Nunca Perderei Você escrita por Mariii


Capítulo 4
Erros


Notas iniciais do capítulo

Não vou falar muito... Só espero que vocês gostem! hahahahaha

^^



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Os dias passaram lentamente para Molly. Não teve mais nenhum sinal de Sherlock. Todos os dias pegava o celular e escrevia uma mensagem, mas não enviava. Estava machucada demais para correr atrás dele quando o próprio que a tinha abandonado sem dizer nenhuma palavra.

Seus dias transcorreram na habitual normalidade de ir para o St. Barts e depois para a academia, ou para o estúdio de algum instrutor.

Uma semana tinha se passado, mas para ela parecia que tinha sido um mês. Não estava dormindo direito. Não depois que soube que Sherlock tinha estado no apartamento e isso era evidente nas marcas em seus olhos. Era como se seu corpo esperasse por ele todas as noites, então o sono não vinha. Sentia falta de seus braços descansados sobre sua barriga, o calor da sua pele contra a sua, o cheiro dele quando acabava de tomar banho. A camisa vinho que ele tanto usava era o novo pijama de Molly, não conseguia mais ficar sem ela.

Apesar da mágoa que sentia, ainda queria que Sherlock voltasse. Nunca imaginou que seria assim. Nunca imaginou que depois de tudo que passaram ele a deixaria sem dizer nada, sem nenhuma explicação.

Estava pensativa na cama quando seu celular a despertou. Era uma mensagem e infelizmente era de John:

John Watson: No seu apartamento. 10h.

Eram as típicas mensagens de quando algo importante surgia. Molly levantou-se preguiçosamente. Não contava com algo tão rápido depois de terem salvo a garota. E não sabia se estava preparada.

Ignorou esse pensamento. Tinha que estar preparada. Precisava daquilo mais do que nunca.

Tentando parecer mais forte do que se sentia, saiu da cama e foi para o banheiro. Em 30 minutos estava pronta, mas não mais disposta do que antes. De qualquer forma, pegou sua bolsa e saiu em direção ao seu antigo apartamento.

–-- --- ---

John e Mary já estavam lá quando ela chegou. E pareciam sérios. Bastante sérios.

– O que? Que expressões são essas? – Molly ficou assustada. Tudo que esperava era que não tivesse nada a ver com Sherlock.

– Temos algo para essa noite. – Disse John, ainda sério.

Molly caminhou até o sofá e sentou-se.

– Algo tipo o que?

– Contrabandistas, assassinos, perigo, armas. Precisa de mais alguma informação? – Suspirou aliviada ao ouvir a resposta de John, Sherlock não estava envolvido.

– Por que não mandam a polícia se envolver nisso pelo menos uma vez na vida?

Mary parecia cansada ao responder, já tinha discutido aquele assunto muitas vezes antes.

– Pelo mesmo motivo de sempre. Política.

– Mas não é isso que nos preocupa, Molly. Nós queremos saber se você tem condições de nos acompanhar. – John tentava parecer condescendente e isso irritou Molly.

– Sim, nós sabemos pelo o que você está passando. E não daremos continuidade se você disser que não está bem. – Mary também seguia a mesma linha. Molly não queria que seus amigos tivessem pena dela. Apesar do cansaço que sentia, precisava mudar esse cenário. Precisava seguir sua vida, continuar tudo como estava antes.

– Hey, eu estou bem. Vocês esperam que eu fique trancada em casa esperando que ele volte? Eu não vou fazer isso. Não precisa ficar me olhando com essas caras sombrias. – Tudo que não queria era ficar plantada em casa esperando por Sherlock. Ele a tinha abandonado. O pensamento de que poderia ser pra sempre fez seu estômago dar uma volta.

– Mycroft nos pediu para que checássemos o seu estado antes de qualquer coisa. Ele vai designar mais dois agentes para nos ajudar e pensou que talvez pudesse colocar mais um em seu lugar. – Quando Molly fez uma careta, ele completou: - Ele está preocupado com você.

– Se ele estivesse preocupado comigo, me diria onde Sherlock está e o que está acontecendo. Eu estou bem, me digam como vai ser. E me deem a boa notícia de que dessa vez poderei matar alguém. – Um sorriso irônico apareceu em seus lábios.

Viu o casal trocando olhares preocupados e temeu que eles desistissem da ideia de sua participação, mas por fim concordaram que ela iria junto. Até que ponto isso seria seguro?

