Cartas de Amor escrita por Palavras Incertas


Capítulo 6
Só uma questão de tempo


Notas iniciais do capítulo

Olá!!! Como estão meus queridos leitores? Sei que demorei um pouco, mas eu estava impossibilitada de escrever, eu fiquei doente e tive que me afastar até mesmo da escola e qualquer esforço me fazia piorar e escrever, mesmo sendo algo que eu ame, exige que eu me esforce, então mesmo o capítulo estando prontinho na minha cabeça eu não pude escrevê-lo antes, mas agora que eu estou melhor eu voltei com um capítulo novinho pra vocês.
Bom, esse é um pouco diferente porque ele é a partir do ponto de vista da Annabeth, pois a minha querida leitora Daughter of Lighting havia me pedido isso e eu resolvi atender. Não acontece nada de muito empolgante nele, mas ele é importante para os próximos capítulos.



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P.O.V. Annabeth

A lâmpada piscava irritantemente sobre mim. Ela estava prestes a queimar mas ninguém parecia disposto a trocá-la, mesmo sendo óbvio que ela não duraria por muito tempo e em seu curto período de vida restante ela continuaria assim,piscando e irritando. Uma atitude tipicamente humana, fazer as coisas somente na última hora, quando não se pode mais adiar. Então, enquanto meu psicólogo estava muito ocupado sendo humano, eu tentava responder a simples pergunta: " como você está?"

– Estou bem. - Resolvi dar a resposta mais frequente e a que todos preferem ouvir, preferi mentir. Mas não foi uma mentira tão ruim assim, eu não saberia responder a pergunta de qualquer maneira.

– Annabeth, vou fazer algumas perguntas e gostaria que você fosse sincera, tudo bem? - O psicólogo me recomendou.

– Tudo bem. - Concordei. Não sabia se conseguiria, porém resolvi não contrariar, já que na última sessão eu não consegui responder nenhuma das perguntas.

– O que você se lembra do acidente?

Eu não gostava de relembrar aquilo, não gostava da memória, não gostava da confusão, dos gritos e das sensações que aquilo me causava. Não queria pensar nisso, mas eu me obriguei a pensar, aquele homem estava ali para me ajudar, ele estudou para isso, eu queria ajuda, só não queria que fosse tão difícil assim.

– Eu me lembro... Eu me lembro... - Hesitei ao falar. Não estava conseguindo, não queria contar, não queria me abrir com um estranho.

Eu me lembrava de algumas coisas sim, eu me lembrava de um barulho alto e cortante, tão agudo e estrondoso que leva os ouvidos a doerem, me lembrava de tudo ficar escuro, me lembrava de algo meio vermelho e meio quente, me lembrava do vidro partido e quebrado, me lembrava do som da ambulância, me lembrava de pessoas falando comigo, me lembrava de entrar na sala de cirurgia e de ter um homem gritando que queria me ver e me lembrava de adormecer. E quando eu acordei, tinha fios, tinha cicatrizes, tinha dores e tinha desespero, mas não tinha memórias, e tinha alguém, um homem, desconhecido e estranho, e eu gritei.

E agora estou em silêncio.

Não consigo responder.

– Tudo bem, vamos pra próxima pergunta: como você está lidando com tudo isso?

– Eu não sei.

Fui sincera, eu não sabia. Simplesmente não sabia. Não sabia se deveria estar feliz ou triste, não sabia em quem deveria confiar, não sabia o que deveria fazer, o que deveria sentir, o que deveria achar. Não sabia. Não sabia quem eu era ou em quem eu tinha me transformado nesses últimos seis anos. Eu era formada de incertezas e dúvidas. Eu era formada de algo fino e destrutível. Eu era como um papel em branco, sem história, sem lembranças, sem algo pra dizer e fácil de se rasgar. Eu não me conhecia, eu não sabia quem eu era.

– Tente se esforçar por favor. - O psicólogo insistiu.

Eu estava deitada em uma poltrona reclinável que eu imaginava que só existia em desenhos animados tentando organizar meus pensamentos. Mas era difícil. Muito difícil.Era complicado pensar, era complicado entender.

– É confuso, eu não sei dizer. Tem horas que parece que tudo está bem, mas eu olho pro meu guarda-roupa e vejo muitos vestidos e a única coisa que eu penso é que eu não gosto, ou não gostava, de vestidos. Tem momentos que parece que eu tenho a minha vida de volta, mas então eu vejo Percy e eu não sei exatamente o que é ter minha vida de volta ou como seria se eu realmente tivesse. Tem horas que eu só quero ir embora, quero ir para algum lugar em que eu me sinta em casa, porém às vezes me parece que aquele é o meu lugar, que aquela é a minha casa e eu nem consigo me lembrar direito de onde é meu quarto. Tem vezes que eu me sinto depressiva e só quero ficar sozinha, entretanto tem momentos que eu só quero conversar com Percy e deixar ele me fazer rir. Tem horas que eu não quero pensar em como seria meu passado, minha vida de casada, mas tem vezes que eu passo muito tempo imaginando como foi que eu me casei, como foi que eu me apaixonei. E tem os pesadelos, toda noite.

– Poderia ser mais especifica sobre os pesadelos?

