Já faz 48 anos que eu conheci minha nova família, 48 anos que eu sou uma imortal. Ainda me lembro do dia em que eu cheguei com Serena e Helena, a cara de Eleonor e Santiago foi simplesmente impagável, mas passado o choque inicial fui recebida de braços abertos, eles me acolheram em sua família e os acolhi em minha vida.

Não tenho palavras para descrever esses dois, sinceramente eles são duas peças raras, Santiago foi um soldado romano e tem mais de 2000 anos ou como ele gosta de dizer 2.0, nunca vi um vampiro com problemas em relação à idade, é simplesmente hilário e quando ele tenta ser atual e falar gírias? Socorro. Ele foi transformado quando tinha 32 anos e é enorme, têm uns dois metros ou mais, cabelo negro, olhos vermelhos bem escuros, parece uma criança, vive brincando, me lembra Helena com seu sorriso fácil, acho que ela adquiriu sua personalidade dele, só pode.

Eleonor é uma mãe maravilhosa e me lembra bastante Renée, distraída e amável, conselheira e gentil, mas extremamente impaciente, nevorsa e teimosa, nasceu em 1579 na Rússia, já tem quase 500 anos de vida, tem cabelos negros até a cintura e foi transformada quando tinha 25 anos, é uma mulher bastante forte e determinada.

Ao longo desses anos aprendi muitas coisas, sobre música, pintura e literatura, outros idiomas, conheci várias culturas também, eu e as meninas gostamos muito de viajar e todos os anos nós fazemos uma viajem em família. Eles também me ensinaram a lutar, é fundamental você saber se proteger nesse mundo que nós vivemos Bella, foi o que eles disseram. Santiago é um ótimo lutador, já participou de muitas batalhas e ensina muito bem, por incrível que pareça eu também sou uma lutadora muito boa. Consegui vencer meu pai uma única vez, mas foi o suficiente pra me fazer sorrir por dias, mas também o homem é quase indestrutível, ele é muito mais resistente do que um vampiro normal, deve ser o seu dom, então eu me orgulho de ter conseguido tal proeza.

Há uns 40 anos um amigo dos meus pais veio nos visitar, Lúcio, um vampiro brilhante, tinha uns 1000 anos e é provavelmente o vampiro de aparência mais velha que eu conheço, foi transformado quando tinha 63 anos. Lúcio tinha um dom, ele podia fazer as pessoas verem o que ele queria, estava nos contando suas aventuras e decidiu nos mostrar o pequeno vilarejo que ele conheceu, mas eu não consegui ver, e foi assim que descobrimos qual é o meu dom, eu tenho a capacidade de proteger a minha mente contra poderes mentais.

Fico me perguntando querida, será que você pode projetar seu escudo e proteger outras pessoas além se você?

Não sei tio Lúcio, mas eu gostaria muito que isso fosse possível, já pensou poder proteger quem eu amo? Seria demais!

Um dia eu estava no jardim treinando para expandir meu escudo com Lúcio e Eleonor, ele ficava mostrando imagens para ela e eu tinha que tentar impedir e então, depois de meses de treinamento e muita dificuldade, eu consegui colocá-la debaixo dele, ela sorriu pra mim e eu sorri de volta, foi quando eu senti uma coisa diferente em minha cabeça e acabei colocando fogo em uma árvore. Descobrimos assim que eu adquiria o poder de quem estivesse debaixo do meu escudo, Eleonor tem o dom da pirocinese, ela tem a capacidade de criar e manipular o fogo, mas eu só possuo o dom da pessoa enquanto ela estiver sobre minha proteção.

Hoje nós vamos viajar para Volterra, uma cidade italiana onde a família real dos vampiros mora, Aro, Caius e Marcus, me disseram que eles tentam manter os vampiros sobre controle, para não revelarem nossa existência para os humanos, pois isso traria o caos para a terra, é uma missão muito difícil, já que os vampiros são difíceis de serem controlados. Em território italiano não se pode matar humanos, é uma lei que os Volturi estabeleceram, a Itália é a casa deles e eles não toleram o descontrole em suas terras.

