Silent Hill: Sombras do Passado escrita por EddieJJ


Capítulo 21
Em Vão


Notas iniciais do capítulo

"Sinto falta mesmo, é de não não sentir nada. Era tão bom."
— Martha Medeiros

(nota final de capítulo: NOTÍCIA IMPORTANTE)



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– Argh... - Emma despertou, ofegante, pondo a mão em sua cabeça dolorida - O que... - ela desencostou-se do banco e olhou a sua volta - Esse inferno... ainda está aqui?! Argh... - ela sabia que não deveria ter forçado demais seus pulmões com os gritos anteriores.

A garota sempre teve, desde criança, crises de asma induzidas por um esforço elevado ou duradouro. Problema esse que por muitas vezes a deixou em situações de quase morte quando era mais nova. Por causa do grande esforço feito, os gritos de antes tornaram o ar em sua volta insuficiente, deixando-a em um estado de semi- consciência, no qual fantasiou seu suicídio.

Já recuperada, enquanto ainda tentava retomar o controle do ritmo de sua respiração, Emma viu a arma sobre o banco do carona.

– Não seria uma má ideia... - ela pensou em voz alta consigo mesma, enquanto olhava pelo vidro do para brisa da ambulância, a escuridão que envolvia o outro mundo. - SEBASTIAN! - ela olhou de um lado pro outro na tentativa frustrada de achá-lo, querendo acreditar que sua morte, assim como seu suicídio, foi parte de seu devaneio - Droga! - ela bateu com a mão no volante, sendo jogada novamente contra a cruel realidade do que acontecera ao seu parceiro.

A culpa ainda envolvia fortemente Emma, porém já não era causada exatamente pela morte do rapaz, uma vez que foi levada a soltá-lo involuntariamente por causa da criatura, mas por não ter sido alguém melhor para ele, por não ter sido de grande ajuda ou por não ter valorizado as ações e ideias que Sebastian tivera desde que chegaram ali, sempre o tratando como alguém metido ou arrogante, por não ter reconhecido a sua capacidade de lutar pela causa dela... e o pior, ele nem a viu consumar a tal causa... ele morreu sem ter relação com nada, ele morreu em vão, por sua culpa.

Ela continuou a olhar em silêncio a escuridão.

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"Não... não por nada... eu posso sim estar morrendo... mas, não por nada Emma...”, a garota arregalou os olhos quando as palavras do rapaz (ditas quando estavam presos no closet do alojamento) vieram à tona em sua mente.

– Não... em vão não... - Emma falou em voz baixa para si mesma - Em vão não! – já havia certa determinação em sua voz, ela abasteceu e engatilhou a arma e abriu a porta da ambulância com um chute - Você não morrerá em vão Sebastian!

Emma estava decidida a cumprir seu objetivo em Silent Hill, não por seu pai, pois ainda insistia em atribuir a culpa dos acontecidos a ele, o que apenas alimentava ainda mais sua raiva, mas sim por Sebastian, para justificar a sua morte e vingá-la, para, de alguma forma, recompensá-lo por tudo que havia feito. A garota pegou o mapa da bolsa de couro e abriu sobre o capô do veículo. Estava escuro e não se conseguia ver nada. Ela passou a mão dentro da bolsa procurando a lanterna e...

– Maldição! - ela bateu no capô - A lanterna estava com ele... Argh!

Ela voltou até o veículo e ligou os faróis, usando-os para iluminar o mapa.

– É aqui... - disse ela com o dedo sobre a localização das escadas que levariam ao primeiro piso, tentando enxergá-las através do pátio terroso em meio à escuridão.

Emma voltou rapidamente até a direção da ambulância e ligou-a, pretendendo percorrer o pátio com os faróis ligados a fim de achar a tal escada com os focos de luz. Ela deu marcha ré e ao mover o veículo um pouco para trás iluminou um dos blocos de quartos que estavam perto, jogando a luz dos faróis bem no rosto de duas das criaturas já vistas, que moviam a cabeça em várias direções. Emma gelou. Seu corpo paralisou e ela não conseguiu se mover.

– Droga... droga... droga... de novo não! - suas mãos suavam enquanto ela olhava, estática, as criaturas, ainda mais medonhas por suas deformações e anomalias estarem altamente visíveis por causa da luz - De novo não... - as criaturas ainda permaneciam em seus lugares - Como não... o som! É claro! Havia me esquecido, elas não podem ver.