Eu fiquei em dúvida se ele ouviu o que eu disse. De tudo o que eu falei ele só me perguntou sobre os pesadelos. Sem algo pra me consolar, sem um conselho, sem uma ordem, sem nada, só os pesadelos.

– Eles não são iguais, sempre mudam. Mas é sempre ruim, tem sempre gritos e escuridão. E eu fico com medo, toda vez.

Eu venho tendo pesadelos desde que parei de depender dos remédios para dormir. Eu venho tendo medo toda noite. E o pior é que eu sei que no quarto ao lado tem alguém disposto a me consolar, no entanto eu não consigo acordá-lo no meio da noite e pedir pra ele me ajudar. Eu já sou um peso grande demais na vida dele. Não quero preocupá-lo mais do que o normal. Não quero que ele precise cuidar mais do que já cuida de mim. Deve ser horrível pra ele ter que me proteger de tudo sem que eu nem me lembre dele. Eu me sinto péssima por isso, mas por mais que eu tente eu não consigo lembrar dele. Não é tão simples assim. Eu queria que fosse.

–Os pesadelos devem ser reflexo do seu subconsciente, você está assustada e é normal que reflita isso em seus sonhos.- Ele disse com aquele tom científico e levemente arrogante. Mas ele acertou, eu estou assustada.

Eu estou assustada com todas essas mudanças, com todos esses sentimentos, com tudo. Eu estou assustada e apavorada, fraca e indefesa. Eu pareço uma criança com medo de raios e trovões, mas eu sou uma adulta com medo da vida, do passado , do presente e do futuro.

– Bom, e a respeito de Percy Jackson, como está sendo? Como ele está a tratando? Como você se sente com isso?

Percy. O nome dele ficou brincando na minha mente. Talvez ele seja o ponto mais confuso de todos, com seus olhos verdes doces e simpáticos, com o seu sorriso encantador que consegue ser gentil e irônico ao mesmo tempo, uma combinação completamente estranha mas agradável, com seu semblante preocupado e com seus cabelos negros eu não sei o que dizer sobre ele.

Talvez ele seja meu anjo, é o que eu sinto às vezes, é o que eu sinto quando ele me protege, quando ele se preocupa comigo, quando ele tenta me fazer feliz, quando ele me leva pra todos os lugares, quando ele espera por mim em todas as consultas, quando ele me consola, quando ele me deixa só ficar em silêncio e pensar, quando ele conversa comigo . É muito fácil confundí-lo com um anjo.

E eu tenho certeza que ele me ama. Talvez a única coisa que eu saiba é que aquele homem, Percy Jackson, me ama verdadeiramente, ele já provou isso faz tempo, já provou só por ter ficado ao meu lado, por ter continuado comigo, por me tratar tão bem, por me fazer sentir especial, pelo jeito que ele me olha quando acha que eu não estou vendo. Ele com certeza é o sonho de toda garota, gentil, educado, companheiro. Ele parece um príncipe encantado dos meus livros. E isso me faz me sentir horrível. Eu me sinto péssima por não corresponder, eu me sinto péssima por não lembrar dele. Eu me sinto a pior pessoa do mundo, eu me sinto como uma mentirosa, eu me sinto como se eu tivesse me aproveitando dele.

Se por acaso, no futuro, se nós não dermos certo, se nós não continuarmos juntos, a garota que tiver ele será a mais sortuda de toda a Terra, mas eu confesso que gostaria de ser essa garota. Talvez seja muito cedo para dizer, mas eu não gostaria de deixá-lo ir.

Entretanto, às vezes eu sinto que ele me esconde algumas coisas, que ele não me conta tudo. Eu não sei sobre os meus pais, não sei por que eles ainda não foram me visitar, não sei sobre o meu emprego, não sei o que eu fazia, não sei porque o acidente aconteceu, não sei de nada. E não sei por que Rachel, minha melhor amiga, não gosta mais de mim. E ele não me conta, ele não me diz, e eu não tenho coragem de perguntar, não tenho coragem de forçá-lo a dizer nada. Não tenho coragem de desagradá-lo e desapontá-lo.

– Ele é um anjo para mim. Sempre me trata bem e sempre entende as minhas vontades. Sempre me faz rir. Ele não é sempre perfeito, mas ninguém é. E eu tenho certeza que eu não podia ter escolhido melhor. Eu sou muito sortuda de tê-lo comigo e de ter o amor dele. -Concluo.

E depois disso minha consulta acabou. O tempo tinha se esgotado. Me despedi e saí do consultório, para depois ver Percy sorrir para mim e seguir pela mesma porta que eu tinha acabado de passar. Ele tinha sido a minha escolha. Eu poderia não lembrar de tê-lo escolhido, mas eu queria que essa escolha se repetisse de novo. Perdê-lo seria doloroso, então talvez, quem sabe, eu poderia me apaixonar por ele novamente, poderia ser só uma questão de tempo.


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Notas finais do capítulo

Bom, foi isso, espero que tenham gostado e não se esqueçam de me contarem o que acharam.
Os próximos capítulos serão novamente do Percy, mas eu espero que vocês tenham gostado de conhecer um pouquinho mais da Annie.
Um beijo enorme para as fofa que comentaram e favoritaram a história, eu ainda não consegui responder os comentários, mas eu li todos e amei eles. Muito obrigada mesmo.
Beijinhos da autora...



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