Together escrita por Max


Capítulo 38
Capítulo 38 - Eu não vou deixar você ir


Notas iniciais do capítulo

Oiê, vou acabar hoje com um dos maiores secret's da históriaa.
Então se prepara Bê, vai mexer com o seu coração, mente, corpo e alma hahaha



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Boletim de Ocorrência

Dia descrito como 'Dia da formatura'

Processo: parte 6

Número de testemunhas: (indisponível)

Já fazem mais de dez minutos que minha mãe sstá me alugando no telefone e eu já não aguento mais ouvi-la dizer

[Flashback on]

Uma semana atrás.

Encolho os ombros e suspiro quando quebro o nosso silêncio.

– Mãe, você sabe que o papai ainda te acha bonita.

Ela sorri. - Eu sou, amor! Digo mais, sou glamurosa.

– Será que você pode levar a sério?

Ela se ajeitou na cadeira. - Já disse, seu pai é um gato. Um gato mais uma gata é igual a uma gatona, você.

– Ah, golpe baixo. - ri.

Ela me acomopanha. Sacode a colherinha de madeira pra mim. - Olha amor, Karen mais Henri já não dá mais. Chegamos a um resultado, parte dele positivo e outro negativo.

– Ele vai seguir em frente?

– Meu bem, o Henri é inteligente, tem uma carreira incrivel e próspera. Pode cuidar muito melhor de você, pode achar alguém especial. Ele é capaz disso.

Cheia de manha, eu digo. - Mamãe.

– Não vem com essa de 'mamãe', escute, querida, eu e Richard estamos nos esforçando pra dar certo, uma nova família.

– Torço por vocês, e papai também. - confesso.

– Eu amo o seu pai, mas derrepente tudo que eu senti no começo virou uma amizade.

Coloco uma das mãos sobre o colo. - Ele ainda está magoado.

– Eu sei que está, eu também estou.

Fico inquieta, desconfortável. - Por que pediu a casa?

– Eu não pedi.

– Ele mentiu, então?

– Não, é que... Quando eu o chamei pra conversar, eu expus meus pontos de vista e o quanto ele podia te dar uma educação melhor do que eu.

– E ele te ofereceu a casa?

Eu sabia a resposta. - É, mas se ele dissesse ía ferir o orgulho.

– E por que ele ainda deixou você falar comigo?

– Nós resolvemos que seria melhor seguirmos o mesmo caminho em lados opostos da rua.

– E onde eu estou nessa sua perpectiva?

– No centro, entre nós.

– Me desculpe. - eu comecei a chorar.

– Acredite, você e o meu casamento não foram nem de longe as piores coisas da minha vida, foram as melhores.

– Melhores?

– Se eu sou a Doutora Karen Romano, é porque eu sou também mãe da Anna e ex-esposa de Henri. Devo tudo a

vocês.

– Nós devemos muito a você também.

– Não vai comer seu sundae?

Apontou pro copo com a colher.

– Claro.

[Flashback off]

– Tchau, meu amor. Te vejo daqui a pouco.

Desligo.

Hoje é sábado.

Um dia especial.

Me olho no espelho, o vestido que escolhi é branco gelo, tecido confortável e elegante.

Exibe um decote nas costas de renda aplicada, há uma fenda na perna direita que parte da metade da coxa para baixo.

Já é quase hora de ir e eu faço meus últimos ajustes.

Meus cabelos caem até abaixo da metade das costas em cachos que parecem mais com ondas de praia.

Eu ainda os escovo das pontas para a raiz quando Abbi entra no quarto.

Ela sorri, traz consigo uma maleta.

– Você está linda.

Eu sorrio. - Obrigada.

E ela também está, tem um vestido acima do joelho que é rodado e colorido com manchas de vários tons de azul e rosa.

– O que tem nessa maletinha?

Suas bochechas se avermelham e ela coloca na minha penteadeira. - Posso arrumar o seu cabelo?

É claro.

