Isso não tem nada Cancerígeno! escrita por Docinho Malvado


Capítulo 6
Fumando, Embebedando e... Beijando? EEEEITA!




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Passamos o resto daquela tarde só batendo papo e combinamos que Charlie iria dormir na minha casa naquela noite.

Na hora que saímos da casa dela, ela só gritou para mãe que iria ir passar a noite na minha casa e a mãe dela (é claro) não deu à mínima.

Ela foi dirigindo.

–---------

– Pai, chegamos! – Eu anunciei assim que entrei em casa.

– Oi, filha... NOSSA! – Ele exclamou assim que viu o meu cabelo. – O que você fez no seu cabelo?

– Pintei, ué! – Eu respondi como se fosse à coisa mais natural desse mundo.

– De azul? – Ele perguntou perplexo.

–É! – Eu disse ainda como se fosse à coisa mais natural do mundo. –Não gostou? – Eu perguntei provocando.

– Claro... Quer dizer... Com o tempo acho que me acostumo! – Ele disse receoso.

– Sr. Von’ Holle, tudo bem se eu passar a noite aqui? – Perguntou Charlie mudando de assunto.

– Claro, querida, você já é de casa! – Respondeu meu pai sorrindo caloroso para Charlie.

Meu pai adorava Charlie, pois ela me fazia feliz... E meu pai adorava qualquer coisa que me fizesse feliz.

– Você viu a cara que ele fez quando viu meu cabelo? – Eu falei rindo deitada na minha cama. Charlie estava encostada na cabeceira.

– Vi sim! – Ela disse rindo também. – Foi hilário!

– Hey, você trouce nossas paradinhas que compramos no mercado hoje cedo? – Eu perguntei apreensiva. Estava ansiosa.

– Trouxe sim! – Charlie respondeu toda empolgada.

– E que horas a gente vai...? – Nem precisei terminar de falar para ela sacar tudo.

– Quando seus pais dormirem. É claro! – Ela disse como se fosse óbvio. – Não podemos correr o risco de sermos pegas!

– Você tem razão. – Eu concordei com ela. – Você já fez isso antes? – Perguntei curiosa.

– Porque quer saber? – Ela perguntou sorrindo maliciosamente.

– Porque sim, ué. São os segredos que tornam as melhores amigas tão intimas! – Eu disse.

– Tá. Você me convenceu, eu conto! – Ela disse com um sorrisinho perverso no rosto.

– Tá bom. Diz logo! – Eu disse impaciente.

– Já sim! – Ela disse.

– E...? – Eu disse querendo saber os detalhes.

– Eu estava namorando um garoto do terceiro grau no último verão, nada sério, só uma aventura. Ela era um rebelde louco de pedra. Fumei pela primeira vez com ele.

– E bêbada? Você já ficou? – Eu perguntei não conseguindo conter a curiosidade.

– Sim... Quando eu tinha treze anos roubei uma garrafa de vinho da minha mãe escondido!

– E como é?

– Muito louco. Fumar é fantástico... Não pelo gosto, até porque o gosto é horrível, mas sim pela sensação que dá. Eu me senti aquecida e tão... Livre! – Ela disse entrando em devaneios.

– Nossa... – Eu comentei também entrando em devaneios.

– Você não acha isso meio hipócrita? – Ela perguntou depois de uns minutos de silêncio.

– Isso o que? – Eu estava confusa pela pergunta que me pegou de surpresa.

– Esse lance de fumar... Quer dizer, sei lá, você está morrendo de câncer e eu fumando câncer de pulmão. – Ela disse receosa. – Me parece meio ofensivo.

– Não estou ofendida.

– Mas eu sim... Sinto que é errado eu fazer isso com você. – Ela disse de cabeça baixa.

– Olha, eu já vou morrer mesmo e um só cigarrinho não vai matar você de câncer no pulmão! – Eu disse a abraçando de lada com um braço.

– É, você tem razão... Eu acho. – Ela disse receosa.

Charlie não era do tipo de pessoa que “achava”. Ela era do tipo que sempre tinha certeza de tudo. Do tipo que topava algumas coisas sem pensar duas vezes.

– Não precisa “achar”. Ou você está dentro ou não está! – Eu disse sorrindo travessa para ela.

“Ou você está dentro ou não está”. Com essa frase eu sempre conseguia a fazer topar tudo.

– Tudo bem. Eu estou sempre dentro e você sabe disso, sua danada! – Ela disse rindo.

– Então tudo bem? – Eu perguntei só para ter certeza e colocar um fim naquela história toda.

– Tudo sim! – Ela respondeu sorrindo e então eu soube que realmente estava tudo bem.

– Então pode ir pegando as coisinhas! – Eu disse maliciosa.

– Ainda não é cedo? – Ela perguntou um pouco preocupada olhando para o relógio de maçã azul que ficava na minha parede.

– Claro que não. Já são dez horas da noite! – Eu disse apontando para o “relógio maçã azul”. – Meu pai dorme cedo, provavelmente já deve estar no quarto, enrolado até o nariz.

– E a sua mãe? – Ela perguntou.

