A Garotinha: Sherry escrita por Walter


Capítulo 5
Raccoon High School Parte 1


Notas iniciais do capítulo

"Começou a perceber que o ser humano se adapta a tudo, inclusive ao caos." - Augusto Cury



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Acerto bem no pé do que está mais à frente, porém ele continua caminhando até mim. O outro ser está bem atrás, tentando chegar até mim também. Eu não sei o que fazer. Decido então atirar na cabeça do primeiro e consigo derrubá-lo, gastando meu sexto tiro. Ainda há uma caixa de projéteis no bolso de trás da calça, mas não vou conseguir recarregar agora. A arma utiliza um pente, então deve ter pelo menos uns 9 tiros no total, me sobrando três pra detonar esse outro. Miro na cabeça... erro. A segunda criança se aproxima, consigo acertar um no peito. O cheiro de podridão é insuportável, meu estômago se revira. Acerto o braço, ela continua andando enquanto perde sangue... puxo o gatilho e ouço um “click”. Estou perdido.

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Como havia imaginado, não seria tão difícil chegar à cidade. Agora resta procurar pela outra parte, não será muito difícil. É bem provável que seja idêntica a ela quando criança.

Começo a andar pelas ruas, chegando até o J’s bar. Vejo a situação deplorável que se encontra, pelo menos nesse lado. As paredes estão queimadas e descascadas. A placa que denomina o bar está reduzida a restos de pano queimado e ferro enferrujado. O cheiro de sangue e ferrugem é evidente, uma das principais desvantagens do Outro Lado além das criaturas, é claro. Todavia, as coisas estão prestes a mudar... é hora de estabelecer a Ordem ao invés do Caos e sou grato por fazer parte disso. Está na hora de reerguer Raccoon das trevas e trazer vida novamente nessa cidade... e posteriormente no mundo. Ele está um caos, tão caos quanto essa velha cidade, mas não é um caos visível. Logo, a Ordem será restabelecida e tudo voltará ao normal.

Mas primeiro preciso encontrar a outra parte.

Começo a andar em direção à Raccoon High School. Pelos meus cálculos, talvez ela esteja lá firmando Mark of Umbrella. Ainda tenho que estudar direito os pontos, mas lá é certeza. Eu não poderei usar o Tricell, então nem adianta muito ir. O melhor a se fazer é esperar, mas onde? Volto para frente do J’s bar, verificando se há a presença de alguma criatura. Pelo visto, não há nenhuma por aqui. Vou esperar. Entro no bar, sento em uma cadeira que parece enferrujada. Não há luz, a não ser da lanterna que eu trouxe. Ilumino as paredes do já conhecido bar e vejo um ambiente deplorável, com restos de comida em todas as partes, uma cadeira de rodas ao centro e aquele corpo estendido sobre o balcão. Levanto, vou até a porta de vidro quebrado e olho mais uma vez para a rua completamente escura e a névoa densa, com suas cinzas invisíveis caindo constantemente no chão.

–Uma das últimas vezes que vejo essa cena... –falo em voz alta enquanto volto a me acomodar na cadeira.

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Não vai dar tempo de colocar os projéteis no pente, então corro e tento passar pela ultima criança cambaleante até a última porta do corredor. Ela tenta me arranhar com as unhas, por pouco não consegue. Passo por ela, correndo até a última porta. Jogo meu peso por cima dela e giro a maçaneta o que fez com que a porta se abrisse rapidamente. Perco o equilíbrio e caio no chão com um baque que ecoa pelo outro corredor vazio. Levanto rapidamente e fecho a porta ofegante.

Estou no corredor onde ficam as salas administrativas. Vejo a sala da diretoria, secretaria e tesouraria. O corredor é curto, as paredes estão vermelhas e descascadas. O pouco que vejo com a luz da lanterninha me mostra o mesmo ambiente horrível. Meu nariz não mente, o cheiro de fumaça e sangue apitam meus sensores de “medo”. Decido procurar alguma coisa útil na sala do diretor, consigo abri-la. Além das paredes em comum com os outros ambientes, há uma escrivaninha, estantes com livros e arquivos além de um armário pequeno, onde estão guardadas algumas garrafas.

Sobre a escrivaninha há um computador, provavelmente quebrado e por trás dela uma cadeira em mal estado de conservação, que provavelmente era do diretor. Sento nela e tento ligar o computador. Ouço um barulho, e para minha surpresa, o computador liga. Olho a área de trabalho e encontro um arquivo que me chama atenção, Raccoon City (Varla).

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“ Meu nome é Varla e o do meu irmão é Jack. Somos gêmeos. Chegamos hoje na escola, ele encontrou esse lugar que, na teoria, fica protegido dos monstros que aparecem quando fica escuro. Chegamos a Raccoon City faz algum tempo, mas não sei quanto. Hora é noite, hora é dia e eu não sei como contar, parece que aqui os dias duram menos que 24 horas.

