Cartas de Amor escrita por Palavras Incertas


Capítulo 10
Uma dose de incertezas


Notas iniciais do capítulo

MIL DESCULPAS!
Oi! Tudo bem com vocês? Acho que eu já comecei pedindo desculpas pra vocês saberem o quanto é difícil saber que eu demorei tanto pra postar, e pode ter certeza, ninguém me odeia mais que eu por isso! Mas eu também não posso deixar de ficar feliz, porque eu pensei que eu nunca mais ia conseguir terminar de escrever esse capítulo, sério, o início já estava pronto faz muito tempo, mas estava difícil concluí-lo!



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Parece ridículo da minha parte estar pensando nisso agora com todas as coisas que tenho que me preocupar, com todos os problemas que meus passos lentos carregam, com todas as inquietações que me assombram como fantasmas, mas honestamente, tudo o que se passava na minha mente era como os filmes eram enganosos. O tempo não obedece seus sentimentos, não importa o quão deprimido você esteja, não vai começar a chover, do mesmo modo que eu não estou andando por ai sem rumo, eu sei pra onde eu vou. E tudo isso só me leva a conclusão de que eu vou pensar cinco vezes antes de concordar em assistir um filme de romance novamente com Annabeth, isso se tiver próxima vez.

Os gritos ainda estão presentes na minha cabeça. Os gritos dela. Os meus gritos. Os nossos gritos. Eu não queria ter perdido a cabeça, eu não queria ter jogado tudo fora em uma estúpida discussão, mas eu também não queria que ela me pressionasse com coisas que eu não quero dizer, eu não queria que isso tivesse acontecido, não queria ter brigado com ela, porém esse não era um bom dia. Só não era um bom dia, todo mundo tem dias assim e esse era um deles.

Eu me esforcei pra manter a cabeça e a calma, mas não foi suficiente, minhas barreiras acabaram e eu me descontrolei.

O dia já não era propício para estresse, era um dia que eu não gostava de reviver e de lembrar, era algo que se eu pudesse eu esqueceria. Envolvia gritos,discussões e partidas. Envolvia mágoas e corações quebrados. Envolvia juramentos e promessas.

Eu ainda me lembro de quando ele passou pela porta, lembro que ele jurou nunca mais voltar, lembro como ela chorou até tarde da noite e jurou nunca mais olhar pra cara dele de novo e eu me lembro de como eu esperei ele voltar pela porta para consolá-la, mas isso não aconteceu e lembro de como tudo isso afetou um menininho de sete anos que teve que ver seus pais se separarem. Eu também jurei depois de um ano difícil, conturbado e solitário, jurei nunca repetir os mesmos erros dos meus pais, jurei nunca acabar como eles. Era uma promessa de um menino de oito anos, mas era um juramento que eu fazia questão de seguir, mas que eu infelizmente não estava conseguindo hoje, justo hoje, nesse dia.

Porém, mesmo nos momentos mais difíceis a vida dá um jeito de piorar, isso foi algo que eu aprendi com o tempo, não subestime algo ruim, pode ficar pior, e na maioria das vezes fica.

Além de ser um dia trágico nas minhas recordações, era terça-feira, e eu definitivamente odeio terças. Já era a segunda semana desde que eu tinha voltado a trabalhar, minha licença tinha acabado, Annabeth ainda estava sem memórias, mas já era hora de voltar pro trabalho que, aliás, eu detesto. Nunca quis ser advogado, não era meu sonho ou minha ambição, porém, mesmo assim eu fiz direito, e agora todo dia me encontro preso em julgamentos, processos e leis, defendendo causas que eu não acredito e lidando com coisas que eu não gosto. Mas a vida é assim, às vezes você só tem que seguir sua em frente e lidar com as consequências das suas escolhas, que é o que eu estou fazendo.

O dia foi cansativo, para dizer o mínimo, trabalhei muito em alguns processos que já estavam atrasados e aguentei as críticas de um dos meus colegas de trabalho que vivia só para criticar. Algumas pessoas respiram, ele critica.

Algumas pessoas tem falta de sorte, e eu definitivamente era ( e sou) uma delas. Talvez o cara mais azarado do mundo, mas não é como se eu estivesse reclamando, não tem nada de mal em ser um azarado, tirando o fato de que você nunca se dá bem em nada, nem mesmo em apostas sobre o placar do time de futebol que você torce, que, aliás, perdeu o último jogo por 4 x 0, só pra constar.

