Together escrita por Max


Capítulo 23
Capítulo 23 - Você sabe o que eu quero dizer, não sabe?


Notas iniciais do capítulo

Feeling good. Nina Simone sim, por que?
Ei, não me chamem de safada depois desse capítulo, okay? hahaha
Uh! Vocês sentiram minha falta? Fiquei um dia sem postar porque fui pra piscina õ/
Agora é oficial, eu O-DE-IO piscina (:
Se ajeita aí na cadeira e relaxa curtindo mais um capítulo.



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O jazz tocava pela sala e se misturava com gargalhadas gravadas de algum seriado na TV. Mamãe acabara de abrir a porta; eu e vovó sentamos no mesmo lado da sala.
Por mais que minha avó fosse minha avó. Ela não era velha realmente caquética, teve minha mãe ainda muito nova, 16 anos. E minha mãe me teve por volta dos 23.
Isso fez com que eu crecesse com duas mulheres mães de primeira viagem e por mais que todos dissessem que seria ruim, na verdade não foi. Não me imagino com outra família e era por isso que eu queria tanto lembrar de tudo.
Cada dia a mais naquela família era um motivo para um sorriso ou risada sincera, vinda de dentro pra fora.
Minhas mães eram realmente malucas, pareciam que nunca viram o tempo passar e isso era realmente bom.
Mamãe se sentou ao meu lado, envolveu-me com um dos braços.
– O que mães e filhas conversam?
– Ah, mãe, eu sei lá.
Vovó sorriu. - Conversam sobre tricô e comida.
– Eu não quero conversar sobre isso.
Mamãe concordou.
– Sobre garotos? - vovó sugeriu.
– Não, absolutamente não. Isso é estranho.
Mamãe negou tirando o sobretudo azul. - Vamos lá, perguntas rápidas.
– Não vou fazer isso, sério.
– Ele beija bem?
– Ele quem?
– Seu pai, é logico que é o Pedro.
Coloquei as duas mãos no rosto. - Beija.
Vovó sorriu. - Tá vendo? Deu certo.
– Só dessa vez.
– Romantico ou selvagem?
– O que? - sorri. - Romantico.
– Sei. - mamãe abaixou os óculos cat eye.
– E Richard? Beija bem?
– Ôh se beija. - ela se banou com uma das mãos.
– E o vovô?
– Quente como uma fogueira.
Gargalhei e joguei uma almofada nela.
– E você e o Pedro?
– O que tem?
– Vocês já voltaram a transar?
Me inclinei pra frente.
– Como assim 'voltaram'?
Minhas bochechas queimaram e me virei pra comida.
– Oh, e pelo visto sim e ele é bom de cama. - vovó acressentou e abaixou parte da manga da minha camiseta, a mordida ficou à amotra.
– Ei!
Elas gargalharam.
– E é romantico? Tem certeza? - vovó se drebruçou na mesa.
– Talvez um pouco selvagem.
– Talvez? - mamãe zombou.
– Para! Nenhuma mãe conversa com a filha assim.
– Eu converso, até mesmo te fiz rir.
Concordei e continuei a comer.
– Ta bom, Anna. Só queria saber, sabe.. De repente.
– De repente o que?
– De repente você pudesse me contar algo sobre o dia que você foi espancada.
– E o que eu e Pedro temos haver com isso?
– Não sabemos o motivo disso tudo, pode ser por você ter voltado com ele ou por alguma outra coisa.
– Não foi a primeira vez que aconteceu.
– Anna, o que você não contou à polícia?
Mamãe se ajeitou no sofá. - Aquela foi a segunda vez, a primeira foi quando eu saía da escola, Pedro não me levou pra casa, lembra? Você foi na escola levar a calça jeans pra mim, bom, no outro dia, nós não voltamos juntos.
– Por que?
– Bruna. - sussurrei. - Ela estava no colo do Pedro.
– Aquela vagab...
– Mãe, calma, deixa eu terminar. - eu já prendia as lágrimas. - Droga, você teve um péssimo início de conversa. - sorri.
– Desculpe, queria descontrair.
– Eles me machucaram e de repente eu já estava no hospital e...
Ela suspirou.
– Ingrid estava lá, não é?
– Sim, mas como...
– Você e ela se tornaram melhores amigas, é uma pena que não lembre.
– Como ela conseguiu chegar a tempo?
– Ela não sai de perto de você se nós ou o Pedro não estivermos por perto.
– Nós quem?
– Seus parentes, ela prometeu que te protegeria, prometeu ao seu namorado que te protegeria.
As lágrimas desceram. - Eu sinto tanto por não lembrar.
– Algum dia você vai, e se não lembrar, não faz diferença.
– É?
– Claro que não faz, querida.
– Porque não me contaram antes?
Mamãe soltou o ar e se deitou completamente no sofá, pôs a cabeça em minhas pernas.
– Achamos que você construiria as memórias sozinha, então todos se afastaram outra vez, eu e seu pai até mesmo voltamos a morar na mesma casa.
– Eu percebo agora. - sussurrei.
– E Pedro, por Deus, Pedro. - ela sorriu enquanto balançava a cabeça. - Ele estava realmente triste com isso, disse que você o mandou te esquecer.
– E ele tentou.
– Tentou, mas não conseguiu.
– E quanto ao papai?
– Seu pai acha que a culpa é dele.
– Dele quem?
– Dele mesmo, acha que se ele não tivesse te deixado ir com a Bruna, você ainda estivesse bem.
– Eu estou bem, eu posso não lembrar de uma parte da minha vida, mas eu estou bem, estou procurando e encontrando as coisas que eu perdi, só não posso fazer isso sozinha, entende?
Vovó se deitou ao meu lado, formamos um abraço triplo. - Amamos você, gatinha.
Ficamos em silêncio, minha avó começou a rir primeiro. - Uh, olhe para nós, parecemos com...
– Uma mãe, uma neta e uma avó?
Ela torceu o nariz. - Que nojo.
Ri. - Vamos, ainda tem bolo?
Ela me olharam arregalando os olhos. - Você é magra de ruim.


