Together escrita por Max
Notas iniciais do capítulo
Say Something.
Nenhum motivo especial, só que gosto da melodia quando é cover do Boyce Avenue.
E, oi, quanto tempo.
Sentiram minha falta?
Conversamos sobre as planilhas a serem feitas e rimos de algum mico alheio na sala do café do escritório.
Karen aponta para cima dos meus ombros.
– Oi. - ele diz com a cabeça por cima das paredes de pvc do meu cubículo, vulgo escritório.
Levanto animada sacudindo as duas mãos chamando-o para perto.
– Tô te atrapalhando?
Nego. - Meu intervalo.
As outras garotas levantam os pescoços e sorriem para ele, que educadamente acena rapidamente.
– Meninas.
Elas dizem seu nome alto e uníssono.
Selo nossos lábios, mesmo que tenha acabado de comer.
– Só corri rápido aqui, marcar um horário com você, namotada-executiva-super-ocupada.
Rio.
– Sei. - meus dedos alisam sua gravata.
E isso quer dizer, 'E o que me diz de ser o futuro gerente?'.
Suas mãos entrelaçadas em meu quadril e minhas mãos em seus braços.
– Sinto muito, estar tão ocupada ultimamente.
Com os dedos das duas mãos em minha nuca ele puxa-me para outro selinho. - Continua sendo minha.
– Continua sendo meu.
– E mais seu a cada dia. - sussurra em meu ouvido.
Mordo os lábios.
Minhas companheiras de cubículo suspiram alto, reviro os olhos e Pedro esfrega minhas bochechas.
– Bochechas vermelhas. - diz. - Vergonha por timídez ou impaciência?
Faço beicinho. - O que você acha?
Ele me beija e eu escondo meu rosto em seu pescoço.
– Pronta para amanhã? - ele está se afastando, mas não solta minha mão.
Nego com um beicinho e sussurro. - Você tem 24 horas para me encorajar.
Me lançando um sorriso malicioso, ele beija castamente minha mão de olhos fechados.
– Te vejo mais tarde.
Ele sai enquanto concordo e a porta se fecha sozinha, vagarosamente nas suas costas. Meu menino.
Depois do horário de trabalho, vou até a lavanderia.
Como não é de se admirar o lugar cheira não só a sabão em pó, vapor de água quente e amaciante, mas a desinfetante que com toda a certeza já é impregnado nos azulejos e lajotas.
Cumprimento a atendente de meia idade, ela tem cabelos curtos e ondulados até abaixo da orelha.
Digo o que vim buscar.
Observo como ela se move, vagarosamente e seus dedos habilidosamente procuram.
– Este? - ela tira parte dele para fora da arara de roupas.
Afirmo.
Mesmo com a testa franzida, ela o pega.
– Escola atrasada. - encolho os ombros.
Ela sorri e dobra meu vestido dentro da capa.
– Boa sorte, querida. E parabéns!
Pisco com um dos olhos e pego a capa de sua mão.
Bato na porta e Pedro vem atender.
Ele sorri ao me ver, finge forçadamente uma surpresa digna de teatro.
– Oi. - sorrio.
Ele beija meu rosto, de um jeito carinhoso todo dele.
Entro, Bea acena pra mim e ela tem as mãos cobertas por tinta e glitter.
Jogo as chaves na mesa, elas tilintaram.
Coloco a bellevue em cima da mesa.
– Tudo bem?
Descalço as ankle boots. Ele está com uma t-shirt justa de manga compridas e uma calça moletom.
Olho para seus pés descalços e sorrio. - Melhor.
Ele pega meu queixo com dois dedos e levanta rapidamente, me pega rápido e desprevenida, meus lábios estão entre abertos e expostos. Me beija.
Sorrio, mas recuo.
– O que aconteceu?
Agora ele ajeita uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
– Nada, amor.
Tiro os brincos e desfaço a trança cascata, meu celular toca. Papai. Atendo rapidamente.
– Oi, princesinha. - diz animado.
– Papai.
– Como você está?
– Bem, papai. E o senhor? - tiro o blazer preto, alterno o celular de uma mão para a outra quando mudo o braço o qual devo tirar da manga.
Chiados e ordem a serem regidas são a resoostas do outro lado.
– Querida, eu tenho que desligar. Posso te ligar depois?
– Claro. - disfarço a decepção.
– Querida. Annie. Prometo que ligo logo, logo.
– Tudo bem, papai.
Desligo.
Pedro já se sentou e encolheu no sofá quadrado da sala.
Me olho no espelho e o que sobrou do meu look foram apenas uma calça jeans skimny preta e uma camiseta com estampa de quadrados minúsculos.
– O que você tem?
Me viro nos calcanhares.
