Together escrita por Max


Capítulo 11
Capítulo 11 - Bonnie e Tanner


Notas iniciais do capítulo

Oláa, meu nome é Marcella e eu vim confundir e derrubar as teorias de vocês.
Se ajeita aí nessa cadeira.
E esse é o maior capítulo da história õ/



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Em todas as coisas que eu poderia ter pensado, eu pensei em fogos de artifício. Talvez eu estivesse ficando maluca ou até mesmo escutado muito aquela música da Katy Perry, contudo eu podia realmente jurar de pés juntos que vi fogos de artifício nos olhos da garota antes de ela me acertar o soco no estômago.

Me dobrei ao meio na tentativa de me esquivar de mais golpes, que foram deferidos no lado esquerdo do meu corpo. Gritei por socorro, algo que não tinha feito da última vez.

Levei um último golpe, na perna direita, o que me impossibilitou de ficar de pé.

– Ei. - houveram mais vozes e depois passos ao longo do caminho onde minha visão estava turva demais pra distinguir o que eram pessoas, luzes ou escuridão. - Tudo bem com você? Pode levantar?

Eu estava no chão, depois das palavras pude sentir o chão gélido de concreto.

– Precisa de ajuda? Quer carona?

De pé, pisquei e arregalei os olhos algumas vezes. - Não. - gemi. - Meu carro está aqui.

– O branco? Consegue dirigir até em casa?

– Consigo. - gemi outra vez, algo mais para um grunido. - Pode destravar as portas?

– Claro. - ouvi os 'bips' e depois ele me colocou sentada no banco. - Levaram alguma coisa sua?

– Não, minha bolsa está aqui, tenho certeza que não. Obrigada.

– Tome cuidado.

Sorri e ele bateu a porta do carro pra mim.

Primeiro tentei pegar meu celular, tateei a bolsa por dentro até achar a capinha do celular. O destravei, depois de algum tempo tentando recuperar o foco das coisas que estavam embaçadas ou mexiam-se de forma frenética.

Ninguém da minha lista telefônica me atendia, então resolvi ligar pra polícia.

Não demoraram a chegar e fizeram uma espécie de escolta até em casa.

Bateram na porta de casa e todos vieram atender.

– Anna? - papai olhou pra mim.

Saltei do carro e caminhei até ele.

– Estou com frio.

– Então o nome dela é Anna? Ela não conseguiu dizer muita coisa. Está tonta, deve ter levado algum golpe na cabeça. A hipótese de assalto foi descartada, nada foi levado.

– Você consegue fazer o retrato falado? Quantos eram?

Engoli a seco e respondi. - Quatro.

– Homens? - papai se intrometeu.

– Dois deles.

– Quem pode ter feito isso?

– Eu não sei. - levei as mão até a cabeça.

– Querida, não tem andado com outras pessoas e...

– Pai, eu já disse que não sei. - grunhi entre dentes.

– Não precisa ficar nervosa.

– Porque acha que eu faria alguma coisa assim? E mesmo se fizesse, seria justo acontecer isso comigo?

– Eu não disse isso, filha.

– Anna, tudo bem. - Pedro segurou minhas mãos.

Eu estava tremendo, não tinha me dado conta disso até então e ele precisa estar assustado.

– Está tudo bem agora. - ele exitou tocar em mim, mas trouxe-me junto ao corpo com as duas mãos nas costas dela.

– Estou com medo.

– Não é culpa sua.

Por mais carinhoso que o tom de voz dele soasse, eu estava parada e abraçada com força a ele.

– É a primeira vez que isso acontece?

– É, não é, Anna? - eu não contei sobre a primeira surra pro meu pai por motivos óbvios, ele ficaria uma fera com quem quer que seja, colocaria Deus e o mundo, além de uma parte do inferno atrás de quem tinha feito aquilo.

– Sim. - respondi.

– Leve-a pra dentro. - papai disse.

– Sim, Sr. Ferreira. - Pedro colocou seu braço envolta da minha cintura.

Abi e Babi ajudaram a deixar o quarto o mais confortável possível. Meu pai estava furioso, não saiu do telefone um segundo, meu medo era exatamente este.

Papai entrou um tempo depois, ele estava com as duas mãos na cintura.

– Preciso saber de mais alguma coisa?

