– Oque quer desta vez, Potter? – indaguei.

– Não fale meu nome nesse tom, por favor. – ele abaixou a cabeça.

– Como queria que eu o fizesse? – perguntei, rindo falsamente.

– Não complica as coisas, Clarie.

– Eu? Complicar as coisas? Você complicou quando ficou do lado dela.

– Mas eu não a amo! Eu amo você! – berrou.

– Ama tanto que me deixou lá, machucada, para defendê-la. – murmurei.

– Gina é uma antiga amiga, e está passando por uma fase difícil. – respondeu.

– Hum. A fase em que você fica comigo e ela tenta me matar? – indaguei.

– Dê um tempo à ela, Clarie. – eu o olhei incrédula.

– E ele a defende novamente! – gritei, subindo as escadas.

– Isso não acabou. – ele murmurou.

– Pode ter certeza que não. – murmurei de volta, indo para meu quarto.

***

Minha noite não foi das melhores, pode ter certeza. Chorei a madrugada inteira, e ainda não sei o por que. Eu estava amando. Amor só nos faz sofrer, isso eu poderia levar comigo pelo resto de minha vida. Mas, e agora? Oque eu iria fazer? Ficar na casa dos Weasley's até o próximo mês não seria bom depois do incidente com Gina. Decidi escrever uma carta aos meus pais.

"Mamãe e papai.

Vocês são os piores pais do mundo, acreditem. Eu só queria que estivessem aqui, para mim, nos momentos em que eu precisasse. Mas nunca estavam. Quando eu tiver os meus filhos, vou dar todo o amor que eu nunca recebi de vocês. Desculpem as palavras ruins, mas é oque eu sinto, acreditem. Eu estou crescendo. Já me meti em tanta confusão e quase morri tantas vezes, e vocês nem se importam. E agora, eu cheguei à uma conclusão: o Ministério da Magia é bem mais importante que eu. Sinto muito em informar que estou voltando para casa. Bem, para a casa de vocês, já que aí nunca foi a minha casa. Apesar de tudo, amo vocês.

Clarisse Maslow."

Eles me odiariam, mas iria valer a pena. Fox iria levar a carta, então, tudo estava feito. Passei o resto do dia em meu quarto, e Molly levou um pouco de comida no fim da noite para que eu não sentisse fome.

– Obrigada, Sra. Weasley. – murmurei.

– Oh, meu bem. Não há de que. – ela sorriu, e foi indo para a porta. Antes de ir, se virou para mim. – Fale com ele, para o bem dois dois. – murmurou.

– Vou tentar. Prometo.

***

– Clarie? – ouvi minha voz ser chamada ao longe.

– Ah. Oi. – respondi, vendo que era Harry.

– Oque está fazendo aqui? Está frio. – ele murmurou.

– Esse pequeno lago me traz boas lembranças. – murmurei.

– Me perdoa.

– Pelo que? – ele riu e se sentou ao meu lado. – Vai fazer um discurso?

– Vou. Fica quieta. – nós rimos. – Estou pedindo desculpas por tudo. Simplesmente, por que eu amo você. E só me toquei disso no terceiro ano, quando namorava o Diggory. Eu sentia tanto ódio ao vê-los juntos, aquilo me matava. Você foi a única pessoa que me entendeu quando Sirius morreu, e eu te amo tanto por isso. Te amo tanto que machuca. – ele riu. – Me desculpa por te magoar, isso é a última coisa que eu queria fazer no mundo. Eu amo você.

– Eu te amo mais. – murmurei, e Harry me encarou surpreso, me beijando logo depois. – Não importa quantas besteiras a gente faça.

– Vamos nos perdoar, por que nos amamos. – ele completou.

Exatamente, era isso. O amor vencia qualquer barreira, e agora eu sabia disso. Me sentia tão bem por ter falado tudo aquilo para os meus pais, por ter falado tudo aquilo para Harry. E em troca, recebi uma linda prova de amor.

Uma prova que iria guardar pelo resto da minha vida.