Ele dá tapas rápidos no lugar ao lado dele.
Me sento encolhida ao seu lado, puxando os joelhos até o peito.
– Eu estou bem. - é a sua resposta.
Procuro sua mão, mas ele parece se assustar. A puxa.
– Mentira. - não consigo disfarçar meu tom magoado. - Você está estranho.
Ele olha em meus olhos e abre a boca bem devagar.
– Você é a coisa mais importante pra mim. - sussurra.
Tomada por alguma força desconhecida, fico de joelhos e fixo meus olhos nos seus.
Meus dedos entram em seu cabelo, minha unhas trassam um caminho pelas ondulações de seu cabelo. Ele está preocupado, seus ombros estão tensos e eu começo a entristecer. Giro a mão e com as costas dela aliso a extensão da mandíbula até o queixo, que agora é coberta por uma fina barba por fazer.
– O que houve? - pergunto.
Eu lhe dou um meio sorriso triste que não mostra os dentes.
Pedro suspira e pega minha mão do seu rosto.
Eu estou com medo agora, ele parece distante. Será que...
– Está tudo bem, meu amor.
Sorrio, ele me beija. Me puxa devagar para perto, envolvo seu tronco com os dois braços e eu entro debaixo da coberta.
Inalo seu perfume e me aconchego nas minhas curvas nas suas.
A temperatura do corpo dele é quente e nesse frio é de onde eu não quero sair. Em qualquer temperatura, em qualquer estação.
Coloco minha cabeça em seu peito, ele se recosta para trás, agora estamos deitados no sofá. O queixo dele toca o topo da minha cabeça.
– Tive um mau pressentimento e meio que fiquei pra baixo.
Ele murmurra com o nariz e a boca enfiados contra meu cabelo.
Fico calada, relaxo, não, não vamos terminar, ninguém morreu e nada urgente aconteceu.
Minha mão acaricia o seu tórax, olho para cima e procuro os seus olhos.
Estendo o dedo e lhe toco os lábios. - Esqueça, está tudo bem.
Mesmo com relutância ele suspira e abre um sorriso enorme.
– Desculpe.
Franzo o nariz e rio. - Bobinho, eu sei me cuidar. - mordo os lábios.
Pedro franze a testa e depois faz uma cara de horror. Ele me abraça com força.
– Mesmo assim, ainda quero cuidar de você.
Sua áurea de proteção me envolve por inteira, do dedão do pé até o topo da cabeça.
Ficamos em silêncio, ouvindo Bea correndo e pisando forte no andar de cima, a torneira da cozinha sendo aberta e fechada, a TV no quarto de cima, Babi e Rick rindo de um jeito meigo um para o outro.
Ele abaixa a cabeça para ver se eu estou chateada, eu sorrio por isso.
Tia Babi entra na mesma hora na sala, ela tira uma foto quando não estamos preparados.
– Pra coleção. - diz animada e eu coro.
Por Deus, eu ainda coro.
– Essa vida de te ver duas vezes por semana ainda vai me matar.
Ele tem os dedos dentro do meu cabelo.
Olho para cima e encontro seus olhos apaixonados em mim.
– Então morra de amores por mim. - provoco.
– Eu já estou em fase de decomposição de tanto amor.
Rio e ele me acompanha.
Mais tarde, quando me levanto e anuncio que vou embora, Pedro também se levanta.
– Tenho que ir pra casa.
– Vou com você.
Sorrio. - Assim eu durmo mais tranquila.
– Quem falou em dormir?
Olho pra ele por cima dos ombros e ele está sorrindo.
Ele estende a mão e eu o acompanho.
Vamos até o carro rindo de alguma pessoa que foi comprar o carro ou alguma das minhas amigas de trabalho.
Descemos do carro, entrego a chave à ele.
Que solta a minha mão para colocar a mão na porta.
O sorriso se fechou muito rapidamente quando a porta se abriu ao seu toque.
Uma de suas mãos vieram até minha boca.
Surpresa, a segurei.
– Silêncio.
Fiz um sinal positivo com a cabeça.
A porta range quando ele abre devagar.
Tem alguém aqui. Alguém na minha casa.
Giro para pegar minha bolsa, calço meu coldre.
Tiro uma colt python e os olhos de Pedro se arregalam.
Quero rir, é no mínimo uma cena épica.
'Meu pai é do exército e minha babá é o xerife'.
Ando na frente. Pedro põe um dos braços na altura do meu rosto.
– Calma, pode ser meu pai.
– Henri. - ele repete de um jeito que se empregue a ele. - No carro nós ligamos pra ele.
– Não.
Com uma perna agachada na frente da outra, ele espicha o pescoço para olhar o corredor.
– Quem você traz aqui?
