Together escrita por Max


Capítulo 4
Capítulo 4 - My milkshake brings all the boys to the yard


Notas iniciais do capítulo

Hey! E aí? Como vai?



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Ela cruzou a cozinha na minha direção, seus cabelos agora presos, deixavam algumas mechas caindo até metade do pescoço.

– O que está comendo?

Fiz um milkshake, não se importa, não é?

Ela negou. Eu estava faminta, e parecia uma daquelas crianças quando ganham algum presente por serem obedientes.

Minhas pernas estavam cruzadas, sentada de lado em uma das banquetas conjuntas à mesa compacta.

Lambi a colher lambuzada de cobertura de chocolate, eu já estava desejando o milkshake desde que ela me ofereceu algo pra comer. E agora ele estava na minha frente.

– O que achou do seu quarto?

– Eu amei, é perfeito. - respondi. E era mesmo, uma das paredes era coberta de nichos marrons, enfeitados de todos os tipos de coisas fofas, uma TV no meio e uma janela enorme coberta por uma cortina que devia ser pesada. Na lado adjacente, cama de casal - encaixada perfeitamente entre duas paredes, coberta por um edredom rosa pink e toda cheia de almofadas. Uma porta de correr, no mesmo lado, era onde estava o meu closet-banheiro.

Também tinha um sofá herval rosa que ficavam de frente para a TV. Do lado onde ficava a porta de entrada, podia se ver um móvel planejado onde estava um espaço de notebook e um mural de recados na parede.

– A varanda, já viu?

– Não vi uma varanda.

Ela riu, eu não entendi porquê.

– Abriu as cortinas?

– Ainda não. - sorri, não tinha pensado nisso ainda.

Ouvimos a porta da sala batendo.

– Voltei! - Pedro anunciou.

– Tão rápido? - Babi se levantou e beijou seu rosto.

– Ele estava ocupado.

– Ocupado?

– Você entendeu, não entendeu? - ele se virou para o Henrique, os dois sorriram. Parecia uma daquelas piadas internas. – Milkshake? - ele se virou pra mim, as mãos apoiadas na mesa, se inclinou mais um pouco e eu tomei ar discreta e silenciosamente. - Com colher?

– É que ainda tem cobertura.

Meu telefone tocou. Peguei-o do bolso, coloquei na orelha na mesma hora que Pedro se virou pra pegar uma colher no lava-louças.

– Não ía me ligar? - a voz do outro lado me fez sorrir.

– Eu ía, não podia esperar só mais alguns minutos?

– Anna, você sabe que não.

– É que agora eu tô na cozinha, com todo mundo.

Ela suspirou. - Vai me ligar depois?

– Palavra de escoteira.

Desliguei.

– Bruna? - Papai perguntou logo.

– Ela quer um relatório completo de como é aqui, sabe, se ela pode vir bisbilhotar. - brinquei.

– Ah, diz que ela pode! - a risada da Babi complementou.

– Não faria isso. - avisei. - Ela vai ser sua nova inquilina se fizer isso.

Pedro se virou e deu uma colherada no meu milkshake, tirando parte da cobertura.

Ei!– Babi o repreendeu batendo em sua mão. Papai e Rick já saíam da cozinha, caminhavam na direção da minibiblioteca que eu me apaixonei desde que cheguei.

Ela não se importa. - ele colocou a colher na boca, seus olhos com cílios enormes piscaram lentamente pra mim. OMG! - Não é?

Sabe aqueles cinco segundos que ninguém diz nada, e você percebe que tá com uma cara de retardada? E quer dar em si mesma por isso. Então, esse eram um daqueles cinco segundos.

– Não. - sorri.

Ela saiu da cozinha, agora só restava nós dois ali, e aquilo me deixava nervosa. Por que? Eu não sei. Atrás dele, dois olhos verdes e redondos como bolas de gude me hipnotizaram.

– Oi. - me debrucei na mesa.

A menina veio na minha direção, mas estendeu os braços ao Pedro, que a carregou.

– Quem é? - seus dedinhos miúdos apontaram pra mim.

– Anna Júlia, ela vai morar aqui com a gente, não é legal? Uma irmã mais velha?

