Amor de Pai - RxHr escrita por Verônica Souza


Capítulo 25
Capítulo 25




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– O QUE VOCÊ FEZ? – Bellatrix se ajoelhou indignada. Sentia suas forças indo embora.

– Você... NUNCA... Terá os poderes de Hermione. – Rony disse pausadamente. Olhou para Hermione fraca no chão, parecendo perdida.

Sírius largou a perna do homem e voltou à sua forma humana. Pegou sua varinha no chão e apontou para ele.

– Vocês vão para Azkaban. – Harry disse apontando a varinha para Bellatrix. – Rony... Leve Hermione para o St Mungus, eu e Sírius vamos para o Ministério com eles para o Ministro dar a sentença. Mas antes... – Harry olhou para as crianças, extremamente assustadas. – Leve-os de volta para Hogwarts.

Rony olhou para os dois. Eles abaixaram a cabeça envergonhados.

– Você está tão grande... – Harry sorriu para o afilhado. – Parece com seu pai.

O garoto sorriu para seu padrinho.

– Esse não é o momento para conversarmos... Irei mandar uma carta para sua avó pedindo para que você passe as férias na minha casa... Isso é... Se quiser.

– Tá brincando? Claro que eu quero. – Disse animado.

– E pelo visto a capa que eu te dei foi de bom uso.

– Foi sim. – Sorriu.

– Melhor irmos logo. – Rony disse ajudando Hermione a se levantar completamente desnorteada. – Hermione...

– Pra onde está me levando? – Ela perguntou soltando seu braço das mãos de Rony.

– Não se preocupe, não vou te machucar. Mas você vai ter que colaborar. – Rony disse magoado. – Mia, vamos.

Mia se aproximou de Hermione e tocou seu braço, olhando para ela.

– Mãe...

– Não sou sua mãe. – Hermione se afastou rapidamente. Mia olhou para Rony, que fez um gesto que explicaria para ela depois.

– Vamos...

Os quatro saíram da casa dos gritos, indo direto para Hogwarts pela passagem secreta.

Harry e Sírius levaram Bellatrix, que quase não conseguia andar porque estava muito fraca, e o homem que estava visivelmente assustado.



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Chegaram ao corredor saindo da passagem secreta, e Rony olhou para a filha.

– Vai explicar tudo para Minerva, sem esconder nenhum detalhe. Você entendeu?

– Sim pai. – Ela abaixou a cabeça.

– Se arriscaram fazendo isso. E para piorar, colocou a vida de Teddy em perigo com seu plano.

– Pai... A mamãe...

– Não se preocupe... Eu vou resolver isso. – Rony olhou para Hermione que estava de braços cruzados parecendo muito irritada.

– Pai... Eu não sou corajosa como vocês. – Mia disse magoada. – Eu... Não entrei para a Grifinória... Entrei na Lufa Lufa.

Rony sorriu para ela e a puxou para um abraço.

– Eu estou orgulhoso de você.

– Está?

– Claro... Lufa Lufa, a casa das pessoas leais, sinceras, justos e pacientes... Conheço várias pessoas que estudaram na Lufa Lufa e são tão corajosos quanto eu. Com certeza é um grande orgulho. – Ele sorriu.

Mia sorriu de volta, sentindo-se aliviada.

– Agora... Mia, devolva o mapa.

– Mas pai...

– Nada de mais. – Ele esticou a mão. Mia tirou o mapa de dentro de seu casaco e entregou para Rony. – E mais uma coisa... Está de castigo nas férias.

– Pai!

– Não achou que eu ia deixar isso passar batido não é? E eu não vou confiscar sua capa Teddy, porque isso cabe à sua avó fazer isso. Mas sei que Harry irá escrever uma carta para ela.

– Sim Senhor. – Ele abaixou a cabeça.

– Agora vão... E não se metam em encrenca.

Os dois saíram andando pelos corredores. Rony se virou olhando para Hermione.