Mais tranquila, Emma continuou a guiar o carro no pátio terroso em busca da escada, da forma mais silenciosa possível. O medo de ter que lutar contra aquelas coisas de novo era enorme, elas eram fortes e dessa vez não havia ninguém para ajudá-la. O som do pneu girando sobre a terra era a única coisa que podia ser ouvida no pátio, para Emma, soava como uma orquestra de cem músicos, tal era seu medo de que as criaturas a ouvissem em meio aquele mundo de silêncio e escuridão. Percorrendo mais alguns metros, os faróis finalmente iluminaram a tal escada, era uma escada vertical fixa de cor vermelha, que ficava na lateral do prédio principal, em um beco sem saída quase todo gradeado, um pouco escondida por alguns latões de lixo e tralhas diversas espalhadas.

– Ótimo! – a garota desligou o carro, deixando apenas os faróis ligados e foi em direção a escada.

Emma correu até o beco, pulou por cima de uns dois latões e segurou-se na escada. Uma das criaturas, que encontrava-se escondida em um dos latões, ao ouvir os passos de Emma ecoando sobre o objeto metálico, pulou para fora e agarrou a perna da garota, que num ato rápido e impensado gritou, chamando a atenção das duas criaturas que havia evitado antes e de outras que surgiram de diversos pontos escuros do pátio.

– Ah, mas que .... – a criatura a puxou para baixo, que por pouco não se soltou – ME SOLTA!!!! – ela sacudia a perna fortemente em todas as direções porém ainda não estava à altura da persistência da criatura – Maldita! – Emma engatilhou a arma e disparou dois tiros na criatura, um no braço e um na cabeça, que a soltou – Haha! Imbecil! – disse em tom pejorativo, após subir mais um pouco a criatura levantou-se do chão e agarrou a escada furiosamente, sacudindo-a, a fim de desmontá-la ou arrancá-la da parede, o que acontecesse primeiro.

Emma, meio desequilibrada por causa das violentas sacudidas da criatura, disparou mais um tiro para desestabilizá-la e terminou de subir, chegando a uma pequena passarela de metal gradeado com uma porta, na qual estava escrita: Porta Principal Piso 1. Estava trancada.

– Mas como? – Emma olhou em volta procurando um outro modo de entrar, não havia nenhum – A cozinha... só posso entrar por aqui! Hm... – Emma pensou um pouco enquanto olhava para as criaturas que ainda socavam a escada – Rum... tão idiotas... – ela comentou; embora ainda estivesse com medo e apreensiva, estava se divertindo vendo a cena - A CHAVE! – ela lembrou-se da chave que obtiveram na sala do piso térreo. Pôs então a mão no bolso onde a havia guardado e sacou-a - Por favor, seja essa. – o objeto encaixou-se perfeitamente na fechadura, Emma girou e um som de *click* anunciou o abrir da porta – Ah... – a garota expirou, aliviada.

Emma girou a maçaneta e o corredor a sua frente foi revelado. Era do mesmo tipo do corredor do andar de baixo: longo, único e com algumas portas espalhadas. Além das características medonhas e demoníacas já comuns do outro mundo, bem como o cheiro insuportável de podre e queimado, as únicas diferenças deste corredor para o primeiro era o fato de que o piso era feito de uma madeira visivelmente gasta e uma lâmpada fraca no centro do teto iluminava vagamente a imensidão escura.

No fim do corredor, seu objetivo: o elevador que a levaria para o porão. Sem perda de tempo, Emma correu e cruzou o corredor fracamente iluminado e chegou até o elevador. Para seu azar, sua entrada estava trancada com o típico portão gradeado. A garota tentou abrir com as próprias mãos, empurrou e puxou em todos os sentidos possíveis, porém a grade era muito resistente e a tranca, muito firme.

– Mas que droga! – Emma apertou freneticamente o botão para chamar o elevador, mas nada acontecia, era como se estivesse... desativado.

Foi quando ela percebeu uma pequena placa enferrujada parafusada ao lado da porta do elevador, Emma passou a mão para retirar a poeira e conseguir ler o que estava escrito. Não era nada incomum, apenas as típicas placas que ditam as regras sobre peso, crianças sozinhas e tudo mais. Porém havia uma pequena observação no fim da placa, bem embaixo, escrita em vermelho.

“Atenção clientes, o elevador, graças à inatividade de departamentos como cozinha e lavanderia neste horário, é desativado toda noite às pontuais 23h e reativado pontualmente todas as manhãs às 5h. Qualquer transição entre o primeiro andar, o térreo e o porão fora desses horários deverá ser feita pela escada. Em casos de extrema necessidade, o gerente deverá ser consultado para a então ativação extraordinária do elevador.