– Namorada sua? - a pergunta o fez rir e eu corei violentamente.

Ele negou com a cabeça, lançou um olhar pra ela, que logo inflou o peito e estendeu a mão pra mim.

– Beatriz. - eu sacudi sua mão.

– Anna. Então a casa rosa é sua, eu amei a casa.

– Ela é uma Barbie? - perguntou.

Ele sorriu, cochichou algo no ouvido dela.

– Você tem quantos anos? - perguntei, não querendo ficar de fora.

– Cinco.

– Cinco? É o meu número preferido.

– Por quê? - foi a vez d'ele perguntar.

– É difícil de esquecer e cabe em uma mão. - mostrei espalmando a mão.

Eles sorriram. - Foi um bom argumento.

– E o seu?

– O que? Número favorito? Acho que eu não tenho.

– Todo mundo tem um número favorito.

– Acho que gosto do dez.

– Tem certeza?

– É, acho que sim.

– Por que?

– Algo ligado à perfeição.

Fingi pensar um pouco, balancei a cabeça de uma lado pro outro devagar. – Foi um bom argumento. - o imitei.

– Você é maluca.

– Não ía dizer que eu enjoo?

Levei a mão a barriga, estava envergonhada por ela ter roncado. Peguei uma colher grande de sorvete dessa vez e enfiei na boca enquanto ía atrás do papai.

– Henri, não se preocupe com isso... - Rick dizia ao meu pai. - Não estão nos incomodando, além do mais, sua filha é uma ótima menina.

– Pai. - interrompi abrindo a porta.

– Sim, querida. - sorriu pra mim.

Deixei-o sem resposta por um tempo, o cômodo era pequeno, mas era lindo, nos dois lado opostos da parede, esquerdo e direito, eram cobertos até o teto por livros em prateleira. Na parede de frente pra porta, uma chapa de vidro mostrava a mangueira no lado de fora, por esse ângulo a casinha era quase imperceptível.

– Estou com fome. - disse por fim. - E tô saindo.

– Não saia sozinha, por que não pede pro Pedro te levar? – Rick agora tentava me analisar, será que ele podia perceber que eu não gostava do filho dele? Será que ele queria que isso mudasse? Bem, era uma atitude certa, íamos dividir o mesmo teto.

– Eu peço. - papai passou por mim.

Queria realmente não ter que passar por aquilo. Rick me chamou chacoalhando a mão. Fui até ele, que me entendeu a mão aberta com uma chave prateada.

– Quando você chegou, vi você olhando pra cá.

Eu sorri, estava tão feliz, eu ía poder devorar aquela biblioteca inteira. Pedro apareceu algum tempo depois, me deu o resto do milkshake, ainda estava pela metade.

– Só tente não sujar o carro, ta bom?

– Duvido que seja você que limpa.

– É eu que lavo, acho que isso é parte da limpeza.

Eu sei que as vezes eu soo com ar de pervertida. Me dei conta que estava mordendo os lábios o imaginando lavar o carro. Como naquelas cenas onde a pessoa gata tá totalmente molhada e...

– Anna. - ele me chamou. - Vai ficar parada? - ele voltou e me empurrou pra fora da sala.

Ele me levou pro carro com uma de suas mãos em meu ombro. Eu sabia que ele tinha um carro, mas nunca pensei que ía entrar naquele carro.

– Vai me matar?

– Pensei nisso. - sorriu.

– É sempre bom saber. - ironizei. Suas mãos vieram na minha direção, fiquei parada, meu ar de assustada o fez rir.

– Calma. - sussurrou. Os dedos deslizaram na minha nuca levemente e puxaram o cinto de segurança.

– Vai me proteger, pra depois me matar? Você é patético. - fiz ar de ofendida, mas saiu mais como uma masoquista.

– O que você fez pra minha mãe?

– O que? - me virei totalmente para encará-lo.

– Ela não sabe fazer milkshake, e tava gostoso.

Eu ri, sou meio besta, mas foi engraçado vê-lo falando 'gostoso'. E também lembrei de uma música. Procurei na minha playlist e dei play.

Ele riu quando entendeu a piada.

"I can teach you,

Eu posso te ensinar,

But I have to charge.

Mas vou ter que cobrar."


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