Ah, só para não esquecer, algumas pessoas são desastradas, e Silena Beauregard está incluída nesse grupo de pessoas, com certeza está.

Ela é uma jovem de 20 e poucos anos, fã de palavras no diminutivo, viciada em chicletes e provavelmente tudo que é rosa e brilhante. Mas, apesar de parecer uma estudante de moda e às vezes me irritar com suas constantes exclamações de " que fofo", ela é legal e faz estágio no mesmo lugar que eu trabalho, já que vai se formar em pouco tempo no curso de direito. E mais uma última informação sobre Silena Beauregard: tudo o que ela toca caí. E quando eu digo tudo, eu quero realmente dizer tudo. Tudo mesmo.

Dito isso fica mais fácil explicar a enorme mancha de café na minha blusa social de trabalho, pois acredite, a combinação de uma pessoa carregando uma pilha de papéis , bebendo café e tentando falar ao celular não funciona, alguém tem que avisar isso pra Silena.

Mas enfim, pra completar o meu dia perfeitamente imperfeito, eu ainda tive que pegar um congestionamento por causa de um caminhão de chiclete que bateu em um carro caro e de marca para chegar a casa de um dos meus amigos, que segundo ele precisava falar comigo.

Lembro de ter chegado na casa dele, batido a campainha, cumprimentado ele com o nosso velho toque de infância e sentado no sofá enquanto ele tentava me dizer o que quer que tinha pra falar.

– Então Percy, eu sei que é um pouco estranho falar isso, não, essa não é a palavra, qual palavra eu uso? - Grover dizia para mim ou para ele mesmo, ainda estava tentando entender.

Um fato sobre Grover : ele pertence ao grupo de pessoas que não sabem mentir, nem contar notícias difíceis.

– Bom, como eu ia dizendo, eu.. Bem, você sabe como é a vida, não é? É cheia de surpresas e ... Não, esse não é o melhor jeito de contar.

Outro fato sobre Grover: ele tinha tendência a ser direto depois de tentar dizer algo e não dizer quase nada.

– Tudo bem, o fato é: Júniper está grávida, eu vou ser pai! - Grover disse se referindo a esposa.

Eu ia falar quando ele me interrompeu não me deixando continuar.

– Eu sei que você e a Annabeth queriam ter filhos e aconteceu aquele acidente e eu espero que você esteja bem com isso, porque você é meu melhor amigo e eu não queria que... - Ele começou a falar rápido demais para acompanhar, mas eu entendi e compreendi onde ele queria chegar.

Era verdade, eu e Annabeth estávamos falando sobre isso um pouco antes do acidente acontecer, era algo que nós tínhamos concordado, era o que estávamos planejando para o futuro. Porém algo aconteceu algo chamado presente, esse tempo que nós vivemos e que gosta de mudar nossos planos. E junto com ele veio um acidente de caro e se foram as memórias.

– Cara, isso é incrível! Meus parabéns papai!

– Você está bem com isso? - Grover me perguntou olhando espantado pra mim e eu só confirmei com um movimento de cabeça.

A verdade? Eu estava feliz por ele, a descoberta de Grover e Júniper, casados a 3 meses mais ou menos fossem ter filhos e eu não tinha praticamente nenhuma esperança para o futuro era como um machucado que voltava a sangrar, porém, acima de tudo, eu estava feliz por ele, de verdade, Grover é um bom amigo e merece ter sua felicidade.

– Cara, isso é um pouco assustador! É normal sentir medo? - Ele perguntou sendo sincero. - Porque hoje a Júniper passou mal e eu não tinha ideia do que fazer! E todo aquele negócio de hormônios? É verdade que elas ficam descontroladas quando estão grávidas? Porque eu não sei se eu dou conta de passar por isso!

– Júniper está grávida e é você que não consegue lidar com isso? - Perguntei rindo.

Mas a verdade é que o resto da conversa foi estranha, eu ainda estava ressentido, não com Grover, mas com a injustiça da vida. O destino vem, acaba com o meu presente, meu futuro e destrói parte do meu passado, enquanto outras pessoas só estão por aí se dando bem e sendo felizes.