A gerência do Jacks.Inn agradece sua preferência”

– Só podem estar brincando! – Emma riu ironicamente pondo uma de suas mãos na cabeça.

Ela olhou para o outro lado da porta do elevador e viu um pequeno painel, com uma pequena telinha, um botão verde escrito “ON” e um vermelho escrito “OFF”. Dirigindo-se então até o painel, ela começou a apertar o botão verde, na esperança de ativar o elevador e chama-lo para o andar, porém nada acontecia. Furiosa, Emma socou o botão do painel, cujo impacto abriu um pequeno compartimento na parte inferior do equipamento, compartimento esse que se encontrava vazio e revelava a então necessidade de...

– Pilhas... – ela disse – Mas onde diabos eu vou arrumar pilhas aqui?

Estava escuro e a grande bagunça na realidade feita pelo outro mundo tornava a busca por algo tão objetivo e pequeno como pilhas, impossível. Além do fato de que Emma detestaria a ideia de ter que procurar nos quartos do corredor, uma vez que quase morrera no andar de baixo por tal motivo. Porém, não foi necessário. Rapidamente Emma lembrou-se do pequeno rádio no painel da ambulância, o qual, misteriosamente, emitiu uma conversa avulsa enquanto ela dirigia-se à pousada.

– Deve haver pilhas ali... funcionou não é? Então deve haver pilhas... – mais uma vez ela foi envolvida pela falta que Sebastian fazia, a falta de alguém para concordar ou discordar com suas ideias, ou simplesmente ouvi-las. Ela balançou a cabeça e dirigiu-se de volta à porta.

Chegando novamente na pequena passarela gradeada, Emma viu que as criaturas, agora, já cansadas da infindável luta contra a escada, estavam espalhadas pelo pátio, algumas bem próximas da ambulância. Sem hesitar, ela desceu a escada e pulou, dessa vez com todo cuidado e delicadeza, sobre os latões. De volta ao pátio, Emma engatilhou a arma preparando-se para um imprevisto qualquer, e seguiu silenciosamente até a ambulância, que cortava a escuridão com a luz dos seus faróis. As criaturas não notaram sua presença e continuaram movimentando suas cabeças no ar, a fim de localizar alguma fonte de som.

Ela abriu com cuidado a porta da ambulância, sentou-se no banco do motorista e voltou a fechar a porta. Sem perda de tempo, pôs suas mãos sobre o rádio, que encontrava-se acoplado em cima do painel de utilidades do veículo e começou a apalpá-lo nas laterais, a fim de sentir o compartimento das pilhas. Não encontrando nada, foi a vez da parte traseira ser apalpada, mas para sua infelicidade, um dos movimentos de suas mãos atingiu involuntariamente um pequeno interruptor, que ligou o rádio e o fez chiar numa frequência altíssima, reforçada ainda mais pelo silêncio do lugar.

– Argh... mais que merda! – disse ela batendo o pé no chão, tentando achar e desativar o tal interruptor.

As criaturas, ouvindo a frequência do rádio, grunhiram como se estivessem convocando umas às outras e voltaram-se para o som da ambulância, arrastando seus corpos deformados e sujos todas juntas sobre a terra do pátio em direção a ela.

– Estou perdendo tempo! – disse ela, sem conseguir relocalizar o interruptor.

Então, desesperadamente, ela continuou a passar a mão no rádio procurando o local de encaixe das pilhas. Uma das criaturas subiu por trás da ambulância, fazendo o veículo balançar bruscamente enquanto se movia encima dele, uma outra já socava a porta do carona, causando sérios danos a ela.

– Vamos... vamos... isso!!! – ela exclamou ao aplicar um pouco de força e sentir um pequeno espaço na parte de trás abrir-se. Emma passou a mão e pôde sentir dois pequenos objetos cilíndricos: eram as pilhas. Ela mais que depressa arrancou-as de lá, fazendo o rádio parar de chiar, porém já era tarde. As criaturas já haviam cercado o veículo e o escape parecia impossível.

– AAAAAAAAAHHHHH! – Emma gritou ao ser surpreendida com um soco imenso no teto da ambulância, abrindo um buraco pelo qual o braço de uma das bestas tentava alcança-la – Droga! – Emma olhava de um lado pro outro com a cabeça abaixada procurando uma saída que parecia não existir – AAAAHHHHH! – novamente um braço havia entrado no veículo, uma das criaturas havia quebrado o vidro da porta do motorista e agarrado o rabo de cavalo de Emma, puxando-o violentamente.

