Bem mais perto escrita por Mai


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, obrigada pelos comentários, são vocês que me dão animo para continuar a historia ((: Espero que gostem desse capítulo.



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Capítulo 9


Quando Rachel chegou em casa, Quinn já estava lá com a filha. Assim que elas chegaram, a menina subiu para o seu quarto. Não queria ver a mãe. Ligou o computador e ficou trancada lá.
Rachel foi para o seu quarto e nem viu a mulher que estava no escritório falando com um amigo. Ela entrou no quarto, seguiu para o banheiro, tomou um banho e trocou de roupa. Deitou-se na cama. Precisava descansar. Seu corpo e a sua mente pediam que ela parasse um instante. O corpo ela conseguira parar, mas a mente era impossível. As cenas do dia apareciam como um flash na cabeça dela. Não só as cenas daquele dia, mas as de oito anos atrás. Fechou os olhos a fim de descansar.
Quinn subiu as escadas e foi para o seu quarto encontrou a mulher deitada com os olhos fechados. Aproximou-se da cama e tocou nos cabelos dela.

– Está sentindo algo?
– Minha cabeça dói. – A morena fala sem abrir os olhos.
– Quer tomar algum remédio?
– Não! Eu tomei um mais cedo.

Ela deitou-se ao lado da morena e ficou acariciando os seus cabelos.

– Comeu algo?
– Não estou com fome.
– Não pode ficar sem comer.
– Fica aqui comigo? Me abraça. - Ela não precisou pedir de novo. Quinn a abraçou e as duas ficaram juntas, apenas sentindo o calor uma da outra, até adormecerem.

≈★ ≈

– Até que enfim!!! Você sumiu esses dias tudo. Onde você estava, Rory?
– Por aí...
– Hei! O que foi isso? – ela se aproxima do amigo e toca no rosto dele.
– Nada. – tirando a mão da amiga do seu rosto.
– Está roxo.
– Já está melhor.
– O que aconteceu?
– Nada não! Bateu o sinal. Vamos! - Rory saiu na frente deixando a amiga pra trás. Charlie saiu atrás dele. Queria saber o que tinha acontecido.
– O que foi que aconteceu, Rory? – fala puxando o braço do menino.
– Não foi nada.
– E por que seu olho está assim?
– Eu cai e bati na mesa.
– Sei... Deixa de mentira.
– Não é mentira nada. Eu tenho que ir pra minha sala. Não se mete

O menino entrou em sua sala e deixou a amiga sozinha. Charlie resolvera ir para sua sala também. Sabia que tinha alguma coisa errada ali, e iria descobrir depois.
Assistiu às aulas do primeiro período e saiu para o intervalo. Foi atrás de Rory, mas não o encontrou. Voltou para a sua sala, assistiu as ultimas aulas e assim que bateu o sinal saiu da sala em busca do amigo. Encontrou o mesmo já saindo no portão da escola.

– Hey! – segurando o braço dele – Não vai me esperar não.
– Eu estou com pressa. – caminhando.
– O que aconteceu?
– Não aconteceu nada.

Ela ficou parada na frente dele e o impediu de passar.

– Teu pai te bateu não foi?
– Não te mete nisso, Charlie. – desviando da amiga e caminhando. Esta foi atrás.
– Ele te machucou muito?
– Um pouco.
– Não deixa ele te bater não.
– Eu não posso fazer nada.
– Por que ele te bateu?
– O de sempre.
– Tava bêbado foi? Aii!!!!! Que raiva do seu pai.
– Deixa eu ir pra casa que eu ainda tenho que trabalhar. Tchau Charlie! – ele saiu correndo e mais uma vez deixou a amiga. Assim que chegou na porta de casa, Charlie encontrou sua vizinha Molly descendo a rua.

– Oi Charlie!
– Oi Molly!
– Cadê a sua mãe?
– Mamãe deve está trabalhando. –abrindo o portão de casa.
– Vocês viram o programa do Ciro ontem?
– A gente viu um pedaço. Mas depois minha mãe colocou em outro canal.
– Hum... Mas tu viu as mulhé lá que perderam os filhos?
– Eu vi sim. Tadinha delas, né? Mas não vi tudo não. Tava passando Demi no outro canal. Eu fiquei vendo.
– Ah sim!
– Por quê?
– Nada não! É que eu vi e fiquei com pena das mulhé lá. Eu acho que endoidaria se eu perdesse meus filhos.
– Eu não sei o que faria sem minha mãe. Eu hein! Deusémais.
– Pois é...
– Eu vou entrar. Estou morrendo de fome.
Charlie entrou em casa e ajeitou as coisas para almoçar. Lavou os pratos e depois foi fazer as suas tarefas.

