Amor de Pai - RxHr escrita por Verônica Souza


Capítulo 26
Capítulo 26




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Rony acordou e olhou em volta. O quarto estava vazio e silencioso. Ele passou a mão em seu rosto, lembrando-se de tudo o que tinha acontecido. Tinha que começar a se acostumar com a vida sem Hermione. Ele sabia o quanto ela era teimosa e orgulhosa, e depois de ter perdido a memória a situação piorou. Não tinha como ele obrigá-la a ficar com ele.

Levantou-se e saiu do quarto. Seria pior ficar trancado lá, e ainda tinha filhos para cuidar. Saindo do quarto ele viu que Gina ainda estava lá, e isso o aliviou. Precisaria muito da ajuda dela para conseguir continuar.

– E então... Está melhor? – Gina perguntou enquanto ele descia as escadas.

Ele não respondeu. Apenas respirou fundo e olhou para seus filhos, sentados no sofá enquanto Gina lia um livro para eles. Ele os pegou no colo e beijou cada um. Olhou primeiro para Anny, que apesar dos cabelos ruivos, era a cara de Hermione, exceto pelos olhos azuis de Rony. Depois olhou para Allan. Não se parecia nada com Hermione, era idêntico a Rony.

– Não sei como vou fazer daqui pra frente. – Ele disse olhando para Gina. Ela olhou para Tiffy, e as duas trocaram olhares tristes.

– Nós vamos te ajudar Rony.

– Vamos sim Senhor. Tiffy vai cuidar dos gêmeos com muito carinho.

– Eu sei que vai Tiffy. – Ele sorriu para ela. – Muito obrigado.

– E sempre que eu puder eu virei te ajudar. – Gina sorriu.

Rony sorriu de volta. De todos os irmãos, a que ele mais tinha afinidade era com Gina. Ela que sempre o ajudava e sempre o entendia.

Ouviram barulhos vindos da lareira, e ela se acendeu. Harry foi o primeiro a sair, com o as feições sérias. Gina e Tiffy se desanimaram e Rony sentiu suas esperanças irem embora, quando Hermione saiu de trás de Harry. Harry sorriu, mas Hermione continuou séria, parecendo perdida e confusa.

– Mione! – Gina correu para abraçá-la. Hermione retribuiu o abraço um pouco desanimada. – Como você está?

– Não da pra reclamar... – Disse simplesmente. Ela olhou para Rony e para os gêmeos nos braços dele. Pareciam contentes em vê-la. – São...

– Seus filhos. – Harry disse rapidamente.

– São os seus também? – Ela perguntou para Rony.

– Que eu saiba sim... A não ser que tenha me escondido alguma coisa. – Tentou brincar, mas Hermione não riu. Ele se aproximou dela, com as crianças. – Eles sentem sua falta.

– Mamãe! – Anny esticou os braços para Hermione a segurar, mas ela não se moveu. A pequena abaixou os braços, parecendo confusa.

– Er... Tiffy pode levá-los para brincar lá fora?

– Sim Senhor! – Tiffy foi para perto deles e Rony os colocou no chão.

– Vai brincar meu bem, depois a sua... Mãe vai brincar com você. – Ele sorriu para eles. Allan pareceu concordar e saiu correndo para o jardim junto com Tiago, mas Anny continuou olhando triste para Hermione. Tiffy segurou a mãozinha dela e as duas saíram. – Então decidiu voltar. – Ele cruzou os braços e encarou Hermione.

– Não tive escolha. – Respondeu ríspida.

– Eu e Hermione tomamos um café, e aproveitamos para conversar. Ela concordou em voltar, mas com algumas condições.

– E quais são? – Rony perguntou ofendido.

– Você não vai tentar fazê-la se lembrar de nada. Não irá tocá-la sabe... Como antes... E não vai ficar cobrando as coisas dela.

– Isso é demais não é?

– Não. Não é. – Hermione respondeu em sua defesa. – Estou cansada das pessoas saberem mais da minha vida do que eu.

– E o que mais a Senhora quer?

– Quero ver meus pais.

– Já mandei uma carta para eles pedindo para que viessem.

Hermione ficou em silencio. Estava sentindo que Rony estava com raiva dela, e sabia que ele estava magoado. Mas ela não conseguia sentir nada. Concordou com Harry por não ter para onde ir, mas quanto menos tempo passasse perto de Rony, melhor.

