Together escrita por Max


Capítulo 36
Capítulo 36 - Quando eu te conheci no verão


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal.
Calvin Harris, Summer.
Eu tô bem, mas e vocês?
Beijos pra quem comenta, abraços pra quem lê e fica invisível e meu coração pra você que lê com o seu 😘
Hahhahaha eu tô sóbria. Jurooo. É só que são 01:00 e eu tenho prova amanhã.



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Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.

William Shakespear

[Flashback on]

– Como se sente?

Eu limpo as lágrimas e forço um sorriso, que vacila logo depois. - Melhor, obrigado.

Ele estende uma garrafa de água. - Tome um pouco, ou vai desidratar.

Franzo a testa, minha cara está fechada e eu não acho graça da piadinha. Não é hora pra isso.

A papel do divórcio assinado está em minhas mãos, eu quero amassá-lo e lá no fundo eu quero que isso passe logo, ou que se eu rasgar o papel, nada mais aconteça. Mas não é assim. Não passa. Não muda.

– Cadê a sua amiguinha?

Bruna? Eu sei lá. Também queria saber.

Isso me deixa intrigada, ela sumiu quando eu mais preciso dela.

Meu coração se despedaça mais ainda.

– Cale a droga dessa boca.

Ele faz, olha para o céu. - Desculpe, não sei como você se sente.

Suspira.

– Vou te deixar pensando.

Urra baixo quando se prepara pra se levantar.

Não, eu quero que ele fique. Parece meio idiota, mas ele não tem que ir. Quero que ele fique.

Seguro sua jaqueta, minha franja cai sobre meus olhos quando abaixo a cabeça. - Fique. - imploro.

Minha voz é um sussurro choramingado.

Ele puxa minha cabeça até seu peito. - Pode chorar o quanto quiser.

E eu choro.

Porém estou feliz que ele está aqui. O abraço, ele deixa a garrafa cair da sua mão.

[Flashback off]

O ambiente é calmo, há o ruído de algumas máquinas de costura e sapatos sociais de salto, aqui e ali. Burburinhos em pontos específicos e zíperes sendo abertos e fechados de dentro dos provadores.

É quase final de tarde, o sol já não está quente e seus raios são uma alegria colorida. Meu cappuccino atrai a fome, o tomo vagarosamente.

Coloco minha bolsa de um lado para o outro do banco, estou com saltos me machucando um pouco, o vestido acinturado não me deixa parecer exausta. Mas apesar de exausta, eu estou feliz.

– Anna. - ela diz de um jeito animado.

Bonnie sorri, seus cabelos estão desfiados até um pouco acima dos seios, uma californiana abre os fios e ela tem cara de mais velha agora. Está esguia e parece sufocada dentro de um vestido solto, mesmo que pareça impossível. Um garoto está atrás dela, talvez eu tenha visto ele em algum dia pela escola.

Ela me oferece a mão, recuso como se não tivesse visto.

– O que faz aqui?

Bonnie disfarça passando as mãos em torno do dorso.

– Pedro. - digo.

E sem mais detalhes, mas é óbvio que ela sabe o que se faz em um alfaiate. Sínica.

– Então vão ao baile?

Confirmo com a cabeça, ponho um dos meus cachos que fogem da trança, atrás da orelha.

Ela ainda sorri, mas eu sei que já está desconfortável e arrependida por ter começado a conversa.

– Bom te ver. - seu tom é baixo e ela acena rapidamente com uma mão.

Aceno com a cabeça e a deixo para trás. O que eu diria? 'Bom te ver também, cachorra'. Acho que não cairia bem. E não foi bom vê-la.

Pedro sai do provador, gira uma vez.

– Como eu estou?

Respiro fundo, ele me deixou sem ar.

O smoking está em sua mão, o colete o deixa incrivelmente sexy, eu posso dizer isso, não posso? Mordo o lábio e ele vira de costas. Ele se olha no espelho e eu vou até ele, limpo alguma coisa invisível de seus ombros. - Perfeição em cinco letras, Pedro.

Sorrio.

[Flashback on]

É fim de tarde, a janela faz os raios laranjas entrarem e se espalharem como tinta por toda a sala. É um momento bonito.

Nós estamos sentados em lados opostos do sofá da sala de estar. A TV está ligada, embora ninguém esteja assistindo, Pedro ainda está estretido em sua revista de caça palavras, me forço a pensar assim, porque hora ou outra o pego abaixando a revista e sorrindo pelo meu jeito de mexer no celular.

– Perfeição em quatro letras. - ele diz.