≈★ ≈

– Você não vai levantar não, Rach? Já são doze horas. A Nana disse que você não saiu desse quarto hoje.
– Eu quero ficar sozinha. Minha cabeça dói.
– Levanta, come alguma coisa.
– Não quero nada. – já começando a chorar. – Me deixa sozinha.
– Você não pode ficar assim.
– Eu quero ficar só. Me deixa! Sai daqui!
A loira saiu do quarto e deixou a mulher sozinha. Rachel voltou a fechar os olhos e se encobrir. Não tinha vontade de nada. Só de ficar ali deitada no escuro.
Quinn já sabia que aquilo era o inicio de outra crise. A morena tinha os seus momentos. Em alguns ela lutava, buscava a filha com todas as suas forças, era uma mulher determinada a conseguir aquilo. Era movida a esperança. Em outros ela caia. Desabava... e aquele era o inicio desses momentos. Se isolava no quarto, ficava deitada e a única coisa que fazia era chorar. Entrava em uma crise depressiva difícil de sair. O que preocupava muito a loira, pois tinha medo que a mulher não se levantasse novamente.

– Pode servir o almoço, Nana.
– A mamãe não vai descer?
– Ela não está se sentido bem.
– sei...

As duas sentaram-se a mesa e Nana serviu o almoço. Almoçaram e logo depois Quinn saiu novamente para o trabalho. Kat ficou em casa, fez as suas tarefas, foi até o quarto da mãe, mas esta estava dormindo. O quarto continuava todo escuro. Rachel fechara as cortinas e nenhuma luz entrava ali. Não comeu nada o dia todo.
A menina voltou para o seu quarto e ficou conversando no computador com uma amiga.
À noite Quinn chegou e encontrou a mulher no mesmo estado. A morena nem quis conversar. Quinn pegou as suas coisas e foi para o outro quarto. Sabia que era melhor se afastar.
Tomou banho, trocou de roupa e jantou com a filha. Ficaram vendo TV até a hora de dormirem.

≈★ ≈

– Olha quem voltou – O homem dizia parado na porta de Lilian .
– Deveria ter ficado por onde estava – A mulher disse com raiva – Onde você tava, Trevor?
– Não é da sua conta. – fala com rispidez. - Cadê a menina?
– Está brincando na rua. Daqui a pouco eu vou chamar ela.
– Ah... - ele disse com um sorriso maldoso- Você viu o programa do Ciro ontem, Lilian?
– Vi todo não.
– Ontem passou umas mulhé lá no programa. Um monte de mãe que perdeu os filhos.
– Hum... - A mulher começou a ficar incomodada com aquele assunto. Fazia as coisas pra não demonstrar.

– Sabe o que eu achei mais engraçado? A filha da mulher lá, é a cara da Charlotte.
Ao ouvir aquilo, Lilian deixou cair um prato no chão. Esse se transformou em vários pedaços.
– O que você quer dizer com isso, Trevor?
– Eu? Nada. - Se fazia de inocente- Só estou dizendo que a menina lá, é a cara da Charlotte. A mulher mostrou a foto da filha.
– Eu não sei por que você fica me dando essas indiretas.
– Tem certeza que não sabe, querida? Por que ficou tão nervosa?
– Eu já disse que a Charlie é minha filha.
– Ah Lilian! Conta outra.
– É a verdade! A Charlie é minha filha! Só minha!
– Você pode enganar quem você quiser, mas a mim você não engana!
– Ela é minha filha. Aqui a cicatriz na minha barriga! – levantando a blusa e mostrando a marca do parto – Eu já disse que o pai da Charlie é branco. Eu ainda morava na praia quando o conheci. Mora lá nas Europa. Ele é muito branco. A menina puxou ao pai.
– E cadê esse pai?
– Ele estava aqui de férias. A gente só teve um caso. Ele foi embora e nem soube que eu estava grávida.
– Essa história é muito esquisita.
– Eu não tenho que te dar explicação nenhuma! Se você quiser acreditar que acredite. Eu estou cansada. Vou chamar a Charlie pra dormir. - Trevor entra em casa e não fala mais nada.
Lilian aparece no portão e grita pela filha. A menina se despede das amigas e entra em casa. A mulher limpa os cacos na cozinha e manda a menina ir dormir. Essa protesta, mas a mãe manda ela obedecer. Charlie não vê outra maneira a não ser ir dormir. Dá um beijo na mãe e vai para o seu quarto. Lilian termina de arrumar suas coisas e vai para o quintal da casa tomar um ar fresco. Pensava em tudo o que Trevor dissera, e não sabia o que fazer.

