Together escrita por Max


Capítulo 5
Capítulo 5 - O céu tem gosto de tacos


Notas iniciais do capítulo

Oi meus bens, como vão?
[Leiam as notas finais]



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/485381/chapter/5

O vento fazia os cabelos pretos dela voarem, ele a observava pelo canto do olho algumas vezes.O sinal fechou. Ele tirou as mãos do volante e tamborilou uma melodia.

Ela se segurou pra não mostrar que gostava da música, então se virou pra janela e colocou a mão em frente a boca. Mas, mais cedo Henri havia pedido para ela ser simpática. E agora o garoto que ela odiava, estava ao seu lado, tinha sorrido pra ela. E a feito sorrir.

– Você tem quantos anos?– ela soltou como um sussurro, tinha travado uma briga interna entre razão e vontade.

– O bastante pra cuidar da minha vida. - respondeu seco.

– E mora com a sua mãe?

Ele soltou um meio sorriso pra afronta da menina.

– Tenho dezoito.

– Sério? Você é velho.

Ele olhou pro lado, os olhos se encontraram. Pra ser bem sincero, ele não queria se irritar com ela, nem tinha como, a garota que achava que ele a odiava era uma das poucas pessoas que ele aceitava - e queria estar perto. Não ameaçava e nem questionava seus pontos de vista, pessoas que faziam o contrário o deixavam nervoso.

Perto dela ele estremecia de um jeito bom e bastante novo. E ele a achava bonita e atraente, os cabelos negros em contraste com os olhos azuis e a pele pálida a faziam ficar ainda mais linda. Ela tinha uma cintura fina, pernas grossas e uma 'comissão de frente nota 10' - era assim que os meninos a chamavam.

Ele ficava meio magoado quando chegava por perto e ela revirava os olhos. E mais ainda por ela ter achado que o enjoava, muito pelo contrário. O problema foi o braço dele em cima do papel, fez a palavra 'confess' (confessar) parecer 'sickens' (enjoa).

Por cima dos ombros e da música do rádio, ele perguntou. - E você?

– Dezessete.

Ele riu.

– Você é meio boba.

Ele a viu morder os lábios para reprimir um sorriso que brotou devagar.

– Você pensa em fazer faculdade?

Ele franziu a testa. - Claro que não, vou comprar um trailer e viajar por aí.

O sinal abriu.

Ela tentou distinguir se ele falava sério ou estava querendo zoar com ela. Então ele sorriu, mostrando todos os dentes e as covinhas nas duas bochechas. Mas ele sorriu pela expressão que ela havia formado no rosto, era uma mistura de preocupação e medo.

– É brincadeira. - ele gargalhou. - Quero tentar psicologia.

Ele reparou ela se ajeitando no banco enquanto seu corpo inteiro relaxava.

– Que bom que você não lê mentes, não ía querer saber o que eu pensei de vocês nos últimos segundos.

Eles sorriram.

– E você? O que pretende fazer?

Ele a avaliou de cima a baixo, ela ficou encabulada.

– Riria se eu dissesse estar confusa entre turismo e engenharia?

– Posso dizer que 'não na sua frente'?

– Não. - agora ela tinha ficado brava. E ela ficava linda assim, era o que ele achava.

– Tudo bem, então vamos começar a treinar turismo, onde recomenda que a gente coma?

Ela lhe mostrou o sorriso enorme.

– Você come tacos?

– Tacos? Mexicanos?

– Não. - ela riu. - De beisebol. É claro que são mexicanos.

– Nunca comi tacos.

– Sério? Tem um restaurante ótimo perto dos pubs, é muito bom.

– Eu espero que seja. - ele resmungou e pegou o retorno.

– Está com raiva de mim?

Ele sorriu. - Esquece. Como são tacos?

– É diferente de tudo que você já comeu. É como comer um pedaço do céu.

Ele olhou um pouco pro lado, não olhou nos olhos dela, mas senti o arrependimento irradiando dela por ter dito aquilo.