Os dias naquela casa foram perfeitos, alguns momentos pareciam que eu estava tendo um Déjà vu e outras pareciam totalmente novas para mim.
Algumas paredes foram pintadas, o que impossibilitou o reconhecimento imediato de alguns comodos, como o que eu costumava dançar ballet.
A casa era totalmente feita de lembranças, de quando eu era pequena, até mesmo
as marcas no batente da porta da cozinha, mostrando as alturas minhas e dos meus primos.
Corri pelo corredor de chão de madeira, somente uma pequena parte das tábuas rangeram. Enquanto meu pé fez um barulho no chão, percebi havia uma parte oca lá. Me ajoelhei e removi parte do chão falso. Enfiei minha mão e puxei um envelope amarelado.
Estava escrito o nome da minha avó na parte de trás.
Entreguei a ela na hora do café, que analizou e depois deslizou na mesa.
– Você encontrou isso?
Eu afirmei e ela sorriu. - Como encontrou?
– Eu achei que poderia estar em um lugar, quando cheguei lá, estava.
– Quer saber o que é?
Eu sorri, era minha resposta. Ela abriu e pegou uma chave de dentro do envelope.
– Uma chave?
– Não, um pepino. - sorriu. - Tem uma caixinha pequena embaixo da sua cama, leve-a, não conte a ninguém, ta bom?
– Por que?
– Eu não sei, você me disse isso quando me entregou.
– E você abriu?
Ela negou.


