Happy Birthday, Molly escrita por Louise


Capítulo 4
França, aí vamos nós!


Notas iniciais do capítulo

Olá xuxuzinhos lindos do meu coração! Então... HOJE TEM DOIS POSTS! Eu sei, podem me amar já :3 Estou compensando a falta de um deles ontem, então espero que gostem e vamos lá!



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__ Mas você só pode estar louco, William!

A moça da frente olhou. Sherlock virou-se de costas. Era óbvio que ela, junto com outras duas atendentes dos guichês e um casal a sua esquerda estavam prestando atenção na conversa. Estranhou ser chamado de William, mas aquele era o acordo - enquanto não voltasse a vida, o nome Sherlock Holmes estava oficialmente banido. Daquele momento em diante, era William Scott. Pelo menos uma vantagem em ter tantos nomes.

__ Não, não estou, Molly. Veja, eu preciso da sua ajuda, e você precisa de férias, é perfeito. Vamos passar, no máximo, um mês na França, tempo suficiente para eu conseguir fazer o que quero. Preciso de você como um disfarce, nada demais.

__ Não, não vou me meter nos seus problemas com a nação.

Guichê seis, a voz metálica disse. Molls rolou o carrinho ao caixa, começando a colocar a compra sobre a bancada. Ele a seguiu, boquiaberto. O que poderia responder? Dizer a ela que "se ela não fosse, ele poderia morrer" parecia ser uma boa saída. Mas não surtiu efeito, uma vez que ela notou que ele blefava. "Então vou chamar Adler" ele soltou. "Seus relacionamentos não são problema meu, pode chamá-la, se quiser, não me importo" ela retrucou, concisa. Nada parecia funcionar.

__ Molly, por favor - ele a olhou com doçura, tentando derreter todo aquele iceberg em torno dos sentimentos da ruiva. Sabia exatamente como convencê-la. - Você é a única em quem em posso confiar agora. Todos são meus inimigos... exceto você.

Ela suspirou. Ah, aquele homem era uma rainha, uma rainha do drama! Mas, de algum modo, algo mudou dentro dela, depois das palavras do detetive. De fato, ela era a única a quem ele poderia recorrer. Mas levá-la para a França? Tirá-la do trabalho por um mês?

Poderia ser bom. Paris parecia linda nos cartões postais que sua mãe lhe mandava. Sair de perto dos ingleses, mergulhar de cabeça numas férias, era altamente tentador, e quase conseguia convencê-la. Mas não. ela dissera, e assim seria.

__ Ah, meus Deuses... Will, olha - tirou o pé de alface do carrinho -, eu sei que você precisa de mim, mas eu não posso. Eu tenho meu trabalho, eu tenho meus amigos, eu tenho a Lara!

__ Você tem um banco de horas suficientemente grande para tirar férias por um ano, seus amigos não tem nada marcado, estão todos viajando e não te convidaram, e eu posso dar um jeito, no bom sentido, na Lara. Se sente melhor agora, o suficiente para dizer sim?

A pergunta de "como ele sabia de tudo aquilo" pairou rapidamente sobre os pensamentos de Molly. Não adiantava perguntar, ele simplesmente diria algo extraordinariamente ofensivo e inteligente, e ela logo se esqueceria. Mas a viagem - porque não aceitá-la agora? Não tinha mais como dizer não a ele, não haviam mais inconsistências no discurso, tudo em seu caminho estava livre. Um caminho rumo a Paris.

__ Tudo bem - ela arfou. - Vou com você, mas juro que se alguma coisa acontecer comigo, vou te dar um soco.

__ Pode me bater agora, a probabilidade de alguma coisa acontecer é mais alta do que você imagina.

*

De volta aos aposentos, a legista ainda não acreditava na proposta que aceitara. Ir para a França, largar tudo e todos para correr e ajudar o detetive do chapéu engraçado. Ela não sabia bem o verdadeiro motivo pelo qual se recusara de início - só parecia muito errado fazê-lo, o tipo de coisa que daria muito errado. "Se uma coisa pode dar errado, ela vai dar errado, Molly, se lembre disso" sua mãe costumava dizer.