– Por que não vamos até a cozinha pra você comer alguma coisa? – Gina perguntou sorrindo.

Hermione concordou. Estava morrendo de fome, e não seria uma raiva boba que a faria passar fome. As duas foram para a cozinha, deixando Rony e Harry sozinhos na sala.

– Eu sei o que você está pensando... – Harry tentou acalmá-lo, mas Rony ficou vermelho da cor dos cabelos, prestes a explodir.

– O que ela está pensando Harry? – Estourou em um tom alto. – Ela É a minha esposa, e É a mãe dos meus filhos. Ela não pode exigir isso! As leis do Ministério dizem claramente que eu posso cuidar dela!

– Não quando ela está nessas condições. Ela tem o direito de querer anular o casamento.

– Não diga isso Harry...

– Sinto muito Rony, mas são as leis. E Hermione não me parece querer muito continuar com isso. Foi um custo conseguir fazê-la concordar com tudo isso. Fui até a casa de Nicholas e falei algumas coisas com ela, depois disso ela veio atrás de mim. Tomamos um café juntos e aproveitei para amenizar a situação. Mas não foi nada fácil. Por algum estranho motivo ela tem muita raiva de você, e só se lembra dos momentos ruins que vocês passaram juntos.

– E eu não entendo o porquê... Era para sentir isso com todo mundo. Por que só comigo? Por que só com a família dela?

– Por que vocês eram o que mais deixava ela feliz. A felicidade dela se resumia em vocês. E depois que isso aconteceu isso acabou.

Rony ficou um tempo pensativo e começou a andar de um lado para o outro. Sentou-se no sofá e escorou o cotovelo em sua perna, pensativo.

– Então quer dizer que não posso tocá-la, não posso tentar fazê-la se lembrar. Vou fingir que ela não existe?

– Não é assim também... Pode tentar recomeçar. Comece conversando com ela, mostre para ela que você é seu amigo, e não inimigo.

Seria difícil para Rony fazer tudo novamente. Tudo que eles faziam quando se conheceram era brigar.





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Hermione terminou de comer rapidamente. Estava realmente com fome. Gina olhava para ela aguardando a hora de dizer alguma coisa.

– Então... Aquele bebê é o seu? – Hermione perguntou quebrando o clima.

– Sim, Tiago... É seu afilhado. – Gina sorriu.

– Mesmo?

– Claro... Você é minha melhor amiga. Não poderia ter deixado isso passar assim. É importante para mim.

Hermione não se lembrava de ser tão amiga assim de Gina. Apenas sentia que estava protegida perto dela, e que poderia contar qualquer coisa.

– Desculpe. – Hermione falou.

– Pelo que?

– Por não conseguir me lembrar disso.

– Tudo bem. Você está bem, e é isso que importa.

– Acha que um dia vou voltar a recuperar minha memória?

– Acho que sim... Apenas se você quiser.

– Mas e se eu não quiser?

– Bom... Então será uma grande perda para nós.

As duas se olharam por alguns instantes, e Gina se levantou.
– Bom, agora que está em casa... Vou voltar para a minha. – Gina sorriu.

– Acha que ela irá voltar?

– Quem?

– Bellatrix.

– Com certeza não. Ela está presa em Azkaban. Não tem como sair.

– Mas ela saiu uma vez, não foi?

– Sim... Mas é diferente. Ela está sozinha nessa. O homem que a ajudou está com tanto medo que não quer nem ouvir o nome dela. E a mulher dona do corpo que Bellatrix está usando não irá saber de nada. Se Bellatrix tentar sair do corpo estará fraca demais para fazer qualquer coisa.

– A mulher... Irá voltar?

– Bom, segundo Harry quando uma maldição desse tipo é feita, com o tempo a pessoa vai se enfraquecendo, e perde o controle do corpo. Então provavelmente a mulher irá sim voltar.

– E Bellatrix?

– Hermione não se preocupe. Está tudo sob controle. Nada mais vai acontecer com vocês. – Gina sorriu, Hermione sorriu de volta. – Se precisar de alguma coisa, é só me chamar.

Hermione concordou, e as duas voltaram para a sala. Rony e Harry olharam para as duas. Hermione notou que Rony estava com os olhos cheios de água, mas ele tentou disfarçar.