Enrugo as sobrancelhas.

– Me ajuda.

Mordo o lábio e tento pensar.

Sexo. Minha cabeça sussurra. Mas eu não sei se é, talvez porque eu seja virgem e cá entre nós eu não quero dizer essa palavra em voz alta. Primeiro, porque Pedro está sentado ao meu lado, apenas de calça de moletom e ela cai muito bem em seus quadris. Segundo, ele está ao meu lado e o resto da casa está vazia.

– Anjo. - sussurro.

Nem sei porque disse, mas saiu.

Ele sorri. - Ótima ideia, vou tentar… Anna.

Pego a sacada no ar. Meu nome. Quatro letras.

Minhas roupas não parecem confortáveis agora, está quente.

Me remexo desconfortável.

Ele está dando mole pra mim? Está? Não é?

Erro a senha padrão do meu celular três vezes de tão nervosa.

– Cantora chamada de Queen-B…

Ele não preciasa falar mais nada. - Beyoncé.

E então encontro alguma diversão nisso. Pedro está realmente fazendo palavras cruzadas e eu estou fazendo meus desejos profundos aflorarem. Controle-se, Anna.

A TV passa algo sobre uma disputa por prêmios, eu tento prestar atenção na pergunta mas Pedro corta meu raciocínio.

– Desejo em cinco letras.

Beijo. Mordo o lábio outra vez. Algo queima dentro de mim e quero levantar e abrir a janela. Olho pra a parede, o ar condicionado acima da janela mostra 17 graus. Merda.

– Beijo. - eu digo.

Antes que eu perceba, ele já colocou a revista de lado, solta para mim um sorriso provocante e malicioso. Meu Deus, como é lindo.

– É uma ótima ideia, Anna. - e vem na minha direção.

Eu me viro para ver seus olhos, são quentes e ele morde o lábio. Suas mãos estão uma em meu quadril e outra em minha nuca. Passo meus dedos por dentro de seus cabelos, são macios e seus lábios são macios.

– Se esperasse mais um pouco, eu morreria.

Responde todas minhas perguntas e por um segundo me sinto a dona do mundo, no outro o mundo se reduz em Pedro. E ainda é tão importante quanto antes.

Fecho os olhos, eu estou sorrindo.

Ele pede permissão e eu cedo, sua língua está em minha boca e ele sabe beijar.

Beijar meeeeeesmo.

O telefone toca e ele me dá um selinho frustrado, puxo sua cabeça outra vez e mordo seu lábio inferior.

Ele sorri e se levanta, atende a droga do telefone.

A quentura ainda está aqui.

A porta está se abrindo, Abbi arregala os olhos pra mim. - Por que essas bochechas vermelhas?

Olho para Pedro sorrateiramente, ele está sorrindo e um dos seus dedos corre pele lábio inferior.

Senhor, eu beijei Pedro. Pedro me beijou. Não, nós nos beijamos.

Passo perto dele quando estou prestes a colocar o primeiro pé na escada, ele segura meu braço, Abbi está de costas.

– Por pouco. - sussurro.

Ele sorri.

– Seria um prazer fazer isso outra vez.

Eu me arrepio, ele sentiu e beija meu pescoço antes de me deixar ir.

[Flashback off]

Agora já passam das duas da tarde, Pedro dorme ao meu lado, ele tem uma expressão serena, lábios perfeitos, nem muito finos e nem grossos demais.

Ele dorme com um dos braços em volta da minha cintura e respira profundamente de um jeito calmo. Chega quase a ser angelical.

Ainda me pergunto como ele pode me amar tanto, agora eu vejo que mais bonito do que é na parte de fora, ele é na parte de dentro. Um coração puro e cheio de amor. Meu namorado.

E já fazem três anos, lembro que meu pai disse, sinto tanto não lembrar de tudo isso.

Ele sorri. - Me observando?

Suspiro e beijo sua testa antes de me deitar olhando em seus olhos. - Admirando.

O lençol roça em minha pele quando ele se ajeita.

Ele abre os olhos. - Amo você.

– Eu também amo você.

Ele me beija. - Como vai a cabeça?

– Em cima do pescoço. - brinco e ele sorri. - Lembrando aos poucos, eu acho, mas que eu saiba não vou lembrar de tudo, sabe, os neurônios não são recicláveis. Os que foram, foram.

– Tudo bem, eu amo você sem alguns deles, vai sobreviver.

Sorrio. - Que lindo, amor.

– Você não tinha muitos, tem certeza que não era loira?

