Cartas de Amor escrita por Palavras Incertas


Capítulo 9
Em alto e bom som


Notas iniciais do capítulo

Olá meu leitores. Então, eu sei que eu passei muito tempo sem escrever, muito tempo mesmo, e eu tenho plena consciência de que isso é algo horrível da minha parte, principalmente depois dos comentários super fofos que vocês deixaram no capítulo passado ( obrigada por isso), e eu gostaria de ter alguma explicação pra isso mas eu simplesmente não tenho, eu não sei o que aconteceu, me perdoem. Mas aqui está um novo capítulo que eu me obriguei a escrever, espero que não esteja bom.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/483813/chapter/9

Alto, agudo e assustador, mas, acima de tudo, impossível de não se reconhecer.

Foi esse o barulho repentino que me acordou, me fazendo sentar com violência tentando localizar a origem do som, o que não foi tarefa difícil, considerando que aquele era um dos poucos barulhos que minha mente reconhecia com facilidade, e um dos que me assustavam. Era um grito, um grito de puro pavor, vindo do quarto ao lado.

Era ela, gritando, desesperada.

Minha mente trabalhava a mil, centenas de possibilidades se passavam na minha cabeça tentando desvendar o motivo para o súbito ataque de pânico dela, passando pelas teorias mais pessimistas até as mais otimistas. Tudo isso no curto período de tempo que levei para percorrer o espaço entre os quartos, que entrei no quarto dela sem nem ao menos me preocupar em bater, correndo descalço pelo chão frio, cortando com velocidade a escuridão.

Mas nada parecia ao meu favor, descobri isso depois de tatear cegamente a parede na tentativa frustrada de ascender a lâmpada, só para depois de algumas tentativas fracassadas constatar que estávamos sem energia.

– Annabeth. - Chamei por ela, tentando localizá-la, porém em resposta só recebi um choro baixo.

Comecei a andar em direção a cama, com o maior cuidado possível, não sabia o que estava acontecendo, não entendia o motivo do desespero dela, ela parecia tão bem mais cedo, parecia até mesmo que a velha Annabeth estava voltando pra mim, mas ao que parece, tudo não se passou de uma ilusão, de uma falsa esperança.

– Annabeth, sou eu, Percy! O que foi? - Tentei novamente, naquele tom suave que as pessoas usam para acalmar os outros, não era muito bom com isso, porém esperava algum sucesso.

– Sabe que pode me contar qualquer coisa, não sabe? - Indaguei me aproximando mais da cama, até finalmente sentar na beirada e perceber que ela também estava sentada na outra extremidade, encolhida, abraçando seus joelhos.

– Por favor, me diga o que está acontecendo para que eu possa te ajudar.

Pensei que Annabeth não fosse responder, que fosse ficar lá parada, chorando em silêncio. No entanto, consegui ouvir sua voz sussurrante e marcada pelo choro.

– Foi um pesadelo. Só isso. - Ela me confessou. - Tenho tido muito deles desde o dia do acidente, só que esse foi pior um pouco.

Aquela foi uma descoberta desconcertante, não havia percebido seus pesadelos antes, não havia notado que ela era carregada para um mundo de horrores toda vez que fechava os olhos, deveria ter percebido, pois pareceu meio óbvio depois que as palavras saíram de sua boca, considerando tudo o que ela passou. Contudo, creio que não percebi por analisar só o meu lado na história, para mim, dormir era como um presente, os sonhos que vinham até mim eram às vezes lembranças do passado, entretanto, quando eles não vinham, era só uma total escuridão, sem nada pra me assombrar, já vivia meu próprio pesadelo acordado.

– Eu ... eu não sabia disso. - Revelei pra ela.

– Tudo bem, não tinha como você saber mesmo.

– Por que você me escondeu isso? - Perguntei calmo, tentando esconder a decepção, já estava ficando um especialista nisso.

Um silêncio se instalou no ar, mais uma vez imaginei que eu não teria resposta, porém, por fim, ela me confessou, em um tom de voz extremamente baixo, mais baixo que um sussurro.

– Eu não sei!

E o silêncio perdurou por mais tempo, até que não aguentei ele, e resolvi colocar minhas indagações a mostra.

– Falou sobre os pesadelos para o psicólogo?

– Sim. - Ela confirmou.

–Você quer contá-los pra mim? - Perguntei sutilmente.

– Eu não sei.

E foi só isso, logo após a indecisão de Annabeth e a sua vontade de não me contar o que estava acontecendo o assunto simplesmente morreu. Ela não iria me dizer nada. Aquilo foi quase como um pedido para que eu fosse embora. Ao menos foi assim que eu interpretei aquela situação.

– Você quer que eu te deixe um pouco sozinha? - Apesar de ter entendido as palavras anteriores dela como um pedido pela solidão, não estava disposto a deixá-la lá sem a certeza de que ficaria bem.

– Não! - Annabeth respondeu abruptamente. - Quero dizer, se você quiser ficar... - Ela deixou a frase morrer no ar, como se fosse um convite.

