19 anos depois.

Abri meus olhos bem devagar, me acostumando com a claridade do ambiente. Olhei para meu lado e vi Harry pegar seus óculos na escrivaninha ao seu lado. Antes mesmo que eu pudesse dar um bom dia, ouvi passos e três pessoas entraram correndo em nosso quarto.

– Mamãe! Mamãe! – Lily me clamava.

– Oque, querida? – murmurei, um pouco sonolenta.

– É hoje! Alvo vai para Hogwarts! – ela berrou e saiu correndo.

– Oh, é mesmo. Passou tão rápido. – murmurei.

– Tão rápido? Pra mim foram séculos. – Alvo riu.

– Agora podem ir, já vamos descer. – Harry disse, e lá se foram três crianças saltitantes para a cozinha.

– Bom dia. – nós dissemos em coro, e logo rimos.

– Está preparada? – ele indagou, me enchendo de beijos pelo rosto.

– Para levá-lo? – ele assentiu. – Não. – murmurei.

– Se lembra do ano passado? Era a vez de James, e você estava assim. Mas ele se saiu bem, fez amigos e ainda foi para a Grifinória. – ele riu.

– Mas a Grifinória não é a única casa. – sorri. – Ainda temos Corvinal, dos inteligentes, Lufa-Lufa, dos corajosos e Sonserina dos...

– Traidores. Ou beijadores de namoradas, você que escolhe. – ele riu. – Ah, e os corajosos somos nós, da Grifinória. Como dizia Ron, a Lufa-Lufa é imprestável.

– Harry! – exclamei, e ele gargalhou. – Ainda te amo do mesmo jeito.

– Bom saber. Mas eu não te amo do mesmo jeito. – eu o encarei incrédula. – Te amo ainda mais, se é que é possível.

***

– Lily! Como está grande! – Hermione exclamou, pegando a pequena garota.

– Alvo e James, meus garotos. – Ronald riu.

– Hugo! Rose! – exclamei, ao ver os pequenos ruivos sorrirem.

– Clarie. – minha melhor amiga murmurou.

– Mione. – murmurei de volta, abraçando-a.

– Temos que ir, ou vamos nos atrasar. – era Ronald.

Começamos a caminhar em direção à parede mágica. Eu ainda tinha um frio na barriga ao passar por ela. Sem ao menos perceber, as lágrimas que eu guardava para mais tarde começaram a cair. Meus dois garotos, Alvo e James, indo para Hogwarts. Onde tudo começou para mim e Harry. Sequei minhas lágrimas e briguei com James, que importunava o irmão dizendo que ele iria para a Sonserina. Verdadeiramente, meu filho mais velho era completamente igual ao avô paterno: insistente e irritante. Características de Ronald também.

– Vamos. – apressei Alvo e Harry, que ficaram um pouco para trás.

– Já vamos. – Harry respondeu, se agachando para amarrar o cardaço do tênis de Alvo. Sorri sem ao menos perceber. Eu tinha uma família linda.

Chegamos até um pouco adiantados, várias crianças se despediam dos pais. James se despediu de mim e de Harry e saiu correndo. Percebi que Rose e Alvo estavam um pouco nervosos.

– Alvo, vai ficar tudo bem. – murmurei.

– Mãe, se eu for pra Sonserina, você vai ficar brava? – ele indagou.

– Mas é claro que não. – sorri. – Tive vários amigos da Sonserina, querido. Tenho a plena certeza de que será muito feliz na casa em que o Chapéu Seletor te colocar. Mas ele também leva sua opinião em conta. – ele gargalhou.

– Obrigado. – eu apenas sorri, o abraçando de lado.

– Agora vá. – falei, ao ouvir o barulho do trem. – Eu amo você.

– Também te amo, mamãe. – ele murmurou e saiu correndo em direção ao trem. Rose foi logo atrás, ficando conosco apenas Lily e Hugo.

O trem começou a andar e eu ali, abraçada com meu marido e meus melhores amigos ao meu lado. Minha filha acenava freneticamente para o irmão, enquanto o garoto que eu gosto de chamar de sobrinho estava quieto. Logo seria a vez deles. Eu estaria pronta pra isso? A resposta era não. Mas quando os lábios de Harry se pousaram contra os meus, tive a plena certeza de que estava preparada para tudo se ele estivesse ao meu lado.

– Eu te amo. – murmurei.

– Eu te amo mais. – respondeu.

E pode ter certeza, ele estaria.