– Podemos ir agora.

– Quem disse que eu vou com você?

– Perguntou irritada. – Me obrigou a vir aqui com essas crianças, mas não sou obrigada a ir aonde você quer.

– Sou seu marido Hermione.

– Você não é meu marido! Eu nunca me casaria com você.

– Olha, podemos terminar essa conversa em outro lugar.

– Eu não vou a outro lugar com você.

– Vamos fazer um trato. Vamos ao St Mungus, você será examinada, e depois eu te explico toda a história. Se quiser ir embora depois, tudo bem.

Hermione viu que não tinha alternativa. Não se lembrava de quase nada de sua vida, apenas momentos constrangedores que Rony a fez passar. Não sabia o que estava acontecendo, por isso só restava aceitar a proposta.





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– Está sendo acusada por uso indevido de magia, uso de magia das trevas, tortura e tentativa de assassinato. – O Ministro disse em uma enorme sala, onde todos os aurores estavam presentes. Bellatrix estava abatida e pálida. O homem ao seu lado não parava de tremer. Eles estavam presos com uma algema. – Alguém se opõe à essas acusações? – Como era de se esperar, ninguém se pronunciou. – Ótimo. Oitenta anos em Azkaban.

Um murmúrio começou entre os aurores. Oitenta anos em Azkaban era a penalidade máxima que já tinha sido declarada no Ministério. Com certeza, o fato de o Ministro gostar muito de Rony tinha ajudado na sentença, afinal, Hermione tinha sido torturada.





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Hermione saiu da sala de consultório com Madame Alberta ao seu lado. Rony se levantou e foi até elas.

– E então? – Ele perguntou olhando para Hermione, mas pela sua expressão, tudo continuava na mesma.

– Não posso desfazer o feitiço assim... Pode ser perigoso e ela poderá nem se lembrar do próprio nome. Aconselho deixar um tempo, tentar fazê-la lembrar.

– E a Senhora acha que vai dar certo? – Ele olhou para ela.

– Acho que sim. A memória não foi completamente alterada. Ela pode se lembrar de umas coisas. – Ela sorriu tranquilizando-o.

– Certo, obrigado. – Rony sorriu. – Podemos ir para um lugar mais reservado? – Rony perguntou olhando para ela.

– Não tenho outra escolha não é?





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– Uma semana de detenção, UMA SEMANA DE DETENÇÃO! – Teddy dizia sem parar. – Eu não acredito que no primeiro dia de aula já temos uma detenção! Sem contar que minha avó me mandou uma carta e vai confiscar minha capa nas férias, e ainda disse que como castigo vai pensar se vou poder ir pra casa do meu padrinho.

– Vocês tiveram sorte por não terem sido expulsos isso sim. – Victória disse. – Onde já se viu fugir de Hogwarts?

– Não tivemos escolha... Era minha mãe. – Mia disse desanimada. – E, além disso, nem sei como ela está.

– Ela está bem Mia... – Teddy segurou sua mão. – Seu pai vai conseguir reverter o feitiço... Ela vai se lembrar de você.

– Eu espero que esteja certo Teddy. – Mia apertou sua mão.




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Hermione olhou em volta. Não reconhecia nada daquele lugar, apesar de ter a sensação de que já estivera ali antes, como em um sonho. Rony fechou a porta e fez algum tipo de feitiço, que Hermione deduziu que era abafador. Ela ficou de pé e cruzou os braços, esperando que ele começasse a explicar por que estava no pé dela.

– Não vai se sentar? – Ele apontou para o sofá que havia em sua sala, que eles tantas vezes “usaram” ele.

– Não. Prefiro ficar em pé.

– Não vou fazer nada com você Hermione.

Ela ergueu as sobrancelhas para ele, e se sentou um pouco desconfortável. Rony pegou uma cadeira e colocou na frente de Hermione, se sentando.

