Together escrita por Max


Capítulo 32
Capítulo 32 - E que seja por muito tempo


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, eaí?
Tô mantendo a promessa de postar direitinho.
Não consigo responder os reviews.



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Os presentes aquela manhã foram espalhados pela casa como um caça tesouros. Dezenas deles e me senti muito feliz por isso.

O dia estava frio, a manhã estava com ar de preguiça, mas estávamos bem dispostos.

Naquele dia fizemos coisas a sós, coisas mais interessantes do que sentar e conversar. Se é que entende.

Abri a primeira carta.

"Feliz aniversário, 17 anos, minha pequena princesa."

Uma foto de polaroid anexada me arrancou um sorriso, Pedro apertava minhas bochechas.

O som ambiente era de músicas calmas. Estávamos de frente um para o outro, Pedro havia reservado uma mesa em um restaurante só para casais, um lugar sofisticado e eu estava me sentindo tão especial, quando disse isso a ele, Pedro sorriu e me disse que era porque eu realmente era.

Jantamos e até bebemos algumas taças de vinho, tínhanos uma das mãos sempre em cima da mesa, acariciando-se.

Tudo estava tão perfeito, o céu do lado de fora cheio de estrelas. Um presente dos céus para mim, era meu dia, afinal. Era meu aniversário. Dezoito, afinal.

E de repente lembrei da fita da casa da minha vó, lembrei que era também era o meu aniversário de 17 anos. Fizemos uma festa juntas.

Dentro do meu vestido preto justo e elegante, eu me sentia linda mas não extravagante.

– Quer dançar?

Limpei a boca no guardanapo, arrastei a cadeira com um ruído tímido. - Não sei dançar.

Pedro sorriu. - É oque você sempre diz, 'não sei cantar', 'não sei falar', 'não sei fazer'. Sempre. E você sempre me surpreende porque sabe fazer todas essas coisas e faz incrivelmente bem.

Com as bochechas coradas fui guiada por ele até o meio do salão, alguns casais mais velhos que nós dancavam e pararam para olhar e sorrir por sermos tão jovens e estarmos ali também, como eles. Ouvi suspiros e vi sorrisinhos deslumbrados escondidos nas mãos quando Pedro começou a me conduzir naquela dança.

– Isso é meio novo pra mim.

Pedro beijou-a antes que dissesse outra coisa.

– Isso é um incentivo? - ela brincou.

Pedro riu. - Pode ser.

Brinquei com a gravata dele.

Ter Pedro ali era ter um ouvinte, um amigo, um confidente e um amor eterno. Tudo em uma só pessoa, esse era o melhor de todos os meus presentes recebidos e ganhava mais um pouco a cada dia que passava.

– Eu sempre lembrei de você, sabia? Mas eu achei que era só mais a mesma paixonite outra vez.

– 'Paixonite outra vez'?

Anna encostou a cabeça no espaço entre o pescoço e o ombro dele.

– Se de algum modo a 'eu do passado' pudesse me tocar, ela me daria um soco.

Eles riram.

– Eu tive minhas paixonites e eu já gostei de você bem antes, ou acha que eu ia te deixar me levar em casa na chuva? Você era um pirralho.

– Eu tinha acabado de tirar a minha carteira, não esquece que eu sou o mais velho aqui.

– Só que não parece, criança.

– Mas você me ama mesmo assim.

– E amo muito.

Mais um beijo.

– Por que você repetiu de ano mesmo?

– Quebrei o braço. - eles se entreolharam. - Jogando futebol e não ria.

Não adiantou nada, porque ela riu.

– É por isso que comecei a lutar, pro criar mais músculos.

– Quanto tempo faz?

– Um ano e meio.

Ela concordou.

– Nós começamos a namorar e eu ainda era um pouco magrelo, porém você gostava.

Anna abaixou a cabeça, corou. - Você é lindo de qualquer jeito, idiota.

– Eu me sentia meio sem graça.

– Por que?

Agora ela olhava nos olhos dela. - Você sempre foi a mais linda e de repente estava namorando com o garoto magrelo da sala, não sei qual era o seu problema.

Eles riram. - Não fala assim, eu tenho certeza que eu te achava bonito ou muito provavelmente você foi atencioso, carinhoso e essas coisas todas.

– Você acha?

– Com toda a certeza.

Os dois agora dançavam em passos vagarosos, Ellie Goulding saia dos auto falantes do restaurante.

