Uma ilha chamada André escrita por My name is Winter


Capítulo 4
Capítulo 4




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Sofro as consequências das minhas escolhas

Voltei a ver André depois de três semanas. Mesmo assim não nos falamos.

Talvez eu não mostre, mas me importo.

Se você encontrar um caminho sem obstáculos, ele provavelmente não leva a lugar nenhum.

Felizmente, a Ilha André é repleta de obstáculos. Não estou dizendo que será fácil explorar, mas valerá a pena.

Então, como eu havia dito, voltei a ver André depois de três semanas. Mas ele não sentava mais no banco todo dia no recreio. Não cruzava mais comigo na saída. Não olhava mais para mim. A única vez que o vi, foi quando ele voltou da informática sozinho, depois do recreio.

Se eu fiquei triste? Óbvio. Mas ninguém precisava saber. As pessoas fazem um drama para mostrarem que estão tristes. Todos em busca de consolo. Isso é natural do ser humano. Quando estão tristes, choram, ficam emburrados, sombrios, grossos, silenciosos. Cada um com a sua reação. Felizmente eu fazia parte dos silenciosos. Simplesmente porque não precisava de gente na minha volta perguntando se estava tudo bem e dizendo que tudo ficaria bem.

Eu tenho as respostas para essas perguntas idiotas.

“Você está bem?” Diz a pessoa que te vê em lágrimas.

“É claro que estou bem. Geralmente suo pelos olhos”.

A coisa que eu mais odeio é quando uma pessoa que você nem conhece direito te vê chorando, chega e diz:

“Vai ficar tudo bem”.

“Você nem sabe quem eu sou. Como sabe que vai ficar tudo bem?”

Mas são respostas desse tipo que evito usar. Seria muita grosseria da minha parte. Obviamente as intenções das pessoas são boas, mas geralmente quem sofre, prefere sofrer sozinho. Eu prefiro, pelo menos.

Ninguém precisa saber dos meus problemas. Ninguém precisará jogar na minha cara que me ajudou, depois.

* * *

A aula de português foi a gota d’água para eu desabar.

A professora exigiu que nós lêssemos poemas em voz alta para a turma.

Poemas nossos. Ela foi chamando por ordem alfabética, portanto, fui a primeira a ler.

Eu nunca fui boa em poemas. Eu era totalmente relaxada quanto a isso. Porém, eu era obrigada a ler. Comecei lendo em voz alta. Terminei murmurando em choros.

Odeio o seu sorriso

Odeio o seu olhar

Odeio tanto que me leva a rimar

Odeio o fato de não ligar pra nada

Odeio o fato de me ignorar

Odeio mais ainda

O maldito fato de te amar.

A turma ficou em silêncio. Sem pedir licença, saí da sala e fui para o banheiro lavar o rosto. Ninguém me impediu.

Quando voltei, outra colega já estava lendo seu poema. Todos agiam como se nada tivesse acontecido. Sentei-me quieta, ainda com algumas lágrimas no rosto.

A professora veio até mim. Esperei um sermão sobre sair da sala sem pedir, mas tudo que tive foi uma palavra amiga de quem eu menos esperava.

– Se precisar desabafar com alguém, pode contar comigo. – disse ela, sorrindo atenciosamente para mim.

Assenti com a cabeça e sorri de volta. É, às vezes recebemos ajuda de quem menos esperamos receber algo. Isso se torna uma surpresa, que inesperadamente te deixa feliz. Acho que a vida se resume em várias coisas e uma dessas coisas é: Não esperar nada de ninguém. Não criar expectativas. Quanto menos expectativas, menos decepções.

* * *

Assim que a aula terminara, me dirigi à saída e adivinha quem estava com um sorrisinho no rosto? Ele mesmo. André.

Bem, eu não falei nada. A vontade que eu tinha era de matá-lo e ao mesmo tempo abraçá-lo. Mas então, ele veio até mim com um bilhete na mão. Não me disse nada, apenas me entregou e foi embora.

Eu fiquei muito feliz na hora que recebi o bilhete e mil coisas se passavam pela minha cabeça.

“Só amigos. - by: And”.

Era isso que ele escrevera. E é por isso que não devemos criar expectativas.


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Notas finais do capítulo

Nunca fui boa em poemas mesmo. Então, me desculpem se errei em algo.



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