– Você deve estar muito confusa... – Ele começou dizendo.

– Muito bem observado. – Ela disse fria.

– Pode me contar do que se lembra?

– Lembro-me de ter acordado naquele lugar horrível que deduzo que seja a casa dos gritos. E com as pessoas me olhando como se eu fosse uma aberração. E uma mulher estranha que vocês apontavam a varinha para ela.

– Aquela mulher é Bellatrix. Bom, pelo menos a alma dela. Usou o corpo daquela mulher para voltar à vida humana. Ela soube da profecia, que incluía nossa família. No início ela deduziu que teria que usar o sangue de um recém-nascido, mas você deu o seu próprio sangue para ela.

– Eu fiz isso? – Ela perguntou abismada.

– Sim.

– Mas que... Ideia mais sem nexo! Por que fiz isso?

– Para proteger nossos filhos.

– Seus filhos.

– Não, nossos filhos.

– Eu não me lembro deles.

– Mas isso não quer dizer que eles não existam.

– Continue.

– Em todo o caso... Para conseguir ter os poderes de volta completamente, ela teria que terminar o que começou, ou seja, teria que matar você. Mas ela ia matá-la apenas para pegar suas energias, as positivas é claro, que são as que te deixam mais forte. Isso inclui lembranças felizes, emoções e entre outras coisas. Tomei uma decisão difícil, mas que foi preciso para te salvar. Apaguei sua memória... Por isso você não se lembra de sua família e nem... De mim. – Sentiu um aperto no coração, mas Hermione não parecia demonstrar pena. – Suas lembranças boas, sua felicidade, tudo foi embora. Só sobraram lembranças ruins, energias negativas... Por isso sente raiva o tempo inteiro. O que Bellatrix precisava não estava mais com você, então você não era mais útil para ela.

– E apagou minha memória por isso? Não poderia ter feito outra coisa?

– Ela ia matá-la se eu tentasse qualquer outra coisa. Tudo o que consegui pensar foi isso. Apagando sua memória você não teria mais o que Bellatrix precisava.

– Isso é a maior besteira que já ouvi. – Ela se levantou e Rony também, segurando seu braço.

– Hermione, por favor... Não estou mentindo.

– E como sei disso? Eu não me lembro de nada.

– Não se lembra de mim? Nada mesmo? Vamos lá Hermione... Tente...

Hermione olhou nos olhos dele pela primeira vez depois do acontecimento. Os azuis cintilantes brilhavam de encontro ao seu.

– Eu... Me lembro... – Ela disse mais calma. Rony sorriu.

– Isso é... Ótimo Hermione! – Disse empolgado. – Do que se lembra?




“- É LeviOsa, e não LeviosA. Ela é um pesadelo, é sério. Por isso ela não tem amigos.”

– “Da próxima vez que houver um baile, me convide antes que outro garoto faça isso, e não como último recurso! – Hermione gritava enquanto as lágrimas insistiam em cair em seu rosto. – Ron, você estragou tudo!”.

– “Eu vi vocês conversando lá fora... Nem se lembram de que eu estou aqui. – Rony parecia extremamente nervoso, como Hermione nunca tinha visto antes. Ela olhou para Harry, esperando alguma resposta, mas o amigo estava tão assustado quanto ela.

– Ron, não está acontecendo nada!

– Você vem comigo?

Hermione não respondeu. Não poderia simplesmente deixar Harry sozinho quando ele mais precisava. Rony sorriu ironicamente.

– Eu já imaginei. – Pegou sua mochila e saiu da barraca.

– Ron! – Hermione gritou saindo da barraca, mas era tarde demais. Ele já tinha lhe deixado.”







– E então? – Rony perguntou empolgado. – Se lembra?

– Sim. – Ela soltou o braço da mão dele. – Você... É um legume insensível. – Ela bateu em seu ombro. – Idiota. – Outro tapa. – E imbecil de toda a terra! Você sempre me deixa com raiva, e sempre faz coisas idiotas. Você me deixou quando eu mais precisei de você! – Ela parecia furiosa.