– Sempre te achei estranha. - foi quase um desabafo.

– É mesmo?

– Uh! Desculpe, péssima hora.

– É, foi sim, Senhor Chapinha.

Como sabe que eu uso chapinha?

– Nós estudamos juntos a anos, o seu cabelo ondulado.

– Quem é você pra falar de estilo? Você usa camisa jeans e calça de couro.

– Qual o problema?

– É engraçado.

– Engraçado?

– Você tem pernas grandes e grossas, chama atenção demais. Alguém já te falou isso?

– Retire o que disse.

– É claro que não, é verdade.

Ela colocou os fones, ele podia ouvir a música da distancia em que estava.

Eles sentaram em lados opostos da mesa. Pediram os tacos e depois ficaram em silêncio, ele sentiu falta da voz dela. Mas não quis puxar assunto, ela realmente estava brava.

– Você vai me ignorar o jantar inteiro? - se rendeu.

– É o que pretendo.

– Bom, acaba de arruinar seu plano. E, não queria ser chato, mas nós somos como um casal neste lugar, neste momento. Vê as mesas? - ele a fez olhar por todo restaurante. - Casais, e você está sendo uma namorada-falsa muito ruim.

– Não sou sua namorada-falsa. - ele sorriu, tinha brincado com as palavras e ela praticamente acabara de dizer que era sua namorada. – Certo. - ela abaixou o menu que estava entre eles na mesa.

– Está bonita.

Ela ficou com as bochechas vermelhas.

– Por que diz isso?

– Porque todos estão olhando pra você.

– Estou chamando atenção, não percebeu? - ela colocou o pé em cima da cadeira ao lado da dele. - São minhas calças pretas de couro.

Ele riu.

– Maluquinha. - fez algumas voltas no ar com o dedo perto da orelha.

– Você é chato.

– Por que não gosta de mim?

– Quer mesmo saber? - ela se inclinou em cima da mesa. - Não, você ainda não quer saber.

– Quer conversar sobre o que?

– Não quero conversar com você, isso é só porque estou fazendo meu papel.

Ele concordou com a cabeça. - Além de engenharia e turismo, já pensou em fazer teatro?

– Já pensei até em ser gari.

Ele gargalhou.

– Para, Pedro! Para! - ela tentou pegar as mãos dele enquanto ele batia palmas de tanto rir.

– Você é hilária. - disse quando ela finalmente segurou suas mãos. - Devia ser comediante.

– Estão todos olhando pra nós, e você ri engraçado. Como uma foca. - ela o imitou rapidamente.

– É, você é maluca.

E você é mais ainda, está conversando com uma maluca.

Uma mulher passou vendendo rosas pelas mesas. Ele comprou uma pra ela, quando a estendeu pode sentir ela se encolhendo de tanta vergonha. Podia até ouvir alguns suspiros altos das mesas vizinhas.

– Esqueci de agradecer pelo B+.

Tem gente da escola aqui, sabia? - ela pôs os dedos envolta da haste da flor.

– Posso até te pedir em casamento e ninguém vai saber que é de mentira.

– Me contento só com a flor. - ela encaixou a rosa na abertura da bolsa. - E aí? Está gostando de comer tacos?

– É como você prometeu.

Eles ergueram os tacos e brindaram. Riram de tamanha idiotice. Comer tacos era bom, mas com ela ali era como comer um pedaço do céu. Ele pensou em com quem ela estava quando ela pensava ter comido um pedaço do céu. E se pegou sentindo ciúmes dela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ei! Eu queria esclarecer uma coisa, meu nome é Marcella, pra quem não sabe. Mas no tumblr, todos me chamam de Wane (porque é o meu segundo nome). Então, sim, eu e Wane somos a mesma pessoa. Não está havendo plágio, EU estou postando nos dois sites.
Só isso, mas obrigado por se preocuparem. Curtam a história.