Eleonor foi transformada por Dydime, esposa de Marcus, eles a criaram como filha e quando conheceu Santiago, se casou e saiu de Volterra, mas sempre visita os pais e com a minha chegada eles adiaram a viagem para poder me ensinar sobre essa nova vida, como agora já estou sobre controle e sei me alimentar de humanos sem matá-los, nós iremos visitá-los, eles querem me conhecer, eu nunca os vi e estou bastante ansiosa para conhecê-los, Serena e Helena pretendem entrar para a guarda dos Volturi e estão tentando me convencer a entrar também.

– Vamos Bella, vamos com a gente, você sabe que eu não posso viver sem você. – Helena me olhava com uma cara de cachorro sem dono. Eu ri.

– Eu também não sei como seria viver sem vocês, mas vocês treinam há anos para entrar para a guarda, eu mal sei lutar para me defender imagina para defender reis. Seria um desastre.

– Ah, por favor né Isabella, você sabe lutar muito bem, que desculpa mais esfarrapada. Você já até venceu Santiago em uma luta. – Serena me disse.

– Foi só uma vez e foi porque eu deixei, quantas vezes eu vou ter que repetir isso. Cara, vocês são teimosas pra caramba. – Santiago apareceu de surpresa na porta do quarto onde estávamos terminando de arrumar as malas.

– Claro que foi pai. – disse revirando os olhos.

– Enfim, só vim perguntar se vocês já estão prontas, temos que ir.

– Só faltam algumas coisas, daqui a pouco a gente desce. – Eu respondi e ele saiu do quarto. – E porque vocês querem entrar para a guarda? Não é perigoso?

– Bella, existem muitas coisas perigosas por aí, mas se você tiver um propósito não vai fazer muita diferença, eu quero poder ajudar a deixar o mundo em ordem, meu pai conta história de batalhas, teve uma vez quando os lobisomens estavam causando o terror e os Volturis tiveram que agir, eles mantém a paz no nosso mundo e eu quero poder fazer grandes coisas, eu quero ajudar. – Serena respondeu.

– Além do mais podemos conhecer gente nova, lá é cheio de gatinhos. – Com essa eu tive que rir, Helena era uma figura.

– Não sei, vou pensar. Já estou pronta, vamos?

Assim pegamos nossas malas e descemos. Eleonor e Santiago já estavam colocando as malas deles no carro, íamos ficar um tempo por lá, fazia mais de 50 anos que minha mãe não via os pais e ela estava com saudades, além disso, Serena e Helena tinham que passar nos testes para a guarda. Eu não queria ficar longe das minhas irmãs, mas também não estou muito a fim de participar de nenhuma guarda.

– Vocês pegaram tudo meus amores?

– Sim mãe.

– Ótimo, guardem as malas lá atrás, vamos entrem todo mundo no carro. Anda logo Santiago antes que eu perca minha paciência, aaah, esqueci meu celular lá dentro, já volto. Entrem no carro logo eu não vou demorar. – Como eu disse, impaciente e distraída.

Entramos no carro e Serena e Santiago começaram a revisar uns termos de luta.

– Estou muito nervosa e se eu errar tudo na hora, ou não consegui derrotar meu oponente, soube que eles nos põem para lutar com membros antigos da guarda. – Serena, se pudesse suar de nervoso estaria completamente ensopada agora, tentei lhe acalmar:

– Que isso S, eu tenho certeza que você vai se dar bem, é uma das lutadoras mais ágeis que eu conheço além de ser uma das mais inteligentes que eu já vi.

Helena bufou ao meu lado e disse:

– Eu não sei pra que essa preocupação toda, você S reconheceria a fraqueza de seu oponente mais forte e todo mundo tem uma fraqueza, quem devia estar preocupada era eu, só posso dizer se meu oponente é forte ou fraco, e se ele for forte? O que eu vou fazer? Meu poder é completamente inútil, o de vocês sim que são uteis. – ela disse e fechou a cara.

– Eu já disse que não tenho poder nenhum, que saco. Quantas vezes ...– Eu olhei assustada pro meu pai no banco da frente, ele estava se matando de rir enquanto as duas estavam quase se matando aqui atrás de tanto discutirem e eu infelizmente estava sentada NO MEIO DELAS, no meio de toda essa gritaria. Meu Deus, elas devem estar bem preocupadas mesmo, pros nervos estarem à flor da pele desse jeito, pra minha sorte minha mãe finalmente chegou e acabou com a discussão:

– PAREM COM ISSO AGORA! Será que eu não posso ficar um segundo fora, eu sei que vocês estão nervosas, mas tratem de relaxar, eu não tenho paciência para discussões bobas e não estou a fim de incendiar vocês!