– Do que está falando Hermione? – Perguntou sem entender.

– Eu nunca teria me casado com um insensível como você, e muito menos teria tido filhos!

– Mas você casou, e teve três filhos! – Ele respondeu no mesmo tom. – E eu não sou mais como antes. Eu mudei. Não entende? Você não consegue se lembrar, mas já tivemos momentos muito bons Hermione. – Ele se aproximou dela segurando seus braços carinhosamente. Ela queria se soltar, mas não sabia por que não conseguia. – Não se lembra... Dos nossos beijos... Dos nossos carinhos... Das promessas que fizemos juntos?– Ele sussurrou se aproximando ainda mais. Hermione sentiu sua respiração ficar pesada. Sentia algo diferente... Um frio na barriga... Mas não se lembrava. E se não lembrava, era porque não aconteceu. Ela se afastou, virando de costas e saindo da sala.

Rony ficou parado no meio de sua sala, desiludido. Esse era o preço a se pagar... Mas pelo menos Hermione estava bem... E ele não ia desistir até tê-la de volta.




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– Como assim perdeu a memória Harry? – Gina perguntou com a faca na mão. Estava fazendo o almoço quando Harry lhe deu a notícia.

– Er... Amor... Coloque a faca em cima do balcão. – Harry disse sorrindo. Gina colocou a faca no balcão e cruzou os braços, aguardando uma explicação.

Harry contou tudo o que aconteceu na casa dos gritos. Gina parecia não acreditar no que ouvia. Não imaginava que tudo isso fosse tão sério.

– Mas... E agora Harry? E as crianças? – Gina olhou para a sala. Mirella e Sírius brincavam com as crianças enquanto Tiffy arrumava a mesa para o almoço.

– Rony não teve escolha Gina... Era isso ou... – Harry não quis continuar a frase.

– Nem diga isso Harry. – Gina colocou a mão na testa. – Bom, então não foi tão ruim assim, não é? Agora é só reverter o feitiço.

– Não é tão simples... Rony não alterou a memória dela, ele tirou as lembranças que tinha. E isso é meio complicado.

– Mas e Bellatrix e o outro homem?

– Já estão em Azkaban. Não vão sair de lá tão cedo.

– Mas aquele não é o corpo dela. Ela pode ficar presa assim?

– Não temos outra escolha. Ela está fraca demais para ficar sem o corpo de alguém, e não podemos prendê-la assim. E além do mais, a mulher ajudou em tudo, o próprio marido dela confessou. Ela ia ficar presa do mesmo jeito.

– Mérlin, era só o que faltava. Rony deve estar arrasado.

– Ele foi levá-la ao St Mungus... Primeiro precisava cuidar dela. Apesar de tudo Hermione é muito forte, estou orgulhoso dela. Foi torturada pela segunda vez e conseguiu sobreviver...

– Graças ao Rony... Estou pensando apenas como ele vai tomar conta de uma casa com três crianças, sozinho.

– Ele tem Tiffy para ajudar...

– Mas Tiffy não pode cuidar 24 horas das crianças, tem outras coisas pra fazer na casa...

– Ele vai conseguir fazer com que ela se lembre Gina... Não se preocupe. – Ele a abraçou pela cintura. Os dois torciam pra isso.






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Hermione não tinha a mínima ideia de onde estava indo. Estava perdida dentro do Ministério. Não se lembrava de mais nada daquele lugar. Viu um bruxo vindo em sua direção, e imaginou que seria auror.

– Hey! – Ela gritou, indo para o mesmo caminho que o homem. Ele parou e a olhou, esperando que ela fosse até ele. – Pode me dizer por onde eu saio?

– Está de brincadeira não é? – Ele riu.

– Não. – Ela o olhou sério. – Estou perdida.