–-- --- ---

A ideia era simples, mas perigosa. Já se encontravam escondidos próximo à fábrica abandonada onde estava instalada a quadrilha que eles precisavam desintegrar. Molly repassava tudo mentalmente. Tinham levados mais armas dessa vez e tinha passe livre para atirar. Dois agentes de Mycroft encontravam-se entre eles.

O plano era entrar o mais discretamente possível e capturar ou matar todos que estivessem no caminho. Ao todo a quadrilha contava com 11 ou 12 membros. Não seria difícil. Não se Molly não sentisse seus olhos e seu corpo tão pesados.

Começaram a entrar na fábrica lentamente, um passo de cada vez. Não viam ninguém e isso a preocupava. Onde estariam todos? Continuaram entrando, esperando ouvir algum barulho que indicasse onde estavam os bandidos.

Molly não sabe como aconteceu, mas de repente tudo que ouviu foi o barulho de tiros. Seus reflexos estavam lentos. Sentiu que alguém se chocava contra seu corpo e a lançava no chão, atrás de uma estrutura de ferro. John.

Com o dedo ele sinalizou para que ela não falasse nada. Molly olhou em volta e pode ver um dos agentes de Mycroft caído. Provavelmente morto. Onde estava Mary? Seu coração disparou e sentiu que começava a treme. Não podia tremer. Isso só demonstrava o quão frágil seus nervos estavam.

– Me dê cobertura, Molly. – Ouviu distante a voz de John soando como se estivesse dentro de uma grande piscina. Parecia que estava em um sonho. Via tudo embaçado. Queria dizer a ele que não podia, mas não conseguiu. Seu cérebro estava uma bagunça. Não concatenava nenhuma ideia, tudo estava fora de foco.

Ela tentou se posicionar, esfregou os olhos para que voltassem ao normal. Viu quando John começou a caminhar. Mas distraiu-se por um segundo. Um segundo em que Sherlock passou por sua mente. Esse segundo foi o bastante. Ouviu o tiro. Viu John caindo.

Dessa vez o barulho clareou sua mente e tudo passou a ficar nítido. John. Ela tinha errado. E agora ele tinha caído. Molly correu. Viu de relance quando Mary acertou quem tinha atirado em John. Mas tudo que pensava era em chegar até John.

Eu errei. Eu errei. Eu errei. Esteja vivo. Esteja vivo.

Chegou até John e sem perceber matou outro homem que se aproximava. O reflexo que tinha fugido dela agora voltara ao normal e ela sentiu um pequeno alívio por isso. Ajoelhou ao seu lado, pânico em seus olhos. Como poderia conviver consigo mesma se tivesse causado a morte dele? Como encararia Mary?

Foi como respirar depois de um longo tempo dentro d’água quando ela viu que o disparo tinha atingido seu braço, o tinha derrubado, mas não seria preocupante.

Ouviu passos às suas costas.

– Vamos sair daqui! Oh meu Deus, o que aconteceu? – Mary se aproximava. Molly sentiu-se envergonhada, tudo tinha sido culpa dela. – Nós temos que sair daqui, eles são muitos. Nós caímos numa emboscada. Me ajude aqui, Molly. Vamos!

Molly invejou a amiga. Tão controlada em um momento tão difícil, enquanto ela se desfazia por muito menos. Ajudou-a colocar John de pé e ele se apoiou em Mary ao caminhar. O agente de Mycroft que sobrara dava cobertura tentando acertar o máximo de disparos possíveis. Correram.

Chegaram ao carro e partiram. Molly não conseguia dizer nada. Como poderia se perdoar? O que sua vida tinha virado?

–-- --- ---

Molly aguardou na sala de espera do hospital enquanto John era atendido. Outra coisa arrumada por Mycroft: um hospital que seria sigiloso. O agente que tinha estado com eles havia levado todas as armas embora para que não assustassem ninguém. Não era certo chegar armado até os dentes em um pronto-socorro.

Ela sentia-se mais arrasada do que nunca. Tinha colocado seu amigo em risco, toda sua vida estava de ponta cabeça e agora representava um perigo para os outros.

Chorava em silêncio, escondendo o rosto nas mãos, os cotovelos apoiados em seus joelhos. Precisava esperar até saber como John estava. Sentiu quando Mary sentou-se ao seu lado. Não queria encará-la.

Como poderia? Ela podia ter perdido o marido. E a culpa seria toda minha.

