Cartas de Amor escrita por Palavras Incertas


Capítulo 5
Sábados a noite


Notas iniciais do capítulo

Oiess! Mil e uma desculpas pra quem com certeza quer me matar, e pra quem só me odeia também, eu tenho meus motivos para a demora, mas o principal deles é que eu tentei fazer um capítulo um pouco diferente dessa vez, e no início deu certo, estava legal, mas adivinha se eu conseguia terminar de escrever ele? Não, eu tentei muito, mas não consegui, porém hoje eu finalmente terminei e aqui está.
Um obrigada para as leitoras super fofas que deixaram sua opinião no capítulo passado e para as leitoras que favoritaram.



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Não tenho ideia nem memória de como eram meus sábados a noite antes de Annabeth, não sei se isso é algo ruim, mas agora está me incomodando como eu nunca pensei que incomodaria. Não que eu esteja tentando reviver minha vida ou me lembrar dos detalhes que estão esmagados e escondidos pelos momentos que passei com Annabeth, mas o problema é que a perspectiva de não fazer nada está me matando e eu só gostaria de saber como eu sobrevivia antes de ter conhecido ela, o que eu fazia para me distrair quando não passava as noites tentando fazê-la sorrir e pensando nela.

E hoje, em um sábado a noite, nós deveríamos estar rindo, deveríamos estar nos entendendo e desentendo tentando escolher um filme para assistir, deveríamos estar concordando e discordando sobre onde iríamos jantar, deveríamos estar felizes de um jeito que eu achava que só nos dois conseguíamos, pois só nós dois compartilhávamos daquele segredo, aquele segredo chamado amor. Porém, nós estávamos assistindo o noticiário.

Seis mortos em um incêndio, quatro feridos em acidente de carro, dez desaparecidos em queda de avião e um tempo ameno com possibilidade de chuva fraca para amanhã.

Mas é claro que isso estava errado, tanto o fato de nós estarmos um ao lado do outro e não estarmos nos falando quanto a previsão do tempo. O canal 17 nunca acerta a previsão do tempo. Eu não poderia consertar os equívocos do canal 17 em suas previsões, entretanto poderia usar do erro deles para resolver o meu problema com o silêncio. Acho que finalmente consigo perdoar aquele noticiário noturno por todas as vezes que ele me enganou e me fez vestir um casaco enquanto o sol estava brilhando forte lá fora e me fazia quase morrer de calor.

– Aposto o que você quiser que amanhã faz sol. - Falei, finalmente achando um assunto.

– Mas acabaram de dizer que tem possibilidade de chuva amanhã. - Annabeth falou confusa.

– Dica do Percy: nunca confie na previsão do tempo do canal 17.

– Obrigada pelo conselho. - Foi tudo o que ela disse.

Três mortos em tiroteio, polícia tenta desvendar assassinato de empresaria famosa, ameaças terroristas deixam cidadãos desesperados.

– Só passa notícia triste. - Dessa vez é Annabeth que tenta conversar.

– Às vezes eles tem notícias alegres. - Digo dando de ombros.

– Como quais? - Ela pergunta realmente interessada.

– Não faça perguntas difíceis! - Ordeno, como se estivesse a repreendendo, fazendo com que ela começasse a rir e eu a acompanhasse.

Criança desaparece, quadrilha é presa por tráfico de drogas, um homem é preso por dirigir embriagado.

– Quer ir ao cinema? - Falo rapidamente, temendo perder a coragem que eu estava juntando desde o assassinato da empresaria. Nesse momento eu estava parecendo um adolescente chamando uma garota para sair,estava nervoso e só estava torcendo para que ela dissesse sim.

– Percy, eu não sei, você deve ter algo melhor para fazer, como sair com seus amigos ou qualquer outra coisa e eu provavelmente...

– E você provavelmente acharia que ir ao cinema é algo bem melhor do que assistir o noticiário. Não vai me dizer que você gosta? - Digo apontando para a televisão enquanto pergunto.

– Não, eu não gosto.- Ela afirma.

– Então o que te impede de sair comigo? - Indago tentando não ficar magoado com a sua recusa.

– É que... - Ela começa a dizer, mas se interrompe.

– É que...? - Repito a fala dela, só que como pergunta.

– É que eu não quero te atrapalhar, e você com certeza deve ter mil coisas mais divertidas pra fazer do que ficar cuidando de uma garota que perdeu a memória e não consegue se lembrar de quem você é. - Minha esposa diz naturalmente, deixando claro que não se importa se eu deixá-la lá e sair, mas eu conheço aquele tom de voz, eu conheço aquela preocupação no olhar dela. Ela se importa, ela quer ir comigo, porém tem medo de estar incomodando, mas eu não tenho medo de sorrir abertamente com suas palavras, nem de ficar extremamente feliz com a situação.