– Hermione, do que está falando? – Ele começou a ficar preocupado.

– Você me conhece?

– Que tipo de piada é essa?

– Não é piada... Eu só preciso que me fale onde é a saída.

– Rony sabe que você está aqui?

– Mas por que tudo que tem a ver comigo vocês tem que colocar Rony no meio? – Perguntou nervosa.

– Hum... Não sei... Talvez porque ele é seu marido?

– Ele não é meu marido.

– Mas que droga está acontecendo?

– Olha como fala comigo. – Hermione se irritou.

– Você só pode estar ficando louca!
– Louco é você que fica cuidando da vida dos outros como se fosse a sua! Não tem coisa melhor pra fazer?

– O que ta acontecendo aqui? – Um outro homem se aproximou.

– Malfoy? – Hermione perguntou olhando abismada.

– Hermione. – Ele disse estranhamente. – O que está fazendo aqui?

– Você trabalha aqui?

– Claro que trabalho. – Ele olhou para o outro rapaz como se não tivesse entendendo.

– Ela está assim Malfoy, como se estivesse caducando. – Ele disse impaciente.

– Você conhece esse irritante? – Hermione perguntou para Malfoy.

– Sim... É o Nicholas. Trabalha com Rony e Harry... É auror... Já fomos a uma missão juntos... Ele já foi várias vezes em sua casa. – Ressaltou essa parte olhando para Nicholas.

– Não é possível... Eu não me lembro de você! – Ela apontou para Nicholas. – E desde quando você trabalha aqui? – Olhou para Malfoy.

– Hermione... Você está bem? – Ele segurou em seus ombros. Hermione achou estranha aquela atitude de Malfoy. Tudo que lembrava era que ele a odiava na época de Hogwarts.

– Na verdade estou cansada, exausta e confusa!
– Eu vou chamar o Rony...

– Não! Não quero que chame ninguém. Só quero ficar longe das pessoas, longe de todas essas pessoas. Eu já disse que não me lembro de nada que me aconteceu! Não quero que me obriguem a lembrar. Não quero nada! Só quero dormir e descansar.

Ela parecia realmente exausta. Nicholas olhou para ela confuso.

– Então... Você não quer ir para sua casa?

– Eu nem sei onde é minha casa! – Respondeu impaciente. – Pode, por favor, me levar para algum lugar que não esteja ligado ao Harry ou ao Rony?

Parecia uma súplica. E claro, Nicholas não resistia às súplicas de Hermione.

– Está bem... – Ele respirou fundo. – Vamos.

– Espera, pra onde pensa que está indo Vincent? – Malfoy perguntou nervoso. – Ela não está em condições de ir a lugar algum! Temos que chamar o Rony!

– Você não ouviu? Ela não quer vê-lo. Com certeza brigaram.

– Não interessa! Isso não é da sua conta.

– E nem da sua Malfoy! – Respondeu nervoso e se virou para Hermione. – Vamos.

Ele saiu andando e Hermione deu uma ultima olhada pra Malfoy. Se não o conhecesse, poderia jurar que ele estava preocupado com ela. Ela se virou e seguiu Nicholas, sumindo pelo corredor.

Malfoy não poderia tolerar aquilo. Sabia das intenções de Nicholas com Hermione há muito tempo. Sabia por que ele mesmo agia da mesma forma. Mesmo casado, mesmo amando sua esposa e seu filho, não poderia negar que sentia alguma coisa por Hermione. Só pensou em uma coisa e logo depois saiu andando batendo os pés pelos corredores do Ministério.




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Rony procurou Hermione por todo o andar. Ela não tinha condições de sair do Ministério. Nem ao menos sabia onde morava. Estava começando a ficar tenso, quando viu Malfoy indo a sua direção, totalmente desnorteado.

– Rony! – Malfoy praticamente correu até ele.

– Malfoy agora eu não posso, estou procurando Hermione e...