Estendo a escova pra ela, é um sim.

Ela pega meus cabelos com delicadeza, pentea-os com os dedos.

Me concentro em mim mesma.

[Flashback on]

– Reconhece?

Balanço a cabeça, eu quero chorar.

É o mesmo colar de prata que eu via naquele pescoço. O mesmo pingente de um brasão redondo com fotografias dentro.

– De quem é?

Lembro-me de alguns anos atrás, meses também.

Quando eu entrava pela porta e o cheiro de chocolate me levava mais anos atrás.

E naquele momento eu entendo, se eu a ver, e ela tentar me machucar, eu tenho que matá-la.

Tiro a arma e o coldre da cintura.

Estendo-os para Ian.

– Não posso fazer isso.

Ele toma da minha mão.

– Anna, de quem é a porra do colar?

Enfio as duas mãos no cabelo, quero puxá-los pela raiz de tanta... O que eu estou sentindo? Raiva? Tristeza? Estou confusa? Sim, é só o que eu tenho estado nos últimos meses.

Mas agora a resposta pode estar estampada e gritando na minha cara.

Respiro fundo e solto o ar com as palavras. - A dona já morreu.

Todos param por um segundo, Brad estende a mão. - Você a conhecia?

– Se eu a conhecia? Por Deus, Ian. - me viro para ele. - Você já foi me buscar tantas vezes naquela casa.

– Não entendo.

Estendo o saco para ele.

Ian o pega e analisa.

Cada segundo sem que ele veja é como se minha garganta se fechasse cada vez mais.

O mando abrir, estou com pressa.

Pacientemente ele desliza o fecho e derrama como água o colar em sua mão. Destrava e o pingente se abre em sua mão.

Os olhos revelam o descompasso que ele sente.

Seu queixo cai.

Ele alterna olhar para mim, a peça e o céu.

Agora sei que não sou a única, o ar entra em meus pulmões.

Pedro estica o pescoço por cima dos ombros de Ian.

– Jesus Cristo! - Pedro sussurra tão baixo que é uma prece.

Eu não quero falar, mas quero que alguém me diga que aquelas fotos não são fotos que eu estou pensando.

Ela e o pai.

– Elizabeth.

Suspiro. Ouvir de alguém que não sou eu me desespera.

– A mãe da Bruna? - Pedro.

Digo que sim.

– Atacados por um fantasma? Quem nós somos?

Ian se vira nos calcanhares para olhar para Calton, em tom cômico e rude ele responde. - Ghostbusters.

Interrompo.

– A garota não tira aquilo por nada nesse mundo, ou roubaram pra me deixar confusa ou minha melhor amiga é desequilibrada.

Ela ou não, Brad já está passando o rádio. Por hora Bruna é uma suspeita procurada de alto risco.

Onde eu vim parar?

– Anna. - Ian diz e meu nome é como pedaços de vidro sendo engolidos.

Lhe dou atenção, ele tem o rosto sombrio, engole a seco.

Vira o colar para que eu olhe.

– Se eu não te conhecesse, não saberia quão macabro isso é.

O pingente aberto para mim para mim quase ri de deboche.

Ri como quando brincávamos de boneca.

A sala parece parar, as cortinas se mexem muito lentamente, os sons estão muito distantes e eu volto pra realidade tão rápido quanto saí.

– Por que as fotos são você e a Bruna?

E sou eu, toda cachos negros. E do outro lado é Bruna, cabelos lisos e loiros.

Por que a mãe da Bruna tinha uma foto minha no colar?

[Flashback off]

Pisco e tento ver o que Abbi faz.

Ela involuntariamente estava com uma das mãos na barriga, acariciava hora ou outra. Isso me sucumbiu uma tristeza ambígua.

Mexo meus dedos desconfortavelmente.

– Ju. - ela diz quando prende um dos lados com grampos.

Eu olho para ela no espelho.

– Sabe, eu queria muito te dizer, mas não tinha provas.

