Love Story escrita por Carol


Capítulo 5
So I sneak out to the garden to see you




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Ouvi a buzina. Haviam se passado três semanas desde o episódio no hospital. A cada dia eu estava mais próxima do Rafael e da tia Leila.

Saí correndo para a porta e gritei para dentro de casa:

– Paai! A tia Leila chegou! Não esqueça que hoje eu não almoço em casa!

Caminhei até o carro. Diferente dos dias anteriores, hoje eu estava na hora. Entrei no Nissan e sentei do lado do Rafael, de bom humor.

– Bom dia, gente! Tudo bem com vocês?

– Bom dia, Julie! – Minha tia sorriu enquanto dava a partida. – Comigo está tudo bem, e com você?

– Também.

– Alguém acordou de bom humor hoje... – Rafael disse para implicar comigo.

– Na verdade de ótimo humor. Hoje de tarde tem encontro do Grupo de estudos.

Rafael me olhou com os olhos arregalados.

– Grupo de estudos? – Tia Leila parecia interessada.

Rafael fez um gesto de cortar o pescoço, pra eu calar a boca. Mas era tão divertido inverter os papéis e eu ser a implicante.

– É, Grupo de estudos. Eu já chamei o Rafael pra fazer, mas ele sempre tem uma desculpa...

Eu dei um sorrisinho malicioso para ele e ele mexeu os lábios dizendo “não”.

– É mesmo? Mas hoje ele não tem nada para fazer de tarde, não é, filho? Ele pode ir ao grupo com você, Julie?

– Claro, tia, não vejo problema.

Ele deu um tapa na testa e eu, um sorriso vitorioso.


– Por que você me fez vir ao Grupo de estudos com você? – Ele me perguntava emburrado enquanto a gente esperava na biblioteca o resto do grupo chegar.


– Não sabia o quanto era divertido implicar com alguém! – Eu sorri.

Ele também sorriu e encostou-se nas costas da cadeira.

– O feitiço virou contra o feiticeiro?

– Completamente.

Ficamos num silêncio cúmplice até os meus amigos chegarem. Estudamos biologia, eu já sabia, mas o Rafael disse que estava com dificuldade nessa matéria e eu o ajudei. Ele disse que entendeu, mas não me convenceu. Conversamos mais do que estudamos, e o resto do grupo passou a tarde reclamando das nossas conversas. Até a bibliotecária pediu silêncio. Pelo menos quatro vezes. E olha que ela nunca havia reclamado do silêncio do nosso Grupo de estudos.


Enquanto esperávamos a mãe dele vir nos buscar, ficamos sentados no meio fio na frente da escola. O sol já estava se pondo e o céu estava colorido. Pelo menos tão colorido quanto a minha visão acinzentada permitia.


– Então, hoje é sexta, qual é o programa do final de semana? – Ele perguntou.

– Assistir filmes de comédia romântica e comer pipoca sozinha no meu quarto conta?

Ele sorriu.

– Não.

– Hmm... Então acho que não tenho nada pra fazer. – Eu virei pra ele. – E você?

– Jogar video game e deixar os deveres de casa pra depois conta?

Dessa vez foi minha vez de sorrir.

– Não.

– Então acho que também não tenho nada pra fazer.

Passou pela minha cabeça que ele poderia ter começado esse assunto só para eu sugerir alguma coisa para fazermos juntos no final de semana... Eu pensava em alguma coisa para dizer quando ele interrompeu meus pensamentos:

– Julis...

Eu olhei para ele. Ele pareceu hesitar.

– Eu... – Fez uma pausa – Estou preocupado. Você voltou a falar com a Amanda?

Estranhei quando me decepcionei com a pergunta. O que eu estava esperando, para começo de conversa?

– Não. Ainda não sei porque ela se distanciou de mim...

Ouvimos o motor do carro e o Nissan logo estava na nossa frente. Fomos em silêncio até em casa.


Eu estava fazendo alguns exercícios extras de matemática quando o barulho de alarme de mensagem instantânea soou no meu notebook. Corri até a cama e olhei o que era.



Rafael diz:


Você pode ir para o jardim agora?


Julie diz:


O que quer dizer com isso?


Rafael diz:


Literalmente. É importante, Julis.


Julie diz:


Agora?


Rafael diz:


Nesse minuto.


Eu estranhei. Desci as escadas e passei pela sala de televisão. Papai estava deitado no sofá, dormindo, a televisão ligada no noticiário. Caminhei em silêncio e desliguei a televisão. Coloquei o cobertor que estava na poltrona em cima dele e fui até a porta dos fundos. Abri a porta e andei com cuidado até o jardim.


Garoto louco, o que será que ele queria quando..., mas não pude terminar o pensamento porque uma luz fraca me chamou a atenção. Caminhei até a luz e reconheci um lampião.

– Espero que você goste de piqueniques.

Dei um pulo quando ouvi a voz vinda de trás de mim.

– Rafael você... Quero dizer, qual é! Eu estou de pijamas! – Eu disse, apontando para o meu moletom.

– Eu também. Eu achei boa a ideia das pipocas. – Então eu senti o cheiro forte de pipoca. Hmmm. Ele sorriu ao ver minha expressão.

Ele se sentou e colocou uma mochila no chão. Tirou de dentro um pacote de pipoca e dois refrigerantes médios. Me passou uma Coca-cola e abriu a outra. Eu ri comigo mesma, incrédula, e sentei do lado dele.

Ficamos horas conversando e procurando desenhos nas estrelas. A luz do lampião estava fraca, quase acabando, e o céu já estava clareando.

– Rafael...

– Sim?

– Está amanhecendo.

– Não acredito. – Ele disse de brincadeira, fingindo um bocejo.

– É sério. – Eu disse sorrindo. – Meu pai vai me matar se descobrir! E matar você também.

– Pelo menos morreria feliz. – Ele concluiu com um sorriso.

Eu fiquei séria, tentando entender se havia algum significado por trás daquelas palavras, e se sim, qual seria.


Quando cheguei no meu quarto desabei na cama, já eram por volta das sete da manhã. Mas uma coisa chamou a minha atenção. Na tela do notebook uma janela piscava insistentemente. Eu cliquei para ver quem havia falado comigo.


Amanda diz:


Julie?

Você está aí?

Qual é, Julie, agora não vai falar comigo?

Eu sei que fiz mal de me distanciar quando você mais precisava do meu apoio mas...

JULIE!

Eu simplesmente não sabia como agir em relação à sua mãe e...

Certo, eu sei que não é desculpa.

Julie...?

Eu sei que você está aí, o programa está dizendo que você está on-line.

Você não vai me ignorar, vai?

Certo, eu sei que fiz mal.

Mas será que dava pra você falar comigo de novo?

Eu vou ficar louca se não puder mais conversar com você! Você não imagina a falta que faz!

Certo. Eu já entendi.

Já deu, né?

Tudo bem, tenho o que mereço, justo.

JULIE, ME DESCULPE!!


Não pude evitar sorrir. O cinza da minha visão estava um pouco menos forte, agora eu conseguia enxergar bem algumas cores. Ela sentia tanto a minha falta assim? A curiosidade e a saudade falaram mais alto que a mágoa.



Julie diz:


Desculpe, não estava em casa. Isso significa que somos amigas de novo?


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