– É sobre isso que eu vim te falar. Hermione foi embora.

– Embora? Embora pra onde? Ela não está em condições...

– Ela está completamente maluca! Está irritada, não se lembra de nada e de ninguém!

– Eu sei! Por isso estou procurando ela! Pra onde ela foi?

– Nicholas saiu com ela... Não sei pra onde foram.

– NICHOLAS? – Rony praticamente gritou.

– Sim! Eu disse para ele que era melhor te chamar, mas ele não quis.

Rony olhou para Malfoy, lembrando-se da época de Hogwarts, quando ele queria fazer encrenca e contar fofocas para os professores.

– Hermione não se lembra de muita coisa Malfoy. Encontramos Bellatrix essa manhã.

– Encontraram? E então?

– Então que para ela não matar Hermione eu tive que apagar as lembranças dela. Não apaguei completamente, apaguei apenas as boas. Por isso ela está nervosa e não se lembra de quase nada.

– Eu sabia que ela não estava normal! Eu sabia! E aquele idiota do Nicholas...

– Ele é um tremendo idiota! Não deveria ter levado Hermione para lugar algum!

– Também acho! Hermione tem que descansar, tem que se lembrar!

Rony ergueu as sobrancelhas para ele.

– Tem que se lembrar de você, é claro... – Ele ficou vermelho.

– Claro... – Rony respondeu desconfiado. – Bom... Vou ao primeiro lugar que eles devem ter ido, e eu espero que eles não estejam lá.



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Nicholas abriu a porta de seu apartamento e fez sinal para Hermione entrar. Ela olhou para o lugar. Era pequeno e aconchegante... Mas algo ali não lhe agradava. Sentia falta de alguma coisa... Espaço, talvez. Mas como não queria mais saber daquela história de Bellatrix, ela entrou.

– Está um pouco bagunçado, mas é que eu não esperava visita. – Ele brincou fechando a porta.

– Sei... – Ela olhou em volta.

– Você... Não se lembra... De nada mesmo?

– Não.

– Por quê?

– Eu não quero falar sobre isso. Estou muito cansada...

– Ah... Claro... Pode descansar na minha cama. É a primeira porta à direita. Fique a vontade.

– Obrigada. – Disse ainda séria e se retirou, indo para o quarto.

Nicholas sabia que não estava fazendo o certo, e que Rony iria ter ódio mortal dele. Que dessa vez sim poderia ser demitido. Mas ele não se importava. Ouviu batidas na porta. Assustou-se e sentiu seu corpo ficar frio. Abriu a porta, esperando a bronca que receberia de Rony, mas deu de cara com Angélica.

– O que é que você quer? – Perguntou nervoso.

– Só vim te entregar isso, seu mal educado! – Ela lhe jogou uma correspondência. – Vê se coloca o número certo da próxima vez. Estou cansada de receber correspondências suas.

– São dos meus pais. – Ele jogou em cima da mesinha, junto com uma pilha de outras cartas iguais.

– E você não as abre?

– Não.

– Por quê?

– Angélica, não quero ser rude, mas isso não é da sua conta.

– Você falando assim é o mesmo que falar pra pessoa que não quer ofendê-la e chama-la de estúpida.

– Era só isso que queria?

– Sim. – Ela cruzou os braços.

Olhou por trás de Nicholas, e viu uma mulher parada no corredor.

– Quem é ela? – Perguntou sem querer demonstrar ciúmes, mas foi impossível.

– Essa é Hermione... É... Esposa do meu chefe.

– Você trouxe a esposa do seu chefe pra sua casa?

– Não é bem assim... Ela está... Tendo problemas. Vai ficar aqui só para descansar.

– Estou atrapalhando? – Hermione perguntou se aproximando.

– Claro que não! – Nicholas sorriu.- Essa é... Angélica. Minha ex. Que por sinal mora no apartamento da frente e não para de me encher o saco.

