Nunca Perderei Você escrita por Mariii


Capítulo 5
Dor e Lágrimas


Notas iniciais do capítulo

Hahahahaha... Nossa, eu sabia que a Irene ia causar reações em vocês, mas não tantas! Confesso que me diverti muito!



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Molly ficou paralisada. Seus olhos iam de uma Irene triunfante a um Sherlock que não demonstrava nada. Irene olhava fixamente para Molly com um sorriso em seus lábios vermelhos, desafiando-a a dizer qualquer coisa.

Em segundos os dois últimos anos passaram por Molly.

“Você não importa para mim, não dessa forma. Eu não posso te dar o que você deseja... Eu errei, Molly... Eu menti... Eu queria proteger você e não percebi que, me afastando, acabei te entregando... Trocaria de lugar mil vezes com você... Eu quero dividir com você o mundo que você me mostrou... Mas, eu te amo, Molly Hooper... Dance comigo, Molly... Diabos, Molly, cócegas não!... Prometa que nunca mais irá embora... Eu já disse que não sei cozinhar... Feliz aniversário, Molly! Eu espero que você goste do meu presente... Não, eu não gosto de William e agradeceria se você não me chamasse assim. Se um dia usar esse nome, será em uma situação muito grave... Pare de me chamar de Will, Molly!... Festa surpresa? Eu odeio festas... Preciso sair, preciso de espaço... Sempre vou voltar para você... Eu amo você.”

Sacudiu a cabeça e apertou os olhos com as palmas das mãos. Queria que as lembranças fossem embora, todas elas. Não entendia o que estava acontecendo. Parecia que o chão sob seus pés tinha sumido. Tudo tinha acontecido de repente. Sherlock tinha sumido, quase tinha perdido John e agora isso.

Encarou Sherlock e nada pode ler em seu olhar. Só queria entender. Entender como ele trouxe essa vaca vinda do inferno para o apartamento que eles dividiam sem ao menos resolver a situação deles antes. Era isso que ele vinha fazendo em seu tempo sumido?

– Molly, eu... – Ele começou a dizer, mas ela não queria ouvir. De repente sentiu nojo ao ouvir a voz dele.

Ergueu a mão para que ele parasse. Podia não ter entendido tudo, mas algumas coisas já estavam claras o suficiente.

Pensava que não devia ter entregado as armas para o agente de Mycroft. Se estivesse com elas ali, tudo seria resolvido facilmente. Sentiu um leve prazer em imaginar o sangue escorrendo de Irene Adler.

Dirigiu-se ao quarto e jogou dentro de uma mochila algumas roupas e itens que pudesse precisar. Deixaria para desmoronar quando estivesse sozinha. De jeito nenhum daria esse gostinho para essa piranha do demônio.

Quando voltou a sala Sherlock estava de pé e Irene ainda sentada na poltrona que era dele. Molly foi diretamente para a porta, mas pensou melhor e voltou, parando em frente a Sherlock. O encarou por um segundo antes de sua mão atingir seu rosto.

Virou-se e saiu da melhor forma que pode.

–-- --- ---

Molly entrou no seu antigo apartamento. Nunca imaginou que um dia voltaria ali para ficar. O silêncio, os poucos móveis, a organização. Tudo isso foi a gota d’água que faltava para que ela não se segurasse mais e desabasse. Deitou-se encolhida no sofá e chorou.

Pensamentos não paravam de ir e vir. Ela queria entender o que tinha acontecido. Alguma frase que tinha vindo junto de tantas sobre o passado parecia fazer algum sentindo, mas antes que ela conseguisse se concentrar, o pensamento ia embora.

As horas passaram sem que ela conseguisse sequer fechar os olhos. Agradeceu quando os primeiros raios de sol apareceram. Não podia mais suportar ficar sozinha naquele apartamento.

Molly Hooper: Como está John? Posso passar na casa de vocês?

Mary Watson: Está bem. Quase 100% recuperado. Em 1 hora ele receberá alta e iremos para casa. Aconteceu alguma coisa? Podemos ir para Baker Street.

Molly Hooper: Não estou lá. Converso com vocês depois. Até já.

Apesar da culpa e da vergonha que ainda sentia, Molly não tinha para quem recorrer. E agora, mais do que nunca precisava de seus amigos. Seu mundo tinha desabado bem em cima de sua cabeça. Sentia-se tão pequena. Tão humilhada.

Seus olhos doíam terrivelmente depois de tantas lágrimas e ela mal podia abri-los. Com dificuldades foi até o banheiro e sentiu um pequeno alívio quando a água quente do chuveiro caiu sobre sua pele. Mas tudo, tudo a fazia lembrar Sherlock. Todos os banhos que dividiram juntos. E agora nada restava. Nada. Outra estava ocupando seu lugar. Há quanto tempo vinha sendo enganada?

Descobriu, ao abrir sua mochila, que não pegara muitas roupas que combinavam entre si. Teriam que bastar de qualquer maneira. Isso não importava agora. Mesmo que tivesse que usar uma calça verde e uma blusa laranja. Por sorte um dos itens que pegou foi um óculos escuro que viriam a calhar no momento, precisava ao menos disfarçar um pouco sua dor.

Em duas horas encontrava-se na porta da casa de Mary, aguardando que ela abrisse. Quando a porta se abriu, o sorriso no rosto de Mary morreu assim que seus olhos pousaram em Molly. Essa, por sua vez, tentou sorrir e falhou miseravelmente quando lágrimas voltaram a escorrer por baixo dos óculos.