– Molly, qualquer coisa que você estiver pensando não é verdade. John me disse o que aconteceu. – Molly levantou os olhos, mas ainda não tinha coragem de olhar para a amiga. John estava bem? – Ah sim, John está bem. Sei que é isso que você está pensando. E nós não estamos te culpando. De verdade. Todos nós sabíamos como você estava e mesmo assim aceitamos colocar você lá. Nós não devíamos nem ter enviado a mensagem para você. – Mary fez uma longa pausa, suspirando. – Vamos lá, Molly, olhe para mim.

Lentamente ela virou os olhos para Mary. Ainda sentia-se terrivelmente envergonhada e culpada.

– Eu quase o matei, Mary.

– Não vi você apertando o gatilho contra a cabeça dele. E ele não morreu. John quer ver você.

Molly começou a negar com a cabeça, desesperadamente.

– Nem pense em negar, Molly. Vá. É uma ordem.

Relutante ela se levantou para ir até o quarto de John. Sentia seu rosto queimar e as lágrimas ainda rolarem. Como poderia negar? Quase o tinha matado.

Entrou vagarosamente no quarto, querendo virar as costas e fugir correndo. Não sabia onde sua coragem tinha ido parar.

John a viu parada na porta e sorriu. Isso fez com que Molly se sentisse ainda pior.

– Ganhei uma nova cicatriz, Molly.

– E os méritos são meus. – Molly não conseguia olhá-lo.

John deixou o ar escapar fingindo estar bravo por ela dizer isso.

– Deixe de ser boba. Sente aqui.

Ainda pensando em uma forma de fugir, Molly sentou-se próxima a cama. John segurou sua mão.

– Eu não culpo você. Faça-me o favor de não se martirizar por isso. Pode acontecer com qualquer um de nós. Sabemos disso desde o início e aceitamos.

Mais lágrimas correram pelo rosto dela.

– Eu falhei, John.

– E qual de nós é imune a falhas?

Molly respirou profundamente. Não sabia mais se merecia que fossem tão bondosos com ela.

– Não sinta pena de si mesma, Molly. Faça isso por nós. Vamos, pare de chorar. Olhe pra mim.

Enxugou as lágrimas com as mãos e ergueu os olhos. Como John podia estar sorrindo para ela numa situação assim?

– Assim está melhor.

Ela não encontrava palavras para dizer tudo que sentia. Não percebeu quando Mary entrou no quarto até que sentiu as mãos dela em seu ombro.

– Nós somos um time, Molly. Vamos tropeçar, cair e ajudaremos um ao outro a levantar. Nós erramos em deixar você caída. Não cometeremos o mesmo erro outra vez. – A voz de Mary era reconfortante.

– Vá para casa. Descanse. Amanhã John terá alta e nós visitaremos você. Não pense em tudo que aconteceu aqui. Faça isso por nós. Acha que consegue?

Sentiu que John apertava sua mão, que ainda segurava. Assentiu lentamente. Não estava bem, precisava se recuperar. Voltar ao que era antes.

Levantou-se e dando um breve sorriso a eles, deixou o quarto.

–-- --- ---

Molly desceu do táxi em frente ao 221B. Sentia-se ligeiramente melhor, mas a culpa ainda a consumia. Tudo estava bagunçado na sua vida. Inclusive morar nesse apartamento. Precisava decidir o que iria fazer, não podia continuar morando ali. Não era sua casa. Era a casa de Sherlock.

Já era de madrugada, abriu a porta com sua própria chave. A Sra. Hudson há muito já tinha ido dormir. Tudo que Molly visava era subir as escada e chegar até a cama.

Pela primeira vez em dias, não pensava em Sherlock. Gostaria que isso tivesse continuado assim.

Quando pisou no último degrau já sabia que alguma coisa estava errada. Talvez fosse o cheiro, talvez a atmosfera. Não soube definir. Pensou em voltar para trás, e deveria ter feito. Mas passou pela porta, entrando na sala.

Na sala que ela dividiu com Sherlock por dois anos. Na sala que tinha a lareira que eles usavam nos dias de muito frio. Na sala que tinha a poltrona que ela usava. Não sala que tinha a poltrona que Sherlock usava.

E agora essa poltrona estava sendo ocupada. Sim, Sherlock estava ali.

Mas ele não estava sozinho. Sentada em seu colo estava Irene Adler.


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Notas finais do capítulo

Créditos para a Brisa! Acertou o que estava acontecendo, me deixando em maus lençóis por não poder negar nem afirmar... kkkkkkkkkkkkk

O que me dizem sobre?