– Amor, vamos? Os dois precisam descansar, e nós também. – Gina disse para Harry.

– Sim, vamos. – Ele olhou para Rony. – Qualquer coisa me chame. – Rony concordou e ele se virou para Hermione. – Você também Hermione. Somos todos seus amigos.

– Certo... Obrigada. – Disse um pouco séria.

Harry sorriu para ela. Gina foi até o jardim buscar Tiago. Rony despediu de seu afilhado e de Gina, e logo depois os três desapareceram na lareira. Tiffy voltou com os gêmeos, já estava começando a escurecer.

– Posso dar um banho nos gêmeos Senhora, ou prefere fazer isso? – Tiffy perguntou para Hermione. Hermione sempre gostou de dar banho nos bebes.

– Não... Pode... Fazer isso. – Disse rapidamente.

– Sim Senhora.

– Mamãe... Quero banho! – Anny disse olhando para Hermione.

Ela não sabia o que fazer. Olhou para Rony, pedindo ajuda.

– Meu amor, a Tiffy vai dar banho em vocês... A mamãe vai colocar vocês para dormir.

Hermione o olhou incrédula, mas Rony fingiu não reparar. Aquilo parecia ter animado a pequena, porque ela subiu rapidamente para tomar seu banho.

Um silencio perturbador tomou conta da sala. Rony parecia fingir que Hermione não estava ali, e aquilo a incomodava um pouco. Queria que ele ao menos conversasse com ela.

– Eu... Preciso de um banho. – Ela disse.

– A toalha está no banheiro, suas roupas ficam na parte esquerda do guarda roupa. – Disse no mesmo tom.

– Você pode pegar pra mim?

Rony a encarou erguendo as sobrancelhas. Balançou a cabeça afirmando e subiu as escadas. Hermione o seguiu, sentindo algo diferente estando naquele lugar. Sentia-se confortável.

Entraram no quarto deles, e ela olhou em volta. Sentiu-se melhor ainda estando ali. Como se fosse um déjà vu, ela se lembrou de algumas vezes que esteve ali com Rony, naquela cama. Balançou a cabeça afastando aqueles pensamentos.

– Aqui está. – Rony abriu o guarda roupa. – Suas roupas estão aqui.

– Certo. Obrigada. – Disse rapidamente pegando uma camisola vermelha. Incrivelmente era a camisola que Rony mais gostava.

– Só gostaria de pedir uma coisa... – Rony a olhou. – Não castigue as crianças por isso. Elas não têm culpa. Tem apenas três anos. Principalmente Anny. Vocês duas sempre tiveram uma ligação forte, não é fácil para ela que isso se quebre.

– Você quer que eu finja que gosto deles?

– Não precisa fingir... Apenas tentar gostar deles. Eles não têm culpa pelo que aconteceu.

– E por acaso eu tenho? – Perguntou irritada.

– Não Hermione, não tem. – Disse magoado.

Hermione o olhou por uns instantes e então se virou indo para o banheiro. Deu uma ultima olhada pra ele e bateu a porta. Rony balançou a cabeça irritado. Ela era ainda mais difícil do que antes.





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– Papai conta historinha pra gente? – Anny perguntou manhosa.

– Claro meu amor. – Rony sorriu e pegou uma cadeira, colocando-a entre as camas dos gêmeos. – Qual querem ouvir hoje?

– Eu quelo aquela dos imãos. – Allan disse.

– Ah não... Essa eu gosto quando a mamãe conta.

Rony olhou triste para Anny.

– Mas a mamãe está cansada hoje...

– Mas você disse que ela ia colocar a gente pra dormir papai.

– É... Mas não deu, boneca. – Rony disse triste. – Deixa pra próxima.

– Mamãe! – Anny gritou animada. Rony olhou para a porta e Hermione estava lá.

– Oi. – Ela sorriu um pouco desanimada.

– Oi. – Rony disse.

– Você disse que eu ia colocá-los para dormir...

– Sim. Mas não precisa se não quiser.

– Eu quero... – Hermione se aproximou.

– Senta aqui comigo mamãe! – Anny gritou animada. Hermione hesitou um pouco, mas se sentou na cama dela. Allan saiu da cama dele e correu para o colo de Hermione. Ela o segurou um pouco desconfortável. Olhou para Rony e ele estava sorrindo.

