Uma ilha chamada André escrita por My name is Winter


Capítulo 3
Capítulo 3




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Motivo pela qual eu odeie as pessoas

Bem, como eu havia dito, apenas Daianne fora minha amiga de verdade. E o resto? Era apenas resto. Nunca precisei de restos pra sobreviver. Mas, sempre acaba sobrando um chiclete que gruda no seu pé e não larga mais.

Louise era esse chiclete.

Quem é Louise? Louise é a depressão e pessimismo em pessoa. Ela não gosta de ver você feliz, então estraga todas as suas expectativas em algo para ficar triste com ela. Ela se diverte com isso. Louise também é Srta. Lição de Moral.

É claro, ela não tem moral alguma pra falar de você. Mas fala.

* * *

Era uma quarta-feira ensolarada e o pessoal do colégio inteiro resolveu ficar no pátio durante o intervalo. Eu sempre chego cedo a ponto de conseguir ficar no meu banquinho que infelizmente estava vago para mais alguém. Não gostava de dividir meu banquinho. Claro, você imagina que banquinho seja um banco pequeno. Não é. É um banco normal que dá para duas pessoas. Banquinho é um apelido carinhoso.

Fiquei triste por saber que André não havia conseguido sentar no seu banquinho. Na verdade quem eu observava agora era uma menina de longos cabelos pretos, olhos castanhos e sombrios como um cemitério. Pele pálida. Era Louise.

Ela veio na minha direção sorrindo. Sentou-se do meu lado e começou com seu falatório inútil:

– Oi, Annie.

– Oi, Louise. Já estragou a vida de alguém, hoje?

– Eu não estrago a vida de ninguém. Apenas sou realista com a pessoa. Enfim, por que senta sempre aqui? – falou ela, dando um leve tapinha no banco e sorriu maliciosamente.

– Eu gosto de sentar aqui. Algum problema com isso?

– Não. Só percebi que você observa muito o André. – Como ela o conhece? – pensei.

Ela viu que minha reação não foi das melhores ao ouvir o nome dele saindo da boca dela.

– Você gosta dele.

– E se eu gostar?

– Está pondo esperança em algo que nunca vai dar certo. Acredite em mim, tenho 16 anos. Sei das coisas.

Essa era a resposta dela para tudo. O fato de ser mais velha nunca significou nada. Isso não a tornava mais sábia. Nunca tornou.

Ela sabe que nunca liguei pros comentários dela. Ela sempre foi uma estraga prazeres da vida. Às vezes as pessoas te fazem ficar mal para se sentir bem.

Com toda a paciência do mundo, disse a ela:

– Só porquê você tem 16 anos, não significa que passou por muita coisa, ou que sabe de muita coisa.

– Eu odeio quando você faz isso! Sabe, eu só quero te proteger! Agora, você vai ficar correndo atrás desse Zé Ninguém e vai abandonar as suas amigas de verdade!

Você nunca foi minha amiga de verdade.

– Amigas de verdade apoiam umas as outras. – disse por fim.

Entendam, em situações como essa eu poderia dizer tudo o que tenho guardado na garganta. Porém, eu estaria sendo grossa jogando na cara dela que a sua vida é praticamente uma droga que ela não tem moral alguma para falar. Também poderia dizer que ela não sabe cuidar da própria vida e que não deveria cuidar da vida dos outros.

Mas eu não sou ela. Ela faz coisas desse tipo, não eu. Ela é grossa. Eu não.

A paciência é uma virtude de poucos. Ainda bem que eu tenho paciência senão já estaria voando na cabeça dela.

* * *

Fiquei sem ver André por três semanas. E nessas três semanas muita coisa se passou pela minha cabeça. Imaginei se ele não teria saído do colégio, mas seria um absurdo. Pensei que havia jogado o bilhete fora e nunca mais me olharia na cara. Afinal, que tipo de pessoa escreve em um bilhete: “Eu te amo. Me desculpa por isso”.

Então, é nisso que dá não ter interação social com seres espertos e de capacidade pensante. Eu convivo com idiotas e pessimistas. Eu já estava virando uma pessimista ao pensar que seria humilhada por ele.

Acabo de descobrir mais uma coisa sobre a Ilha André: Nessa ilha devemos tomar cuidado com os nevoeiros em noites de lua cheia. Eles fazem você desaparecer na escuridão da mata. Sua única luz é a lua. A lua é sua última esperança de sair da escuridão.

Na Ilha André também há bichos: De urubus podres lhe azucrinando a pumas querendo lhe arrancar a pele.


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