Um Romance Impossível escrita por TalesFernandes


Capítulo 5
Capítulo 5




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– Lista de coisas que não se devem fazer com macacos. - Gary estava com caneta e papel nas mãos no lado oposto de minha mesa enquanto minha avó preparava o almoço. Convidei ele para almoçar hoje, só para tirar o tenso clima de toda aquela situação. Nenhum de nós nem tocou no assunto do beijo, apenas deixamos aquele momento passar.

– Acho que não se deve dar bananas a macacos. - afirmei e ele assentiu e começou a escrever com certa rapidez no papel.

– Tem razão, tenho péssimas histórias de macacos com bananas. - ele riu.

– Também acho que não se deve tentar achar carrapatos nele.

– Mais um para a lista! - ele riu de verdade e voltou a escrever.

– Mas porque estamos fazendo isso mesmo? Quer dizer, aqui tem algum macaco? - indaguei e ele me olhou fingindo raiva.

– Ora bolas! É sempre bom ter uma lista de precaução contra macacos. - o senso de humor de Gary era muito hilariante, e tive que acompanhá-lo nas risadas, mesmo me esfoçando para ficar séria.

– Mas, deixando de lado esse assunto de macacos, que tal.. - ele pensou um pouco antes de falar mas depois balançou a cabeça. - Enfim, não tenho nada em mente.

A minha vontade era falar para ele sobre o nosso beijo, mas vi que esse ainda era um assunto delicado para ambos, mesmo eu estando anciosa para poder beijá-lo de novo. Ele apenas olhava para mim com a maior naturalidade do mundo, como se nada tivesse acontecido. Achei uma atitude boa, pois ele estava achando que eu não gostei e tentava menter de pé nossa amizade. Mas o grande problema em toda essa teoria, era que eu não queria disfarçar esse assunto do beijo.

– Então Gary, precisamos falar sobre aquela noite. - envergonhada abaixei a cabeça.

– Eu sei, me desculpe por ter feito aquilo. Fui um idiota. Também quero muito falar sobre isso, mas sei que não gosta então vou respeitar. - ele afirmou.

– O que? Está brincando não é? Esse tempo todo estava maluca para falar sobre isso pensando que você não iria querer falar sobre isso. Sabe de uma coisa? Somos dois bobões. - rimos com essa afirmação então ele passou a se sentar ao meu lado na mesa, e meu coração subitamente começou a bater mais rápido.

– Então, quer falar sobre o beijo, vamos falar! - ele afirmou com um sorriso largo no rosto. - Então Júlia, eu beijo bem?

– Você foi incrível, mas não foi o suficiente. E você, gostou? - disse.

– Bom, gostei sim. Mas o problema é que eu não deixei você satisfeita, e isso não pode acontecer. - ele chegou perto de mim e me deu um longo beijo, e toda vez que beijava era como se fosse minha primeira vez, tão excitante quanto.

Quando terminamos, ele me olhou com seus olhos negros calmos e divertidos, e ri de sua expressão com o sorriso bobo. Só dávamos selinhos demorados, mas nunca passamos disso. Além do mais, não sei se estaremos preparados para um beijo de verdade mesmo, um de língua.

Como sou iniciante nessas coisas, sempre tenho o nervosismo de iniciante nessas coisas, então deixamos queto essa parte a mais. Quando vi, nós dois olhávamos um para o outro mergulhado em pensamentos, que nem ouvimos direito quando minha avó anunciou o almoço.

– ALMOÇO! - ela bateu na panela com força levando nós dois de volta para a realidade. Ainda tinha que contar para minha avó o meu caso com Gary, só tinha medo como ela possa reagir. Somos muitos novos, e minha avó sempre foi contra eu namorar com essa idade. Até parecia que ela ficava feliz quando via minhas decepções amorosas.

Sentamos na mesa, e minha avó tinha caprichado hoje. Por ser segunda-feira, acho que estava ótimo o almoço. Arroz, feijão, carne de porco, e várias opções de legumes variados. Comi muito com verocidade, e Gary me olhava com uma expressão gozada, comendo calmamente sua comida.

– Eu sou o homem dessa relação, eu tenho que comer mais rápido. - ele riu e quando analisou suas palavras congelou.

No outro lado da mesa, minha avó lançou um olhar furioso e ao mesmo tempo desconfiado para nós, seus olhos cores de café fitavam nossos rostos corados e duros como uma madeira.

– Que relacionamento? - ela pronunciou essa última palavra sílaba por sílaba.

– De amigos, durr. - bati a mão na testa o que foi um grande erro, pois apenas aumentou sua raiva.

– Mocinha, vá para o seu quarto! - ela ordenou batendo forte na mesa, e Gary deu um salto na cadeira.

– E você Gary, é melhor ir para casa por hora, irei resolver algumas questões pessoais. - Gary assentiu e olhou para mim, queria dar um beijo de despedida nele, mas é claro que quando tem uma avó sua vermelha de raiva pela simples suposição de você estar namorando, não é muito legal ter esse descuidado.

Poderia mentir tudo o que ela falasse, e ainda pedir para Gary confirmar. De acordo com informações que ele me disse, o seu avô também é contra namorarmos tão cedo, o que eu acho um absurdo visto que ambos tem 13 anos de idade. Fui para o meu quarto reformado, e deitei em minha cama.

Minha avó entrou logo depois, com o rosto vermelho e se sentou no pé da cama.

– Levante-se! - ordenou ela e me sentei na cama.

– Calma vó, eu e Gary não temos nada.