E foi assim que eu cheguei em casa, com um daqueles sentimentos de vazio, de desolação interna, e foi assim que eu recebi as perguntas insistentes de Annabeth sobre partes do passado dela que eu não queria contar, não queria contar sobre Rachel, sobre os pais dela e sobre nada mais, naquela hora eu só queria ficar sozinho, por que ela decidiu querer saber sobre isso justo hoje? Ela entendeu todas as minhas péssimas desculpas para não contar sobre isso antes, mas hoje foi diferente, hoje ela insistiu, e eu explodi.

E o pior, ela estava certa em querer saber, eu estava errado em querer esconder aquilo dela, não era um segredo de estado protegido a sete chaves, eu só não queria que ela tivesse que lidar com a perda de memórias, a convivência com um estranho que ela deveria amar, a perda de uma das amizades mais verdadeiras dela e a morte dos pais. Só não queria sobrecarregá-la, entretanto eu também só queria que ela entendesse. Por que ela não poderia entender? Por que tinha que me pressionar? Ela deveria saber, tinha que saber que aquele era um péssimo dia. E aquela foi a primeira vez que eu não vi um futuro pra nós dois, que eu achei que seria melhor nós nos separarmos, que eu imaginei que não poderia amá-la de novo e que nem ela me amaria, foi a primeira vez que eu vi que talvez aquela não fosse Annabeth Chase, a garota dos sorrisos doces e dos abraços apertados, talvez ela não fosse mais a garota pela qual eu me apaixonei e talvez eu estivesse vivendo por uma ilusão.

– Mas como você quer que eu confie em você se você não me conta nada? - Ela gritou desesperada.

– Como você quer que eu te conte se você não para de me pressionar? Eu não posso fazer tudo o que você quer se você não faz nada por mim! - Disse a frase mais egoísta da minha vida naquela discussão, mas eu precisava dizer, precisava mostrar pra ela que eu também estava sofrendo e que sentia falta da antiga ela, da antiga Annabeth.

Não que eu estivesse disposto a relembrar aquela briga, mas as memórias me perseguiam, me condenavam e me machucavam, elas estavam lá me lembrando de tudo o que aconteceu:

– Como assim eu não faço nada por você? Eu estou aqui, lembra? Porque eu não lembro! Não lembro nem por que eu me casei com você! Só sei que eu estou aqui e você está sendo um idiota completo. - Ela esbravejou.

– Ah, eu me lembro, me lembro muito bem! Era porque eu achava que você podia voltar a ser aquela garota, sabe? Aquela linda, atenciosa, dedicada? Sabe? Você lembra dela? Porque eu lembro! E eu fui um idiota mesmo, e sou, mas por achar que você pudesse voltar a ser aquela garota! A mulher que eu amava! - Gritei em tom de acusação cada palavra.

– Então essa eu não é boa o suficiente pra você?- Annabeth perguntou em uma mistura de lágrimas e raiva. Pensando bem, talvez eu tenha ido longe demais.

– Não foi o que eu disse. - Falei depois de recobrar um pouco a consciência.

– Não, foi exatamente o que você disse! Você disse que eu não sou boa o suficiente pra você, você disse que não me ama mais! Você disse que eu sou um peso na sua vida que você não quer mais carregar. - Ela dizia chorando.

– Eu não disse nada disso. - Me defendi já começando a ficar preocupado.

– Talvez seja melhor eu ir embora! Você ficaria melhor se eu fosse embora, Percy? Você ficaria melhor sozinho? Você ficaria melhor? - Ela gritava e chorava, e isso me assustou. Eu queria dizer não, queria mesmo, de verdade, mas eu não consegui, não sabia o que queria, não mais, estava confuso.

Confuso e precisando organizar os pensamentos. Então eu saí, simplesmente saí, e quando ela perguntou de novo a minha resposta foi:

– Não sei.


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Notas finais do capítulo

Bom, foi isso, eu particularmente gostei ( até pensei em chamar o capítulo de palavras incertas, mas isso seria meio idiota, mas esse nome também é legal, neh?!), e foi o maior capítulo até agora,mas me conte o que achou...
Ah, e eu não posso deixar de agradecer a Isacórina, porque foi ela que me deu a sugestão pra esse e pro próximo capítulo ( muito obrigada por isso Isa, você é maravilhosa).
Ah, e sobre esse final... Só não me odeiem muito, pode ser? Eu realmente quero escrever uma continuação pra essa fanfic!
Beijinhos...
Até logo...