Baby May Cry escrita por CupcakeChoco


Capítulo 4
A baby, three clumsy and a rowdy; not so good days!




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Sabe aquele momento constrangedor onde todo mundo fica te encarando como se algo estranho estivesse na sua cara?

Era exatamente isso que sentia naquele momento.

O silencio reinou absoluto no escritório do Devil May Cry. Depois de deixar o banheiro como se nada tivesse acontecido e ter ido ao quarto, desci as escadas sob vigia de vários pares de olhos, atentos a cada passo que dava. Engraçado é que toda vez que virava para enfrentar quem é que estivesse me espiando, encontrava um Dante sonolento, uma Lady brincando com uma bebê curiosa e uma Trish não muito discreta. Todos fingiam fazer algo para que eu não notasse as constantes vigias.

Eles são tão exagerados.

Andei com passos pesados até as duas mulheres. Beatrice soltou um arroto alto e monstruoso para um bebê. Ela estendeu os braços querendo que alguém a pegasse. Antes que me candidatasse Lady a pegou, me deixando completamente no vácuo.

Respirei fundo.

Já que não precisavam de mim no quesito — que eu denomino — “operação nana neném”, resolvi passar o tempo com Dante. Ele ainda permanecia preguiçosamente ajeitado na cadeira e agora uma revista cobria seu rosto. Sentei-me à mesa ao lado dele e tirei a revista.

— Ei — Dante resmungou, seus olhos se semicerraram quando percebeu que quem havia atrapalhado seu sono era eu. — Ah, que foi doçura?

— Nada, queria passar o tempo!

— Passar o tempo atrapalhando minha soneca?

— Me poupe que você nem dormindo estava — contestei, sentindo os primeiros efeitos da instabilidade hormonal — Acha que não senti vocês me vigiando como se eu fosse uma assassina de alta periculosidade.

— E não é?

Mesmo sem ver, sabia que Trish e Lady bateram em seus próprios rostos com o que Dante me disse, como se fosse a coisa mais estúpida e ameaçadora que ele já dissera.

— Ah, Dante — forcei uma gargalhada — Vou te matar!

— Eu sei que você me ama doçura!

Dante voltou a sua posição de antes, mas não usou mais a revista para cobrir o rosto.

Balancei as pernas despreocupadamente.

— Vamos fazer algo, estou entediada — reclamei, me espreguiçando.

Dante arqueou as sobrancelhas, desconfiado.

— É mais serio do que pensei

— Sobre o que?

— Você esta apresentando um serio grau de tpmititê aguda e variações de humor.

Tanto Trish quanto Lady travaram a respiração.

— O que você quer dizer — me aproximei perigosamente de Dante, lançando meu pior olhar mortal e bati violentamente na mesa — COM ISSO? Que sou descontrolada? Que sou uma maníaca? Uma doida paranoica?

— Não foi is...

— Cala boca!

Dante piscou, decidindo ficar calado. Ok, foi muita maldade minha ser grosseira e hostil com ele. Não deveria fazer esse tipo de coisa. Afinal de contas não era sua culpa que eu estava de péssimo humor. Descontar nele não me ajudaria em nada — ajudaria, mas isso não é legal. Minha primeira depois de refletir foi; descrença, irritação e por fim tristeza.

— Dante, me desculpe! — choraminguei, abraçando-o repentinamente.

oOo

A manhã seguinte não fora tão tortuosa quanto imaginei. Mesmo sendo uma manhã de segunda feira, o pior dia da semana. Consegui dormir bastante e Beatrice não chorou a noite. Aquilo era um verdadeiro alivio. Hoje poderia dizer que estava de bom humor.

Deixei Beatrice nos cuidados de Dante enquanto eu arrumava as coisas e como nem Trish e muito menos a Lady estavam, então ele era a pessoa indicada para tal tarefa, afinal cuidar de um bebê não era assim tão difícil — ou uma missão impossível. Terminei minhas tarefas e encontrei Dante erguendo Beatrice, e pior foi perceber que a crianças estava cheia de pó.

— O que houve com ela? — perguntei, surpresa.