– Uma ex que sempre tem que ficar fazendo coisas para ele. – Angélica esticou a mão. – muito prazer Hermione.

Hermione apertou a mão dela, e forçou um sorriso.

– Não quero atrapalhar. – Ela olhou para Nicholas. – Foi realmente um prazer... Sempre ouvi falar de você e do seu marido. É uma honra conhecê-la.

Hermione sorriu um pouco perturbada. Era estranho ouvir falar que Rony era seu marido, quando ela sentia apenas raiva por ele.

– Muito bem Angélica. Já pode ir.

– Até mais Hermione. – Ela sorriu. – Vê se toma cuidado Nicholas! – Ela olhou para ele e logo depois saiu. Nicholas sorriu para Hermione.

– Desculpe por isso.

– Tudo bem.

– Não conseguiu descansar?

– Não... É que ouvi barulho da porta batendo, pensei que era...

– Seu marido?

– Rony.

– Da no mesmo.

– Não, ele não é meu marido.

– Por que insiste em dizer isso? Vocês brigaram de novo?

– Não... Só não quero afirmar uma coisa da qual não me lembro.

Nicholas olhou para ela por uns instantes.

– Bem... Então é melhor descansar mesmo.

– Acho que é melhor eu procurar meus pais... Você sabe onde eles estão?

– Moram na França.

– França?

– Sim... Pelo menos você me disse isso uma vez.

– Tem o endereço?

– Claro que não! Seu marido é o Rony!

– Eu já disse que não tenho marido!

Rony apareceu na porta, com o rosto vermelho. Nicholas não soube distinguir se era de raiva, de decepção ou os dois juntos.

– Hermione, vamos embora. – Ele disse rapidamente.

– Não, eu não vou com você. Eu quero saber onde meus pais estão.

– Seus pais estão na França Hermione, e você não vai encontrar com eles.

– Por que não?

– Por que você tem que se recuperar, eu já disse! – Ele estava perdendo a paciência.

– E se eu não quiser me recuperar?

– Então é assim? Você vai ficar aqui com Nicholas e deixar sua família de lado?

– Eu nem me lembro da minha família! – Ela aumentou a voz.

– Mas nós somos sua família! – Ele gritou.

Nicholas apenas observava os dois, sem querer intrometer.

– Quer saber Hermione? Faça o que você quiser! Uma hora você vai ter que se lembrar, e vai perceber que sua VERDADEIRA família está te esperando. – Ele olhou para Nicholas e se virou. – Ah... Está demitido Vincent. – Foi a ultima coisa que ele disse, antes de sair.






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– Eles estão demorando... – Gina disse enquanto sentava-se à mesa.

– Eles tem muito o que conversar. – Sírius disse ajudando Mirella a colocar os gêmeos na cadeirinha.

– Logo estarão aqui. – Mirella disse.

A lareira se acendeu. Todos olharam ansiosos, mas se decepcionaram quando viu um Rony furioso saindo dela, sozinho.

– Onde está Hermione? – Harry perguntou.

– Aquela desmiolada mal agradecida? Está na casa do seu funcionário. – Ironizou. – Ex-funcionário, quero dizer... Acabei de demiti-lo.

– Quem? – Harry perguntou preocupado.

– Nicholas, é claro.

– Você demitiu Nicholas?

– Queria que eu fizesse o que? Levou Hermione pra casa dele sem ao menos me questionar, e agora ela não quer vir embora. Disse que não tem uma família.

– Rony, você tem que entender que ela está confusa... – Gina falou. – Não é fácil pra ela saber que tem uma família quando ela não se lembra de nada.

– Mas eu ia fazer ela se lembrar, Gina. Eu ia cuidar dela aqui, na nossa casa. Mas ela não quer... E aquele Nicholas... – Rony fechou a mão e ficou vermelho.

– Rony, melhor sentar... Coma um pouco e descanse. – Sírius disse.

