espero hoje a noite, no lugar de sempre. – o homem sorriu calmamente, virando um gole de café. Todos riram, exceto Alex, que parecia confuso.

_ Então você está mesmo com Maria Vergara, a modelo? – questionou o rapaz, arrancando mais uma rodada de risos.

_ Meu garotinho nunca está com ninguém. Ele é de todas, e de nenhuma. Puxou a mãe. – riu Dorothy, apertando a bochecha do filho. O homem apenas afastou sua mão, baixando os olhos para a comida.

_ Bom, foi um prazer estar com vocês, mas eu preciso ir. – avisou Alex, dando um selinho em Megan – Te ligo mais tarde, está bem?

_ Tudo bem. – ela sorriu, enquanto ele acenava e saia da casa.

_ Megan, posso perguntar uma coisa? – pediu Dorothy – É uma informação que os jornais tem pedido.

_ Sim, nós estamos namorando. – sorriu a loira, enquanto a mãe soltava um guincho de alegria.

_ Isso é ótimo, e vai facilitar muito minha vida. – sorriu a mais velha – Porém, é outra coisa... A pergunta é onde o Alex trabalha, e o que ele faz.

_ Ele trabalha na empresa de um amigo do pai dele. – explicou a moça – Mas não sei o que ele faz lá.

_ E você sabe que empresa é essa? – perguntou Jonas, vendo a enteada assumir um ar pensativo – E depois eu me preocupo a toa.

_ Jonas. – Pamela o repreendeu novamente, observando a filha com preocupação.

~*~

A alegria de Davi não podia ser medida em palavras. Aqueles últimos dias estavam sendo surreais, coisa de outro mundo.

Ele acordava cedo, passava o dia em diversas palestras, discussões sobre avanços tecnológicos, e reuniões com grandes nomes do mundo da informática. Seu projeto estava sendo muito elogiado, e o professor que o acompanhava só podia comemorar ao final do dia, quando conseguiam mais um parceiro para o trabalho.

A ideia era um computador de baixo custo, mas para que isso fosse produzido, um bom dinheiro teria que ser investido. Porém, se desse certo, seria um sucesso e duplicaria o investimento. Pelo menos, foi o que um dos investidores disse a Davi, mas o rapaz não estava interessado nessa parte. Ele queria apenas que todos pudessem ter acesso aquele mundo incrível que tanto amava.

A única empresa com quem teve problemas, foi ironicamente a Marra internacional. O professor que acompanhava Davi falou que a faculdade ficara surpresa, já que em um primeiro momento, a empresa parecia aberta a ideia. Porém, durante a reunião, a situação era outra.

_ Bom rapaz, já tivemos todas as nossas reuniões, temos todos os nossos contratos... – sorriu Luiz, o professor – E eu preciso que você assine alguns papéis assim que voltarmos amanhã.

_ Algo errado Luiz? – questionou Davi.

_ Se o pessoal da Marra já estava predisposto a não fazer a parceria, porque foram a reunião e viram o projeto? – perguntou o mais velho, e Davi arregalou os olhos.

_ Você acha que eles podem tentar copiar o projeto?

_ Não sei. Mas falei com o reitor, e ele concorda em registrarmos o projeto como seu, até como garantia em relação às demais empresas com quem fechamos. – explicou o professor – Eles já perceberam que sua ideia não é lucro ou prestigio, e podem tentar usar isso para eles.

_ Claro, faremos tudo que for preciso. – garantiu Davi, e o professor sorriu.

_ Bom, esse último dia está livre para você. Pode ir conhecer a cidade se quiser. Temos que estar no aeroporto no final da tarde, porque o voo é no começo da noite.

Davi saiu pela cidade, tendo seu momento turistão. Ele tirava fotos com o celular, para que a mãe visse quando chegasse ao Rio. Foi quando avistou o que parecia ser uma festa, e resolveu se aproximar.

Enquanto caminhava por entre as pessoas, se sentia maravilhado com o mundo real, pela primeira vez em muito tempo. Tudo ali parecia tão diferente do que estava habituado, que ele não conseguia nem piscar.

E foi então que a viu.

Ela estava dançando em um lugar mais elevado, pulando animada. Mas quando seu rosto entrou no campo de vista de Davi, ele reconheceu Manuela, de tantas e tantas horas que passara vendo sua foto na tela do computador.

Seu coração deu um salto, e o estômago gelou. Ele começou a caminhar,e o mundo parecia em câmera lenta. Ela estava perto, ele podia quase ouvir sua risada. E foi então que tudo desandou.

Alguns dançarinos esbarraram com ele, fazendo-o derrubar sua mochila. Ele se abaixou, apanhando os pertences depressa, e levantou em um salto. Mas ela não estava mais lá. Ele começou a se virar no lugar, procurando sinais dela. Mas não encontrava em lugar algum.

Manuela se fora, e Davi perdera a, provavelmente, única chance que tinha de encontrar com a garota que estava perturbando seu sono.

~*~

Megan apoiou no carro, o salto batendo insistentemente contra a lataria do carro. Os cabelos loiros revoavam, enquanto ela observava a moto se aproximando. Alex estacionou perto dela, descendo e tirando o capacete.

_ Oi linda, tudo bem? – ele se aproximou dela, indo beijá-la. Ela o repeliu.

_ Quem é você?