– Por quanto tempo eu vou te amar? - Pedro cantarolou.

A música respondeu, "Contanto que as estrelas estejam acima de você".

– E por um tempo mais longo, se puder. - cantarolou outra vez.

Anna o observava, disse um 'eu te amo' devagar e sem som.

Saíram do salão e foram para o lado de fora, alguns casais também estavam por ali, mas afastados uns dos outros, em seus mundinhos privados.

Pedro a trouxe para perto com o braço envolvendo seus ombros.

Olhando para o lado, Anna viu o perfil de Pedro entretido com a paisagem.

Era inacreditável pra ela, mesmo tendo só dezessete anos ela sentia que naquele um ano esquecido tinha perdido muita coisa, coisas com Pedro, momentos íntimos e até mesmo discussões, perdeu a primeira vez que ele se declarou pra ela, o primeiro beijo, as promessas feitas um para o outro. Tudo esquecido e talvez ela jamais lembrasse. Mas lá estava ele, um terno justo e que o deixava lindo e elegante, sorria pra ela de um jeito que até fazia seu estômago se contrair cheio de nervosismo.

Agora ela tinha um buraco na vida, um buraco que dificilmente seria tapado.

Por outro lado aquele acidente havia trazido coisas boas e pontos positivos, alguns ela já havia se dado conta, como por exemplo o relacionamento com os pais, o fortalecimento dos laços entre ela e Pedro. Outros ela ainda iria descobrir, esperava que não fosse só aquilo, não que fosse pouca coisa, mas comparado ao que foi perdido, ela achava que era desvantajoso.

Acordou daquele transe quando Pedro estendeu os dedos até sua bochecha, colocou um dos chachos até atrás da orelha dela.

– Então você é mesmo feita pra mim, muitas idas e vindas, uma perda de memória, paixonites. Acho que não vou te soltar nunca mais.

– Nunca solte. - o abraçou.

– Nem se fosse preciso, parece que o destino está disposto a fazer a gente ficar junto.

– Esse destino é mesmo muito legal comigo.

Uma ponta de tristeza encheu a expressão que Pedro fez depois. - Acho que nunca te disse como me sinto com tudo isso, o seu acidente e tudo mais, parece que é a hora certa não é?

Pisquei várias vezes, era meio que um choque, fiquei com medo do que ele poderia falar, era uma parte dele que eu temia que me afastasse. Ele tomou como uma resposta positiva, me abraçou, seu queixo no topo da minha cabeça.

As ondas quebravam ao bater no cais, o ar era gelado e por um momento pude quase ter certeza de um que Pedro iria começar a falar com a voz embargada, mas me enganei e ele assumiu uma postura ereta e falou com a voz firme.

– Sei que é difícil pra você passar por tudo isso, mas você nunca vai estar sozinha.

Eu faria uma piada e ele riria, mas não me parecia ser o momento certo para piadinhas, então me calei.

Pedro limpou a garganta e continuou.

– Eu que sempre fui indomável fiquei tão manso que até eu mesmo não me reconhecia, sabe quantos dias você não acordou? Dez dias, a qualquer momento podíamos perder você e isso era dolorido, era demais pra mim. Pergunte quem ficou lá todos os dias depois da escola, eles te dirão que fui eu. A cada dia você ficava mais distante e suas chances de recuperação eram as mínimas, meu Deus, como eu chorei.

Passei meus braços ao redor da cintura dele, o agarrei com força.

– E quando você acordou, meu coração se encheu de alegria e você destruiu depois me dizendo para esquecê-la. Você podia ter dito qualquer outra coisa, mas disse a que mais me machucou. Eu me sinto culpado, se eu não tivesse te deixado ir, se eu tivesse ligado para o seu pai e dito que você ficaria em casa, mesmo que depois levássemos uma bronca por isso, meu amor eu faria tudo para evitar se quer saber. Não sei como foi pra você depois que voltou a sua vida sem parte da sua memória, mas pra mim foram as piores semanas da minha vida. Eu não podia chegar perto de você, as pessoas da escola, alunos e professores, sempre perguntando como eu me sentia. Em um momento eu tinha acabado de finalmente, depois de meses, dizer o que eu sentia por você e no outro eu corria pelos corredores de um hospital, 'Venha correndo, alguma coisa aconteceu com a sua namorada', eles disseram. Eu quase morri no caminho, nem conseguia dirigir de tão amedrontado. Eu senti medo.