– Eu... Prefiro fazer isso sozinha. – Hermione disse.

– Eu sei. – Ele se levantou ainda sorrindo. – Sempre preferiu assim. – Ele se aproximou e Hermione sentiu seu coração disparar, sem entender o porquê. Rony beijou o rosto da filha, e depois beijou Allan. – Boa noite.

– Boa noite papai. – Eles disseram juntos.

Rony deu mais uma olhada para eles, e então saiu do quarto, fechando a porta.

– Conta uma história mamãe! – Anny disse animada.

– Eu... Não sei contar histórias muito bem.

– Por favor, mamãe. – Implorou.

– Eu quelo aquela dos tles imãos. – Allan disse.

– O que?

– Três irmãos mamãe... O Allan não sabe falar direito. – Anny disse rindo.

– Sei sim. – Ele se emburrou.

– Certo... Eu irei contar se você falar direito. – Hermione olhou para ele.

– Mas eu não consigo. – Ele disse choroso.

– Sabe sim... Vamos lá. Não é difícil. É só dizer: Eu quero aquela dos três irmãos.

– Eu quelo...

– Não, quelo não. Quero.

– Eu quero... Aquela dos tles...

– Três.

– Três... Irmãos.

– Agora diz tudo direitinho.

– Eu quero aquela dos três irmãos.

– Muito bem! – Hermione disse animada. Os três bateram palmas e Allan sorriu satisfeito.

– Agora você vai contar mamãe? – Anny perguntou.

– Bom... Acho que sim.

Os dois se aninharam na cama, juntos. Hermione riu.

– Era uma vez três irmãos que caminhavam por uma estrada solitária e sinuosa ao anoitecer...



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Rony terminava de arrumar a cama quando Hermione entrou no quarto. Ela o encarou por uns instantes, observando atentamente ele arrumando o travesseiro.

– O que está fazendo? – Ela perguntou.

– Arrumando a cama. – Ele respondeu sem olhá-la.

– Mas... Você vai dormir aí?

Rony sorriu e olhou para ela.

– Não. Estou arrumando para você.

Ele pegou seu travesseiro e uma coberta e olhou para Hermione.

– Não... Precisa dormir em outro lugar. – Ela disse um pouco envergonhada. – Não quero atrapalhar.

– Não atrapalha... Já dormi no sofá algumas vezes. Se é que me entende. – Ele riu. Hermione sorriu envergonhada. – Não ligo.

– Sério... Não precisa.

Rony a olhou por uns instantes.

– Bom... Está bem então. – Ele voltou para a cama e arrumou o seu lado.

– As crianças já estão dormindo.

– Isso é bom. Allan não costuma dormir cedo.

– Ele demorou um pouco para dormir. Mas prometi a ele que iria deixa-lo andar de vassoura com você.

– Imaginei que faria algo do tipo. – Ele sorriu. – Sempre faz.

– Ele é mesmo muito inquieto... Já olhou isso?

– É normal para a idade dele.

– Mas Anny é tão quietinha.

– Ela puxou mais o seu lado. Allan puxou o meu.

– Isso deu pra notar. – Hermione disse se aproximando da cama. Rony soltou uma gargalhada tão gostosa que Hermione sentiu seu coração disparar por uns instantes.

– Normalmente ele só consegue dormir com suas histórias.

Hermione não respondeu. Sentou-se um pouco desconfortável na cama, e olhou para Rony.

– O que foi? – Ele perguntou se cobrindo.

– Não costumo me deitar desse lado da cama. – Ela disse.

Rony sorriu.

– Você prefere o lado direito, certo?

– Sim.

– Mas você se acostumou a deitar desse lado, porque é mais próximo à janela. Você sente muito calor durante a noite e precisa dormir com a janela aberta. E também porque é mais perto da porta... Assim você pode...

– Olhar as crianças dormirem.

– Isso. – Ele sorriu.

– Você realmente sabe muita coisa sobre mim. Deve ter sido difícil decorar tudo isso.

– Apenas oito anos de convivência.

– Oito anos? Mas...

– Amélia tem oito anos.

– Ah... Eu tinha me esquecido dela.

– Não diga isso a ela. Ela nunca iria te perdoar. – Ele riu e se deitou.

