Together escrita por Max


Capítulo 37
Capítulo 37 - E eu, vou tropeçar e cair


Notas iniciais do capítulo

Say Something.
Nenhum motivo especial, só que gosto da melodia quando é cover do Boyce Avenue.

E, oi, quanto tempo.
Sentiram minha falta?



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Conversamos sobre as planilhas a serem feitas e rimos de algum mico alheio na sala do café do escritório.

Karen aponta para cima dos meus ombros.

– Oi. - ele diz com a cabeça por cima das paredes de pvc do meu cubículo, vulgo escritório.

Levanto animada sacudindo as duas mãos chamando-o para perto.

– Tô te atrapalhando?

Nego. - Meu intervalo.

As outras garotas levantam os pescoços e sorriem para ele, que educadamente acena rapidamente.

– Meninas.

Elas dizem seu nome alto e uníssono.

Selo nossos lábios, mesmo que tenha acabado de comer.

– Só corri rápido aqui, marcar um horário com você, namotada-executiva-super-ocupada.

Rio.

– Sei. - meus dedos alisam sua gravata.

E isso quer dizer, 'E o que me diz de ser o futuro gerente?'.

Suas mãos entrelaçadas em meu quadril e minhas mãos em seus braços.

– Sinto muito, estar tão ocupada ultimamente.

Com os dedos das duas mãos em minha nuca ele puxa-me para outro selinho. - Continua sendo minha.

– Continua sendo meu.

– E mais seu a cada dia. - sussurra em meu ouvido.

Mordo os lábios.

Minhas companheiras de cubículo suspiram alto, reviro os olhos e Pedro esfrega minhas bochechas.

– Bochechas vermelhas. - diz. - Vergonha por timídez ou impaciência?

Faço beicinho. - O que você acha?

Ele me beija e eu escondo meu rosto em seu pescoço.

– Pronta para amanhã? - ele está se afastando, mas não solta minha mão.

Nego com um beicinho e sussurro. - Você tem 24 horas para me encorajar.

Me lançando um sorriso malicioso, ele beija castamente minha mão de olhos fechados.

– Te vejo mais tarde.

Ele sai enquanto concordo e a porta se fecha sozinha, vagarosamente nas suas costas. Meu menino.

Depois do horário de trabalho, vou até a lavanderia.

Como não é de se admirar o lugar cheira não só a sabão em pó, vapor de água quente e amaciante, mas a desinfetante que com toda a certeza já é impregnado nos azulejos e lajotas.

Cumprimento a atendente de meia idade, ela tem cabelos curtos e ondulados até abaixo da orelha.

Digo o que vim buscar.

Observo como ela se move, vagarosamente e seus dedos habilidosamente procuram.

– Este? - ela tira parte dele para fora da arara de roupas.

Afirmo.

Mesmo com a testa franzida, ela o pega.

– Escola atrasada. - encolho os ombros.

Ela sorri e dobra meu vestido dentro da capa.

– Boa sorte, querida. E parabéns!

Pisco com um dos olhos e pego a capa de sua mão.

Bato na porta e Pedro vem atender.

Ele sorri ao me ver, finge forçadamente uma surpresa digna de teatro.

– Oi. - sorrio.

Ele beija meu rosto, de um jeito carinhoso todo dele.

Entro, Bea acena pra mim e ela tem as mãos cobertas por tinta e glitter.

Jogo as chaves na mesa, elas tilintaram.

Coloco a bellevue em cima da mesa.

– Tudo bem?

Descalço as ankle boots. Ele está com uma t-shirt justa de manga compridas e uma calça moletom.

Olho para seus pés descalços e sorrio. - Melhor.

Ele pega meu queixo com dois dedos e levanta rapidamente, me pega rápido e desprevenida, meus lábios estão entre abertos e expostos. Me beija.

Sorrio, mas recuo.

– O que aconteceu?

Agora ele ajeita uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

– Nada, amor.

Tiro os brincos e desfaço a trança cascata, meu celular toca. Papai. Atendo rapidamente.

– Oi, princesinha. - diz animado.

– Papai.

– Como você está?

– Bem, papai. E o senhor? - tiro o blazer preto, alterno o celular de uma mão para a outra quando mudo o braço o qual devo tirar da manga.

Chiados e ordem a serem regidas são a resoostas do outro lado.

– Querida, eu tenho que desligar. Posso te ligar depois?

– Claro. - disfarço a decepção.

– Querida. Annie. Prometo que ligo logo, logo.

– Tudo bem, papai.

Desligo.

Pedro já se sentou e encolheu no sofá quadrado da sala.

Me olho no espelho e o que sobrou do meu look foram apenas uma calça jeans skimny preta e uma camiseta com estampa de quadrados minúsculos.

– O que você tem?