– Isso é um convite? - Questionei para poder confirmar minhas suspeitas, ela realmente queria a minha companhia?

– Bom, se você não tiver mais nada pra fazer nós poderíamos, hã, conversar, quem sabe. - Ela comentou insegura.

– Tenho que chegar minha agenda, pode esperar um minuto? - Indaguei tentando quebrar o clima tenso que tinha se instalado há muito tempo atrás, Annabeth sorriu minimamente e concordou com a cabeça. - Para sua sorte eu não tenho nada pra fazer agora, na verdade, faz tempo que eu não tenho nada pra fazer.

– Mas você não está com sono?

– Pode parecer estranho, mas ao que parece acordar com alguém gritando tira meu sono, você deveria me acordar assim mais vezes, sabia? Principalmente nas segundas.

– Vou tentar me lembrar disso. - Ela disse já com um sorriso maior.

– Por favor, faça isso. Mas então, sobre o que você quer conversar?

Levantei-me de onde estava e fui para o lado dela com o intuito de ficar mais confortável, enquanto isso ela parecia pensar sobre algum assunto, até achou algo que julgou excepcional e me revelou sua ideia.

– Que tal falarmos sobre você?

– Sobre mim? - Perguntei espantado com a sugestão.

– É, sobre você. Você sabe tudo sobre mim e eu não sei nada sobre você. - Ela explicou.

– Mas o que exatamente você quer saber sobre mim? - Indaguei ainda um pouco confuso com a situação, acho que nessas últimas semanas eu tinha me acostumado tanto em colocá-la em primeiro plano que ter as atenções voltadas para mim foi uma surpresa enorme.

– O que você quiser me contar. - Annie disse animada.

– Já disse que não sou tão interessante assim. - Protestei.

– Pra mim é. - Ela reclamou, e acabou me convencendo. Eu iria falar. Na verdade, eu faria o que ela quisesse depois do que eu acabei de ouvir, só esperava que ela não me pedisse para me atirar de uma ponte ou algo assim.

– Tudo bem, você me convenceu. Vou te contar uma história pra você dormir. – Baguncei os cabelos dela como se ela fosse criança e me deitei na cama olhando para o teto escuro pensando em como contar pra ela sobre mim, resolvi, é claro, dizer as coisas do jeito mais engraçado possível, ou ao menos eu tentei. – Tudo começou em uma terça-feira, mais especificamente em um dia 17 de agosto, seria mais um dia comum se não fosse pelo nascimento de um bebê lindo e adorável.

– Deixe-me adivinhar, você. – Annabeth disse com um leve tom de deboche.

–Não, eu nasci no dia 18. – Comentei, arrancando-lhe risadas. – Mas fico feliz que você me ache lindo e adorável.

– Eu não disse isso, só achei que talvez você fosse esse bebê. – Ela comentou.

–Tudo bem, continuando: entretanto, para a felicidade dos médicos, nasceu um bebê mais lindo e mais adorável ainda no dia seguinte.

– Agora esse é você. – Annabeth ainda debochava.

– Mas é claro que sim.

– Você não se acha meio convencido não? – Ela perguntou risonha.

– Na verdade eu acho. Enfim, depois disso, esse bebê, chamado Percy, cresceu saudável e feliz, foi pra escola, entrou na adolescência, tentou tocar em uma banda de garagem, ganhou seu primeiro carro, teve algumas namoradas, entrou na faculdade, se formou, conheceu uma garota legal, casou com ela e acabou tendo que contar histórias sobre a vida dele no meio da madrugada. Ah, não posso esquecer que a garota perdeu a memória, é um fato importante, caso você não se lembre.

– Ei, essa última parte não foi legal. – Ela comentou, mas estava rindo do que eu tinha falado. – E isso não foi bem uma história da sua vida. Pareceu mais um enredo de filme adolescente, tirando a parte de que a garota perde a memória, é claro.

– Mas você está rindo, não está? – Ela concordou- Então podemos concordar que a história foi um sucesso.

– Mas você realmente tentou tocar em uma banda?

– Tentei. – Confirmei.

– E o que aconteceu?

– Eles me cortaram da banda, aparentemente eu não era bom o suficiente. – Expliquei.

– Eles que saíram perdendo então. – Annabeth comentou.

– Na verdade, nem bom eu era. Mas eles que saíram perdendo mesmo, eu era um guitarrista muito gato, a parcela feminina dos fãs pararam de assistir os shows quando eu saí.

– Quanto tempo você ficou na banda? – Ela indagou achando graça.

– Acho que 3 dias, 15 horas e 30 minutos , mas não é como se eu tivesse ficado traumatizado com isso. – Comentei, a verdade é que eu nem me lembrava quanto tempo eu fiquei na banda, mas achei melhor acrescentar esse detalhe para a história parecer melhor.

E deu certo, pois Annabeth deu uma sonora gargalhada.

Alta, aguda e admirável, mas, acima de tudo, contagiante.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, foi isso, não se esqueça de me contar o que achou do capítulo.
Beijinhos...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cartas de Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.