O melhor Hunter escrita por Nepheling


Capítulo 13
Anelka




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Ging tinha que admitir, a menina era uma mão na roda, conseguiu diversas informações que eles levariam semanas ou meses para conseguir. Ela tinha informantes, amigos, acesso, parecia que tinha um histórico de anos como Hunter, o que era impossível, já que ela tinha 11 anos, assim como Ging.

Anelka começou a contar sua história quando sentou com os rapazes em um quarto de hotel:

Ela era órfão e morava em uma cidade pobre, precisava roubar para se alimentar e acabou roubando de algumas pessoas erradas, membros de uma gangue da cidade onde vivia. Após o roubo um grupo dessa gangue a cercou e parecia que iam espancá-la até a morte, ela estava paralisada de medo e sem condições de reagir, somente se encolheu e aceitou o destino que estava por vir. Porém a surra nunca chegou a acontecer; ao abrir os olhos os homens que estavam lá para espancá-la estavam todos caídos em posições que seus ossos não permitiam estar, a não ser que estivessem quebrados ou deslocados. Somente um homem estava à sua frente, trajando um terno branco, sapato preto, cabelos também pretos curtos e espetados, olhos azuis da cor do mar e um sorriso de um irmão mais velho que acaba de achar a irmãzinha que fugia de casa.

– Espero que não tenha se machucado menina – disse ele com uma voz paternal

– Não, eu, eu estou bem – gaguejou enquanto olhava para os homens caídos.

– Não se preocupe, a maioria está apenas desmaiado, alguns com ossos quebrados, mas eles estão bem, só vão acordar com uma baita dor de cabeça.

– Senhor, quem é você? Por que fez isso? – A menina estava confusa

– Meu nome é Itsuo, sou um Hunter, e estava de olho em você.

– Em mim? Por quê? O que fiz de errado?

– Nada menina – ele disse com tranquilidade – estava de viagem, passando alguns dias aqui e reparei nas suas habilidades, você é uma boa ladra, tem bons reflexos, só um pobre julgamento, mas isso vem com a experiência, o que acha de uma chance na vida? Uma chance de fazer algo mais que roubar para se alimentar e esperar a próxima surra?

Não havia o que ponderar, a vida que ela seguia logo a levaria a um beco sem saída onde a cadeia ou a morte a esperavam, não pensou duas vezes antes de aceitar a proposta do estranho.

O treinamento do Hunter era cruel, o rapaz de sorriso aberto e fraternal só aparecia após os períodos necessários para que ela aprendesse o que ele estava ensinando. Pareciam duas pessoas diferentes, o Itsuo professor metia medo, era ríspido, exigente, só aceitava a perfeição. Em contrapartida o Itsuo companheiro de viagens era uma pessoa atenciosa, carinhosa, afetuosa e aberto a conversar e ensinar tudo o que um Hunter precisava saber.

Ela já o acompanhava a quatro anos, havia aprendido muita coisa relacionados a Hunters, treinava exaustivamente e estava pronta para prestar o exame Hunter assim que ele a permitisse, porém, a notícia do sumiço da pessoa que era mestre de seu mestre o havia deixado inquieto, o sorriso não vinha com tanta frequência como antes e ele ficava cada vez mais recluso conversando com pessoas que ela nunca tinha ouvido falar, as vezes lendo escondido alguns documentos em códigos. Cada vez menos o Itsuo companheiro de viagem estava presente, e quase sempre ela olhava e via o Itsuo professor lhe devolver o olhar. Após algumas semanas de angústia ele lhe deu a sua ultima missão.