– Às vezes ela não dorme em casa. Acho que deve estar transando com alguém do escritório dela. E agora ela dorme no quarto de hospedes que fica do outro lado do corredor, bem longe do meu quarto, então mesmo que essa noite ela durma aqui, ela não vai suspeitar de nada!

– Tudo bem então, se você diz! – Ela falou ainda receosa. – Mas por precaução é melhor falarmos baixinho!

Charlie sempre é assim. “Precaução” é a palavra chave do dicionário dela!

Ela pegou primeiro os cigarros, pois disse que eu gostaria de fumar sóbria para me lembrar bem da sensação depois.

Abrimos bem a janela do meu quarto para o cheiro sair antes do amanhecer, pois segundo Charlie, o cheiro era a pior parte da experiência.

Eu desci até a cozinha nas pontas dos dedos para pegar a caixa de fósforos. Nota mental: Lembrar-se de comprar um isqueiro da próxima vez.

Charlie acendeu primeiro o dela, para eu ver como se vazia, e depois eu acendi o meu, imitando os movimentos dela.

Na primeira tragada eu tossi, na segunda eu me engasguei com a fumaça, só na quarta tragada eu peguei mais ou menos o jeito.

Eu tinha que admitir, Charlie ficava sensual fumando. Eu queria saber se eu também ficava.

Nós duas nos olhamos e começamos a rir igual retardadas. Perguntei-me se era por causa do cigarro ou se nós éramos realmente retardadas. Acho que um pouco dos dois.

Charlie tinha razão sobre a sensação que dava e sobre a pior parte ser o cheiro. A sensação era realmente de liberdade, misturado com calor, misturado com excitação. Sabe aquela sensação de adrenalina que acontece quando alguém te pega aprontando alguma? Então, era basicamente algo assim que eu sentia. Como se minha mãe fosse entrar mesmo com a porta trancada, como se meu pai fosse aparecer no quintal na frente da minha janela mesmo estando dormindo, como se eu fosse morrer mesmo ainda tendo seis meses de vida. Somente a sensação era prazerosa... Pois o cheiro me deixava enjoada, o gosto me deixava com nojo e a fumaça ardia os meus olhos.

Depois dessa amostra solene de metáforas com o cigarro pegamos as garrafas. Combinamos que cada uma iria beber uma e torcemos para ser o suficiente para ficarmos bêbadas.

Tivemos um pouco de dificuldade para abrir, e, quando conseguimos, o cheiro era tão forte que me deixou até tonta. Imaginem só o cheiro de Vodca misturado com cigarros recém-apagados.

Nós demos o primeiro gole juntas, no gargalo mesmo, pois fiquei com preguiça de pegar copos lá embaixo. O gosto já era horrível e ainda misturado com o gosto de cigarro na minha boca não ajudava nada a amenizar. Charlie também vez uma tremenda careta com o liquido quente e incolor.

Nada naquilo era agradável, eu estava bebendo a força, somente para ficar bêbada mesmo. Torcia pela sensação de estar bêbado valer a pena. O liquido transparente me queimava a garganta de um jeito terrível, o gosto era horripilante e o cheiro conseguia ser o pior de tudo.

Conforme íamos bebendo, o gosto ia ficando bom, ou melhor, o gosto ia ficando “menos ruim” e nós duas íamos ficando mais alegres e sorridentes.

Eu não precisei de uma garrafa inteira para ficar bêbada. Quando passou um pouco da metade eu já estava muito louca. Se eu bebesse até o fim, provavelmente entraria num coma alcoólico ou coisa parecida.

Charlie bebeu até a metade, mas não estava completamente bêbada. Estava mais sóbria do que eu. Ela fechou as duas garrafas e as guardou em sua bolça.

Uma descoberta: Eu era fraca com bebida. Charlie nem tanto.

Minha visão estava turva, eu estava enjoada, com dor de cabeça e o caralho a quatro. Mas apesar disso eu estava contente de um jeito que só a bebida poderia me deixar. De um jeito que eu não ficava há muito tempo.

Não sei por que, mas eu comecei a ficar com desejo sexual, tipo, do nada, eu estava disposta a transar com qualquer um sem problemas.

– Charlie, vamos sair transando por aí? – Eu disse enrolado e ela riu.

– Tá doidona, é? – Ela perguntou rindo muito.

– Acho que to muito louca! – Eu disse não conseguindo nem ficar de pé.

– Acho que estamos mesmo. – Ela disse ainda rindo.

Não sei o que aconteceu comigo, mas de repente eu senti uma vontade imensa de beija-la. Não sei se por causa da bebida ou porque eu quis mesmo, mas senti uma vontade imensa de beijar-lhe os lábios. E beijei.


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Notas finais do capítulo

Postei esse capítulo só por causa dos favoritos que recebi e fiquei muito contente com eles. Sem comentários não me sinto motivada a escrever.
PSS: Apenas um pequeno Yuri, pois, lembrando, que a nossa protagonista quer experimentar TUDO antes de morrer! *isso inclui beijar alguém do mesmo sexo? ‘-‘
*Comentem! ;)
XoXo



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