– Ninguém, só você.
Ele gela.
– Espera no carro.
Me nego a ir. Ele entende e tira uma pistola semi automática 380 da cintura.
Porra! Pedro também tem uma arma.
Como eu não senti isso antes?
A sala está escura, mas a lâmpada da cozinha pisca.
Passos no andar de cima, vidro quebrando.
Pedro e eu nós entreolhamos.
– Vamos voltar pra casa. - ele me puxa pelo braço e coloca a arma da cintura outra vez.
Entramos no carro.
Ele xinga e bate no volante.
Diz que temos que nos abaixar.
– Pode ser Abigail.
– Abigail? Por quê?
Pego meu celular e com a cabeça entre os joelhos, coloco o celular na orelha.
Depois de algumas tentativas, ela atende.
– Abbi? Onde você está?
– Ainda estou em casa.
– A minha chave?
– No meu colar.
Suspiro, parte aliviada, parte apavorada.
Desligo.
– Não é ela, pisa fundo.
Operante, ele faz o que eu digo, os pneus cantam quando ele acelera.
Eu olho para trás enquanto ele continua acelerando e dobrando em ruas aleatórias.
– Liga pro meu pai.
Ele está apavorado.
– Por que você tem uma arma?
Eu engasgo, quero fazer a mesma pergunta.
'Porque eu sou maior de idade'.
Meu pai o atende.
– Seu Henri. - diz, animação e alívio fundidos em um suspiro.
– Onde ele está? - pergunto.
Ele faz sinal de silêncio, obedeço.
– Sim... Entendo... Ela está comigo...
– Onde ele está?
Colocando a mão na frente do telefone, ele sussurra 'quartel'.
O que é um problema, se não era meu pai, nem Abbi. Provavelmente não era Ian.
Então quem era?
– A gente chegou e a porta estava aberta e...
Silêncio e ele desliga.
Pedro pisa mais fundo e olha o retrovisor.
– Tudo bem?
– Mandou eu te levar pra casa.
Minha expressão revela minha confusão, Pedro desliza o dedo pelo meu nariz franzido.
– Vai ficar tudo bem.
Ele gira todo o volante e logo estamos fazendo a curva do retorno.
Com o celular sobre o colo e no viva voz, ele espera que alguém o atenda.
– Pois não. - é assim que o proprietário atende.
– Ian, eles a acharam.
Há uma ralhação do outro lado da linha. Mas Ian grita consigo mesmo.
– Vamos pra casa. - ele engole a seco. - Sim. Te espero.
Agora estamos na sala.
Lá fora chove e troveja.
Babi me abraça lateralmente e Pedro tem a cabeça em meu peito, eu o abraço com força. Medo e proteção.
Ian chega momentos depois, com dois homens.
Um deles é gordo e negro, tem uma carranca e cabelo rente nos dois lados da cabeça, olhos cansados; ele está devorando o 'lanchinho' que Babi preparou.
O outro é branco, quase transparente, cabelos loiros e lisos espetados para frente, forte e tem uma voz grossa.
Ian está bravo, cansado e me aperta com força exagerada ao me ver.
– Esses são os policias, Brad e Calton. - respectivamente.
Aperto suas mãos.
– Era só pra fazer a droga da ronda, não era difícil!
– Perdão, senhor. - os dois dizem em tempos diferentes.
Dou um passo a frente.
– Você tem uma ronda nas proximidades da minha casa?
Todos me olham. - Discutimos isso depois.
Ian esfrega os olhos, parece mais bruto que o necessário.
– Fizeram a varredura do local?
– Sim, senhor.
Ian levanta as sobrancelhas esperando a resposta.
Brad cutuca Calton. Calton engancha os polegares no cinto.
– Maçaneta arrombada, parte de suas coisas rasgadas, quebradas ou cortadas.
– Pistas? - Ian diz, está furioso.
Estou aterrorrizada.
– Cordas, fita isolante, estilete e...
Me manifesto. - 'E...'?
– Um colar.
1... 2... 3...
[Flashback on]
– A minha chave?
– No meu colar.
Abbi.
[Flashback off]
[Flashback on]
Acontece que se eu não a conhecesse como conhecia, não saberia que aquele colar era o único presente que ela tinha da mãe. Morta em um acidente de carro no último semestre.
Bruna.
[Flashback off]
– Eu quero ver o colar.
Eu estou do medo de reconhecer, mas não acho que vá encontrar a chave da minha casa como pingente.
Calton tira saco plástico com fecho.
Há um colar lá.
Preferia não tê-lo visto.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Bochechuda favorita, eu acho que vou sim no encontro, só pra te ver, porque adivinha quem não se identificou com Divergente?!
Genteee, o que acharaaam?
Vai acabar.