– Na verdade, eu vou tomar um banho e dormir um pouco. Estou muito cansado... Será que vocês podem cuidar dos gêmeos por algumas horas?

– Claro. – Gina disse. – Vamos estar aqui.

– Obrigado. – Ele se retirou, subindo as escadas a passos firmes.

– Eu sabia que isso não ia dar certo. – Gina balançou a cabeça.

– Eu... Vou tentar consertar isso. – Harry se levantou e beijou Gina. – Volto logo, e espero com boas notícias.

Deu um beijo em Tiago e entrou na lareira, desaparecendo.




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– Desculpe, não queria que você perdesse o emprego. - Hermione disse sentando-se no sofá.

– Tudo bem... Depois converso com o ministro sobre isso... Afinal o meu chefe é ele.

– Então por que deixa o Rony mandar em você?

– É o jeito dele... Não tem como mudar.

– Realmente, sempre foi assim.

– Você se lembra?

– Eu me lembro que ele sempre foi assim, e que já me fez raiva muitas vezes.

– Só se lembra das coisas ruins? – Perguntou confuso.

– Acho que sim.

– Agora pode me contar o que aconteceu com você?

Hermione abriu a boca para falar quando mais uma vez bateram na porta. Nicholas respirou fundo e a abriu.

– Harry?

– Oi Nicholas. Posso entrar?

– Er... Claro.

Harry entrou no apartamento, olhando para Hermione.

– Oi Harry.

– Se lembra de mim?

– Sim.

– Hum... – Ele se aproximou dela, ignorando que Nicholas estava ali. – Interessante.

– O que é interessante?

– Quando Rony apagou sua memória tirou suas lembranças mais felizes... Isso prova que suas lembranças mais felizes todas estavam relacionadas a ele e à sua família.

Hermione ficou pensativa por uns instantes. Sentiu algo em seu coração, mas não saberia explicar o que era.

– Você tem uma família. Não adianta dizer o contrário. – Ele disse percebendo que ela iria discordar. – Rony fez isso por amor. Ele poderia muito bem deixar Bellatrix te matar, mas ele preferiu fazer esse sacrifício. Imagina como está sendo difícil para ele? A mulher que ele mais ama no mundo não o reconhece como marido, duvida das palavras dele, e nem ao menos lhe da uma chance.

– E você acha fácil eu saber de tudo isso sendo que minha mente prova o contrário?

– Não, sei que não é fácil. Mas você não está nem ao menos tentando. Só está atingindo ele, e olha Hermione... Se bem conheço Rony, ele faz de tudo por você, mas não tenta fazê-lo desistir, porque quando ele resolve isso, ele não volta atrás.

Hermione ficou em silencio. Lembrava-se de algumas conversas que teve com Harry, e como ele a ajudava nos conselhos, principalmente quando Rony foi embora e deixou os dois sozinhos. Mais uma vez ela sentiu raiva dele.

– Não quero voltar.

– Não estou te pedindo isso.

– Então por que veio?

– Vim apenas te falar para dar valor a quem realmente se importa com você, e que nossas mentes muitas vezes nos enganam. Tente ouvir o seu coração ao invés da sua cabeça. – Ele se virou para Nicholas. – Você não está demitido. Rony estava exaltado.

Nicholas sorriu.

– Mas apenas por que não podemos juntar problemas pessoais com trabalho, do contrário, eu mesmo iria te demitir. – Ele se virou para Hermione novamente. – Espero que escute o conselho que eu te dei. – Ele se virou e saiu.

Hermione ficou um tempo pensativa e olhou para suas mãos. Notou a aliança de ouro na sua mão esquerda. Ela a tirou e olhou os escritos que apareceram magicamente: “Juntos até o fim. H-R”.

Ela olhou para Nicholas, e antes que ele pudesse falar alguma coisa ela se levantou e saiu gritando Harry pelo corredor.


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