Me finjo de ofendida e ele gargalha.

– Amo ouvir sua risada. - acaricio seu rosto.

– É?

– Principalmente quando é eu que te faço rir, assim parece que você nunca chorou.

Ele fecha o sorriso, mas não parece triste. Acaricia minhas mãos, pega uma delas e beija os nós dos meus dedos.

– Anna, não ache nunca, entendeu? Nunca! Que um dia você me machucou, você é muito mais do que eu mereço e sempre vai ser.

Ele é tão perfeito que é dificílimo acreditar no que ele diz.

– Se alguém fica feliz quando vê o outro sorrir, sou eu e eu amo ver você sorrir. Porque fui um péssimo namorado antes, agora acho que posso me redimir, o destino fez eu ver que me importava com você, amava mais do que tudo.

– Me ama mais que tudo?

Ele se inclinou pra cima de mim, seus braços em cada lado da minha cabeça. - Você não deveria ter dúvida disso, senhorita.

Ele me ataca, sinto meus pulmões se esvaziarem enquanto eu rio das cóssegas. Peço pra ele parar.

– Mais do que tudo. - digo em forma de rendição.

Sorrio, mas no fundo sua afirmação me preocupa, quando que eu imaginaria que ele havia sido um péssimo namorado?

– Um péssimo namorado?

Seu dedo indicador desliza pela minha bochecha, nariz e agora entre as sobrancelhas, faz-me relaxar e desfranzir aquela área.

– Eu amava você, só fui muito cabeça dura.

Assinto, assim parece-me razoável.

– Vamos então? Temos que buscar o capelo.

Ele nega e segura meus pulsos acima da minha cabeça.

– Ainda temos algumas coisas por aqui.

Sinto a cólica apertar meu útero, que dor.

– Tá melhor?

– Tô chata, sem sal, sem açúcar... Preciso de açúcar.

– Sorte sua hoje eu tô um doce de pessoa.

– Claro que está. - sorri.

– Se quiser provar é só dizer.

– Desculpa, falar assim, desse jeito. - levanto o lençol, a cueca box escura logo chama a atenção. - Mas com essa falta de roupa, cê ta um pedaço de mal caminho.

– E você está convidada a se perder. - beija meu ombro.

– Cheio de respostas hoje. - ri.

Ele gargalhou, jogou a cabeça pra trás e ajeitou a franja.

– Quer sair? Fico arrumadinho pra você em alguns segundos.

[Flashback on]

A casa estava um caco, tudo revirado. Juro que por um momento me deu raiva de ver tudo daquele jeito e mais raiva por me importar com tal bagunça em uma hora como aquela.

Ouvi passos no andar de baixo, minha espinha gelou, a adrenalina tomou conta de mim quando a Bea apertou a sua mão a minha.

A peguei no colo e pulei a grade de proteção da varanda pra não fazer barulho.

Corri pro quarto mais próximo, que era o do Pedro e procurei algum lugar onde não fôssemos encontradas.

A cama era baixa demais, não haviam armários e tudo estava revirado.

Abri o closet e entramos no compartimento de casacos. Era espaçoso, estava no chão e cabíamos perfeitamente, e se não fosse pelo medo, eu diria que estava entrando em nárnia.

Aninhei Bea no meu colo e ficamos quietinhas. Eu queria chorar, mas até um choro contido era barulho demais.

O tempo passou, acabei dormindo.

– Anna! Beatriz! - abri os olhos.

Bea me sacudia.

– Mamãe? - Bea sussurrou.

Pisquei os olhos novamente na tentativa de acordar.

– Espera.

Ouvimos passos pesados e apressados subindo a escada.

– Anna! Beatriz! Não fiquem com medo. Sou da polícia.

Graças á Deus.

– Aqui. - gritei.

– Elas estão aqui. - ele gritou e mais passos pesados e apressados vieram.

Abri a porta do closet, Bea ainda estava atracada a mim.

Ian me abraçou com uma força incrível.

Nós saímos da casa e tinha muita gente na rua, polícia pra todos os lados.

Pedro logo passou por baixo da faixa de contensão e veio até a gente.

Abriu os braços e envolveu eu e Bea no seu abraço.

– Eu pensei que vocês estavam machucadas ou algo do tipo, mas estão bem. - segurou meu rosto e me beijou no meio de todo mundo.

– Eu estava com medo.

– Não tenha medo agora, Anna. - seus dedos rossavam em minha bochecha. - Eu estou aqui.

[Flahsback off]


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Notas finais do capítulo

Me desejem sorte.



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