De menina para menina escrita por IsiLeal


Capítulo 4
Tenso dia pra ser ombro amigo


Notas iniciais do capítulo

Laura está cada vez mais confusa e agora não só com seus sentimentos, mas tudo que acontece ao seu redor.

Nos vemos nas notas finais.



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“Se for para ser feliz, que seja com você.” Sabe qual o problema dessa citação? Eu sei. Não poderei dizê-la, a quem merece, já que esse alguém já a citou a outro.

Numa manhã chuvosa, acordo assim, sem febre, sem esperanças, me sentindo para baixo. Levanto cedo, mais uma vez, e estico os braços para cima, tentando livrar- me da preguiça que agarra.Em passos largos, saio do quarto rapidamente, passo pelo cabide onde está meu chapéu e o pego, corro a porta da frente, saio antes que qualquer coisa me impeça, quero me livrar desse baixo astral. Mas, ao chegar a rua, fico perambulando.

A cidade é enorme e só desejo estar um lugar, mas evito meus pés seguirem. Na minha cabeça, me vejo caminhando até as ruas da casa de Áda, mas faço que não ligo, e comando meus passos ao parque central. Procuro um banco para sentar e estão todos ocupados, inúmeros casais, famílias, crianças e um casal um tanto exótico para a sociedade, me intriga... Duas moças se acariciando e partilhando de um lugar que naquele momento é somente delas, nada de preocupação com os olhares dos demais, apenas a calmaria e prazer da companhia. Falo, ainda olhando as duas moças com uma ponta de inveja branca:

— Quero, e quero muito...

De repente, uma idosa se aproxima e percebendo minhas palavras, sussurra com sua voz falha por conta da idade:
        — Basta um querer, para poder ter.
Olhei estranhamente, sem entender por hora, e sorri educadamente me afastando dali. De costas, me sentia observada pela senhora que me abordara, olhei de canto e ela assentiu com a cabeça e saiu. Seja lá o que ela pensou ter entendido sobre meu querer, está bem enganada sobre poder ter, se fosse simples assim... e pra ser sincera, duvido sobre a veracidade do meu querer, isso por que minhas vontades estão a me sufocar, mas eu não sei se minha intenção realmente é essa, saciá-las.

Cansada de estar de pé, caminho na curvatura do parque, e quando finalmente decido voltar pra casa, um banco é desocupado. Erguendo os braços, falo ironicamente:

— Que sorte a minha!

Sigo pra casa e percebo que esqueci meu celular na cama, apresso o passo.

Chegando, troco algumas palavras com minha avó que veio nos fazer uma visita, observando suas rugas, lembro a idosa do parque, e penso o quão estranho foi aquilo. Vou para meu quarto a procura do celular, percebo sua vibração na cama, e uma surpresa, 11 chamadas perdidas de Dex. Retornar ou não retornar? Eis a questão.

Desvantagem de ser amiga do Dex, é não conseguir ser imparcial.
        1- Por que a namorada dele é sua prima.

2- Ele é seu amigo.

3- Você estar afim da namorada dele.

Enquanto me fixo parada pensando nisso, o celular torna a vibrar e tocar. Tento ignorar, mas minha mãe grita da cozinha:

— Filha, seu celular está tocando!
Hesito, mas acabo atendendo.
Dex: - Lau! Tá em casa?
Eu: - Oi Dex. Estou sim. Quanto tempo.
Dex: - Verdade. Posso passar ai?
Eu: - Bem, eu já estava indo deitar... (ele me interrompe)
Dex: - Chego ai em 10 min. Beijo.

Chamada encerrada.

Bom, agora tenho 10 minutos para enlouquecer, imaginar milhões de coisas, treinar minha postura dependendo do assunto, e tentar ser o mais natural possível, até que ele chegue. Estou começando a me arrepender de ter atendido. Mas, tenho que relaxar, vai ver não é nada demais. Enquanto aguardo ansiosamente a visita do meu bom e velho amigo - penso duvidando disso -, repito feito uma retardada: - Pensamentos felizes, Laura! Pensamentos felizes.

Como conheço o barulho do motor da moto de Dex, percebo imediatamente sua chegada. Me mantenho sentada na ponta de minha cama, e de repente a campainha toca, minha mãe o recebe, e logo os passos de Dex ecoam nos degrais da escada em direção ao meu quarto, e meu pulso acelera. Não menos tarde, ele bate a porta seguido de um sussurro com sua voz rouca pronunciando meu nome:
      — Laura..
Rapidamente abro a porta sem dizer nenhuma palavra. Encaramos-nos por alguns segundos, ele me abraça bem apertado e penso como é estranho abraçar meu antigo amigo que hoje tenho como rival, não havia notado como ele estava grande e forte em tão pouco tempo, talvez eu ande muito desligada mesmo.

— Então...O que devo a honra de sua visita?

Pergunto um pouco nervosa. E ele me encara confuso e diz :
     —É um desabafo sobre meu relacionamento conturbado. Eu preciso que me ajude a entender e lidar com o que ta acontecendo, eu quero ficar com Áda, mas já não sinto o mesmo..hun..”fogo”, entende?

Quase solto o riso quando ele usa a palavra fogo, mas o ciúme ainda alarma quando ele diz querer ficar com “a minha garota”, sou muito cômica dizendo isso, afinal “a garota” é dele.

— Na verdade não sei se entendo. Quer ficar com ela e não sente o mesmo? Como pode isso?

— Eu costumava me sentir o cara mais sortudo por está com ela, mas isso parece não ser mais suficiente. Áda deixou de ser o centro.

—Tens um novo centro?

—Na verdade, não que eu saiba. Quero dizer, não estou pensando em outra moça.

— Hm. Talvez seja só a rotina. Inovem!

— Já pensei nisso. Já inovamos até demais. Vim atrás de ajuda por estar desesperado. Estamos nos dando muito mal.

— Eu particularmente não sei como ajudá-lo.

Com minha face rígida evito encara-lo, mas ouço um suspiro decepcionado e o abraço automaticamente. Sou tão pequena que ele me envolve como se eu precisasse de colo, e não ele. Penso em milhares de palavras de conforto, mas nenhuma ousa sair da minha boca, tudo acontece estranhamente, até que sinto gotas úmidas no meu ombro. Oh! Meu deus! Ele não está chorando! Está? Me ergo e falo num tom de brincadeira :

—Para com isso! Choro não vai resolver. Esqueceu que homens não choram?

Entre um riso ele assente com a cabeça afirmando que esqueceu.

— Então, eu vou ser legal com você em não contar a ninguém que você veio até minha casa e atuou como bebê chorão.

— KKkkk...esta bem. Preciso ir. Mas, posso vir mais vezes?

— Claro que sim.

O levo ate a porta, lá fora já escurecera. Nos despedimos e volto ao meu quarto. Só me resta dormir depois desse dia tenso e estranho.


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Notas finais do capítulo

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Avaliem e deixem seu review. Até o próximo capitulo.



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