— Ela estava engatinhando por aí e uma caixa caiu em cima dela

— Seu irresponsável — dei um tapa no braço dele — Como é que pode deixar um bebê engatinhar livre por esse chiqueiro? — a peguei dos braços de Dante, e levei para o banheiro para dar um banho nela já que ela tinha se sujado muito. A pobrezinha parecia um fantasma da poeira.

Apanhei uma bacia qualquer e enchi com um pouco de água quente e fria para deixar em uma temperatura boa para um bebê. Beatrice se inquietou quando a coloquei delicadamente na água. Ela jogou grande parte da água em mim.

— Você foi dar banho nela ou tomou banho com ela? — Dante caçoou assim que sai do banheiro, ele parecia se divertir muito vendo a tragédia que me aconteceu.

Ri mesmo da desgraça alheia, seu idiota!

Dante retrocedeu em uma gargalhada. Eu o fulminei com os olhos e marchei para o quarto trocar de roupa. Ainda bem que tínhamos conseguido pelo menos umas peças de roupas para bebê, se não estaria perdida.

oOo

Lady e Trish tinha chegado quando desci trocada e com Beatrice nos braços.

Beatrice erguei os braços para Lady e a entreguei para ela. Aproveitei um pouco da folga de cuidar de um bebê, não que eu detestasse, mas era bastante trabalhoso. Deve ser por isso que Dante não ajudava muito, preguiçoso do jeito que era odiava dar uma de baba.

Um forte dor me despertou da minha linha de raciocínio.

A dor tornou-se mais forte, fazendo com que curvasse meu corpo. Usei todo meu poder de concentração para dar um pouco de descanso. Pus-me de pé, rapidamente. Mas meu corpo não entendeu isso muito bem e acabei tropeçando. Fechei os olhos esperando pela dor da queda, que não veio. Abri meus olhos para ver quem havia me salvado e não foi surpresa nenhuma encontrar um par de olhos azuis preocupados.

— Algo errado, doçura?

— Sim, Dante — agarrei firme o casaco que ele usava — Esta tudo errado! Estou morrendo!

— Sente alguma dor?

— Uma forte dor, e ela esta me matando! Estou até vendo a luz... A luz no fim do túnel — disse eu, usando toda minha veia dramática de novela mexicana — Dante a luz esta me chamando.

Ergui minhas mãos para o céu.

— Luz? Que luz? Onde esta vendo? — Dante olhou para mesmo ponto no teto que eu, tentando achar a tal luz. — Baby, não vá para luz! Se bem que nem dá. Você é baixa demais para alcançar o teto, muito menos à lâmpada!

— Não zoa o barraco caramba — grunhi nervosa. — Não esta sentindo o drama?

— Ah, não! Mas sinto que chegou a hora de ver se não te deram algum medicamento pesado.

Ignorei o comentário dele.

A luz é muito forte! Forte demais para mim!

Dante colocou a mão no meu rosto, tampando minha visão.

— Melhorou?

— Muito — concordei.

— Isso pareceu uma parodia de novela — Lady disse, com um misto de desdém e surpresa, porem dava para ver que ela estava segurando a vontade de rir.

— Temos uma dupla de comediantes entre nós — Trish ralhou, rindo suavemente.

Com todo cuidado, Dante me colocou de pé. Ajeitei minha roupa, prendi meu cabelo e parti para a cozinha. Seria uma boa hora para comer algo doce. Vasculhei todos os armários e não achei absolutamente nada doce, nadinha mesmo.

— Já sei o que vou fazer! — conclui, esperançosa. Havia muitos ingredientes e eu poderia fazer um bolo só para mim. Sim, sou egoísta quando se trata de doces.

Coloquei um avental e peguei tudo que era necessário para fazer um bolo. Cantarolei uma musica qualquer e juntei tudo que achei numa vasilha. No processo acabei derrubando algumas coisas.

— O que está fazendo Diva? — Trish perguntou. Lady também estava com ela.

— Hm, nada de mais...

— Com o barulho que você estava fazendo não foi isso que pareceu.

— Foi tão alto assim?

As duas acenaram em concordância.

— Desculpe, eu queria fazer um bolo.

Os olhos azuis de Beatrice brilharam com a simples menção da palavra bolo — o que me fez pensar que ela entendia muito mais do que aparenta. Ela bateu palmas alegre.

