A carta ensanguentada desapareceu no ar.

O ciclo (holovídeo - carta - desintegração) continuou o mesmo nas quatro cartas que se seguiram. Na primeira (ou segunda se contar a outra) uma garota loira e alta com peitos grandes vestindo uma blusa bege com mangas bufantes, uma cinta marrom, saia amarela curta, botas de cowboy, meias três quartos listradas e uma boina com enfeite de penas, atirava em um ser grande, de aparência similar à uma lesma com espingardas de caça.Cada uma das armas tinha apenas uma bala, mas a garota parecia ser capaz de produzir uma quantidade infinita delas.

O vídeo dessa carta foi muito mais emocionante que o da outra, a menina começou matando uma dúzia de seres que se assemelhavam à sorvetes voadores com bigodes, atravessou 3 portas e finalmente chegou na sala onde se encontrava o lesmão. Com o pé, esmagou um dos sorvetes, levantou os cantos da saia (como em um cumprimento próprio da realeza), de onde caíram duas espingardas e atirou sem parar no bicho, que possuía assas e, consequentemente, voava.

Centenas de armas iam e vinham, cada uma rendendo à garota um único tiro. Em algum momento, ela se distraiu, e os sorvetinhos começaram a subir por sua perna, transformaram-se em uma corda negra, que envolveu o corpo da garota e suspendeu-a no ar de cabeça para baixo.

Mesmo assim ela continuava a atirar, a corda agitou-se e a lançou com força em uma das paredes de sala, quando a fumaça se dissipou, a parede estava destruída, mas a menina parecia bem. Percebendo isso, a lesma agito a corda outra vez segurando a garota de cabeça para baixo novamente.

– Daijoubu - murmurou ela para si mesma - tudo ficará bem.

O bicho explodiu em milhões de tesouras, mas usando um mosquete amarelo, a garota escapou da corda e invocou uma pistola gigante.

– TIRO FINALE - gritou ela puxando o gatilho.

A sala se desfez, a poeira baixou e lá estava a menina, tomando uma xícara de chá, ela esticou a xícara em frente ao corpo e, dentro dela, caiu uma semente como a anterior.

– Wow! - exclamou Lucy maravilhada, depois que o vídeo desapareceu. O papel que apareceu segundos depois não possuía sangue algum, só continha um nome: Gertrud

– Dessa vez foi por pouco - murmurou Natsu, atraindo a atenção de Lucy. A maga celestial ficou confusa, "Como assim?" pensou " Foi uma luta excelente". Ela olhou para o garoto tentando entender, e percebeu um sentimento de medo em seu olhar. "Natsu está assustado?" perguntou em pensamento "Por que?"

– Mami - murmurou Laxus, aparecendo por trás de Lucy - Minha querida Mami...

"Mami?" pensou ela "Quem é Mami? E porque Laxus chamou ela de querida?"

Isso não era bom para Lucy, todos na guilda sabiam o que estava acontecendo, menos ela.

***

Carta três.

A mesma garota loira (Mami como Laxus a havia chamado) lutava ao lado de uma versão tremula e estática da menina azul da carta um. Elas lutavam contra o que parecia ser uma mulher ajoelhada, rezando, porém Mami desapareceu segundos antes de começar a luta para valer, deixando a outra garota completamente sozinha.

Um pilar vermelho com um sol em seu topo cintilava ao longe, a menina ergueu a espada, respiração acelerada, braços levemente trêmulos. Correu à uma velocidade incrível, cortando com sua lâmina as correntes medievais com cabeças de leão nas extremidades que a atacavam sem parar. As correntes acertavam-a com força, sangue voava, a garota continuava correndo enquanto tentava acabar com esses monstros, corria na direção do pilar.

Um salto alto, numa tentativa sem sucesso de escapar das correntes, um circulo de magia fez os monstros desaparecerem e impulsionou a garota para um ataque direto à mulher. Das costas dela saíram galhos secos, que impediram o corte da espada e arrastaram a garota para longe, riscos brilhantes, a lâmina se movendo em uma velocidade superior à da luz. A árvore formada pelos galhos se desfaz, a garota, cansada, apoia-se no chão, levanta-se e dispara na direção da mulher rezando, com um golpe certeiro, arranca a cabeça da infeliz. O corpo libera mais correntes, que acertam a menina em cheio, porém ela está rindo, ri cada vez mais enquanto seu próprio sangue molha o chão, os monstros a acertam por baixo elevando-a no ar.