Elas se calaram na hora, uau, mas também depois dessa nem eu ouso abrir minha boca, Serena cruzou os braços e virou o rosto para janela, Helena pegou o computador e começou a digitar loucamente. Passamos o resto da viagem em silencio, fui admirando o caminho, sinceramente não sei se um dia vou me acostumar com essa nova vida, eu tive tanta sorte de encontrar minha família, nunca tive uma família grande, antes eu morava apenas com minha mãe e depois eu morei sozinha com meu pai, agora eu vivo numa grande família que rir, que discute, que brinca e que se ama.

Há uns quatro anos eu fui a Forks, encontrei meu pai, ele ainda estava vivo e já tinha 89 anos, vivia em uma casa de repouso, eu fui com Helena, eu só ia da uma olhada nele, mas ela me convenceu a entrar.

“- Boa tarde senhoritas em que posso ajudar?

– Olá eu me chamo Helena e esta é minha irmã hm.., Juliana, estamos fazendo um trabalho da faculdade e gostaríamos de conversar com alguns de seus pacientes, será que seria possível?- disse ela com aquela cara de cachorro pidão.

– Oh claro, mas terão que assinar uns papéis, venham por aqui.

Nós a seguimos e eu perguntei bem baixinho para Helena:

– Por que disse que meu nome era Juliana?

– Ora, nós vamos ver seu pai, você já é a cara da filha dele, quer ter o mesmo nome também?

Ela tinha razão, assinamos uns papéis e a moça disse que podíamos ficar a vontade, fomos para uma sala e o encontramos sentando em uma cadeira olhando pela janela.

– Olá – Helena disse – Estamos fazendo um trabalho, um sobre memórias e lembranças, o senhor poderia falar com a gente?

– Oh, eu não sou muito de falar.

Helena o olhou com sua típica cara de cachorro pidão e disse: -Por favooooor.

Ele bufou e murmurou: - Tudo bem, fazer o que, sentem-se.

Então assim passamos a tarde com meu pai, ele nos contou que foi chefe de policia até quando fez 65 anos, mas que se fosse por ele, ele continuava, nos contou do seu primeiro casamento com Renée e que tinha tido uma filha, só que ela morreu quando estava indo passar férias com a mãe, seu carro havia capotado e rolou até cair do penhasco, e que nunca haviam encontrado seu corpo, nesse momento eu o abracei, eu sentia tanta falta do meu pai, então ele me disse o quanto eu era parecida com a sua filha, se eu pudesse chorar estaria aos prantos, mas ele disse que não tinha problema que onde quer que ela estivesse ele tinha certeza que ela estava feliz, eu não podia concordar mais. Charlie se casou de novo, com a Sue, só que ela morreu dois anos antes da nossa visita, ele me disse que apesar de tudo foi muito feliz. Agora faz dois anos que ele se foi.

Voltei para a realidade, devíamos estar chegando, então resolvi que era seguro falar de novo:

– Serena e Helena, eu tenho certeza que vai dar tudo certo, vocês estão treinando há tanto tempo e são as duas pessoas mais espertas e inteligentes que um dia eu sonhei em conhecer. Vocês estão nervosas a toa, sinceramente não precisam desse fuzuê todo, eu sei que vocês vão conseguir, não tenho a menor duvida.

Disse-lhes sorrindo e todos no carro retribuíram o sorriso pra mim.

– Bella tem toda razão e eu não podia estar mais orgulhosa de vocês, de todas as três.

Nós três nos abraçamos e as duas pediram desculpas uma pra outra:

–Mas eu continuo estando certa. – Helena disse e virou a tela do computador para nós, nela dava pra ler:

“Detectar fraquezas

Capacidade de descobrir os pontos fracos e fortes de objetos e seres vivos. Pontos de pressão, lugares sem proteção, e de modo geral, todos os lugares que eles não gostariam que você os acertasse. Também é possível descobrir fraquezas não-físicas, como uma fraqueza contra água de pessoas que produzem eletricidade, ou um medo de sangue para pessoas traumatizadas.”

– Onde você achou isso?

– No Wikipédia ué.

Serena revirou os olhos e nós duas começamos a rir. Então meu pai nos disse:

– Chegamos crianças, chegamos em Volterra.