Emma ergueu a arma e deu algumas coronhadas e um tiro no braço da criatura, que a largou. Nesse momento uma das outras que se aproximavam subiu no capô do veículo e começou a socar o para-brisa, que por ser reforçado foi trincando gradualmente, outra ainda balançava agressivamente a ambulância, apoiada em uma de suas laterais. Emma estava ficando sem tempo.

– Não há saída! – ela gritou para si mesma, olhando para todos os lados.

Emma procurava em agonia uma forma qualquer de sair daquela situação quando viu, atrás de si, uma pequena janela gradeada, que servia para a comunicação entre o motorista e o possível médico que estivesse na parte de trás da ambulância com algum doente. Ela ajoelhou-se no banco e puxou a grade com toda a força que tinha, arrancando-a e jogando-a pela janela, contra a cabeça de uma das criaturas. Esgueirou-se então esforçadamente pela tal janelinha e caiu sobre uma cama na parte de trás do veículo, uma cama velha, enferrujada e ensopada de sangue. Desequilibrada pelo balanço, Emma levantou-se e foi até a porta traseira do veículo. Ao destrancá-la e abri-la, foi surpreendida por uma das criaturas, que saltou para agarrá-la, porém, sendo mais rápida, Emma esquivou-se, pulou fora e bateu a porta ao fechar, fazendo barulho e chamando a atenção das criaturas novamente para si.

Sem saber o que fazer e com as criaturas atentando em sua direção, Emma engatilhou a arma e apontou, indecisamente para qual, enquanto recuava com alguns passos.

– Não posso acertar todas... – disse tentando se convencer de tal fato - Eu... eu não... EI!! – seus olhos brilharam diante da ideia genial que tivera ao ver o pequeno compartimento de combustível do veículo. Ela então aproveitou-se da situação de estarem todas sobre ou próximas à ambulância e, dando três longos passos para trás, apontou a arma para o tanque – Morram de uma vez desgraçadas! – disse disparando.

O tiro acertou em cheio o tanque de combustível, causando uma explosão avassaladora que ecoou e iluminou até onde se pôde ver e ouvir, fazendo o chão tremer. Dizimando sem misericórdia as criaturas que estavam sobe a ambulância e jogando longe e violentamente as que estavam em um raio de três metros.

Enquanto os pedaços flamejantes do veículo caiam do céu sobre todo o pátio, um sorriso de satisfação tomava conta do rosto de Emma à medida que as chamas brilhavam no seu olhar e faziam sua pele suar dentro daquela cena. Logo ela voltou a si e correu de volta para a escada, subindo-a, ela atravessou a porta e o corredor e chegou de volta ao painel. Colocou as pilhas em seus devidos lugares e a luz do painel se acendeu.

– Finalmente! – ela apertou novamente o botão verde e uma mensagem digital apareceu na pequena telinha.

“Por favor, forneça a senha para concluir o processo de ativação.”


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Notas finais do capítulo

Emma acorda e decide que não deixará a morte de Sebastian passar em vão, cumprindo seu objetivo em Silent Hill. Para isso precisa acessar o elevador do primeiro piso, porém ativá-lo será mais difícil do que ela imagina, indo de tiros a explosões para conseguir pilhas para ativar seu painel, todavia todo seu esforço parece ter sido banalizado quando ela descobre que, para acessar o elevador, além de pilhas precisa de uma senha.

BOMBA PROS LEITORES: Pessoas da Terra: Saudações! Aqui é o EddieJJ! Pois bem meu povo, creio que alguns ficaram chocados com a "morte" do Sebastian no capítulo anterior, mas tenho prazer de informar a todos que ele não morreu! Tive a ideia de forjar sua morte para que pudesse dedicar uma Fic a ele, uma Fic onde eu pudesse mostrar os problemas que ele passará para reencontrar Emma, que por sua vez, pensa que ele está morto. A nova FIC contará com novos cenários e a apresentação de personagens cruciais para a história principal, por isso, se quiserem entender ainda melhor o desenrolar de Silent Hill: Sombras do Passado não deixem de acompanhar (e favoritar heheheeheheh) também: Silent Hill: Sombras do Passado - Convergentes, link a seguir:

http://fanfiction.com.br/historia/558090/Silent_Hill_Sombras_do_Passado_-_Convergentes/

PS: As Fics serão sempre atualizadas juntas.