≈★ ≈

Os dias se seguiram e malmente Rachel saia do quarto. Só comia devido a muita insistência de Nana. Kat quase que não viu a mãe aquela semana,Quinn ia ao quarto do casal, mas elas quase que não se falavam. Quinn já tinha terminado de jantar, e ela estava no escritório, quando Kat entrou e sentou-se em seu colo.
– O que foi, princesa?
– Nada!
– Que carinha triste é essa?
– Mami, a mamãe não gosta de mim porque foi por minha causa que a Meg sumiu, né?
– Porque você está dizendo isso, filha? Isso não é verdade!
– Mami, a mamãe não gosta de mim. Eu fico me perguntando o que eu fiz. Ela não é como as outras mães. As mães de minhas amigas se preocupam com elas, conversam, saem com elas, fazem carinho, e a minha mãe não faz isso. Ela não gosta de mim. Antes eu acho que ela gostava, mas depois que a Meg sumiu, ela não gosta mais.
– Não fala assim, pequena! Sua mãe gosta de você. É que ela...
– Não Mami! – interrompendo-a – Eu sei que a culpa foi minha. – ao falar isso os olhos de Kat se encheram d’água – Eu não lembro direito, mas eu já ouvi vocês falando. A Meg sumiu por minha culpa. Eu acho que a mamãe iria ficar melhor se eu sumisse.
– Não fala isso! – abraçando a filha – Se você sumisse, eu morreria. Não diga mais isso. Você é a minha vida.
– Se eu tivesse sumido, será que a mamãe ia se preocupar assim também?
– Claro que sim! Kat, tira da sua cabeça que a sua mãe não te ama.
– Mas é que se eu tivesse sumido e a Meg tivesse ficado, eu duvido que ela a rejeitaria. Ela deve se arrepender de ter ido atrás de mim. Se ela pudesse voltar no tempo, eu acho que ela deixaria eu sumir e ficaria com a Meg. – abraçando a mãe pelo pescoço – Eu juro que não fiz de propósito.
As lágrimas não eram seguradas. Elas encharcavam o rosto da menina. Quinn também não conseguia segurar as suas. Ver a sua filha sofrer daquela forma feria o seu coração. Kat estava crescendo e já entendia tudo o que acontecia e começava a tomar suas próprias conclusões. E as conclusões que ela estava tomando não eram nadas boas. Não queria que a filha se sentisse culpada por nada. Ela não tinha culpa nenhuma. Era apenas uma criança.

– Eu nunca me arrependi de ir atrás de você. – A morena fala parada na porta do escritório.

Quinn olhou para ela. A morena estava com os olhos vermelhos de tanto chorar. Toda despenteada, com um pijama bem folgado e descalça. Ela descera pra tomar uma água quanto passou pela porta do escritório e ouviu a conversa de Kat e Quinn.

– Você não gosta de mim. – ainda agarrada ao pescoço da loira.. – Eu juro que eu não queria que a Meg sumisse.
– Eu sei! – sentando-se numa cadeira em frente a elas.- Eu nunca falei que você era a culpada.
– Mas já deve ter pensado nisso. – solta a loira e olha para Rachel – Por que então você não gosta de mim?
– Eu gosto de você, Kat. Eu te amo! Você é a minha filha.
– Você não liga pra mim, não me dá a mínima importância. Você sempre está triste, não fala com ninguém. Olha como você está mamãe.
– Eu... eu perdi a minha filha. Como você quer que eu me sinta? Eu sofro com isso. Sofro por não ter notícias da Megan. Eu a perdi. Desde aquele dia que eu não a tenho mais.
– Eu também sofro! – limpando o rosto – Não foi só você que perdeu alguém que amava muito. Eu perdi a minha mãe. Pois desde aquele dia também que eu não te tenho mais. Você me rejeita. Nem me enxerga.
Mais uma vez Rachel se sentia ferida com as palavras da filha. Elas eram certeiras e machucavam em cheio. Mas ela não podia negar que tudo o que a menina falara era verdade.