__ Quando vamos? - a jovem surgiu na porta do quarto de hóspedes. Estava aberto, então achou que não haveria problemas simplesmente entrar. Dessa vez, pensou certo. Sherlock tentava se acomodar na cama dura, virando de um lado para o outro, trocando de posição a cada dois minutos e balançando os cachos de um lado para o outro (deixando-o desarrumado de uma maneira sensual). Vestia algo diferente do casaco e terno, substituídos por uma calça larga e uma camiseta.

__ Hum... Em breve - ele mentiu.

__ Eu sei que está mentindo. Quando vamos?

__ O avião sai ás oito horas da manhã do dia... - fez as contas - ... Vinte de Março.

__ Depois de amanhã! Porque não me disse antes?!

__ Você não queria ir, antes - ele respondeu, mudando de posição. Jogou os pés para o lado da cabeceira, ficando de ponta cabeça na cama. - Porque está tão preocupada agora?

__ Porque preciso arrumar as malas! E o senhor também, senhor William Scott - ela riu. "Se bem que nunca o vi com uma roupa que não seja o casaco, o terno e aquela blusa roxa".

Ele bufou. Odiava aquele nome. Lembrava os velhos tempos.

__ Bom, boa noite. Te vejo amanhã.

Pôs os pés no quarto. Ouviu a voz grave saindo do outro quarto.

__ Não posso ir dormir ai com você?

__ Boa noite, Sherlock.

Fechou a porta, sentando-se na cama. Notou que ele arrombara a porta. E remexera no seu guarda-roupa. E olhara seu caderno de desenho. Mas será que aquilo realmente importava? Quero dizer, ele já sabia de tudo; sabia o que ela sentia, sabia o que ela esperava dele. Valia a pena continuar tentando esconder?

Deitou, já com as luzes apagadas. Admirou o branco-azulado do teto por alguns minutos, tentando lembrar-se de algo que pudesse fazê-la dormir. Passou um bom tempo assim, vagando pelos próprios pensamentos, pois ouviu alguns minutos do ronco alto do detetive. “Não sabia que ele roncava, essa é novidade”.

Sua mente voltou ao assunto da viagem. Deuses, ela aceitou participar dessa loucura! Era absurdo a ideia de que ela, uma simples legista de um hospital centenário, pudesse – algum dia – ser útil para o Governo. Estava cheia de perguntas. Onde ficariam? Para que estava indo? O que deveria fazer para ajudar? Teria que aprender francês? Lembrava-se de algumas coisas das aulas de francês na escola, mas muito pouco, nada que pudesse usar para mostrar fluência.

O sangue estava fervendo de nervoso. Alguma coisa, talvez sua consciência, lhe dizia que aquilo traria problemas.

*

O dia seguinte passou num piscar de olhos. Mal viu a hora passar, e assim que Molly realmente notou, estava diante de uma mala aberta, procurando roupas quentes para o frio francês. Os perfumes, a escova de cabelo e outros acessórios estavam espalhados pela cama, prontos para serem inseridos em uma necessáire preta, escondida na prateleira mais alta do guarda-roupa.

Sherlock, encostado à cabeceira da cama, observava-a atentamente, seguindo seus movimentos com os olhos. Chegava a ser assustador – ele parecia uma estátua, as pernas esticadas sobre o colchão, somente com os olhos se movendo para um lado e para o outro.

Molly começou a organizar as roupas na mala. Primeiro, os sapatos, depois os montes de blusas, as calças, os casacos leves e pesados. Era grande o suficiente para caber roupas para um mês, sem que o viajante precisasse repetir os looks. Terminou a quarta montanha de calças, colocou-as com certo esforço na bagagem e tentou fechar a mala.