– Você não costuma dormir de blusa, não é?

– Não. – Ele se virou para ela. – Mas estou cumprindo suas exigências. Estou te respeitando.

– Ótimo. – Ela fingiu que não se importava e se deitou. Rony apagou o abajur e tudo ficou escuro. Por isso, Hermione não viu um sorriso satisfeito nos lábios de Rony.




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Eram duas da manhã e Hermione acordou assustada. Tinha tido um pesadelo. Sonhou que estava sozinha, sem ninguém ao seu lado. Rony estava caído em um canto, e as crianças foram levadas. Sentiu como se um pedaço de si estivesse sido arrancado. Ela olhou para o lado, Rony ainda dormia tranquilamente.

Uma onda de alívio tomou conta dela, mas depois que percebeu, ela se irritou. Não queria se entregar aquela família. Apesar de que se sentia bem estando com eles. Hermione se levantou e calçou suas pantufas. Saiu da porta do quarto e então virou à sua direita, entrando no quarto das crianças. Quando se deu conta de que estava lá, não entendeu por que tinha ido ali. Parecia que já estava acostumada a fazer aquilo.

Ela deu uma olhada nos gêmeos, e percebeu que eles dormiam tranquilos, como anjos. Anny estava coberta do mesmo jeito que Hermione tinha deixado, mas Allan estava totalmente descoberto com sua coberta no chão. Estava todo esparramado na cama. Hermione riu inevitavelmente. Veio a imagem de Rony dormindo, em sua cabeça. Ela não entendeu por que. Balançou a cabeça e se virou saindo do quarto. Antes voltar para o quarto, ela parou em outro cômodo, onde ficava o quarto de Mia. Ela olhou para ele. Sentiu certo vazio em seu peito, inexplicável.

Ela se virou e deu de cara com Rony, levando um susto e soltando um grito.

– Desculpe. – Ele disse segurando o riso.

– O que está fazendo? – Perguntou brava.

– Notei que você não estava na cama. Vim ver se precisa de alguma coisa.

– Não, não preciso.

– Imaginei que estaria aqui. Seus costumes continuam os mesmos.

– Costumes?

– De olhar as crianças dormindo. Faz isso toda vez que perde o sono.

– Não sei do que está falando. – Ela passou por ele, mas ele a segurou pelo braço. – O que você quer de mim Ronald?

– Admita que esta começando a se lembrar, Hermione.

– Não. Não estou.

– Se admitir será tudo mais fácil...

– Não vou admitir porque não é verdade.

Ele a olhou por uns instantes e então soltou o seu braço.

– Certo... – Ele passou a mão nos cabelos e Hermione sentiu algo familiar. – Vou voltar para o quarto. Precisa de alguma coisa?

– Não... Vou beber um copo de água.

– Ok. – Ele se virou e voltou para o quarto. Hermione desceu as escadas e parou na sala de estar. A estante estava cheia de fotos. A maioria das crianças, mas uma foto lhe chamou a atenção. Ela se aproximou do porta retratos e o pegou. Na foto, ela estava abraçada com Mia, enquanto Allan e Anny subiam em cima dela. Eles estavam felizes e riam o tempo inteiro. Uma cena veio na mente de Hermione:



“- Fiquem quietos, eu preciso tirar a foto.” – Rony disse ainda rindo.

– Não têm como Rony, eles não ficam quietos. – Hermione dava gargalhadas.

– Mãe, meu pescoço está doendo já. – Mia falou também rindo.

– Ok, vocês dois. Olhem para a câmera que o papai vai tirar foto. – Hermione disse para os gêmeos, e então eles olharam para a câmera.”




Hermione sentiu uma sensação estranha. Colocou o porta retratos de volta na mesinha e olhou uma outra foto. Essa estava na parede, em um quadro grande. Era Hermione grávida e Mia beijando sua barriga. Era estranho ver uma foto dela de um momento que ela nem se lembra. Mas sentiu algo bom em seu coração olhando para aquela foto.

Ela desistiu de olhar as fotos. Não quis mais beber água e voltou para o quarto. Observou Rony para ver se ele estava mesmo dormindo. Parecia que sim. Ela se deitou, e fechou os olhos, com a sensação de que as coisas estavam começando a fazer sentido.


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