– Todos nós sofremos com tudo isso. Aqui a dor não é privilégio de um só. Mas não é por causa dessa dor, que nós vamos nos afastar um dos outros. Nós ainda somos uma família. Pelo menos é assim que eu queria que continuássemos. - A loira disse
– A gente não é uma família. A gente é diferente de todo mundo. - A menina sai do colo da loira e caminha até a porta. Rachel a puxa pelo braço e coloca a filha em frente a ela.

– Desculpa...
– Toda vez é isso. Você sempre pede desculpa e continua a mesma coisa.
– Eu tento...
– Você sempre tenta, mas nunca muda.

A menina ainda chorava. Tentava conter as lágrimas, mas não conseguia.

– Você nunca tentou de verdade, Rachel! Sempre é a mesma coisa. Você diz que vai mudar, mas no fim... nada.
– Eu juro que eu não queria que ela sumisse. Eu juro que não fiz de propósito. Eu sei que se eu tivesse sumido, seria melhor.
– Não diga isso. – limpando as lágrimas da filha – Eu também não suportaria.
– Se eu pudesse, eu ia ficar no lugar dela. Quem sabe assim, a senhora gosta um pouquinho de mim.

A menina termina de dizer isso e sai. Estava muito magoada. Na cabeça dela, a mãe não a amava por causa do sumiço da irmã. Ela se sentia culpada pelo que aconteceu e achava que a mãe a culpava. Subiu para o seu quarto e trancou-se.

– Quinn...
– É melhor não falar nada, Rachel. – levantando-se- Não prometa uma coisa que você não consegue cumprir. Nossa filha está arrasada por sua culpa. Eu não sei o que você tem na cabeça. Eu já não agüento mais isso. Não agüento ver a minha filha sofrer por sua causa. Creio que o melhor seria que nós nos separássemos.
– Separar? - A morena ficou surpresa com o que Quinn dissera, por mais que estivesse errada, ela nunca se imaginou longe da loira
– Sim! Nós já não somos um casal, já não somos uma família. Eu não agüento mais isso.
– Mas Quinn...
– Não tem mas... Vai ser melhor assim. Eu vou alugar um lugar pra mim. E vou levar a Kat.
– Não! – fala levantando-se – Você não vai tirar ela de mim não.
– Você não dá importância pra ela. Por que eu deixaria ela com você? Pra menina ficar jogada?
– Não! Você não vai tirá-la de mim. Você não pode fazer isso.
– A Kat vai preferir ficar comigo a ficar com você.
– Você não ouse tirar a minha filha de mim! – ela se desespera - Você não pode tirá-la de mim. Eu já perdi uma filha, não vou perder outra.
– Você já a perdeu, Rachel Só você que não consegue enxergar isso. Você mesma afastou a nossa filha de você. Você faz mal a ela, eu não vou deixar que a Kat sofra mais por sua causa.

A loira sai deixando a mulher inconsolável. Rachel sentou-se no chão e começou a chorar mais ainda. Tinha medo de Quinn cumprir o que falara. Deitou-se no chão e abraçou-se as pernas. Tinha medo de ficar sozinha, tinha medo de realmente perder tudo.
Quinn subiu, foi até seu quarto, pegou suas coisas e foi para o quarto de hóspedes. A vontade que tinha era de sair dali naquela hora e levar a filha com ela, mas por mais raiva que tivesse de Rachel, se preocupava com a esposa e ainda a amava.
Deitou-se na cama e se deixou chorar também. A dor alastrava todo o seu ser. Queria bater em alguém, xingar, desabafar...
≈★ ≈

Mais uma vez ele levara uma surra. Saíra de casa, pois não agüentava os maus tratos do pai. A boca sangrava e todo o seu corpo doía. Dessa vez ele tinha passado dos limites. Chegou mais uma vez bêbado em casa e descontou seus problemas em cima do filho.
O garoto saiu perambulando as noites pelas ruas da cidade. Não sabia para onde ir nem o que fazer.Seu corpo estava gelado devido ao frio da madrugada. Deitou-se em um banco e a única coisa quente que percorria seu corpo eram as lágrimas de dor.Tinha muito medo do pai. Ele sempre fora grosso e não era nem um pouco amoroso, muito menos carinhoso. Sempre o recebia a base de pancadas, principalmente quando bebia, coisa que estava se repetindo quase que diariamente. Passou toda a madrugada ali ao relento. Acordou quando o sol já estava forte.


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Notas finais do capítulo

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