Tentou.

Estava tão entulhada que os zíperes mal se tocavam. Usou da pouca força bruta que tinha, puxando as duas bordas. Sem sucesso. Por fim, rendeu-se e sentou sobre a mala fechada, puxando o zíper devagar. Só depois de cinco minutos o trabalho estava pronto. Sorriu, vitoriosa.

__ Agora só faltam as coisas da nécessaire.

O Holmes mais novo divertia-se com a cena. Falhou em conter o sorriso pequeno quando ela finalmente sucumbiu, sentando na mala para fechá-la. Era óbvio que ele não iria ajuda-la, ou sua diversão sumiria.

__ Você podia ajudar, não é? – ela perguntou, puxando a bagagem maior e ouvindo o barulho do peso batendo as rodinhas no chão. A cena era hilária.

__ Não, estou bem – ele respondeu, junto a uma risada abafada.

Molly bufou. Puxou as melenas ruivas em um rabo alto. O calor dos movimentos evidenciava-se cada vez mais.

Arrumar a valise preta foi mais fácil, somente teve o trabalho de escolher o que colocar nela. Fechou o zíper e colocou-a ao lado da mala, na porta do quarto. Finalmente, com tudo pronto, sentou-se no colchão, cruzando as pernas como um índio de frente para o hóspede.

__ Então... Pode me contar alguma coisa sobre o que vamos fazer lá?

__ Ainda não sei de nada. Mas tenho suspeitas – ele uniu as pontas dos dedos de modo simétrico, selando os próprios lábios com o anelar.

__ Mycroft não quis dizer nada?

__ Não – seus olhos comparavam-se aos de um falcão, semicerrados, determinados e fixos em uma presa. – Mas disse que você será perfeita para o trabalho.

“Duvido”. Molly juntou-se ao moreno, sentando-se ao lado dele. Seus sentidos captaram o cheiro do perfume do detetive, e seu coração deu vários pulinhos no peito. Era involuntário – a própria menção ao nome de Sherlock Holmes parecia um gatilho, fazendo seu coração resolver pular corda com seu estômago. O cheiro, o cabelo, os olhos, o corpo. Tudo nele a deixava maluca.

__ Vem cá.

Ela custou a crer no que aconteceu a seguir. Holmes, por livre e espontânea vontade, puxou Molly para perto de si, fazendo-a deitar a cabeça em seu ombro, envolvendo a cintura da jovem. O corpo de Molly esquentou, suas mãos começaram a suar, e o coração acelerara os pulos.

Porque ele tinha que fazer isso com ela? Ele parecia gostar de vê-la nervosa, tentando parecer indiferente enquanto seu corpo dizia o contrário. Molly olhou para seu rosto exatamente no momento em que ele fez o mesmo. Seus olhos verde-esmeralda iam tão profundo que chegavam a sua alma, tocando os mais profundos sentimentos, que ela tentava tanto esconder. Devagar, as cabeças foram se aproximando, até que as pontas dos narizes se tocassem. De ambas as partes, a vontade louca de um beijo surgia.

Mas não foi bem isso que aconteceu.

Quando estavam a ponto dos lábios se encostarem, Sherlock soltou o corpo de Molly, levantando e se afastando. Os olhos dela arregalaram, tentando voltar a realidade. Queria dizer alguma coisa, mas sabia que, se abrisse a boca, as lágrimas cairiam junto. Engoliu em seco, enquanto observou a imagem, embaçada pela água dos olhos, do moreno de olhos verdes sumir e fechar a porta do quarto.

Sozinha, chorou em silêncio.


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Notas finais do capítulo

E ai? Já podem me matar por fazer a Molls chorar :p Decidi dar uma desenvolvida maior nos dois, mas para não ficar muito cansativa a leitura, vou dividi-lo em duas partes. Até mais, meus lindos