A TV sussurra sobre o aumento de inflação em algum lugar.

Estendo outro grampo por cima da cabeça.

– Dizer o que? - estou subindo as extremidades da boca para um sorrisinho.

Ela pega e o coloca no dedo.

– Bruna. - engasga, meu quase sorriso se fecha.

Ela ainda tem a mão na barriga.

Aí eu ligo tudo.

O dia na casinha da árvore. Abbi e o bebê. Bruna. Abbi vai chorar, mas os olhos queimam a ânsia por vingança.

– O que ela fez pro seu bebê. - levanto a cabeça. - Foi ela, não foi?

O movimento de 'sim' faz meu coração se entristecer.

– Eu não tenho obrigação de pedir desculpas, mas perdoea.

Nós nos encaramos pelo espelho.

E até eu estou surpresa com o que disse.

– Você salvou a minha vida, eu ía sangrar até a morte.

– Queria ter salvo o seu filho. - e eu queria, talvez se eu tivesse a levado mais cedo.

– Não ía adiantar. - diz como se lêsse o meu pensamento. - Ele já estava morto. - e dá de ombros.

Mas um dar de ombros cheio de angústia.

– Foi a droga de um remédio.

Arregalo os olhos.

Ela engole o choro enquanto procura outro grampo para prender meu cabelo.

Pisco para a penteadeira coberta por pincéis, laquê e maquiagens.

– Ela me enganou.

Meu Deus.

Minha melhor amiga tinha virado um monstro embaixo do meu nariz.

Eu não quero mais ouvir, eu tenho medo de saber mais alguma coisa.

– Eu sinto muito.

E me viro, abraço Abbi e me lembro que ela só tem a minha idade. E que tenho a idade dela. Podia ser comigo.

E eu estou muito raiva... ódio da minha melhor amiga.

Babi bate na porta e depois entra.

Ambas sabemos que ela ouviu, porque beija a testa de Abbi amorosamente e não pergunta do que falávamos.

Estou na cozinha quando Pedro volta do lado de fora. Conversa com o pai. Os observo pelo grande espelho da porta da dispensa.

Ele para de falar quando chega mais perto.

Pedro está atrás de mim, nossos olhos se encontram no espelho. Sorrio.

Eu giro de frente para ele, me achando realmente bonita. - Como eu estou?

– Maravilhosa.

Dou passadas mais largas e o beijo com as duas mãos em lados opostos de seu rosto.

– Você também.

Continuamos olhando nos olhos um do outro.

Seus dois dedos indicadores vem ao meu lábio inferior, o desprendem dos meus dentes.

– Não deixe essas coisas te abalarem. - sussurra.

Sorrio e pego seu rosto. - Quem te disse que eu deixo?

Ele analisa, tentando achar resquícios de ironia ou coisa do tipo, mas como não encontra, ele sorri. - Bom saber.

Ele me beija com os lábios super esticadinhos, sem quase encostar em meus lábios. Um selinho cuidadoso. Meu Pedro, tão atencioso e apaixonante.

Não sei se o mereço.

– Prontos?

Rick surge na porta quando ainda estamos a centímetros um do outro.

– Sempre pronta, querido.

Eu vou na frente.

Ajeito o vestido de um jeito que ele nāo amarrote.

Pedro me olha de cima, sorri depois me beija.

Contorna o carro e se senta ao meu lado.

Pedro põe a arma dentro do coldre axilar e depois cobre com o terno.

– E então, 007?

Ele gargalha. - Tudo bem.

No carro Abbi está atrás de nós.

Estranhamente conversamos sobre assuntos aleatórios, como jovens normais. Parece que foi um último ano normal. Mesmo que não tenha sido.

Abbi não parece uma mamãe precoce... quase mãe. Pedro não parece alguém que viveu tudo que viveu, não parece nem de longe meu guarda costas particular e eu...

Eu não pareço uma garota que perdeu a memória.

