Together escrita por Max


Capítulo 35
Capítulo 35 - E você é o único que pode me salvar


Notas iniciais do capítulo

Justin Bieber, é. Achei meu cartão de memória de uns anos atrás. Essa música é linda, pelo menos eu acho, Overboard.
Que saudadessss, de vocês. Sentiram minha falta? 😍



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/485381/chapter/35

Meus ombros doem um pouco, ainda estou tomando um copo de milkshake de chocolate.

Depois de um dia de andarilha minhas pernas doem também. Tudo por um trabalho.

O meu coque já se fora e minha maquiagem também.

Caminho até a porta da frente da delagacia, posso ver Ian e Pedro de braços cruzados embaixo de um um feixe de luz alaranjada do poste.

Pedro está com a roupa que foi pro trabalho, ainda. A mesma camiseta branca com listras e a calça jeans azul. Carrega até mesmo a mochila sobre um dos ombros.

Ele está lindo. Como sempre.

Ian está com uma camisa preta de botões, aberta até o segundo botão. A calça lavada é mantida em seu quadril por um cinturão preto de couro, o distintivo reluz.

Paro o carro e buzino.

Pedro anda com passadas largas até mim. - Anna.

Entra no carro.

– Saudades? - sussurro ao abraçá-lo.

Ele me beija. Foi um sim.

– E então?

Suspiro. - Estagiária.

Anuncio meu emprego conquistado. Eu estou feliz por isso e Pedro também. O sorriso enorme em seu rosto não nega.

Ian pigarreia e eu e Pedro olhamos pra ele.

Abaixo o vidro. Sorrio. - Oi, xerife.

– Preparada?

Afirmo.

– Vou seguir você.

Amarro as tiras de couro do sapato no tornozelo, desamasso meu vestido. Logo que me junto à eles, Pedro agarra a minha mão.

– Como se sente?

– Focada.

Ele sorri.

– Sempre.

Chegamos a frente da porta, bato com força algumas vezes e então Ian toma a frente.

Ele não tem paciência, eu o entendo, porque eu estou prestes a sair do meu lugar e socar a porta até que alguém abra.

– Eles não mais moram aí.

Nos viramos, uma mulher baixinha foi quem falou.

A rua está deserta e o vento é frio.

– Desculpe, o que você disse? - pergunto.

Eu tenho que ouvir de novo porquê não é possível que o que eu ouvi seja verdade.

– Semana passada, você não sabia?

É claro que eu não sabia.

– Zona oeste, algum conjunto habitacional com nome de flor.

Eu sorrio. Sim, eu sei onde é.

Agradecemos, deixo Pedro dirigir dessa vez, ele parece menos cansado do que eu, e realmente está.

Conjunto Orquídea.

As casas são bem diferentes do que eu achei que seria.

A casa que nos indicaram é visivelmente menor que a casa anterior dos Andrade, talvez tenha menos quartos, já que a mulher morreu e não exista mais a esperança de um novo filho.

Sinto uma onda de tristeza por isso. Deve ser duro, só fazem alguns meses.

As luzes estão desligadas a não ser a da cozinha.

Bato na porta, não há resposta.

Ian têm um sorriso de deboche para mim, faz uma mesura e delicadamente aperta a campainha.

Ele grita que já está vindo.

Quando abre a porta, quase dou um pulo.

– Senhor Andrade.

Ele tropeça no tapete. - Desculpe, oi, Anna.

– O senhor está bem?

– Sim, sim, como não. - e amarra mais forte o roupão. Ele está mais magro que de costume, a cintura está fina e os olhos são como sombras. - O que aconteceu?

– Nada, só queria saber se a Bruna pode falar comigo.

– Bruna? - o pai dela arregala os olhos. - Ela está na sua casa, desde sexta-feira. - ele diz.

Soa mais como um pedido aos céus. Ele repete, eu nego.

– Diga que está brincando.

Abaixo a cabeça. - Eu posso afirmar que ela não foi em casa.

Ian está olhando para mim e para o pai da Bruna. Faz isso muitas vezes, aliás.

– Então ela desapareceu?

Estendo o braço, eu poderia dar um tapa nele, Ian, por ser idiota. É claro que ela está desaparecida. Mas no meio do caminho acho melhor não, passo a mão nos cabelos.

– Vou ver o que posso fazer, senhor Andrade. - Ian diz.

– Sim, obrigado. - ele entra, parece abalado.

Estamos em um diner, esperando aquelas porcarias deliciosas que se come em diner's.

Saio um pouco paara tomar ar, do outro lado do vidro eu vejo Pedro e Ian, que não tiram os olhos de mim.

Saco o celular e logo para Bruna.

