Ponto de Vista: Anna Júlia

– Anna! - papai segurou meu braço com força, eu não consegui parar de chorar desde que ele me entregou a carta aquela manhã.

Dentro de um envelope branco amarelado com um selo de cera marrom. A letra “R” nunca me faria pensar que seria o sobrenome da minha mãe, Romano.

Pensar que estava tudo bem até aquela manhã, até mesmo a briga com os idiotas da sala. Mas hoje todos sabiam porque eu chorei na frente de todos no refeitório. O pior era que a Bru não estava lá, não estava.

Tudo estava desabando em cacos minúsculo, como um espelho que eu seria incapaz de juntar.

– Ai meu Deus, me desculpe. - solucei com as mãos em frente ao rosto.

– É um momento complicado, meu bem. - me sentou em uma cadeira.

– É. - respondi tensa.

– Eu sei que você não vai aceitar rápido, mas sua mãe escolheu isso, ela pediu divórcio.

Houve um breve pausa, usei-a para engolir a seco. - É claro que eu não vou aceitar, ela me contou por uma carta.

– Ela quer a casa, vamos nos mudar.

– O que? - gritei.

– Anna. - gritou outra vez, sacudindo-me pelos ombros e me fazendo me olhar em seus olhos. - Era escolher entre você a casa. A casa ou você…

Ele tirou as mãos de mim e passava nos cabelos em um movimento de vai e vem ritmado.

– O que vamos fazer? - prendi o choro.

– Vamos para a casa de uma amiga minha, ta? Depois resolvemos isso. Vamos ter uma casa só nossa.

O abracei com toda força.- Eu te amo, papai. - falei contra seu colarinho.

– Princesa. - beijou minha testa. - Com você e por você… - segurou meu rosto e sorriu com o afeto que me confortava. - Eu dou a volta ao mundo pra te ver sorrindo. Ta bom?

Ponto de Vista: Pedro Prado

– Você acha que ela vai gostar? - sua voz suave se virou pra mim.

– Claro que vai, mãe.

– Ela fala com você?

– Meio que fala, pra ela somos apenas amigos de classe. - certo, eu adorava ver aquela menina meio brava, eu estava me divertindo com aquilo. Era errado, era. Eu estava ligando? Não.

Pra um garoto de 18 anos, prestes a... Eu acho, estrar na faculdade era um daqueles momentos que você vê graça em dividir uma casa com uma garota. Uma garota que estava a cinco anos na mesma sala, e que aparentemente não gostava de falar mais comigo.

Esse ano as coisas mudaram aqui por casa, a mãe e o pai ficaram mais ausentes e presentes ao mesmo tempo, é confuso. Mas tudo isso depois do AVC do meu avô, alguns meses atrás. Ainda teve a confusão dentro de mim, meu coração e a minha pequena caindo das minhas mãos sem que eu pudesse fazer nada. O que me deixa triste.

Eu tenho tentado continuar sendo o mesmo de sempre, mas as vezes eu tenho um distúrbio de sentimentos e isso faz as pessoas estranharem, se afastarem e se estressarem. Queria encontrar alguém que ficasse pra sempre, até com os meus “de repentes”.

Ponto de Vista: Bruna Andrade

– Você vai comigo depois da aula?

– Fazer o que? - olhei pra ela, depois voltei a brincar com as pontas do cabelo.

– Não quero chegar lá e me dar conta que as pessoas são chatas.

– Ah, eu acho. Mas qualquer coisa, me liga assim que chegar.

– É claro. - sorriu.

As provas foram deslizadas na mesa, sociologia.

– Quanto você tirou? - perguntei depois de abrir e fechar os olhos lentamente.

– Um B. - suspirou. - E você?

– Um C... menos. - coloquei a cabeça na mesa.

– Professor! - ela levantou a mão. - Algum problema com o meu trabalho?

Ele chegou perto dela, avaliou a prova de novo e depositou um "+" ao lado do B. Anna Júlia Sortuda. Sim, esse deveria ser o sobrenome dela. Sempre conseguindo o que quer, quando quer e de quem quer. É uma peninha que os pais estejam se separando… Mas não dou a mínima.

Mas como nem tudo são flores e a Anninha ano passado, conseguiu fazer merda atrás de merda. E é por isso que estamos aonde estamos agora.

[PERSONAGENS COMPLEMENTARES]

Abigail, aparece pela primeira vez no capítulo 3.

Bonnie, aparece pela primeira vez no capítulo 11.

Tanner, mencionado pela primeira vez no capítulo 11, aparece somente no capítulo 13.

Welcome! Se ajeita nessa cadeira e curte a história.