Me viro nos calcanhares.

Ele dá tapas rápidos no lugar ao lado dele.

Me sento encolhida ao seu lado, puxando os joelhos até o peito.

– Eu estou bem. - é a sua resposta.

Procuro sua mão, mas ele parece se assustar. A puxa.

– Mentira. - não consigo disfarçar meu tom magoado. - Você está estranho.

Ele olha em meus olhos e abre a boca bem devagar.

– Você é a coisa mais importante pra mim. - sussurra.

Tomada por alguma força desconhecida, fico de joelhos e fixo meus olhos nos seus.

Meus dedos entram em seu cabelo, minha unhas trassam um caminho pelas ondulações de seu cabelo. Ele está preocupado, seus ombros estão tensos e eu começo a entristecer. Giro a mão e com as costas dela aliso a extensão da mandíbula até o queixo, que agora é coberta por uma fina barba por fazer.

– O que houve? - pergunto.

Eu lhe dou um meio sorriso triste que não mostra os dentes.

Pedro suspira e pega minha mão do seu rosto.

Eu estou com medo agora, ele parece distante. Será que...

– Está tudo bem, meu amor.

Sorrio, ele me beija. Me puxa devagar para perto, envolvo seu tronco com os dois braços e eu entro debaixo da coberta.

Inalo seu perfume e me aconchego nas minhas curvas nas suas.

A temperatura do corpo dele é quente e nesse frio é de onde eu não quero sair. Em qualquer temperatura, em qualquer estação.

Coloco minha cabeça em seu peito, ele se recosta para trás, agora estamos deitados no sofá. O queixo dele toca o topo da minha cabeça.

– Tive um mau pressentimento e meio que fiquei pra baixo.

Ele murmurra com o nariz e a boca enfiados contra meu cabelo.

Fico calada, relaxo, não, não vamos terminar, ninguém morreu e nada urgente aconteceu.

Minha mão acaricia o seu tórax, olho para cima e procuro os seus olhos.

Estendo o dedo e lhe toco os lábios. - Esqueça, está tudo bem.

Mesmo com relutância ele suspira e abre um sorriso enorme.

– Desculpe.

Franzo o nariz e rio. - Bobinho, eu sei me cuidar. - mordo os lábios.

Pedro franze a testa e depois faz uma cara de horror. Ele me abraça com força.

– Mesmo assim, ainda quero cuidar de você.

Sua áurea de proteção me envolve por inteira, do dedão do pé até o topo da cabeça.

Ficamos em silêncio, ouvindo Bea correndo e pisando forte no andar de cima, a torneira da cozinha sendo aberta e fechada, a TV no quarto de cima, Babi e Rick rindo de um jeito meigo um para o outro.

Ele abaixa a cabeça para ver se eu estou chateada, eu sorrio por isso.

Tia Babi entra na mesma hora na sala, ela tira uma foto quando não estamos preparados.

– Pra coleção. - diz animada e eu coro.

Por Deus, eu ainda coro.

– Essa vida de te ver duas vezes por semana ainda vai me matar.

Ele tem os dedos dentro do meu cabelo.

Olho para cima e encontro seus olhos apaixonados em mim.

– Então morra de amores por mim. - provoco.

– Eu já estou em fase de decomposição de tanto amor.

Rio e ele me acompanha.

Mais tarde, quando me levanto e anuncio que vou embora, Pedro também se levanta.

– Tenho que ir pra casa.

– Vou com você.

Sorrio. - Assim eu durmo mais tranquila.

– Quem falou em dormir?

Olho pra ele por cima dos ombros e ele está sorrindo.

Ele estende a mão e eu o acompanho.

Vamos até o carro rindo de alguma pessoa que foi comprar o carro ou alguma das minhas amigas de trabalho.

Descemos do carro, entrego a chave à ele.

Que solta a minha mão para colocar a mão na porta.

O sorriso se fechou muito rapidamente quando a porta se abriu ao seu toque.

Uma de suas mãos vieram até minha boca.

Surpresa, a segurei.

– Silêncio.

Fiz um sinal positivo com a cabeça.

A porta range quando ele abre devagar.

Tem alguém aqui. Alguém na minha casa.

Giro para pegar minha bolsa, calço meu coldre.

Tiro uma colt python e os olhos de Pedro se arregalam.

Quero rir, é no mínimo uma cena épica.

'Meu pai é do exército e minha babá é o xerife'.

Ando na frente. Pedro põe um dos braços na altura do meu rosto.

– Calma, pode ser meu pai.

– Henri. - ele repete de um jeito que se empregue a ele. - No carro nós ligamos pra ele.

– Não.

Com uma perna agachada na frente da outra, ele espicha o pescoço para olhar o corredor.

– Quem você traz aqui?