Me pergunto onde estaria se Pedro não se aproximasse, se tivesse desistido. Eu não quero pensar nisso.

Rio de alguma piada que Abbi contou, eu não sei qual, só acompanhei os dois na gargalhada.

Quando desço do carro percebo que estou arrepiada e uma onda de más pressentimentos me engole quando se quebra.

Sentamos nas cadeiras colocadas no gramado e eu vejo minha mãe e os pais do Pedro, assim como Abbi e Bea abraçadas na platéia.

Logo abaixo, ao pé da arquibancada, vejo Ian. Ele veste um de seus sobretudos de couro preto e o rayban preto. Percebe que eu estou olhando e acena sorrindo.

Como esperado, Bruna não aparece. Bonnie e Tanner estão sentados juntos, de mãos dados. Isso de algum jeito me choca.

Meu nome é pulado, mesmo que eu seja a primeira da última turma.

Quando finalmente me chamam, todoa já seguram seus capelos em uma das mãos, enquanto na outra, envolvem com orgulho seu diploma.

Caminho com certa dificuldade até o palco. Meu professor de sociologia está lá, é ele quem me ajuda a subir. E eu sinto uma vontade súbita de abraçá-lo, afinal, parte disso é por conta dele.

Sorrio e o diretor olha pra bancada e depois pra mim. - Acho que seu diploma ainda não etá pronto, Anna.

Seu comentário faz as pessoas rirem.

Olho para as arquibancadas, mamãe está filmando e eu dou de ombros pra ela. Não entendo nada.

– Observem que bela moça. - ele diz.

Eu sorrio entimidada e todos explodem em assobios e risos.

'Minha namorada'. E eu coro porque Pedro gritou e todos riem mais ainda.

– Rapaz sortudo. - é como o diretor retoma a palavra. Quando o êxtase de risadas se esvai, o diretor continua, pega uma das minhas mãos.

Eu acho que vai me enrolar e eu vou ser a piada da formatura, de um jeito bom.

– Está feliz?

Eu afirmo com a cabeça.

– Todos que você ama estão aqui?

Eu mordo o lábio e digo que 'não'.

O diretor limpa a garganta e pega o microfone, colocando-o mais próximo da boca.

– Fazem três meses que um certo homem foi servir o nosso país. E esse homem é o pai dessa bela moça.

Abaixo a cabeça.

– Hoje, ele tinha uma data muito importante pra comemorar.

O celular em cima da mesa toca. O diretor o estende para mim.

Mesmo sem entender eu atendo.

Atendo e coloco perto do microfone, como ele sinaliza.

– Alô?

– Oi, filha.

Quase me engasgo de surpresa. - Pai?

– Princesinha.

– Hey.

– Como vão as coisas?

– Melhores. - minto. - E com você?

– Muito boas, apesar de tantas horas dentro de um avião.

– Avião?

Ele ri.

– Senhoras e senhores, recebam com uma salva de palmas, Coronel Henri.

Eu me viro na direção oposta de onde eu estava olhando. Meu Deus. É o meu pai.

Tudo é só aplausos, flashs, gritos e tudo mais.

Está tão lindo em seu uniforme, estou com tantas saudades.

Ele vem até mim com seus olhos verdes cheios de amor, saudades... ele me entrega o buquê de rosas e meu diploma.

Já estou aos prantos e já arruinei minha maquiagem quando ele me abraça.

Inalo seu perfume que antes era familiar, agora me parece incrivelmente novo.

Seguro seu rosto com as mãos. - Como vão as coisas?

O ginásio têm o teto coberto por nuvens de algodão e luzes de natal que lembram as estrelas. Uma lua enorme está no meio da pista de dança, substituindo o famoso globo espelhado.

Há muitos de nós aqui, reconheço quase todos e estou feliz que chegamos aqui.

Um novo dia amanhã.

E nada de ruim vai acontecer.


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Notas finais do capítulo

Co-men-teeeem!!!
Quero saber as reações.



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