Agora eu estava voltando pra casa, tinha dormido o caminho inteiro.
Esfreguei os olhos e mamãe sorriu pra mim.
– Foi bom pra você? Os dias com a sua avó?
– Sempre serão bons com vocês duas.
Mamãe sorriu. - Que nojo.
– Grudenta.
– Chata.
Rimos.
Passamos na casa dela primeiro, Richard dormia no sofá quando chegamos. As embalagens de pizzas espalhadas entrengou o quanto ele passou bem, ou não. Richard roncava baixo, o controle da televisão estava sobre a barriga dele, embaixo de uma das mãos.
Mamãe limpou tudo ao redor, depois beijou a testa dele. Fiquei sentada na poltrona observando, ela o cobriu com um cobertor.
Ele se remexeu levemente, abriu os olhos, as íris verde esmeralda sorriram junto com os olhos da minha mãe.
– Desculpe por te acordar.
– Você voltou.
Ela acariciou os cabelos dele. - Como você esteve?
– Com saudades.
Ela sorriu. - Eu te amo.
Ele a beijou. - Eu também te amo, amor.
– Anna está nos observando.
Ele riu. - Oi Anna.
Respondi com um som do fundo da garganta.


Coloquei uma calça legging preta com estampa de linhas brancas, uma regata
branca, uma jaqueta jeans e um all star preto. Amarrei o cabelo com um rabo de cavalo, minha franja desceu ao meu rosto assim que acabei de dar a última volta com o elástico, a assoprei pra trás.
Estava tão eufórica pra encontrar Pedro outra vez.
Quando cheguei na frente de casa, já pulei pra fora do carro.
– Ei. - mamãe grita.
– O que?
– Vai devagar. - ela sorri maliciosamente e eu rio.
Abri a porta e a empurrei com um dos pés; Abbi me olhou por cima dos ombros, ela estava sentada no sofá, assistia algum programa de talentos.
Talvez eu a esganasse, talvez eu a matasse. Vaca. Pensei em todos os xingamentos possíveis. Porém, me controlei.
Corri para o corredor do meu quarto, joguei a mala pra dentro e fui até o quarto do Pedro.
Abri a porta do quarto, Pedro estava deitado na cama.
O cabelo ondulado estava bagunçado, ele vestia uma camiseta fina, podia ver o relevo em seus músculos, usava uma calça de moletom.
Ele tirou os olhos do livro que estava lendo e abaixou os óculos sorrindo ao me ver.
Se levantou e veio até mim.
– Oi. - o beijei rapidamente.
Ele me abraçou assim que cheguei perto. - Você está...
– Linda?
– Talvez eu usasse outra palavra, mas linda se encaixa perfeitamente.
– E você... Está...
– Estou o que?
Mordi o lábio, ele abriu um sorriso malicioso. - Gostoso.
Ele riu. - Você, falando desse jeito?
– Estou sendo sincera.
Ele concordou, as duas mãos foram até minha cintura. - Acho que vou passar mais tempo vestido assim.
– Se não vestisse nada seria perfeito do mesmo jeito.
Ele gargalhou e me levantou. - Isso vale pra você, gostei da calça.
– Pode tirar se quiser.
– Você sempre fez brincadeiras assim, mas tenho que avisar de dá certo.
Minhas pernas rodearam a cintura dele, os seus dedos vieram rapidamente até minha nuca e minhas costas foram prensadas na parede. - Estou com saudade, e você?
– Foi como se eu estivesse com um pedaço sobrando. - mordiscou meu ombro.
Me agarrei à ele, os dois braços como se eu fosse abraçá-lo.
– Bom, eu estou aqui agora.
Ele sorriu e me puxou para perto mordendo meus lábios. - Estou feliz com isso.
– Senti sua falta.
– Prometo colocar minhas mãos onde você possa sentir.
Pedro arranhou-me levemente enquanto tirava minha jaqueta, lancei minha cabeça para frente e cheguei ao pé do ouvido dele. - É uma proposta irrecusável.
– Me beija.
Foi uma ordem, um pedido, um sussurro. Eu atendi com uma urgência sufocante.


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Notas finais do capítulo

Não vou falar nada da quantidade reviews porque eu sei do feriado e blábláblá, mas só dessa vez. Não quero ficar postando pra ninguém :c
Aliás, um beijo pra Dona Danih que não me abandona ♥