Um Romance Impossível escrita por TalesFernandes


Capítulo 4
Capítulo 4




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Estou esperando. - minha avó bateu o pé no chão inúmeras vezes na cadeira do lado oposto da mesa. - Me conte tudo o que houve naquela floresta.

– Bom, fomos atacados por um lobo. - contei toda a história e hora nenhuma minha avó interrompia. Quando acabei, ela apenas levantou-se da cadeira e colocou café numa xícara.

– Sabe Júlia, não aconteceu mais nada? Preciso saber. - ela tomou um gole da xícara e se encostou no balcão da cozinha. O que ela achava que iria acontecer algo de mais? A menos que ela estivesse pensando que.. não, isto é ridículo.

– Não aconteceu nada vó. - afirmei sem hesitar. Dada por vencida, ela terminou seu café lentamente sem dar mais nenhuma palavra, e subiu as escadas.

– Vou dormir, feche as portas quando for dormir. - estranhei ela não ter me chamado para dormir, mas lembrei amanhã era domingo e ela sempre era liberal quanto hora de dormir nos finais de semana.

Não estava com a mínima vontade de dormir, então peguei algumas coisas de comer, e fui para o sofá. Peguei o controle e coloquei num filme de aventura e romance. O filme até que era bom.

Toc-toc. Uma batida na porta de casa me faz levantar aos pulos derrubando controle, celular e tudo o mais no chão. Com medo, levantei lentamente e olhei as horas, eram 2:00 horas da manhã. Quem apareceria está hora? Aposto que não eram vendedores.

Então, com cautela, me aproximei do olho mágico e meu coração falhou uma batida quando vi que quem estava na porta era nada mais nada menos que Gary. Ele olhava para o olho mágico onde o observava, com um sorriso tímido no rosto. Nas suas mãos, tinha um buque de rosas.

Abri a porta com certa relutancia, e pude perceber o quanto estava lindo. Com uma camiseta azul simples, e uma calça, um tênis preto com branco, e seus cabelos estavam rebeldes pela sua cabeça.

– Oi Júlia. - sua voz calma e veluda fez meu corpo vacilar, e me dar vontade de pular em cima dele de satisfação. Não tive tempo direito de agradeçer por ele salvar a minha vida, mas ele já compreendeu o que queria dizer.

– Entre. - estendi a mão para ele, e ele apenas assentiu sem falar nada, com o rosto um pouco corado. Quando entrou, se virou novamente para mim e me entregou o buquê de rosas. Peguei elas com o rosto corado fortemente, e minhas mãos tremulas.

– Ei calma, eu não mordo. - ele riu com essa afirmação e minha vergonha se esvaziou. Deixei as rosas na mesinha ao lado e andei em direção ao sofá onde o filme continuava a passar.

– Sente-se, Gary. Depois eu coloco essas flores num pote. - afirmei e ele apenas assentiu sentando ao meu lado relutante. Ele olhou para mim, e na mesma hora um arrepio percorreu por meu corpo. Será que estava feia?

Analisei minha situação, meu cabelo ruivo preso num cóque, minha blusa branca simples, meu short jeans curto, e descalça. Então, ele me olhou com uma cara estranha, e me xinguei mentalmente por estar tão feia.

Ele estendeu a mão e retirou o coque dos meus cabelos deixando eles caírem livremente pelos meus ombros, e depois soltou um largo sorriso, mas ao mesmo tempo um pouco tímido.

– Bem melhor. - ele afirmou e ri com sua expressão.

– Que susto, estava me achando feia já. - ele riu com essa afirmação e me deu um tapinha amigável no ombro.

– Para de ser paranóica, você é linda até vestida de mendiga. - nós dois coramos juntos, era incrível como que nós ficávamos um perto do outro.

Voltei a olhar para a TV e Gary fez o mesmo, sem falar mais nada. Estava numa cena em que dois dos atores do filme se encontravam, e se beijam apaixonadamente. Olho para trás com certa cautela, e vejo que Gary olhava aquilo com uma lágrima nos olhos.

– O que foi Gary? - disse e ele olhou para mim com os olhos marejados e levemente vermelhos.

– A vida inteira tento fazer isso, e meus amigos se afastaram de mim. Agora não tenho nada, só você Júlia, por isso sempre quando vou tentar dormir não consigo com a anciedade de ve-la. - ele juntou toda a sua coragem naquelas palavras, pude perceber isso, e ele corou fortemente. Já eu, me senti segura depois que ele disse isso, pois era exatamente o que pensava.

Minha vontade era beijá-lo ali mesmo, naquele momento, mas tinha medo de tomar a iniciativa depois de tantos foras que levei na vida. Éramos dois bobos apaixonados que tinham medo de se declararem, pelo menos está noite ele deixou claro isso.

– Gary, saiba que você também é tudo na minha vida agora. - disse e ele corou um pouco, assim como eu, mas nossa vergonha se esvaziava lentamente com o passar do tempo. - Eu, eu devia lhe dizer uma coisa, mas não sei se posso.

– Júlia, eu sei que você irá dizer que não sente o mesmo por mim, eu sei disso, ok? - ele completou essa afirmação e na hora soube o que fazer.

Com um impulso que não sei aonde consegui, me aproximei mais dele. Ele entendeu a resposta, e começou a respirar mais rápido, quase ofegando. Então, nós dois avançamos e celamos nossos lábios. O beijo era algo como nunca havia sentido antes, uma falta de ar excitante e ao mesmo tempo surpreendente. Senti como se o que estava fazendo era algo perigoso, até que o ar dentro de mim faltou e me separei dele.