Lembro-me de quando trabalhava aqui, a algum tempo, partes disso.

[Flashback on]

– Olha, Annie, ele é lindo.

Continuo ajeitando meu avental. Ben, um dos garçons passa por trás de mim e bate em meu ombro, me cumprimentando.

– Annie. - sussurra. - Olha logo.

Ela está chacoalhando as mãos.

Levanto os olhos, pela franja eu o vejo sorrir tímido pra alguma piada dos amigos.

Ele é bonito.

Um deles levanta a mão.

Endureço no meu lugar. É a minha área, eu tenho que atendê-los. E logo.

– Tenho que ir.

Ela sorri maliciosamente.

Chego a mesa, eles continuam a rir e se viram pra mim.

– Precisam de ajuda?

Pedro fecha o sorriso, os amigos param de rir e eu acho que estão espantados. Ajeito com os dedos a minha franja, devo estar dessarrumada pra esse tipo de reação.

– A garota da carona.

Um deles diz e leva uma cotovelada do outro. Eles resmungam entre si.

Minhas bochechas queimam. Que vergonha.

– Oi. Oi, Anna.

Sorrio. - Oi, Pedro. - ainda na mesma postura eu pisco os dois olhos para os amigos dele. - O que vai ser?

Os garotos abaixam a cabeça e apontam para alguma coisa no menu, estico o pescoço para ver.

Bebidas, é claro, cervejas. Quatro delas, mas são cinco pessoas na mesa. Me viro para Pedro outra vez.

– E você?

Ele esgole a seco. - Uma coca.

Escondo os lábios e arqueio as sobrancelhas enquanto anoto. Certo, ele é estranho.

Bruna sacode o braço em cima da cabeça, uma hélice de helicóptero. Bem que ela podia voar mesmo e me deixar trabalhar, é só meio expediente.

Peço licença.

Bruna está batendo palminhas, escondo o sorriso e lhe dou uma baforada.

– E então? - ela se inclina sobre a mesa.

Reviro os olhos e lhe dou as costas. Ela sabe que gostei dele, ela sabe que eu gosto dos estranhos. Ela sabe que eu estou rindo e eu posso vê-la por cima do ombro, ela sorri de cabeça baixa.

Continuo andando até a cozinha.

[Flashback off]

Mas agora tudo parece estar distante.

Ela me atende.

– Bruna?

– Anna. - ela parece estar feliz.

– Por Deus, como você está? Onde você está?

Ela gargalha. - Estou bem, com Bonnie.

– Queria falar com você.

– Agora eu não posso.

Suspiro. - Tudo bem.

– Outro dia? Eu ligo.

– Você costuma dar o fora nos caras com a mesma desculpa.

Ela ri outra vez. - Só que… Bebidas, sabe. Eu juro que quando me recuperar da ressaca eu ligo.

– E o seu pai?

– Isso? - o tom de voz muda. Desprezo. - Diga pra ele ver minha certidão de nascimento, eu sou maior de idade.

Não digo nada na hora. Olho em volta, o céu logo vai escurecer totalmente. Percebo que fiquei calada.

– Bonnie, então.

– Sem ciúmes, Annie.

Quase choro ao escutar ela me chamar daquele jeito, me engasgo. - Não. - respondo, escavo o chão com meu salto. Fazemos silêncio outra vez. - Quando volta?

– Amanhã se as minhas pernas resistirem a tanto você-sabe-oque. - escuto um gemido e tapas abafados.

Reviro os olhos. - Pernas, é? - tento brincar.

Ela ri. - Você não faz essas coisas. Quase é casada.

Bufo. - Tchau, Bru.

– Tchau, Annie. - a pontada no coração vem outra vez. - Você não está chateada, está?

– Não, só cansada. Consegui um emprego.

Ela urra. - Vou comemorar aqui por você.

– Aposto que sim.

– Beijos.

Desligo.

Entro no estabelecimento outra vez. A comida já chegou e acho que não vou me importar com algumas gordurinhas.

Pedro e Ian olham para mim. Dou de ombros. - Com Bonnie.

Pedro concorda e Ian relaxa os ombros.

– A vaca sabe a hora de sumir. - Ian comenta.

Acho que ía sussurrar isso.

Gargalho e eles me acompanham.

Voltamos para a delegacia. A cidade está calma nos últimis dias, o rádio de Ian ligado diz algo sobre bêbados e pequenos furtos.

– Então o que temos é?

Eu olho para Ian e depois pro papel outra vez.

Estou rabiscando um caminho.

Eu estava em casa. Fui para a casa do Pedro. Depois para o píer, com Bruna. E aí as pistas acabam.

