Together escrita por Max


Capítulo 2
Capítulo 2 - Entre a cruz e a espada


Notas iniciais do capítulo

Olá, galera!



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Alguma vez você já ouviu falar nesta expressão? ”Entre a cruz e a espada?”

Bom, se você já chegou pelo menos na oitava série sabe alguma coisa sobre o período da Santa Inquisição, que era um ‘tribunal’ onde todas as leis eram aplicadas de acordo com a bíblia, na percepção cristã. E aqueles que eram ‘errados/culpados’, enfim, esses tinham um momento onde podiam abdicar, isso é, se arrepender de seus pecados. Caso essas pessoas não se arrependessem, era certo, já era! Perdeu, mermão! Viravam presunto. Morriam. Entendeu?

Bom, esquece. Basicamente, é quando se tem uma situação difícil, onde você tem que escolher entre duas coisas difíceis. Mencionei o que eles ‘ganhavam’ depois de se ‘arrepender’? É… Eles tinham que servir a igreja por um tempinho. A vida toda.

E era exatamente entre a cruz e a espada que eu me sentia naquele dia. Ou simplificadamente entre os meus pais! Ou entre a escola e o meu computador! Se aplica em todas as hipóteses.

Eu poderia ter uma vida de adolescente normal, mas NÃO! Eu tinha que começar o meu ano com um pé esquerdo. Sabe, adolescentes normais, na minha idade pelo menos, tem muitas coisas. Tem espinhas, tem namoros mal sucedidos, tem notas vermelhas no boletim… Mas eu não. Eu tenho uma matéria da escola, e naquele ano tudo girou em torno dela.

Eu não gosto muitas coisas: calor, espinhas, namoros mal sucedidos, notas vermelhas no meu boletim… E existem coisas que eu odeio, aí vão seis as que fazem parte do topo do ranking:

Número um: Sociologia.

Número dois: Meu professor de sociologia.

Número três: Meu parceiro de sociologia.

Número quatro: Meu professor de sociologia passando trabalhos idiotas.

Número cinco: Pedro Lucas Belarc Prado. O idiota que implica comigo. Desde… Bem, o começo do ano. Será que ele não podia ter ficado quieto, como ficou por cinco anos?

Número seis: Minha vida escolar depender dos trabalhos idiotas que meu professor de sociologia passa pra eu fazer com meu parceiro, Pedro Prado.

E bom, agora eu estou presa a ele por termos um trabalho sobre relacionamentos, tipo, ‘como pessoas se relacionam’. E eu vou definir meu relacionamento com o senhor Pedro em uma palavra; e ela não é amizade, não é companheirismo, não é nem paciência. Ela é ANTIPATIA.

Ele me acha antipática, descobri isso na semana passada, quando o professor pediu que escrevêssemos algo que lembrasse nosso parceiro. Ele escreveu “enjoa”. Eu escrevi “idiotisse”.

E bom, foi aí que entramos em pé de guerra. Mas aparentemente ele e minha melhor amiga tem alguma coisa, que ela insiste que tem, mas eu sei que não. Eles nem sequer se falaram alguma vez.

E por falar nela. É alguém bem… Digamos, excêntrica?! É o que eu acho, ela está bem longe de ser normal, e é confusa também. Ela é bonita, de fato. Só que as vezes ela força demais a beleza/maquiagem… E bem, não é a toa que chamam ela de gueixa.

– Bru. – chamei por ela.

Ela pareceu não querer me ver, nem mesmo com meu braço acenando acima da minha cabeça.

– Ei, patricinha. – Pedro me provocou.

Olhei pra ele, meus olhos o metralharam de ódio.

– O que é?

– Vai demorar ou posso ir embora?

– Vai. – respondi.

– Vai demorar ou é pra eu ir embora? – só posso ter cara de palhaça, ou então ele gostava mesmo de me irritar.

– Ir embora, eu já disse que não preciso da sua ajuda?

– Eit…

– E já disse que não vou precisar nem em um milhão de anos?

Ele sorriu, e ficou com aquele sorriso no rosto. Perfeito. E irresistível, aliás.

Balancei a cabeça, dissipando aquele deslumbre e desisti até mesmo de ir atrás da Bru. Passei por ele, esbarrando raivosamente me seu ombro.

Fui pra parada de ônibus, tinha que mudar de casa, afinal.

[…]

Cheguei em casa correndo. Tínhamos marcado de sair alguns minutos depois das seis, antes que minha mãe voltasse do trabalho, meu pai queria poupar disso.

Abri a porta de supetão e meu pai olhou pra mim e depois pro relógio. Ah, cara! Atrasada de novo.

– Preciso te dar um relógio?

Sorri e beijei seu rosto.

– Vou ligar o carro. Pegue rápido o que precisar.

Corri até lá em cima e peguei só um porta retrato, eu, mamãe e papai. Desci e peguei meus livros na sala. Estava toda atrapalhada, então pus em uma sacola reciclável.

Virei rapidamente. A mulher bonita na minha frente não parecia real, os olhos verdes foram capazes de me petrificar.

– Mãe?

– Eu moro aqui, bebê. – ela sorriu e depois fechou o sorriso, quando percebeu que o que disse era errado. – Desculpe.

– Deixa pra lá. – sacudi a mão.

– Está magoada?

– E chateada, machucada, desamparada, mal amada.

– São muitos ‘ada’. – chegou mais perto. – Escute, querida. Ainda amo você! – ela pegou meu rosto com as mãos e beijou minha testa bem devagar. – Por Deus, eu e o seu pai fizemos uma girafa.

– Vai implicar comigo até quando vou embora? – minha risada prendeu-se por lágrimas.

– Você não vai embora, ainda vai estar aqui. – colocou a mão no coração.

– Mãe. – sussurrei.

– Vamos almoçar amanhã, não me deixe de fora agora ok?

Papai buzinou do lado de fora.

– Pizza?

– Eu disse um almoço! – me olhou com aquela cara de ‘vou te dar uma bronca, mas você sabe que não é sério’.

– Chata. – sorri.

– Anna. – ela segurou meu braço antes que me virasse. – Não deixe que o Henri me odeie, pode fazer isso?

Confirmei com a cabeça e saí de casa.

Protegi meus olhos do raio de sol que sempre ficava na porta de casa aquela hora. Papai acenou pra mim alguns metros afrente, entrei no carro.

Ao longo do caminho preferi não pensar nas coisas difíceis que estavam acontecendo. E nem como era estranho Bru ter me evitado, o que estaria acontecendo com ela? Mas é claro que foram apenas esses que me machucaram.

– Eu sinto muito, filha. – disse olhando rapidamente pra mim e depois pra frente.

– Ta tudo bem. – me virei, esfreguei minha mão em seu ombro. – Juntos?

Ele sorriu.


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