Toquei levemente meus lábios, não acreditando na sensação de ter sido beijada pela primeira vez. O que senti era algo inexplicável, e vi que Gary estava na mesma situação que eu, engolido por pensamentos.

– Júlia eu.. - seja lá o que fosse dizer, coloquei as mãos em seus lábios o que deixou ele ainda mais assustado. Beijei ele de novo e ele correspondeu na mesma hora, e dessa vez o beijo foi diferente. Não foi algo perigoso, mas sim um beijo calmo ao mesmo tempo apaixonado. Não soube dizer o que senti, mas meu corpo formigou e o toque de seu lábio me deixava maluca.

Quando se afastamos de novo, ele não disse nada dessa vez, não corou, nem fez nada muito brusco. O beijo comparado ao que vi em filmes, não era nada, mas para duas pessoas que nunca tinham experimentado essa sensação, era algo novo e excitante. Toquei de novo em meus lábios e Gary fez o mesmo. Meu coração batia tão rápido que poderia correr 100 metros e vencer qualquer um que me desafiasse.

Depois de muito tempo, a voz de Gary me tira de meu desvaneio.

– Júlia, o que isso significará a partir de agora?

– Não sei Gary, mas só sei que agora posso ter confiança em fazer isso. - beijei ele novamente, um beijo rápido mas que me proporcionou ainda mais emoções.

Ele não disse nada, e apenas chegou mais perto de mim e passou os braços em volta de mim. Não disse nada, apenas aninhei minha cabeça em seu peito, e meus longos cabelos ruivos estendiam-se por todo o seu corpo, chegando até o seu colo. Senti que sua respiração ainda estava ofegante, olhei levemente para cima e Gary tinha um bobo sorriso na cara.

Nem percebi quando estava fazendo o mesmo, e vendo o filme ali juntos pareceu ser a única coisa que importava em todo esse mundo. Esperei tando para dar o meu primeiro beijo, que ele vez assim de repente. Uma hora estava preocupada com a reforma de meu quarto, agora estou aqui com o garoto que desde que o vi, estava apaixonada por ele. Mas esses sentimentos só forão postos para fora agora, e finalmente a distância entre nossos lábios foram preenchidas.

Senti que agora estava completa, não precisava de mais nada. Não me importava não ter amigos, não ter muito dinheiro, apenas ter Gary aqui comigo me abraçando. Quando percebi, olhei para cima e Gary repousou a cabeça no sofá ao lado e adormeceu com um sorriso bobo e fofo no rosto. Quando menos vi, meus olhos já estavam marejados e adormeci.

&&&&&&

– O que significa isso? - berrou minha avó antes de terminar de descer a escada ao ver eu e Gary pulando de susto no sofá.

– Nada vó, é só que.. - nem terminei a frase e me engasguei. Minha avó me olhou com um olhar assasino, e contou até dez.

– Antes de mim surtar, me digam, o que aconteceu? - ela respirou fundo mais uma vez e vi que ela não estava passando bem.

– Nada vó, eu juro, apenas vemos TV e adormecemos. - o rosto de ambos estava vermelho igual um pimentão.

Ela não disse mais nada, e soltou um longo suspiro. Foi para a cozinha e começou a preparar o café da manhã. Enquanto ela fazia o café, e pegava alguns pães assados ontem, vi que Gary se arrumava para sair.

– Onde vai Gary? Não vai ficar para tomar café? - disse.

– Não, obrigado, tenho que sair. - ele me olhou nos olhos. - E Júlia, pegue isto. - me entregou um bilhete e abri ele.

"16:00, no nosso lugar especial"

Assenti com a cabeça e entendi na mesma hora aonde era esse lugar especial. Gary assentiu de volta e saiu de casa, com o temporal ameaçando chuva lá fora. Segui ele até a porta, e olhei minha avó, e logo em seguida dei um rápido selinho nele.

Ele me olhou assustado e abriu um largo sorriso no rosto, nós ainda estamos achando que isso é um sonho, pois toda vez que nos beijamos nossos olhos ficam marejados. Ele foi embora e se despediu, fiz o mesmo e entrei para dentro.

Me sentei no sofá, ou melhor, me joguei nele. Peguei o controle da TV e estava vendo um trailer agora do novo filme A Culpa é das Estrelas. Não me interessava nada, então mudei repentinas vezes de canal até cair em um de desenho animado, que eu até gostava. Peguei meu livro de contos e comecei a ler, para ver se passava o tempo.

– CAFÉ TÁ NA MESA! - gritou minha avó de lá da cozinha para mim escutar.

Levantei do sofá com muito custo, pois meu corpo protestos. Estava frio esse dia, ou talvez era só porque era muito de manhã. Eu geralmente acordava onze horas no domingo, e eram.. olhei no relógio e me assustei, 6:30?

&&&&&&

– E foi isso. - terminei de contar toda a história da noite passada, sem incluindo a parte do beijo, claro.

– Tem certeza Júlia? - os olhos cor de café dela me encararam com autoridade, e apenas assenti. - Tudo bem, só não quero que cometa o mesmo erro de sua avó aqui.

– Que erro? - disse aturdida.

– Esquece. - ela se levantou da pequena mesa de jantar e fui para a cozinha mais uma vez. Fiquei sentada na mesa pensando no que minha avó disse sobre seu erro, mas apenas balancei a cabeça para afastar esses pensamentos e subi para o meu quarto.


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