Os depoimentos das pessoas que 'assistiram' é entre partes cortado, mas se juntarmos… Então, há um lugar, o píer. Eu, Bruna e mais alguém. Há uma terceira pessoa. Só não sei quem.

Talvez Bruna não seja a vilã afinal.

Esfrego as têmporas.

– Já é um avanço. - Pedro esfrega uma das mãos nas minhas costas.

Sorrio, um sorriso triste.

Agora quanto as surras, existe a possibilidade de que tenham sidas mandadas pela terceira pessoa. Ou Bruna.

O porquê é que deixa tudo de frente para um breu.

Me lembro da última carta. Meu coração se ilumina.

Pego o celular do bolso, me levanto e os dois ficam com as bocas entre abertas olhando pra mim.

No quinto toque ela atende.

– Ju.

Sorrio. - Oi Abbi.

– Tudo bem?

– Sim, é, está ocupada?

– Não, Bea dormiu a algum tempo.

Comemorei com um pulinho. - Você tem a chave da minha nova casa, não tem?

– Tenho, o que houve?

– Preciso que guarde essa chave com a sua vida.

Escuto o som de portas abrindo, ou fechando, não sei.

– Eu guardo.

– Você disse que queria se redimir, é a sua chance.

Sei que ela está sorrindo. - Tudo bem.

– Te ligo outra hora, pra resolvermos.

– Tudo bem, tchauzinho.

Eu desligo.

Eles ainda estão me olhando.

Sacudo meu celular. - Minha carta na manga.

Pedro se remexe.

Ian esfrega o rosto e bebe um gole do café preto de sua caneca.

– Seja quem for, nos deixou de mãos atadas.

Concordo.

– O jeito é uma armadilha.

Levanto as sobrancelhas.

– Você tem que estar sozinha, Pedro é seu segurança particular.

– É minha obrigação.

– Não no meu plano.

Pedro está emburrado e com os braços cruzados.

– Eu vou estar sozinha, então?

– Não é seguro. - Pedro resmunga.

Ian revira os olhos. - Se você fizer tudo como eu mandar, vai ficar tudo bem.

Empolgada, eu preciono Ian para que fale mais sobre.

[Flahsback on]

Pedro tem uma mania péssima de sempre que não está falando, morder os lábios. Me pergunto se é realmente necessário, mas acho melhor do que quando ele vivia passando o dedo nas sobrancelhas alheias enquanto conversava.

Mas sem dúvida a sua pior mania é de querer achar que sempre está certo, de tudo, em tudo.

Estamos voltando para casa, depois de um passeio da escola. Museu, heim. Chamem Percy Jackson.

Fato é que voltamos pelo bosque da cidade, há dezenas, centenas de árvores aqui.

Eu avisto uma maçã e me preparo para pegar uma em um galho lá no alto.

Eu consigo escalar, Pedro não diz nada. Ele está de braços cruzados e peito estufado. Idiota. Acha que pode me intimidar.

– Você é muito levada. - ele diz.

Me inclino para olhar em seus olhos, afasto alguns galhos finos e atiro uma maçã nele, não é a que eu quero. - Levada?

Ele desvia com facilidade e afirma com a cabeça. - Tome cuidado com isso, você ainda vai se machucar.

Reviro os olhos, parece um pai mesmo.

Subo mais alguns centímetros.

– E não finja que não está escutando.

Bufo. Mostro a ele meu dedo do meio.

Ando de um lado pro outro da árvore. Já posso ver a maçã premiada, estico o braço intero, então a mão, os dedos.

A puxo, o galho tremula e quebra de baixo de um dos meus pés.

Grito de pavor. Eu vou morrer.

Ele grita meu nome na mesma hora e corre até mim.

Ri quando me vê, eu estou agarrada a um galho. Estou com medo. Sim. Apavorada. Anna, a medrosa.

– Pegue minha mão.

Ele está com uma das mãos estendidas, parece um pouco menor daqui de cima. Ele não vai me aguentar.

Nego com a cabeça.

Eu não vou soltar, eu vou cair. Dois metros… três, talvez.

– Confia em mim, eu vou pegar você.

– Não dá, eu tenho medo.

Eu estou choramingando e ele sabe que eu não vou querer soltar.

– Vamos lá, Anna. Respire e venha, eu não vou te deixar cair.

Apesar de amendrontada, tenho plena certeza de que eu tenho que pegar na mão dele. Eu fui a teimosa, e ele está tentando me proteger... Resgatar, por assim dizer.

– Eu vou descer.

Respiro fundo e solto uma das mãos, eu começo a deslizar devagar para baixo.

[Flahsback off]


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Chamem na MP.
Tô aceitando conversinhas no whatsapp.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Together" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.