— Vou te ajudar então — Trish se ofereceu.

Arregaçamos as mangas e partimos ao trabalho. Enquanto Trish mexia a massa, eu limpei a louca. Foquei meus olhos na pequena figura escura na parede. Ela permaneceu imóvel durante todo o tempo.

— Mas o que é isso? — aproximei o máximo que podia da figura.

— É só uma barata... — Trish zombou. — Não é grande coisa.

— Concordo, mais sabendo onde estamos é normal ver uma, esse lugar parece um lixão. Tipo da novela Avenida Brasil...

— Eu ouvi isso — ouvi da sala Dante dizer em tom de ofensa fingida.

— Era para ouvir mesmo. Esse lugar é um chiqueiro, tanto que a vigilância sanitária teria que interditar a loja e o dono — rebati sarcástica. Em seguida, peguei minha sapatilha — Melhor matar ela antes que cause algum incômodo.

A barata subiu lentamente a parede, e quando a sombra da sapatilha se sobrepôs a dela, ela estremeceu e mostrou as asas. Como se minha vida toda passasse como um filme, vi a barata voar em minha direção faminta por vingança e desprezo assassino. Não foi nem preciso dizer que entrei em pânico. Os segundos seguintes, a cozinha pareceu uma prisão no qual queria estar livre e a barata era a terrível e perigosa carcereira.

— Abortar missão. Repito: Abortar missão. Todos para fora... — Dante derrubou a porta com um chute.

— Que merda esta acontecendo aqui?

Apontamos para a barata que voava despreocupada.

— Esse escândalo por causa de uma barata?

— Não é apenas uma barata! — disse eu, secamente — É a abominável barata voadora! Ela está aqui para nos matar! Ela veio diretamente do Inferno!

— Não tem problema, acabo com ela em um instante — Dante ergueu Ebony e Ivory, disparando contra a barata.

— Assim não seu maluco... Vamos todos morrer! Cada um por si agora...

Pela cozinha voaram pedaços de madeira, poeira, utensílios, mas nada daquele ser asqueroso. O espaço ficou o caos, muito pior que qualquer coisa já vista. Explosão por todo canto, gritos e risadas — de Beatrice que achava que tudo era uma brincadeira.

oOo

Demorou, mas finalmente consegui terminar o bolo. Havia muita coisa que dificultava, principalmente quando a cozinha esta cheia de buracos.

O bolo já estava no forno.

— Ufa finalmente — suspirei, limpando o suor da minha testa.

— Ainda bem...

Esperamos pacientemente o bolo ficar pronto, depois preparamos o recheio e enchemos e morangos que Trish tinha encontrado na geladeira.

— Está lindo! — disse eu, emocionada. Pude até sentir algumas lágrimas de satisfação escorregando pelas minhas bochechas.

— Uma verdadeira obra prima! — Trish concordou, batendo levemente nas minhas costas.

— Podemos comer agora

Era justo que depois de Trish me ajudar, eu dividisse tanto com ela quanto com Lady. Peguei o bolo com todo cuidado e levei para o escritório com as garotas no meu encalço. O bolo começou escorregar da minha mão por causa da calda derretida, que alias estava muito quente. Pendi para esquerda e Trish e Lady me seguiram temendo que ele caísse. Fui para direita e elas também. Consegui manter a estabilidade, segurando firme a bandeja do bolo. Mas tropecei em uma lata de refrigerante no chão e deixei cair minha obra prima. O bolo desabou espatifando-se no chão. Beatrice conseguiu de alguma forma sair dos braços de Lady, que estava chocada com o ocorrido, a pequena engatinhou até o bolo, batendo suas mãozinhas nele e lambeu. Ela sorriu festivamente.

— Bem pelo menos, algum de nós gostou.

— Ou teve a chance de experimentar...

Dias ruins são assim...

Depois disso, obriguei Dante a limpar a sujeira do bolo e limpar todo o escritório. Afinal se não fosse por ele ser tão bagunceiro, estaria feliz degustando um maravilhoso bolo.


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Notas finais do capítulo

Oh trágico o destino do bolo, mó vacilo do Dante deixar as coisas bagunçadas xD

Até a próxima!



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