– Ninguém, só você.

Ele gela.

– Espera no carro.

Me nego a ir. Ele entende e tira uma pistola semi automática 380 da cintura.

Porra! Pedro também tem uma arma.

Como eu não senti isso antes?

A sala está escura, mas a lâmpada da cozinha pisca.

Passos no andar de cima, vidro quebrando.

Pedro e eu nós entreolhamos.

– Vamos voltar pra casa. - ele me puxa pelo braço e coloca a arma da cintura outra vez.

Entramos no carro.

Ele xinga e bate no volante.

Diz que temos que nos abaixar.

– Pode ser Abigail.

– Abigail? Por quê?

Pego meu celular e com a cabeça entre os joelhos, coloco o celular na orelha.

Depois de algumas tentativas, ela atende.

– Abbi? Onde você está?

– Ainda estou em casa.

– A minha chave?

– No meu colar.

Suspiro, parte aliviada, parte apavorada.

Desligo.

– Não é ela, pisa fundo.

Operante, ele faz o que eu digo, os pneus cantam quando ele acelera.

Eu olho para trás enquanto ele continua acelerando e dobrando em ruas aleatórias.

– Liga pro meu pai.

Ele está apavorado.

– Por que você tem uma arma?

Eu engasgo, quero fazer a mesma pergunta.

'Porque eu sou maior de idade'.

Meu pai o atende.

– Seu Henri. - diz, animação e alívio fundidos em um suspiro.

– Onde ele está? - pergunto.

Ele faz sinal de silêncio, obedeço.

– Sim... Entendo... Ela está comigo...

– Onde ele está?

Colocando a mão na frente do telefone, ele sussurra 'quartel'.

O que é um problema, se não era meu pai, nem Abbi. Provavelmente não era Ian.

Então quem era?

– A gente chegou e a porta estava aberta e...

Silêncio e ele desliga.

Pedro pisa mais fundo e olha o retrovisor.

– Tudo bem?

– Mandou eu te levar pra casa.

Minha expressão revela minha confusão, Pedro desliza o dedo pelo meu nariz franzido.

– Vai ficar tudo bem.

Ele gira todo o volante e logo estamos fazendo a curva do retorno.

Com o celular sobre o colo e no viva voz, ele espera que alguém o atenda.

– Pois não. - é assim que o proprietário atende.

– Ian, eles a acharam.

Há uma ralhação do outro lado da linha. Mas Ian grita consigo mesmo.

– Vamos pra casa. - ele engole a seco. - Sim. Te espero.

Agora estamos na sala.

Lá fora chove e troveja.

Babi me abraça lateralmente e Pedro tem a cabeça em meu peito, eu o abraço com força. Medo e proteção.

Ian chega momentos depois, com dois homens.

Um deles é gordo e negro, tem uma carranca e cabelo rente nos dois lados da cabeça, olhos cansados; ele está devorando o 'lanchinho' que Babi preparou.

O outro é branco, quase transparente, cabelos loiros e lisos espetados para frente, forte e tem uma voz grossa.

Ian está bravo, cansado e me aperta com força exagerada ao me ver.

– Esses são os policias, Brad e Calton. - respectivamente.

Aperto suas mãos.

– Era só pra fazer a droga da ronda, não era difícil!

– Perdão, senhor. - os dois dizem em tempos diferentes.

Dou um passo a frente.

– Você tem uma ronda nas proximidades da minha casa?

Todos me olham. - Discutimos isso depois.

Ian esfrega os olhos, parece mais bruto que o necessário.

– Fizeram a varredura do local?

– Sim, senhor.

Ian levanta as sobrancelhas esperando a resposta.

Brad cutuca Calton. Calton engancha os polegares no cinto.

– Maçaneta arrombada, parte de suas coisas rasgadas, quebradas ou cortadas.

– Pistas? - Ian diz, está furioso.

Estou aterrorrizada.

– Cordas, fita isolante, estilete e...

Me manifesto. - 'E...'?

– Um colar.

1... 2... 3...

[Flashback on]

– A minha chave?

– No meu colar.

Abbi.

[Flashback off]

[Flashback on]

Acontece que se eu não a conhecesse como conhecia, não saberia que aquele colar era o único presente que ela tinha da mãe. Morta em um acidente de carro no último semestre.

Bruna.

[Flashback off]

– Eu quero ver o colar.

Eu estou do medo de reconhecer, mas não acho que vá encontrar a chave da minha casa como pingente.

Calton tira saco plástico com fecho.

Há um colar lá.

Preferia não tê-lo visto.


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Notas finais do capítulo

Bochechuda favorita, eu acho que vou sim no encontro, só pra te ver, porque adivinha quem não se identificou com Divergente?!

Genteee, o que acharaaam?
Vai acabar.