– Sou sua filha, o que acha?

– Certo. - ele sorriu e deu alguns tapinhas nas costas do Pedro.

– Papai, eu já disse que isso é muito constrangedor. De todo o coração, é quase como me dar uma torta na cara.

Ele sorriu. - Temos que conversar. - beijou minha testa e depois saiu.

– O que acha que ele quer conversar?

– Ele vai me contar uma coisa muito ruim.

– Como sabe?

Tossi. - As mãos, na cintura, elas são um mal sinal.

Ele sorriu. - Você está bem?

– Ótima, quase uma sereia, não sinto minhas pernas.

– Eu não vou me perdoar, se não tivesse deixado você ir.

– Cala a boca. - estendi a mão e tapei sua boca. - Também não é culpa sua. Nada disso é culpa sua.

– Pensei em ir atrás de você depois.

– Você só ia se meter em confusão, não ia ser bom.

– Como escapou?

Sorri. - Eu não escapei, acho que não vou conseguir dirigir amanhã e então você ainda é o meu motorista.

– Como pode achar um outro lado nisso?

– É o que eu faço de melhor, acho que sou bipolar igual você.

Ele se levantou e beijou meu rosto. - Gosto disso em você.

– Isso é bom, é menos um pra minha lista de 'possivelmente é quem mandou me machucar'.

– Nunca machucaria você. - beijou minha mão. - Nem se precisasse.

Em algum momento uma dose de morfina imaginária tomou conta de minhas veias e eu já não sentia dores, não sentia o meu corpo pra ser bem sincera. Passei somente a desfrutar da maciez da cama e dos dedos do Pedro entre meus cabelos.

O sonho veio repentinamente. Meus pés caminhando pelas ruas, depois ele recuaram, meu rosto foi tomado por pânico. Houveram dois flashes.

No primeiro, haviam cinco pessoas de costas, Ingrid estava lá, outras quatro eu sabia muito bem quem eram, mas minha cabeça não havia me deixado montar os rostos dos agressores. Eram dois caras altos e bem novos, duas garotas diferentes de aparências distintas, uma delas com cabelos enormes e outra com os cabelos de forma que a altura oscilava entre um lado maior que o outro.

No segundo flash, olhei mais atentamente o rosto do garoto que estava com a Bruna, quase tive um infarto.

– Oi princesa. - levantei em um salto, como se estivesse me afogando e meus pulmões ansiassem e precisassem de ar.

O quarto estava escuro e a janela enorme aberta, as cortinas pareciam levíssimas, pois dançavam com os ventos. Concentrei em mim e me dei conta de que estava hiperventilando, suava frio e estivera chorando.

Deslizei preguiçosamente para fora da cama, alguns lençóis estavam grudados em minhas costas. Me livrei deles e caminhei até o banheiro. Lavei o rosto na pia, estava quente lá dentro. O reflexo no espelho, se desestabilizou, e de repente o reflexo já não era meu.

Acordei assustada.

Braços me envolviam e eu me afastei com toda a força.

Pedro me olhou assustado. - O que foi?

– O que você está fazendo aqui?

– Eu acho que dormi.

Ele esfregou um dos olhos e se levantou.

– Aonde você vai?

– Pro meu quarto.

– Não, tá maluco?

Ele voltou, segurou meu queixo. - O que você tem?

– Eu estou com medo, de verdade.

– E quer que eu fique?

– Deita na minha cama, eu durmo no sofá.

Ele sorriu, outra coisa sobre ele que eu nunca ia entender, ele sorria sem motivo as vezes.

– Do que você está rindo? - perguntei.

– Nada.

O puxei pela mão. - Eu disse alguma coisa engraçada?

– Você diz muitas coisas engraçadas.

[6h43m]

Coloquei a mochila em um dos ombros. Os óculos escuros eram apenas até eu visitar um oftalmologista depois da escola. Pela primeira fez usei uma bota de cano baixo com salto fino, que me deixava 10 centímetros mais alta.

– De vestido? - Pedro se virou. - E salto?

– Mas não abandono a jaqueta. - sorri.

– Como você está?

– Estou bem, sua mãe cuidou bem de mim.

– Ótimo. - ele abriu a porta do carro.

– Sendo cavalheiro, olha, gostei.