Mary a puxou para dentro. E Molly mal viu como foi parar sentada no sofá com o casal a encarando e indagando o que tinha acontecido. Percebeu também que tinha um copo de água em sua mão, e não se lembrava de tê-lo pego.

Respirou fundo ao começar a relatar o que tinha presenciado. Viu o rosto de John ficar vermelho conforme ela ia falando, e os olhos de Mary brilharem com um instinto assassino.

– Como Sherlock pode fazer isso? Eu vou matá-lo. – John se levantara e começava a andar de um lado para outro.

– Não sei, John. Eu não consigo entender. Nós estávamos bem. Nós... Ah meu Deus... Eu não sei...

Os três se olharam sem nada dizer. Ninguém encontrava nada que fizesse sentido para o que estava acontecendo. Os dois, mais do que ninguém, tinham acompanhado os dois anos do casal. E eles pareciam tão felizes. Sherlock parecia entregue pela primeira vez na vida. Tudo estava errado agora.

Molly deu um pulo quando a campainha soou. Não esperou para ver quem era, levantou-se e correu para a cozinha, não queria ser vista naquelas condições. Muito menos iria atrapalhar uma visita dos Watson.

Ficou em silêncio na cozinha e logo ouviu a voz de Lestrade e da inseparável-insuportável Donovan. Era tudo o que ela precisava para piorar seu dia.

– Nós ficamos sabendo que John se acidentou, viemos ver como ele está. – Lestrade soava como sempre.

– Estou bem, Greg. Foi apenas um acidente com uma ferramenta. Em uma semana já poderei mover o braço.

– Ouvimos dizer algo sobre um tiro. – Donovan. A sempre cínica Donovan.

– Definitivamente vocês ouviram errado. Aceitam chá?

Molly aguardou sentada na cadeira da cozinha e logo Mary adentrou para preparar o chá. Olharam-se e muitas coisas foram ditas naquele silêncio. Mary queria ficar com Molly, mas não podia expulsar Lestrade. Seu coração estava apertado por ver a legista naquele estado. Ela estava acabada.

– Mas me diz, John, onde estiveram você, o esquisito do seu amigo e a nerd da namorada dele na noite de ontem? – Molly olhou para as facas da cozinha de Mary e sentiu vontade de lançar uma delas na garganta de Donovan, dali teria o ângulo perfeito e talvez isso a animasse.

– Sou suspeito de algo, por acaso? – John disse rindo.

– De forma alguma, John. Donovan está em um mau dia. Parece que houve uma troca de tiros em uma fábrica abandonada e ela está sem pistas.

– Lamento por isso.

Mary voltou com o chá e a conversa se tornou mais amena. Quando eles finalmente foram embora, deixando John e Mary aliviados, Molly saiu da cozinha. Ficou encostada na porta que dava acesso a ela, com os braços cruzados.

– Ela sabe.

– Você acha? – John olhou desconfiado.

– Sim, ela sabe. Donovan sabe, ou pelo menos desconfia seriamente. Precisamos ter cuidado com ela. – Molly agora estava séria.

– Nosso mundo virou de ponta cabeça. – Mary resmungou para eles e sorriu.

–-- --- ---

Molly passou o dia todo com os Watson. Eles não queriam que ela fosse embora. Mas Molly sentia-se mais calma depois de ter divido um pote de sorvete com Mary enquanto conversavam e viam TV. Ainda sentia-se culpada toda vez que olhava para John. Como seria tudo isso se tivesse perdido seu amigo? Como estaria agora? Não conseguia imaginar ficar pior do que já estava.

Ela negou quando eles insistiram para que ela passasse a noite ali. Precisava pensar um pouco sozinha e achava que seu apartamento era um lugar melhor para isso. Na verdade precisava chorar sozinha. Seus olhos começavam a pesar de sono, não tinha dormido uma hora sequer. Por fim eles aceitaram com relutância que ela partisse, mas Mary não deixou que ela fosse sozinha e a levou até o apartamento. Era o mínimo que faria por ela e Molly não estava em condições de ficar andando por aí sozinha.

– Obrigada, Mary. Por tudo. – Molly agradeceu ao se despedir.

– Você sabe que não precisa agradecer. Me ligue se precisar. Prometa.

– Prometo.

Elas sorriram uma para outra e Molly entrou em seu apartamento. Se surpreendeu quando chutou para longe um envelope que tinha sido passado por baixo de sua porta.

Seus olhos se arregalaram quando viu o nome que estava escrito no envelope. Abriu-o com cuidado e dentro haviam extensas folhas de uma carta. Sentou no sofá e começou a ler atentamente.

Ao final da carta, Molly leu novamente todas as linhas. Calmamente. Por fim, dirigiu-se até a cozinha e deixou que as chamas do fogão queimassem as folhas, uma a uma.

Foi até o quarto de hóspedes e abriu o armário. Encarou todas as armas que existiam ali e escolheu uma.

Ainda tinha algumas horas, então deitou-se no sofá, colocando um relógio para despertar. Acordou assustada quando ele tocou, mas logo lembrou-se do que precisava fazer.

Vestiu seu casaco, conferindo sua arma mais uma vez e saiu.


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Notas finais do capítulo

Confiem em mim, certo? ;)