– Anelka, parece que eu lhe ensinei o máximo que posso, eu olho para você e vejo uma Hunter pronta para desbravar o mundo, porém, assim como meu mestre me passou uma última missão antes de concluir o meu treinamento eu também passo uma a você. – Itsuo entregou uma pasta de documentos – Aqui eu tenho todos os dados que consegui sobre o meu mestre e o seu desaparecimento, acredito que você tenha capacidade para juntar as peças desse quebra-cabeças e achar o paradeiro dele. Ele tem um aluno chamado Ging que também o está procurando, o rapaz tem a mesma idade que você e acredito que seria melhor que vocês unissem forças para encontra-lo, leve tudo que consegui, acho que irá lhe dar uma boa dica de por onde começar.

Ao lhe entregar os documentos Anelka não conseguia entender

– Mas..., eu ainda tenho tanto a aprender..., não acho que consigo fazer algo assim sozinha..., não quero ficar sozinha..., não de novo.... Itsuo, por favor... – sua voz ficou trêmula e ela sentiu lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Abaixou a cabeça, não queria demonstrar tanto desespero e fraqueza.

– Você não está sozinha – Itsuo levantou levemente o queixo da aluna – e a olhou nos olhos.

A menina sorriu, quem a olhava era o seu companheiro de viagens, aquele com um olhar que a fazia se sentir segura e confiante, que a acolhia, incentivava e fazia seu coração bater forte como se fosse pular fora do peito.

– Eu jamais lhe daria uma missão em que eu não acreditasse que você fosse se sair bem, sei do seu potencial e tenho certeza que nos veremos novamente agora descanse, durma um pouco. – Completou a frase com um sorriso e um beijo na testa da sua aluna.

No dia seguinte, quando acordou, estava só. O quarto de hotel alugado parecia maior, um bilhete próximo a porta se despedia. Ao lado um maço de dinheiro, um cartão de crédito, passaportes e autorizações de um suposto responsável que deixava sua filha viajar sozinha.

Pegou tudo que era importante, suas roupas, a pasta com os dados da busca, o último local onde Ging havia sido visto. Deu uma última olhada para quarto a espera de ver seu professor uma última vez, enxugou a lágrima que descia, bateu a porta e foi a última vez que buscou o passado.

Os três acompanhavam a história de Anelka, List anotava várias coisas, bebia um pouco de chá, mas ao mesmo tempo olhava com interesse à menina que contava a história; Wdwun estava vidrado nela, não piscava, não respirava, parecia absorver tudo que ela falava como se fosse o ar que respirava; Enquanto Ging olhava para fora por uma janela do quarto onde estavam, somente uns pequenos gestos mostravam que estava atento ao que ela falava.

– Está bem Anelka, eu acredito na sua história – completou Ging – e você já demostrou possuir informações, conhecimentos e parece que sabe se cuidar. Se você estiver disposta, eu também estou a te aceitar conosco nessa missão.

– EEEEEEEEEEEEEiiiiiiiiiiiiiiiiiiii – Gritou a voz estridente de Wdwun enquanto interrompia Ging – QUEM TE COLOCOU COMO LÍDER ???????? – espumava pela boca como um caranguejo enquanto falava.

– Não quero ser líder – respondeu Ging - mas acho que se precisarmos de um, eu votaria no List.

List se engasgou e cuspiu o chá que bebia.

–Eu ? Mas... eu não sou líder de nada. Não sei ser líder – respondeu com a voz um pouco trêmula ao imaginar a responsabilidade da liderança pairando sobre sua cabeça como a figura do ceifador.

– Isso ae List, se ele for votar em alguém pra ser líder ele vai votar em mim não é ? – Perguntou um eufórico Wdwun.

–Na verdade..... eu votaria no Ging – disse List meio sem jeito em um tom quase inaudível.

O silencio no quarto só foi quebrado pelo som do corpo de Wdwun caindo no chão tomado de toda a força por causa do peso da traição.

– G...i...n...g... Ging.... ging...– Balbuciava ele em decepção

– Eu voto no Ging também - desempatou Anelka.

– Saco – respondeu Ging – Okay, vou fazer vocês viverem pra se arrependerem dessa decisão - Concluiu


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