– Não foi o que percebi na cozinha, mocinha! Acha que não percebo quando duas pessoas estão escondendo algo, ou apaixonadas? - ela respirou fundo. - Vocês vivem corando um com o outro, e na cozinha hoje arranjei provas o suficiente quando Gary falou sobre a "relação" de vocês, que pelo visto vou cortar pela raiz! - ela terminou a frase gritando.

Deitei na minha cama e começei a chorar no travesseiro, encharcando ele. Olhei de relance para minha avó, e sua expressão de raiva estava se esvaziando. Olhou para mim com um olhar de pena, mas para manter a postura apenas saiu do quarto. Isso não era justo, eu e Gary nos amávamos e iriamos ficar juntos nem que isso significasse fugir. Essas últimas palavras me assombraram, mas se fosse preciso era o que queria, e iria aceitar sem nem pensar duas vezes.

Após os soluços finalmente terminarem, decidi tomar um banho. Água sempre me acalma, ainda mais com um som de AC/DC no meu celular durante ele. Após uns dez minutos em baixo de água, sai do chuveiro e vesti algo apresentável. Uma regata azul simples, e um short jeans curto, curto até demais. Uma sapatilha preta com uma estampa de coruja, e um cordão que minha mãe me dera antes de ser presa e depois morrer.

Olhei para a porta de meu quarto, e vi que minha avó estava na cozinha preparando algo pelo barulho das panelas, então presumi que ir por ali era arriscado, quase suicida. Olhei em volta do quarto, quando avisto minha janela.

Uma idéia maluca me percorre na cabeça, mas mesmo assim pego alguns lençóis na cama e monto uma corda improvisada. Mando uma mensagem para Gary me esperar em baixo da janela do meu quarto, e como ele já me conhecia a bastante tempo não foi difícil achar.

– Pode mandar. - disse Gary alto o suficiente para mim ouvir. - Estendi a corda até o chão, e prendi ela na cabeceira de minha cama. Desci lentamente a corda, e quando estava na metade, ela se desprendeu e caí.

Pensei que seria ali que iria morrer, mas algo me segurou pelos braços. Quando olhei para cima era Gary me segurando calmamente nos braços com as pernas curvadas e me olhando com seus olhos negros brilhando.

Ele me tascou um longo beijo, e depois ele pediu permissão para usar a língua, e apenas assenti. Então, pela primeira vez de ambos, beijamos um beijo de verdade. Era uma sensação quatro vezes mais excitante que o primeiro beijo, selinho, era como se meu corpo estivesse interligado completamente com o dele. Nossas línguas travavam uma perfeita batalha nas nossas bocas, e quando o ar faltou, separamos nossas bocas ofegantes.

Ele me soltou no chão e me olhou mordendo o lábio, e tinha que admitir que ele ficou sexy. Olhei para aqueles seus olhos negros calmos mas ao mesmo tempo cheio de desejos, e ficamos ali parados por um tempo.

– Permita-me? - Gary me tira do desvaneio quando estende a mão para mim pegá-la. Peguei sem hesitar, e formos adentrando floresta adentro.

Depois de alguns minutos caminhando com um silêncio confortável no ar, quebrei o silêncio:

– Desculpe por aquela cena da minha vó.

– Não tem problema, meu vô também é assim as vezes.

– Para onde está me levando? - olhei em volta freneticamente.

– Um lugar mais bonito que aquele que lhe mostrei no começo, e desta vez trouxe uma bússola comigo. - ele mostrou os bolsos e uma bússola apareceu no meio das suas bermudas jeans.

Quando chegamos no local, minha boca se abriu em um O perfeito. Era um local lindo, onde era o topo de uma montanha, e embaixo um vale. Tinha um pequeno espaço bem na beirada do terreno íngreme, rodeado por árvores frutíferas. O mais bonito era a vista.

Ao norte, mais a frente, colinas douradas marcadas pelo sol estendiam-se no horizonte, ao oeste, uma pequena cidadezinha se localizava entre as muitas árvores.

Mas vi algo que me impressionou, que desde criança sonhei em ver. Ao leste, um grande azul intenso se espalhava, e vi que se tratava do mar. Olhei tudo aquilo com os olhos com lágrimas, e me virei para Gary.

Abraçei ele com tudo, e derrubei ele no chão sem querer. Ele riu disso, e nos beijamos. Um beijo frenético e apaixonado, e só paramos quando o ar implorou para passar.

Então, ele me levou de olhos vendados até um local, e quando abri meus olhos, uma linda tenda de piquenique estava ali com várias coisa de comer. Desde bolo, pães, até salgadinhos dos mais variados tipos.

Dei outro abraço e um longo beijo nisso, e me sentei no forro listrado de vermelho, típico daqueles filmes, e fiquei comendo algumas coisas enquanto Gary ficava ao meu lado acariciando meus cachos ruivos e comendo bolo.

Nós dois olhávamos para a paisagem, e em certo ponto nossos olhos se encontraram e nos beijamos com tudo. Um beijo intenso, e agarrei seu cabelo para se tornar mais pressionado, ele me laçou na cintura fazendo ficarmos cada vez mais pressionados.

Não queria mentir, estava ficando.. como se diz aquela palavra? Excitada com tudo aquilo. Meu corpo tremia de um prazer inimaginável e minha intimidade estava ficando quente.

Mas então ele parou quando percebeu aonde estava levando aqueles beijos, e olhou com uma cara de envergonhado. Ambos coramos, e sabíamos que se Gary não tivesse parado iriamos acabar fazendo coisas precipitadas.

– Desculpe eu.. me precipitei. Sei que não é hora para isso. Somos muito jovens. - ele disse e apenas assenti com a cabeça, mas me deitei em seu colo e fiquei olhando para tudo ali em volta, aquela bela paisagem da natureza, até que quando vi meus olhos se fecharam e adormeci.


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