– Também lhe daria um beijo, mas não olhe agora, seu pai está na janela do quarto e fazendo um movimento que... digamos, posso descrever pra você?

Abaixei a cabeça sorrindo. - Diga.

– Um dos dedos passando lentamente pelo pescoço.

– Ele é adorável, não é? - dei um tapinha em seu ombro antes de entrar.

Ele deu a volta no carro, eu colocava o cinto quando ele entrou. - Acho que vocês vão se mudar.

– Por que?

– Seu pai tem uma mala pronta no quarto.

– Quando você foi ao quarto dele? - perguntei, pus a mochila nas coxas.

– Ontem, quando ele me chamou pra conversar.

– Quando?

Pedro deu mais um daqueles sorrisos inexplicáveis. - Quando fui pedir permissão pra namorar você.

– O que? - não pude segurar, comecei a rir.

Ele deu ré pra tirar o carro da garagem. - É sério.

– E o que ele disse?

– Ele falou que deve ser um pedido formal, e você vai ter que aceitar.

– Você não fez isso.

– Eu fiz, algum problema?

Me virei da sua direção, destravei o cinto e fiquei de joelhos no banco; puxei ele pela nunca. - Nenhum.

Ele tirou as mãos do volante e me segurou pelos quadris. - Parece que fiz a coisa certa.

Concordei.

[7h25m]

Chegamos a escola mais rápido do que eu achei que chegaríamos. Ele passou o braço pelos meus ombros, uma forma de me trazer para mais perto. Muitas pessoas estranharam. Fomos alvos de todos os olhares. Uma garota de cabelos curtos virou-se para mim quando entramos no corredor dos armários do ensino médio. Seus cabelos não me deixaram ver seu rosto. Mas ao olhar para seu perfil, eu tinha certeza que já a tinha visto em algum lugar, Pedro me puxou pra mais perto.

– O que foi? Você parece nervoso.

Nós nos viramos de costas, assumiríamos outra direção; uma voz gritou o nome dele.

Olhei pra ver quem era, agora eu via o rosto dela e ele era muito familiar.

– Quanto tempo. - ela sorriu e correu até nós.

Ela era morena, os cabelos lisíssimos não tinham um corte exato, os olhos eram de um castanho claro e usava um batom vermelho que a deixava inconfundível.

– Bonnie. - ele a saudou sorrindo.

– Não parece estar realmente feliz por me ver de novo.

– As coisas mudam. - ele rebateu, tive a sensação que havia perdido algum capítulo.

– Quem é ela? - estendeu a mão pra mim, que educadamente apertei.

– Anna, minha namorada.

O sorriso da garota vacilou. - Sério? Felicidades.

– Obrigada. - ele disse.

– Então, é isso, te vejo por aí.

– Boa sorte em encontrar sua sala. - ela sorriu, parecia mais uma das piadas internas.

Dobramos no corredor seguinte, isso tornaria nossa caminhada mais longa, mas não quis reclamar.

– Quem é essa Bonnie?

– Minha ex namorada, agora que já sabe quem é, qual o nome do seu ex namorado?

– Não tem graça. - empurrei-o de leve pro lado.

– Foi um bom momento pra perguntar.

– Tanner Phillips.

– O Running Back¹?

– Nada mais normal do que um jogador e uma cheerleader.

– Acho que tenho que ser mais convincente.

– Sobre o que? - levantei a cabeça pra ver seu rosto.

– Sobre nosso namoro.

– Entendi. - sorri.

Bruna vinha correndo na minha direção, não fui capaz de desviar e ela se chocou contra mim, caímos juntas no chão.

– Finalmente achei você. - ela disse me ajudando a levantar.

– O que você está fazendo?

– Quero falar com você.

– Estou com pressa.

Ela ajeitou a camiseta hollister. - Eu sei, mas é o meu pedido de desculpas.

Seus olhos desceram até encontrar minhas mãos e do Pedro entrelaçadas.

– Perdi alguma coisa?

– Muitas. - falei.

– E podemos conversar?

– No caminho pra sala. - olhei pra Pedro, ele concordou e caminhou na direção contrária.


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Notas finais do capítulo

¹ Running Back (RB) é uma posição do futebol americano.

E aí?
Aceito sugestões e quero comentários com o que estão achando.