Eu não sabia como me sentia em relação àquilo agora, continuei parada, o coração dele oscilava na medida que ele falava, ora mais rápido, ora se acalmando.

– É meio angustiante saber que você não vai lembrar de nossas piadas internas, as risadas… As coisas boas, sabe. Sinto como se alguém também tivesse uma parte de mim quando te machucou e levou uma parte de sua memória.

– E você escondeu tudo isso dentro de você por tanto tempo, por quê? - quando me dei conta já havia saído pela minha boca, não tinha como voltar atrás. Pedro abriu e fechou a boca várias vezes.

– Por nós. - simplesmente disse depois. - Se eu te contasse isso antes, sem você antes ter visto os artigos ou lembrado de algo, seria egoísmo meu. Querer só expor meus pontos de vista, você nem mesmo entenderia, iria enlouquecer.

Concordei.

– Eu amo você, Pedro. E sempre vou amar, mesmo que perca a memória todos os anos, todos os dias, eu sei lá. Sempre serei sua, sempre vou pertencer a você, não importa o que aconteca.

Pedro me beijou, um beijo lento e com alguns tremores pelo frio.

– Feliz aniversário. - ele se inclinou sobre mim. - E que venham muitos e que eu sempre esteja ao seu lado.

Viriam. E ele estaria ao meu lado.

Voltamos para a mesa, meu celular vibrava e eu o peguei, haviam várias chamadas perdidas de um número desconhecido.

– Alô?

A linha ficou muda por alguns segundos.

– Anna Júlia Romero?

– Sim, ela mesma.

– Exército nacional, temos uma mensagem para você.

Meu coração parou no ato, exército?

– O que houve?

Ouvi atentamente tudo o que a mulher disse, ela suspirou do outro lado da linha que depois ficou muda, daí houveram chiados e finalmente a voz calorosa que fez meu coração se encher ainda mais de alegria.

"Oi durona, como vai você?

Se quer saber são duas da manhã agora, do dia 4. Eu estou vivo e amanhã é seu aniversário. Desculpe se achou que eu voltaria para casa a tempo ou sei lá, que eu tinha morrido.

Mas nada disso aconteceu, é só o velho Henri sendo super protetor e ligando pra dizer sempre a mesma coisa que sempre diz todos os aniversários. Pra variar.

Espero que você seja muito feliz minha filha, se não agora, quem sabe um dia. Que consiga conquistar todos os seus sonhos.

Tudo de bom pra você.

Meu tempo vai acabar. Logo estarei em casa. Eu te amo, pequenininha. Não, dezoito, não é? Não é mais só minha, agora você tem dois homens em sua vida, já fazem dois anos e eu não me acostumei ainda.

Sou rabugento mesmo. Enfim, aproveite o seu dia."

Mais chiados e a ligação terminou.

Mesmo sendo uma mensagem gravada, eu fiquei feliz.

Agora de frente para o espelho, eu lia mais uma carta.

"É inacreditavel como alguém tão raquítica pode ser tão odiosa, meu ódio se prende a seis letras em uma palavra. BONNIE. Parece que tudo dá errado quando ela está por perto. Não sei se estou triste, chocada, horrorisada ou… não sei. Tudo está entalado aqui na minha garganta, Bonnie é uma garota que merece estar no topo do meu ódio."

Acabara de tirar a maquiagem do rosto, estava meio exausta, mas ainda muito feliz.

– Anna?

Tirei os brincos com certa pressa. - Preciso de ajuda para tirar o vestido.

Eu já conhecia Bonnie, então porquê ela se apresentou? Até ela sabia que eu tinha perdido a memória, mas como se ela havia se mudado quase três anos antes?

A carta datada mostrava que na metade do ano passado eu havia tido uma conversa nada amigável com Bonnie. Bonnie

era minha inimiga declarada à pacto de sangue.

Tudo foi esquecido quando as mãos firmes do Pedro agarraram ambas das partes do meu vestido, fazendo o fecho ficar mais frouxo, facilitando a abertura.

Me arrepiei.

Ele beijou meu pescoço depois disso. Parece que a noite seria para fazer coisas interessantes. Se é que me entende.


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Notas finais do capítulo

Mesmo assim gosto de comentários.

E vitória, chama nas mensagens privadas, acabei de ler a escolha



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