Uma ilha chamada André escrita por My name is Winter


Capítulo 9
Capítulo 9




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Definindo a bondade?

Observava atentamente os poemas nos corredores. Sinceramente alguns não mereciam ganhar na minha opinião. Poemas de todos os tipos. Dramáticos demais, melancólicos demais, felizes demais e torturantes demais. Acho que os professores gostam quando os alunos expõem todo o seu sentimento em uma folha de papel. Talvez pensem: “Oh, que magnífico! Vejam o sofrer dessa criança. E quem dirá que em aula parecem ser todos alunos normais e sem vida”.

Era uma manhã fria no colégio. O inverno estava chegando e as provas trimestrais também. Não que eu deva me preocupar, acho. Só sou ruim em Biologia.

Meus vagos pensamentos foram interrompidos quando botei os olhos em um poema. O poema de André.

A Queda de Andrew

Em uma colina vivia um rei.

Andrew era seu nome e seu sobrenome Misericórdia.

Andrew era clamado por todos.

Quando os ladrões o viam esvaziavam seus bolsos.

Andrew era misericordioso.

Ele não os prendia, mas libertava a todos.

Em uma caçada se meteu em maus bocados.

Mas foi salvo por uma burguesa de cabelos dourados.

Ela tinha olhos lindos e pareciam bronzes celestiais.

Andrew foi embora e não voltou nunca mais.

Queria revê-la, mas seu nome não sabia.

Só sabia que era a mulher mais linda que vira.

Andrew depressivo ficou.

Sonhos que tinha com a linda mulher que nunca se casou.

Andrew foi à busca da bela dama

Um rei com coração em chamas

A bela dama Andrew achou

Morta por cavaleiros na floresta; Andrew chorou

Matou todos sem pensar

Misericórdia já não era seu sobrenome lá

Andrew virou um rei caído

Tudo por causa de um coração partido.

– Andrew Power.

Seria eu a burguesa de cabelos dourados? Bem, meus cabelos são pretos, mas nem tudo precisa coincidir, não é?

Mais alunos caminhavam sobre o corredor, observando os poemas. Até que avistei André todo sem jeito vir até mim. Parou do meu lado e o olhou para o seu poema.

– Não ficou muito bom. Não rimou e ficou meio sem nexo. – disse ele.

– Ficou perfeito. É o poema mais lindo que eu já vi! Não devia falar assim, afinal, você ganhou. – ele estava mesmo falando comigo?

– É, tem razão. Você já viu os outros poemas?

– Sim, já. Achei alguns maravilhosos e outros que eu nunca leria na vida.

– Eu adorei o poema de Uma Garota Qualquer. Seja lá quem for, escreve muito bem.

Obrigada.

O que disse?

– Nada.

– Hum, ok. Nos vemos por aí e desculpa por qualquer coisa.

– Ta bom...

* * *

Desculpa por qualquer coisa? Sério! Iludir alguém é qualquer coisa? Ah, mas quem liga? Ele gostou do meu poema e foi até humano comigo. Ilha André sempre me surpreendendo.

Minha mãe também anda me surpreendendo.

Essa semana ela me pediu ajuda com um trabalho do curso dela, enfim.

Tudo começou com ela perguntando como eu me sentia em relação à psicologia.

– Um pouco desagradável.

– Por que, filha?

– Bem, primeiro que ninguém gosta de ter a mente invadida.

– Então acha que invado sua mente com minhas perguntas e conselhos?

– Exatamente.

– Já pensou que isso serve como uma reflexão para você? Gostando ou não é um modo de ajudar. Se você foge de algo, deve enfrentar para não ter problemas mais à frente...

– É isso que eu não gosto. Para você sempre há um problema. Às vezes as pessoas são o que são. Não há como mudar. Não há como melhorar.

– Você tem razão. Mas é meu trabalho descobrir o porquê das pessoas serem o que são. Tentar ver a bondade em todos, mesmo que no fundo eu saiba que não há bondade em algumas pessoas.

– Defina bondade, mãe.

– Defina você mesma. O que é bondade para você? O que é ser alguém bondoso para você? Alguém que te paga um salgado? Alguém que ajuda velhinhos a atravessar a rua? Alguém que salva o mundo?

– Alguém que compreende a todos e não julga e sim ajuda. Pessoas bondosas como você, mãe.


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Notas finais do capítulo

Um capítulo mais mãe e filha já que o dia das mães tá chegando, hehe.