Não conseguimos encontrar mais ninguém nessa cidade além de nós. Tudo parece muito vazio... pelo menos de dia. À luz do sol, vemos poucos monstros e uma névoa densa cobre a cidade, é incapaz ver algo em um raio além de cinco metros. À noite, fica escuro de tal forma que não se consegue ver um palmo além do nariz, a menos que se use alguma espécie de lanterna. O pior de tudo, é que o lugar fica diferente. Toda vez que anoitece, parece que a cidade sofreu algum ataque nuclear, as coisas mudam, a cidade fica devastada e o cheiro... cheiro de morte.

Estou escrevendo isso para que você, caso tenha chegado ao seu e-mail, possa me ajudar. Parece que todos os acessos e saídas dessa cidade foram bloqueados, o que me leva a pensar a maneira que cheguei aqui, que particularmente, eu não sei. As coisas estão muito confusas e estamos começando a enlouquecer. Meu irmão está agindo estranho, como se estivesse fora de si e eu tenho visto coisas, coisas que parecem reais.

Por favor, se vir esse e-mail e não acreditar em mim, procure por informações sobre Raccoon City e encontrarão alguma evidência do que estamos passando. Por favor, faça alguma coisa para me ajudar.

Atenciosamente,

Varla Linnai ”.

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Olho o e-mail e decido procurar se não há alguma lanterna na sala... afinal, ela havia mencionado isso, então teria encontrado algo. Se tiver esquecido nesta sala, eu vou achar.

Começo a procurar nas três gavetas da escrivaninha e não encontro nada. Decido então ir ao pequeno armário, onde acho mais um energético que guardo na mochila. Continuo procurando até encontrar um kit de primeiros socorros. Decido abri-lo e encontro uma lanterna preta, maior que a que está acoplada à chave do carro. Vou até a cadeira e guardo o kit de primeiros socorros na mochila. Tiro a caixa de projéteis do bolso, recarrego o pente e coloco na 9mm. Preciso encontrar mais balas.

Saio da sala do diretor e começo a procurar por Sherry. Se ela estiver aqui, eu vou encontra-la.

–Sherry...?! –Grito.

Não ouço nada, apenas um zunido do vento. Decido continuar no corredor, agora com a nova lanterna acesa. Consigo enxergar uma escada que leva ao primeiro andar, decido subi-la. Encontro um corredor com as mesmas características.

–PAPAI! –Ouço sua voz.

–Sherry, onde você está???

Não acredito que finalmente a encontrei. Parece que aquele diário estava certo, todas as crianças da cidade vêm pra cá. Começo a correr em direção à voz dela. A última porta do corredor da na biblioteca, é provável que ela esteja lá. Abro a porta e vejo estantes de livros bagunçadas, livros queimados e o de sempre: paredes queimadas, cadeiras de rodas e corpos esticados nas paredes. Sinto náuseas novamente. Empunho minha beretta. Próximo à porta, vejo um telefone que parece estar ali há tempos. Sinto-me mal por não tê-la encontrado, decido sair.

O telefone toca, me assustando com o barulho. Não compreendo porque ele funcionaria, mas decido atender. Tomo um susto ao ouvir a voz.

–Pai... pai... pai...

Não consigo acreditar... era ela. Fico apreensivo, meu coração e respiração aceleram. Estou preocupado, preciso vê-la. Não consigo conter os gritos.

–Sherry, onde você está?? Sherry!!!

–...

–Sherry? Droga!

A ligação caiu, o que me deixa mais apreensivo. Agora tenho certeza que ela está aqui, e definitivamente não sairei sem encontra-la. Minha filha...

____________||____________

É o papai. Não posso encontra-lo, tenho que sair daqui. Sei que ele está procurando por mim, mas não posso vê-lo. Preciso encontrar o dono daquela voz, preciso muito. Meu pai fica pra depois...

–Sherry... ?!

É a voz dele. Preciso correr... minha boca abriu.

–PAPAI!!

Não, não posso. Tenho que ir atrás daquela voz. Eu estou com medo, muito medo. As coisas estão diferentes aqui, tá tudo muito assustador e eu preciso do meu pai... William, não. Tenho que sair dessa escola, tenho que sair. Tenho que encontrar aquela voz o mais rápido possível ou algo ruim vai acontecer... comigo e com o papai.


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Notas finais do capítulo

Uma nova figura aparece na cidade, alguém que parece obter uma solução para todos os problemas que estão ocorrendo. Do outro lado, William está decidido a encontrar Sherry e consegue motivos para crer que ela está exatamente no local onde ele está procurando. Ele encontra o que parece ser um e-mail escrito pela dona do diário encontrado, que relata com um pouco mais de detalhes as mudanças pelas quais a cidade passa constantemente. Ao procurar mais a fundo, William ouve uma voz semelhante a de sua filha, o que traz esperanças.



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