Happy Birthday, Molly escrita por Louise


Capítulo 6
Chuva


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus xuxus! Voltei :D Amei ver a reação de vocês com o capítulo anterior, espero que continuem comentando, isso me anima o/ Bom, vou parar de enrolação. Divirtam-se.



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__ Oh, meus Deuses. Não, não, não...

O coração da loura ameaçou parar. Não estava assustada pelo modo com os corpos estavam - jogados ao chão, como indigentes, abandonados a própria sorte. Mas sim por serem quem eram.

Vivien e Lestrade.

Melhor dizendo, Irene e Lestrade.

Era difícil ter de olhar para aqueles dois, mas seus olhos se negavam a largar a cena. Toda aquela bagunça, o sangue manchando as folhas do livros velhos, o vento fazendo a chuva entrar pela janela quebrada e molhar o sofá esquartejado. Não conseguia acreditar no que via.

John, na outra mão, teve como primeiro impulso correr ao amigo ferido. Adler também era importante, mas Greg era prioridade. Acocorou-se a seu lado, procurando o pulso no pescoço, enquanto tapava a ferida na carótida com a outra mão. Preocupou-se mais. Conseguia sentir uma pulsação fraca, sumindo devagar.

Ele ainda estava vivo.

__ Mary, dentro do guarda-roupa, no quarto que era meu, Sherlock esconde um kit de primeiros socorros. Pega. Acho que eu ainda consigo salvar ele.

Os olhos de Mary encheram-se de lágrimas. Existia uma esperança.

Correu. Correu o máximo que podia, quase escorregando no tapete do corredor. Aos trôpegos e atordoada, escancarou a porta do quarto e procurou em todos os cantos, jogando para o alto qualquer coisa que pudesse esconder o kit. Debaixo de um par de botas velhas, encontrou uma caixa branca e grande, parecendo velha e suja de terra. Na tampa, uma cruz vermelha. Retornou a sala sentindo o rosto queimar.

__ Eu cuido do Greg, você cuida da Viv.

__ Quem? – ele franziu o cenho.

__ Irene! Da Irene! – ela soltou. Era estranho chama-la pelo verdadeiro nome.

Apressados, sentaram-se entre toda a bagunça e começaram a trabalhar. O vento uivava na janela, correndo junto aos pingos generosos da chuva, mergulhando Londres em uma manhã cinzenta e sem alegria.

Ao fim de uma hora inteira, o casal conseguira usar o que Holmes mantinha como equipamento básico, tendo que improvisar algumas coisas. A ambulância fora chamada, mas teriam de esperar mais cinco minutos, pois um problema em uma das ruas faria uma mudança tremenda na rota da ajuda. Cinco minutos, esses, que poderiam ser cruciais; que poderiam decidir entre a vida e a morte.

A situação tornava-se mais crítica a cada segundo. Irene, por mais que ainda conseguisse puxar o mínimo de ar, não sobreviveria mais cinco minutos sem os cuidados certos. John conseguia estancar o sangramento com um pano que, já embebido quase totalmente no líquido, começava a perder a absorção. Segurava a mão d’A Mulher e, atencioso, tentava entender o que ela balbuciava. “M... Ma... Mar...”. Repetia a mesma coisa.

Mary não sabia mais o que fazer. O assassino parecia ter feito o corte cirurgicamente, para que nada conseguisse estancar o sangue ou amenizar o sangramento, mas de modo que ele morresse lentamente. Um trabalho magistral, sem dúvida – porém tão diabólico a ponto de causar enjoo.

O relógio tiquetaqueava. A cada segundo, a pressão no peito dos dois aumentava, proporcional as lágrimas, ao desespero e a raiva. Não havia muito que pudessem fazer, mas tentavam de tudo para conseguir mantê-los ali.

Mas, quando as luzes azul e vermelha apareceram, junto a sirene, era tarde demais.

Não havia mais como. A pulsação dos corações parara. Não podiam mais fazer nada.

Como que em câmera lenta, os médicos de branco invadiram a sala, correndo desesperados. Mas, assim que notaram o casal abraçado, chorando, em meio a confusão de coisas e sentimentos, entre a lágrima e o sangue, entenderam que nada mais podiam fazer.

O fato se consumara.

Sim, mortos.

*Três dias depois*

__ Acha que está bem para ir? – John perguntou. – Ao necrotério, digo.

Sherlock observava o andar dos carros pela janela do quarto. Como não poderia mais habitar seu apartamento até que tudo estivesse acabado, e se recusara a dar trabalho aos Watsons, fora instalar-se em um quarto de hotel. Era bom, espaçoso e aconchegante ao mesmo tempo. Havia uma cama de casal, para que, quando Molly saísse do hospital, pudesse ir para lá com ele, junto a uma televisão grande grudada à parede, uma mesa para notebooks (com uma cadeira junto) e um banheiro branco.

__ Acho que sim. Quando vai ser o enterro?

__ Daqui uma semana. Vai, não vai?

O Sr. Watson observava o amigo com pesar. Todos estavam de luto. Não somente pelo Detetive Inspetor, mas pela Mulher também. A danada conseguira deixar uma marca feita a ferro em todos, durante os poucos dias que passara na companhia da dupla de detetives.

__ Talvez.

Não se atreveu a falar nada. Pegou o paletó, antes sobre o encosto da cadeira, colocou e fechou os botões. De cabeça baixa, como uma criança contrariada, saiu pela porta. Esperou o amigo fechar o cômodo, e ambos dirigiram-se ao elevador. O gigante de metal surgiu em poucos segundos, de portas abertas. Enviaram-se ao térreo, onde Mary estaria os esperando na saída, junto ao carro.

__ Você... Você sabe se... De alguém que poderia ter feito isso? – John começou, sem fazer contato visual.

__ Não. Ainda não. Tudo está muito nebuloso! - ele sofria. - Não consigo parar de me preocupar com a Molly, e isso acontece e...

Seus olhos se encheram de cor. Alguma coisa se ligara em sua mente.

__ E...?

__ Nada, nada não – ele mentiu. As coisas finalmente pareciam quererem ser ligadas. Poderia ser uma possibilidade, nada deveria ser descartado nesse jogo. Faria sentido, faria muito sentido. Manteve o pensamento por perto. – Vão chamar outro Inspetor para a NSY?

A porta do elevador abriu. Os dois saíram.

__ Sim. Uma Inspetora. Uma tal de Lira.

__ Hm.

O clima londrino não estava nada convidativo para um dia fora. A chuva resolvera cair mais, molhando qualquer coisa em poucos segundos. Diante das portas do hotel, Mary, escondida debaixo de um guarda-chuva, esperava a dupla de amigos. Assim que os viu sair, correu para cobri-los. Os três, sem trocar um só olhar, uma palavra ou um gesto, entraram no carro preto.

Arrancaram. Aquele seria um longo dia.


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Notas finais do capítulo

Pergunta: alguém ai chorou? haha Agora é oficial, já podem começar as ameaças de morte. Amanhã sai post novo a noite, não se esqueçam de checar :3

Beijinhos da ruiva,

Amelia.