– Você nunca atrapalha. - Concluo, e é verdade o que digo, pelo menos para mim é. - Fica pronta em meia hora?

– Tem certeza? Eu vou te incomodar, não precisa me levar!

– Sei que não preciso, mas eu quero!

– Tudo bem! Fico pronta em meia hora! Não se atrase. - Annabeth diz enquanto se levanta para poder se arrumar.

Sete pessoa morreram afogadas, ônibus vira e deixa vinte pessoas feridas e quatro em estado crítico, dois ... Honestamente, não sei o que aconteceu com esses dois e qual fim trágico tiveram, mas, de verdade, isso não me importa agora, pois é sábado a noite e eu tenho que fazer Annabeth feliz, eu tenho que estar feliz, nós temos que estar felizes, é a tradição.

Porém a nossa ida ao cinema não seguiu toda a tradição, e por mais estranho que isso pareça fui eu quem quebrou a tradição, não ela. Eu sei que eu estava desesperado pelo nosso passado, desesperado por um momento em que ela me olhasse como me olhava antes, desesperado pelas nossas conversas, desesperado para que ela se lembrasse de mim, desesperado por ter minha vida volta, e eu sei que insistir para que ela escolhesse o filme dizendo que era a vez dela foi uma mentira e uma quebra no costume de que a cada nova seção o outro escolheria o que assistiríamos. Era a minha vez, não a dela,entretanto eu estava disposto a mudar algumas coisas para ter ela de volta, desde as mais simples até as mais complicadas.

Mas felizmente tudo terminou em pizza. Como sempre. Esse poderia ser um hábito nada saudável, porém sábados a noite combinavam com pizza de quatro queijos, bom, ao menos pra mim combinavam, e para Annabeth também.

Nós acabamos indo na mesma pizzaria do nosso primeiro encontro, ela não se lembrava que era lá e eu também não me sentia pronto para lhe contar isso. Era estranho que eu não quisesse dividir aquela lembrança, a considerei pessoal demais, não queria jogar as palavras ao vento e comentar casualmente: " ah, nós tivemos nosso primeiro encontro aqui, pode me passar o sal por favor?". Acho que eu esperei que a levando até lá ela talvez pudesse se lembrar, acho que eu queria que ela dissesse que aquele lugar parecia familiar. Acho que eu queria demais.

Só que essa não foi a pior decepção da noite. Sei que não deveria culpá-la, sei que não deveria ficar magoado, sei que ela não queria me fazer sofrer e sei que não deveria tratar aquilo como uma decepção, mas eu não tinha como evitar. Não tive como não ficar receoso quando uma ruiva passou pela porta, não tive como não tentar evitar que Annabeth a visse, não tive como não ficar indignado quando minha esposa a cumprimentou com um sorriso e a chamou para perto, não tive como não ficar com raiva da garota quando ela se aproximou.

– Rachel! Como você está? - A loira a minha frente se levantou para dar um abraço nela.

– Annabeth! Bem e você? - Rachel perguntou confusa tentando se separar do abraço.

– Bem, eu acho. - Minha esposa respondeu ao reparar que a mulher que ela deveria se lembrar como amiga não estava querendo conversar com ela e estava constrangida com a sua presença.

– Bom, tenho que ir. Até mais Annabeth, até mais Percy. - Ela falou se afastando rápido.

Esperei ela estar longe para murmurar um " tchau", mas infelizmente ele saiu com todo o desprezo que eu tentei evitar. Fazendo com que minha mulher me lançasse um olhar de reprovação.

Isso não podia estar acontecendo. De jeito nenhum. De todas as pessoas que poderiam aparecer por que justo Rachel? Por que Annabeth ainda tinha que achar que elas eram amigas? Por que ela não poderia ter se esquecido disso também? Por que ela tinha que me lançar aquele olhar acusador?

Porque o mundo é injusto. É a única conclusão que eu consigo chegar. E um único olhar , uma única garota, um único "tchau" me transformou de vítima a culpado. Annabeth não se lembrava do que Rachel tinha feito. Mas eu sim. E infelizmente meu orgulho não me permitia perdoá-la.

– O que acabou de acontecer aqui? - Minha esposa me questionou.

– Nada. - Não quis explicar, não sei se ela entenderia isso agora.


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Notas finais do capítulo

Bom, eu sei que o final está ruim, mas foi o melhor que eu consegui, e ele está um pouco confuso também, só que isso foi proposital, nos próximos capítulos eu explico isso melhor. Mas me digam o que acharam por favor.
Obrigada por ler. Beijinhos...



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