Cortando-os com sua espada, a garota destrói cada uma das correntes, corta o corpo ao meio e, rindo, golpeia diversas vezes, rindo ao ver o sangue derramado no chão, já quase completamente manchado de vermelho. Um olhar maníaco toma conta de seu rosto e ela destrói o pilar fazendo a sala desaparecer. Circúlos mágicos tomam conta de seu corpo, ela cai de joelhos ao lado de outra daquelas sementes.

O papel aparece: Elsa Maria

Encharcado de sangue.

Lucy percebe que está cobrindo a boca com as mãos, a imagem do rosto enlouquecido da garota ainda assombra sua mente.

– Droga! - grita Natsu esmurrando a mesa - Porque ela? Por que tinha de ser justo ela?

– Ela parece estar tentando repetir os acontecimentos anteriores - Makarov responde a pergunta retórica de Natsu - Ela ainda tenta mudar o passado...

Uma gota d'água cai no ombro de Lucy, ela olha para cima, tentando localizar de onde veio tal pingo e percebe que Mystogan está no andar de cima olhando fixamente para as gotas de sangue que pingaram do papel, que, ainda no chão da guilda não desapareceram junto com a carta.

A gota era uma lágrima de Mystogan.

***

Carta quatro.

Dessa vez uma garota de aparência fria, com longos cabelos pretos, usando uma roupa simples composta de uma blusa de mangas compridas brancas, saia curta cinza, botas de cano longo pretas e uma faixa de cabelo também preta dá um salto mortal perfeito, parando em frente à um monstro similar a uma grade cobra preta com olhos coloridos e uma boca enorme. O ser abre a boca e engole a garota, porém, segundos depois esta aparece novamente em frente ao bicho, ela pula para uma plataforma próxima e o mostro a engole uma segunda vez. Ela torna a aparecer em uma outra plataforma e isso se repete diversas vezes.

Na quinta ou sexta vez que o bicho engole-a, em vez de ser a garota que desaparece, são bombas que trocam de lugar com ela, fazendo o ser explodir.

A semente aparece em sua mão e ela a põe no bolso, tranquilamente.

Em um papel novo e limpo está o nome: Charlotte

Natsu sorri, Gray suspira, Lucy olha os dois sem entender.

***

Carta cinco (última carta)

Em um salão de concerto toca uma música suave de violino, uma garota parecida com Erza-san, usando um vestido vermelho, protetores de braço cinza, meias três quartos pretas e botas de cano alto vermelhas com o cabelo preso em um rabo de cavalo, cria barreiras mágicas e usa sua lança para deter grandes rodas de carruagem, que tentam acertá-la em alta velocidade. Um ser gigantesco de aparência similar à de uma sereia, invoca mais e mais rodas para atacá-la, já ofegante, a garota é acertada pelas rodas enquanto grita.

– Sayaka-chan!!!! - grita ela à plenos pulmões - SAYAKA-CHAN!!!!

Uma casata de sangue desce por sua perna direita, ela corta a mão do monstro.

SAYAKA!!! - grita.

O chão se desfaz. Ela murmura enquanto cai no vazio: "Eu já vivi esta vida desgraçada senhor... Por favor, pelo menos uma vez... Me mostra um sonho feliz, vai"

O chão reaparece. Ao lado de Lucy, Erza está chorando. Chorando muito.

A roupa da garota está rasgada. Ela desmancha o rabo de cavalo. Ajoelha-se. Invoca uma enorme lança do subsolo e murmura: "Sayaka-chan... Eu prometo... Vou ficar ao seu lado... Para sempre..."

No andar de cima. Mystogan também chora, porém, desaparece antes de a batalha terminar.

Um clarão invade todo o interior da guilda. Uma explosão. O vídeo acaba. Sem sementes.

Papel: Oktavia von Seckendorff. Estou de volta, Onii-chan.